O Jornal da Cidade

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As mudanças nos nomes de estabelecimentos dentro da plataforma iFood, na noite dessa terça-feira (2) foi causada por um funcionário de uma empresa terceirizada. Em comunicado publicado no Twitter, a empresa explicou que o funcionário tinha permissão para "ajustar informações cadastrais dos restaurantes".

Publicações no Twitter indicavam que a modificação dos nomes aconteceu para usuários de diversas partes do país, como Salvador, Florianópolis, Natal, entre inúmeras outras cidades. Logo após a mudança, o acesso do funcionário foi interrompido, segundo o iFood.

A plataforma passou a exibir, no lugar dos nomes dos estabelecimentos, frases como “Vacina Mata”, “Bolsonaro 2022”, “Lula Ladrão” e “Petista Comunista”.

Nas redes sociais, usuários relataram medo de terem os dados vazados, mas a plataforma explicou ainda que as informações estão seguras, pois os dados de meios de pagamento não são armazenados nos bancos do iFood, ficando gravados apenas nos dispositivos dos próprios usuários. Além disso, a plataforma disse que não há informação de vazamento de dados.

O motorista de aplicativo Sérgio Henrique, de 55 anos, estava gastando R$ 120 diariamente para rodar em Salvador, em média, R$ 3,6 mil em um mês - R$ 600 a mais do que pagava na bomba. Na lista de despesas entra ainda, os R$ 460 semanais da locação do veículo. Dirigindo 12 horas por dia, ele tirava por semana R$ 1,5 mil. Com o litro do combustível passando dos R$ 7, a conta não fechou. Restou a Sérgio devolver o carro e correr para outras atividades, já que o Uber era sua única renda.

“Rodava Uber há cinco anos, mas com o preço que a gasolina está o impacto é considerável até porque a locadora também aumentou a diária, que custa, atualmente, R$ 60. Pego o veículo de meu irmão emprestado para fazer transporte particular e algumas corridas. Para complementar faço alguns serviços de pintura, pedreiro e trabalho com eventos na área de segurança”, afirma.

A situação de Sérgio é a mesma de muitos motoristas que estão abandonando o aplicativo por conta da alta dos combustíveis. Apesar de não ter dados consolidados ainda, segundo a diretora regional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla-BA), Rogéria Alencar, até o momento mais de 40% dos carros foram devolvidos por motoristas de aplicativo às locadoras. Rogéria é também vice-presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Bens Móveis da Bahia (Sindloc-BA).

“Os aumentos sucessivos do combustível, por conta da política de preços da Petrobras é um dos principais fatores. Na retomada gradual, ocorreu ainda o aumento do valor do aluguel do carro, por falta de reposição. As tarifas dos aplicativos não acompanham essa realidade acima e os motoristas estão trabalhando mais e mais para conseguir pagar toda a conta sem ter um ganho efetivo substancial”, comenta.

O volume de devoluções só não é maior que no período de isolamento quando, entre os clientes no geral, o percentual chegou a 80%, já que ninguém estava saindo muito de casa. “Antes da pandemia vivíamos em constante crescimento, mas agora poucos motoristas de aplicativo estão resistindo. O setor de locação de tem contato com o crescimento da demanda de veículos por outros setores que estão absorvendo essa frota devolvida por aplicativos, seja locação empresarial, seja locação diária ou por assinatura. O pior impacto será para os motoristas que ficarão sem opção de trabalho”.

Já de acordo com Adriano Braz, diretor do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), em torno de 3 mil motoristas por aplicativo já precisaram devolver o veículo alugado para as locadoras em 2021. No entanto, ele não atribui o dado somente ao aumento sucessivo da gasolina.

“Os motoristas não conseguem manter o aluguel do veículo, pois as corridas não estão valendo a pena. Com o aumento dos combustíveis, essa situação só piora. As empresas estão fazendo promoções que inviabilizam o motorista de ganhar dinheiro. Se os preços das corridas acompanhassem a alta do combustível, não ia ter problema. ‘Ah, mas vai repassar para o cliente’. Paciência! O que não pode é repassar para o motorista, que já está no limite”, defende

Altas consecutivas
Conforme dados da Síntese dos Preços Praticados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana de 24 a 30 de outubro, em 58 postos pesquisados o preço máximo da gasolina comum para o consumidor, em Salvador, chegou a R$ 7,099. Na Bahia, em 196 postos pesquisados, o valor máximo no mesmo período ficou em R$ 7,299.

No último dia 25, a Petrobras havia comunicado mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras - segundo acréscimo no mesmo mês, já que no dia 9 de outubro, a gasolina já havia subido 7,2%. Com a nova alta de 7,04% em vigor desde a semana passada, o preço médio de venda da gasolina para o distribuidor passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro

Com um susto diário na bomba, não deu mais para o motorista Cláudio Santos, 49 anos, seguir rodando por aplicativo. Ele é mais um dos que devolveram o veículo que usava à locadora.

“Os meus ganhos diminuíram tragicamente, aí fui obrigado a devolver. Estou partindo para a área de turismo para tentar complementar minha renda”.

Por sua vez, o instrutor Isvi Uriel Lacerda, 28 anos, aproveitou a oportunidade de um emprego fixo para devolver o HB20 alugado por R$ 2 mil ao mês. “Teve dia que eu cheguei a sair para não ter nenhum lucro. Todo dinheiro que entrou foi para colocar combustível suficiente para rodar no dia seguinte. E o aluguel do carro também não para de aumentar. Quando eu comecei, em 2018, era R$ 1 mil por mês, a metade do que pagava antes de entregar”, diz.

Já o motorista Fábio Matos, 33 anos, ainda não devolveu o carro, porém, já não sabe mais o que fazer. “Tirava uma média de R$ 1,5 mil por semana e hoje, nem isso consigo fazer. Estamos trocando dinheiro, rodando só para abastecer. Antes eu colocava R$ 50 eram 10 litros de gasolina comum ou 13 litros de etanol. Agora, R$ 50 reais são 4 a 5 litros. Não dá pra fazer nada. Se eu pegar uma corrida do Comércio para Lauro de Freitas, quando volto, tenho que abastecer de novo”.

Apesar de não divulgar dados sobre a redução de motoristas na Bahia após o aumento do preço dos combustíveis, em nota, a Uber mencionou algumas medidas que a plataforma vem adotando para manter a parceria com os motoristas cadastrados. Uma delas é a parceria com postos como o Ipiranga em programas de devolução em cashback ao abastecer o veículo, além de outras ações como a campanha Grana Extra, que proporciona ganhos adicionais de R$ 150 a R$ 500 por semana, e a promoção Indique-e-Ganhe, que oferece até R$ 1,5 mil pela indicação de novos parceiros.

Estudante tranca faculdade e devolve carro
“Já foi o tempo em que ser motorista de aplicativo dava dinheiro. No começo era bom, mas agora é um absurdo. A sensação é que só o aplicativo ganha e os motoristas perdem”. Esse é um trecho do relato da estudante Jaqueline Cerqueira Marques, 28 anos. Ela se tornou motorista de aplicativo em 2019, para conseguir pagar a faculdade de direito depois que ficou desempregada. Um ano depois, com o aumento no preço da gasolina e redução no seu lucro, os estudos precisaram ser interrompidos. Logo depois, o próprio trabalho precisou parar. “

“Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo. Colocava a gasolina e acabava bem rápido até chegar o momento de ter um dia em que eu gastei mais dinheiro com gasolina do que o que eu ganhei no dia. Então, tive que parar”, confessa.

Confira a íntegra do relato de Jaqueline:
“Eu comecei a ser motorista de aplicativo há dois anos e meio. Fiquei desempregada e essa foi a saída que vi para me sustentar. Primeiro, usava um carro próprio. Depois, tive que me desfazer do carro e aluguei outro por R$ 575 na semana. Sofri um assalto, levaram o veículo e ainda tive que pagar a franquia de R$ 2 mil. Nenhuma empresa me ajudou nessa fase. Só disseram que sentiam muito. Depois, ainda aluguei outro carro por R$ 450 na semana. Esse foi o último.

Senti o baque, pois o valor não é barato. Às vezes tinha que pagar manutenção do carro e fora o valor da gasolina, o que é absurdo. Infelizmente, não dava para pagar todas as despesas e ainda me sustentar. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo. Colocava a gasolina e acabava bem rápido até chegar o momento de ter um dia em que eu gastei mais dinheiro com gasolina do que o que eu ganhei no dia. Então, tive que parar.

Alguns passageiros não entendem o motivo de muitos cancelamentos de corrida, mas é que realmente não vale a pena algumas viagens. Eu entreguei o carro há um mês e meio, pois não estava mais aguentando. E depois que entreguei, a gasolina só aumentou.

Hoje eu não estou trabalhando. Estou procurando outra fonte de renda. Confesso que já pensei em voltar a ser motorista de aplicativo, mas quando penso no aluguel, gasolina e segurança... já sofri alguns assédios. Bastante, na verdade. Com a pandemia, a situação até melhorou, pois os passageiros não iam mais no banco da frente. Mas tem a falta de segurança de entrar em alguns bairros. Foram dois anos e meio de medo.

Eu era uma pessoa que fazia faculdade de direito. Tive que deixar, no início da pandemia, pois não conseguia mais arcar com os recursos. Já foi o tempo em que ser motorista de aplicativo dava dinheiro. No começo era bom, mas agora é um absurdo. A sensação é que só o aplicativo ganha e os motoristas perdem.

Quem tem seu emprego que o segure, pois eu não aconselho a ninguém ser motorista de aplicativo. Sinceramente, eu não consigo dormir de noite, pois penso nas minhas contas. O valor está chegando e não consigo arcar. Confesso que estou perdida. Todo dia muda alguma coisa no país. Salvador está perigoso... tudo isso é muito complicado”.

Viagens não mostram mais destinos
Há pelo menos três dias as solicitações de viagem no aplicativo Uber não mostram o destino para onde o passageiro vai. Essa é a denúncia feita pelo diretor do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), Adriano Braz, e confirmada por alguns motoristas que conversaram com a reportagem.

“Ontem eu rodei sem saber para onde ia. Era como acontecia quando o aplicativo surgiu na cidade. Só que a empresa tinha se comprometido, após a tragédia que aconteceu em Mata Escura, a mostrar sempre o local de destino aos motoristas antes deles aceitarem a viagem”, afirma. Essa tragédia a qual Adriano se refere é a chacina que matou quatro motoristas de aplicativo, em dezembro de 2019, em Salvador. Para o diretor, mostrar o local de destino das viagens é fundamental para a segurança dos motoristas.

“Hoje eu fiz uma corrida às cegas para a Baixa do Tubo, no Alto do Coqueirinho. Normalmente, eu não iria para lá. Só fui, pois tinha visto o local de destino quando a corrida foi iniciada. Ou isso é um bug ou a empresa está usando de má fé. Mas me estranha muito isso acontecer logo durante o feriadão. As outras empresas estão marcando o local de destino. É só a Uber que não está”, diz.

Na tarde dessa terça-feira (2), após a reportagem entrar em contato com a Uber pedindo um posicionamento sobre o assunto, Adriano disse que alguns motoristas começaram a relatar a normalização do serviço, mas que ainda haviam trabalhadores que estavam com o problema. A empresa não enviou o seu posicionamento até o fechamento da reportagem.

Cinco anos após o início do surto de casos da doença de Haff na Bahia, ainda não se sabe o que a provoca. Há quem diga que a também conhecida como doença da urina preta seja provocada pelo consumo de peixe ou somente pelo peixe olho de boi. Mas não é bem por aí. Segundo especialistas, não há comprovação científica de que a doença seja associada a um tipo específico de pescado e todos eles estão sob suspeita, incluindo alimentos como camarão, lagosta e lagostim.

A nefrologista Carolina Neves, médica do Hospital Cárdio Pulmonar e membro da Sociedade Brasileira de Nefrologia Regional Bahia, afirma que é prematuro descartar qualquer tipo de suspeita. “A gente imagina que a doença seja provocada por uma toxina presente em crustáceos e peixes que é resistente ao calor. Então não adianta cozinhar ou assar o alimento porque, na maioria dos casos registrados, não foram alimentos crus. E também tivemos casos tanto em peixes de criadouros quanto em peixes frescos”, coloca.

Carolina também afirma que casos já foram registrados em diversos países e que ainda não há definição do que a provoca.

“A literatura científica diz que esses surtos da doença de Haff já foram registrados em várias partes do mundo, como Estados Unidos, Espanha e China. Mas, infelizmente, a gente ainda não conseguiu identificar que toxina é essa”, acrescenta.

A Bahia já possui 18 casos confirmados da doença. Os números foram atualizados com a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) na terça-feira (2). Os municípios de residência dos casos notificados são: Alagoinhas (5), Salvador (13), Maraú (1), Simões Filho (1), Mata de São João (1) e São Francisco do Conde (1). No ano passado, foram notificados 45 casos e confirmados 40, nos municípios de Salvador, Feira de Santana, Camaçari, Entre Rios, Dias D’Ávila e Candiba.

No total, são 22 casos notificados e quatro descartados. Os registros estão na faixa etária de 20 a 79 anos. A faixa mais acometida é de 35-49 anos com sete casos, seguida de 20-34 anos com cinco, de 50-64 anos com quatro e 65-79 anos com dois. Cerca de 66% dos contaminados são do sexo masculino.

A doença foi registrada pela primeira vez no início do século XX numa região do Mar Báltico conhecida como Haff. O primeiro relato de um surto no Brasil ocorreu em 2008, no Amazonas. O primeiro surto registrado na Bahia aconteceu entre 2016 e 2017, com 71 casos registrados em Salvador, Vera Cruz, Dias D’Ávila, Camaçari, Feira de Santana e Alcobaça. Somente na capital, foram 66 casos. Do total, duas pessoas contaminadas acabaram morrendo; uma residente em Salvador e outra em Vera Cruz, na Ilha de Itaparica. Já em 2018 e 2019, não houve notificações da doença relatadas pelas instituições de saúde.

A nefrologista Ana Flávia Moura, reforça que ainda não há definição sobre que tipo de pescado pode provocar a doença. “Até o momento, não sabemos que tipo de pescado provoca a doença de Haff. Temos coincidência de pessoas que desenvolveram a doença e consumiram um mesmo tipo de peixe, mas ainda sem comprovação de que o risco venha de só um tipo. Inclusive, camarões, lagostas, lagostins também estão sob suspeita”, destaca.

Segundo Ana Flávia, a recomendação é de que se tenha cuidado com o consumo de qualquer tipo de pescado, seja na forma crua, assada, frita ou cozida.

“O ideal é que seja um consumo em estabelecimentos confiáveis, que cumpram as recomendações das instituições sanitárias. E se a pessoa for comprar o pescado para cozinhar, que seja também em pontos comerciais de boa procedência, com atenção para a aparência, cheiro e a validade do produto”, alerta.

O comerciante Marcos dos Santos, que vende peixes e outros frutos do mar na barraca Marcos Pescados, em Lauro de Freitas, diz que as pessoas ficaram assustadas com o surto da doença em 2016 e 2017, mas que, desde o ano passado, com o novo surto, não notou ainda queda significativa nas vendas por conta disso.

“Em 2016 e 2017, a gente sentiu a queda de quase todos os tipos de pescado, as pessoas ficaram com medo mesmo. As vendas caíram entre 60% e 70%. Agora, com esses novos casos do ano passado para cá, o pessoal não deixou de comprar não. Mas a gente fica preocupado, eu busco ver a procedência dos lugares onde eu compro, a qualidade dos produtos e sempre os pescados novos”, diz o comerciante.

A Sesab informou que não há orientação para que a população evite o consumo de pescados. A recomendação é de que a população se certifique da qualidade do estabelecimento em que está consumindo ou comprando o pescado. Quem apresentar os sintomas da doença nas 24 horas após a ingestão de qualquer tipo de pescado deve procurar atendimento médico. Não é indicado o uso de antiinflamatórios, medicamentos que podem potencializar as lesões renais causadas pela doença. A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) não respondeu ao contato até o fechamento da reportagem.

A Bahia Pesca disse, em nota, que “acompanha com atenção os casos da doença de Haff que estão acontecendo no território brasileiro. A empresa está em contato constante com a Secretaria de Saúde da Bahia, que têm competência para se manifestar sobre segurança do consumo e, caso haja qualquer novidade, informará aos pescadores os procedimentos a serem adotados”.

Já a Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), divulgou um comunicado em que defende que a “Tilápia e tambaqui criados profissionalmente, em cativeiro e com toda a segurança, não provocam a Síndrome de Haff (Doença da Urina Negra) em seres humanos”. A associação alega que “o pesquisador Roger Crescêncio, da Embrapa Amazônia Ocidental, informa que não há nenhum registro de caso da doença que tenha como origem os peixes de cultivo”.

O que é doença de Haff?

A doença de Haff é uma síndrome que consiste de rabdomiólise (lesão muscular), e se caracteriza por ocorrência súbita de extrema rigidez e dor muscular, dor na região do tórax, falta de ar, dormência e perda de força em todo o corpo e urina escura, associada a elevação da enzima creatinofosfoquinase (CPK), associada a ingestão de crustáceos e, principalmente, pescados.

A família do funcionário público Ademir Clavel foi contaminada no final de julho deste ano. Eles consumiram o peixe olho de boi, também conhecido como Arabaiana e, horas após do almoço, a esposa e o filho de Ademir começaram a sentir fraqueza, dor de cabeça e dor muscular. Vânia ficou cinco dias internada e o filho, Matheus, três dias.

O funcionário público não apresentou caso tão grave, ficou somente um dia internado. “Eu fui caminhar no Dique do Tororó e comecei a sentir um cansaço”. Já a esposa, Vânia, chegou a apresentar urina da cor de café e perdeu os movimentos após seus músculos 'travarem', conseguindo mexer apenas o pescoço. Mesmo após a alta hospitalar, Ademir conta que os efeitos colaterais na família permaneceram por algumas semanas, com os músculos ainda enfraquecidos, dor de cabeça e mal-estar.

A Nefrologista Ana Flávia Moura explica como a doença age no corpo.

“A gente acredita que a doença seja causada por uma toxina encontrada nos pescados e essa substância destrói as células musculares. Quando essas células são destruídas, liberam no sangue uma série de substâncias, sendo algumas delas tóxicas. Então, se essas substâncias tóxicas ficam por muito tempo no organismo, se torna mais difícil evitar as sequelas”, acrescenta.

A nefrologista Carolina Neves afirma que a manifestação dos sintomas depende da quantidade de alimento ingerida. “Quanto maior a quantidade, maior a chance de manifestação de sintomas e mais graves eles podem ser. Tem paciente que não tem quase nada, apenas uma urina escura. Em outros casos, o paciente precisa ser internado. E vale lembrar que a urina escura não aparece em 100% dos casos e, quando aparece, não fica necessariamente preta. Se estiver avermelhada ou alaranjada, lembrando a cor de um tijolo, já é preocupante”.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) apresentou, nesta quinta-feira (28), o Plano Global para a Década de Ação para a Segurança no Trânsito 2021-2030. Em uma cerimônia, que aconteceu em Genebra, na Suíça, foi reforçada a meta de prevenir pelo menos 50% das mortes e ferimentos no trânsito até 2030. No Brasil, Salvador foi a primeira cidade a assinar a carta se comprometendo com entidade da Organização das Nações Unidas (ONU) a criar estratégias para atingir esse objetivo.

O Plano Global descreve as ações recomendadas pela OMS elaboradas a partir de intervenções comprovadas e eficazes, bem como as melhores práticas para prevenir acidentes no trânsito. O documento inclui ações que visem tornar as caminhadas, a bicicleta e o uso do transporte público seguros, já que são meios de transporte mais saudáveis e ecológicos, para garantir estradas, veículos e comportamentos seguros e para garantir atendimento de emergência oportuno e eficaz.

O Plano convoca não só os governos, mas também as instituições acadêmicas, a sociedade civil, o setor privado, os financiadores e todos os demais envolvidos, direta ou indiretamente nessa problemática, para a promoção de um trânsito mais seguro.

"Esta é a segunda vez que a capital baiana se junta a diversas cidades do mundo com o objetivo de implementar ações que favoreçam a segurança viária. As mortes no trânsito são evitáveis, para isso, vamos continuar investindo em estratégias e iniciativas para melhorar ainda mais a nossa infraestrutura viária e sensibilizar a população. Com certeza, com o apoio dos cidadãos, conseguiremos, novamente, atingir a meta", afirma Marcus Passos, superintendente de trânsito de Salvador.

Resultados – Na década anterior, entre 2011 e 2020, a capital baiana conseguiu atingir a meta três anos antes do acordado, em 2017. Isso foi possível graças à implementação de conceitos internacionais de engenharia de tráfego, mudanças viárias, ações de educação para o trânsito e efetivação do Projeto Vida no Trânsito, uma iniciativa brasileira voltada para a vigilância e prevenção de lesões e mortes no trânsito e promoção da saúde.

Desde o ano passado, Salvador conta ainda com uma parceria importante para elaborar estratégias que garantam um trânsito mais seguro. "A Iniciativa Bloomberg apoia a Prefeitura de Salvador no fortalecimento de sua política de segurança no trânsito em quatro áreas: Dados, desenho urbano, fiscalização e comunicação. Esperamos contribuir para que Salvador alcance mais uma vez a meta estabelecida e salve vidas no trânsito. A cidade está no caminho certo para se manter como referência nacional no tema", explica Dante Rosado, coordenador da Iniciativa Bloomberg de Segurança Viária Global no Brasil.

A Transalvador realiza, ainda, ações conjuntas com as polícias rodoviárias Federal e Estadual e com a Secretaria Municipal da Saúde (SMS), para manter dados e informações atualizadas sobre acidentes no trânsito. Há, ainda, os investimentos nas ruas, com sinalização, colocação do piso compartilhado, faixas elevadas, sinalizações diferenciadas e ampliação de calçadas.

A Receita Federal credita nesta sexta-feira (29) na conta bancária do contribuinte a restituição do lote residual de restituição do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF) relativo ao mês de outubro de 2021. O lote contempla também restituições residuais de exercícios anteriores.

As informações sobre a restituição estão disponíveis por meio de aplicativo para tablets e smartphones e por meio do site da Receita, na área intitulada Meu Imposto de Renda, onde deve-se clicar em Consultar a Restituição.

Nela, o contribuinte tem acesso às orientações e aos canais de prestação do serviço, nos quais é possível fazer consultas no formato simplificado ou completo de sua situação, por meio do extrato de processamento, acessado no portal e-CAC. Caso identifique pendência, ele poderá retificar a declaração.

Segundo a Receita Federal, há R$ 448,5 milhões em créditos bancários para 292.752 contribuintes. “Desse total, R$ 169.234.573,08 referem-se ao quantitativo de contribuintes que têm prioridade legal, sendo 4.593 idosos acima de 80 anos, 40.459 entre 60 e 79 anos, 3.862 contribuintes com alguma deficiência física ou mental ou moléstia grave e 14.520 cuja maior fonte de renda seja o magistério", informou, em nota a Receita.

O pagamento da restituição é feito na conta bancária informada na Declaração de Imposto de Renda. Nos casos em que o depósito não tenha sido feito, os valores ficarão disponíveis para resgate por até um ano no Banco do Brasil. Em geral essa situação ocorre quando a conta corrente declarada foi encerrada.

Para ter acesso ao dinheiro não depositado, o contribuinte precisa reagendar o crédito por meio do Portal BB, ou ligar para a Central de Relacionamento BB, nos telefones 4004-0001 (capitais), 0800-729-0001 (demais localidades) e 0800-729-0088 (telefone especial exclusivo para deficientes auditivos).

“Caso o contribuinte não resgate o valor de sua restituição no prazo de um ano, deve requerê-lo pelo portal e-CAC, disponível no site da Receita Federal, acessando o menu Declarações e Demonstrativos > Meu Imposto de Renda e clicando em Solicitar restituição não resgatada na rede bancária", informa a Receita.

Dados da Rede de Observatórios da Segurança colocam a Bahia com o maior número de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes entre três estados pesquisados no Nordeste, com 88 registros noticiados entre junho de 2019 e maio deste ano.

A Bahia ficou atrás de São Paulo, que acumula 184 casos. Os dados são resultado de um monitoramento de registros que circulam nos meios de comunicação, redes sociais e redes de segurança pública (polícias e delegacias).

Ainda de acordo com o relatório, em dois anos, a Bahia teve o segundo maior índice de homicídios de crianças entre os cinco estados monitorados pela Rede e que são: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

"É claro que o tamanho da população dos estados influencia o número de eventos, mas a frequência em que casos de violência entre crianças e adolescentes circula nos meios de comunicação, redes sociais e redes de segurança pública também corresponde à relevância que esses eventos recebem da sociedade", diz a coordenadora do Observatório da Segurança de Pernambuco e do Gajop, Edna Jatobá, no relatório.

Os dados integram o boletim Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes da Rede de Observatórios da Segurança. Os estados do Piauí e Maranhão chegaram na Rede em agosto desse ano e ainda não estão no estudo.

De acordo com o boletim, foram relatados 1.473 eventos ou um registro a cada 12h, entre casos de violência letal, sexual e institucional, monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança em dois anos.

Segundo o órgão responsável pelo estudo, a maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança - um quadro agravado durante a pandemia. No total, após a observação dos dados dos cinco estados, é possível notar um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.

Outros dados
A Rede de Observatórios também coletou diversas notícias sobre violência e violações contra adolescentes dentro do sistema socioeducativo nos três estados do Nordeste analisados. Nesses centros, os adolescentes cumprem medidas em regime de internação ou semiliberdade, sob a tutela do Estado, e deveriam estar, a princípio, com seus direitos e sua integridade física resguardados.

A Bahia, dentre eles, possui o maior índice de violência dentro do sistema prisional e socioeducativo. Foram mais de 100 incidentes nas unidades do estado de 2019 a 2021. No estado também foram encontrados os maiores números de ações policiais dentro dos sistemas, totalizando 49 incidências.

O funkeiro MC Poze do Rodo faria sua primeira apresentação em Salvador no próximo sábado (30), mas deve ficar para outra oportunidade. A primeira 'dificuldade' para a realização do evento, que aconteceria no Alto do Andu, na região da Avenida Paralela, se apresentou através das redes sociais, em vídeos publicados por membros de uma facção criminosa ameaçando o músico carioca de morte.

Horas depois da divulgação do vídeo, a Secretaria da Segurança Pública (SSP) divulgou, na noite desta quinta-feira (28), a informação de que o show não foi liberado justamente para evitar algum incidente mais grave.

"A Secretaria da Segurança Pública não permitirá a realização do evento 'Baile do Embrasa', marcado para o próximo sábado (30), no espaço de shows Alto do Andú, em Salvador. Ameaças de traficantes contra o MC Poze, uma das atrações, motivaram a decisão."

Ainda de acordo com a pasta, as equipes de inteligência apuram uma possível rixa entre organizações criminosas e o cantor. A SSP cita ainda a existência do vídeo.

"Embora a competência para autorizar shows seja da Prefeitura, cabe, no entanto, ao estado garantir a segurança e prevenir para que delitos não ocorram. Nosso principal objetivo é preservar vidas", afirmou o secretário Ricardo Mandarino.

Precedentes
Essa não é a primeira vez que o carioca MC Poze é ameaçado por membros de organizações criminosas, após anúncios de shows em outras cidades.

Desta vez, criminosos foram até o local onde ocorreria o ‘Baile do Embrasa’ para pichar o muro e ameaçar o artista. Nas imagens, é possível ver armas e até granadas.

“Vai tocar aqui não, MC Poze aqui na Bahia é bala”, diz um dos homens, sem mostrar o rosto, enquanto outro escreve ameaças na parede da casa de shows. Ao final, os criminosos ainda efetuam uma série de disparos contra as paredes e portão.

Outras ameaças
O funkeiro carioca já possui um histórico de desavença com facções criminosas pelo país. MC Poze já precisou cancelar um show em Manaus (AM), após sofrer ameaça de morte de bandidos locais.

No ano passado, o artista chegou a ser investigado pela polícia do Rio de Janeiro por suspeita de envolvimento com o tráfico de drogas e teve a prisão preventiva decretada após ser denunciado pelo Ministério Público local.

De acordo com o inquérito, Marlon Brendon Coelho Couto da Silva, nome de batismo do artista, faria parte da maior facção criminosa do Rio. Ainda segundo a polícia, ele ainda seria responsável por incitar a violência, promover o grupo criminoso e participar de shows pagos pelo tráfico.

O prefeito Bruno Reis anunciou nesta quinta-feira (28) uma parceria com comércios, shoppings e restaurantes da cidade para garantir desconto de pelo menos 5% para os cidadãos que já tomaram as duas doses da vacina em Salvador. A ação começa a valer a partir de segunda (1º).

"Com esse objetivo de estimular ainda mais, conclamamos o setor produtivo da cidade e eles darão nos seus estabelecimentos comerciais, em todo comércio da nossa cidade, um desconto de no mínimo 5%, alguns darão mais, alguns darão para todos que tomaram a segunda dose. Outros darão para quem tomar a segunda dose a partir de hoje. Essa campanha tem objetivo de estimular as pessoas para virem atualizar seu ciclo vacinal", destacou.

Bruno lamentou que mais de 198 mil pessoas estão com a segunda dose em atraso na capital baiana e disse que a campanha vai servir de estímulo. "Tinha que ser uma responsabilidade com si próprio, com quem a gente ama e com nossa cidade. Ouvimos nesses quase 2 anos da chegada da pandemia que só a vacina ia resolver, ia permitir voltar à normalidade. Já tivemos outras pandemias no passado e já voltamos a viver normal. O prefeito acredita que a gente vai voltar ao normal, essa é minha opinião, mas para isso precisamos concluir o ciclo vacinal", disse ele.

Até o dia 30 de novembro, a cidade já deve ter concluído a liberação para vacinação das duas doses de todos os público-alvos autorizados, acrescentou o prefeito. "Pode ser que autorizem novos públicos, e aí vamos continuar vacinando. A prefeitura está investindo, e não é pouco. São muitos recursos na vacinação. Mas eu preciso, nós precisamos, esse tem que ser esforço de todos, união da cidade, do cidadão fazendo a sua parte, do empresário contribuindo, do poder público fazendo os investimentos para facilitar", disse.

Ele elencou algumas medidas da prefeitura para incentivar e facilitar a vacinação, afirmando que foi feito "de tudo" para atrair as pessoas. "Filômetro, vacinômetro, Vacina Express, vacina com hora marcada, arrastão de segunda dose. Vacinas móveis, cadastrando nas prefeituras bairros, final de semana... Arraiá da Segunda Dose no São João. Não faltou criatividade, boas ideias, estímulos, segurança para que as pessoas se vacinassem", garantiu.

A bolha de proteção da família para tentar dar mais segurança à estudante Jamile Sanches Araújo Miranda, 18 anos, não conseguiu evitar que ela fosse mais uma vítima da violência. Jamile estava no carro com os pais quando foi baleada no bairro de São Cristóvão, na noite dessa quarta-feira (27).

Segundo informações de familiares, Jamile tinha ido ao cinema com os pais e uma amiga, que não via há 2 anos. Na volta, o pai de Jamile resolveu dar uma carona para a jovem, que morava na Rua Iolanda Pires. Inicialmente, a Polícia Militar havia informado que a jovem estava em um carro por aplicativo.

A amiga de Jamile fez todas as indicações para que eles chegassem e saíssem do local com segurança, mas, na hora de sair do bairro, eles foram abordados por dois homens armados, que mandaram a família sair do local com brevidade. Depois, outros dois homens apareceram atrás do carro, também armados, e atiraram. Um tiro foi para o alto e o outro, na direção do carro, atingindo Jamile na cabeça.

"Vimos dois meliantes apontando a arma para gente e mandaram a gente voltar de ré e eu voltei de ré. Por estar voltando de ré, e saíram mais duas pessoas na rua e não percebi fizemos a manobra pelo final da rua. Por nós termos passado um pouco antes e termos passado com sucesso, eu já estava com uma velocidade acima do permitido, tentando sair dali. Ao chegar em um certo ponto, eu não vi mais ninguém. O meliante saiu e eu não percebi, só vi quando já estava do meu lado, do motorista, e ele deu dois tiros. Minha esposa disse que ele deu um para cima e o outro tiro atingiu o vidro do carro, o encosto, e depois a cabeça da minha filha", relatou o pai em entrevista à TV Bahia.

"A luz interna estava acesa, farol baixo, com todo o protocolo de segurança. Segundo o pai, dava para ver que só estavam os três no carro, mas mesmo assim, o cara atirou na maldade, pra matar e atingiu ela na cabeça, que estava sentada no banco de trás", detalhou o parente.

Jamile era filha única do casal, que está em choque com a perda. "Os pais estão em estado de choque. Ela era filha única deles. E era muito querida. Eles tinham tanto cuidado com ela, por conta da violência, que não deixavam ela pegar ônibus e no entanto ela morreu dentro do carro", desabafou o parente.

"Nesses 18 anos eu tentei evitar isso, nunca deixei ela andar sozinha, de ônibus, de metrô, porque eu tinha muito medo de acontecer alguma coisa", disse o pai em entrevista à TV Bahia.

A jovem já tinha concluído o ensino médio e se preparava para ingressar no ensino superior. "Era uma menina exemplar. Já tinha concluído os estudos e sonhava fazer medicina veterinária. Toda a família está arrasada. Ela tinha acabado de completar 18 anos no dia 24 de setembro", lamentou.

Socorro
Os policiais ajudaram a socorrer a vítima, que foi encaminhada para o Hospital Menandro de Farias e, após a regulação, para o Hospital Geral do Estado (HGE). Jamile não resistiu aos ferimentos e morreu no hospital.

No entanto, em nota, a Polícia Civil informou que a jovem estava em um carro da família e passava pela ua da Adutora, em uma localidade conhecida como Planeta dos Macacos, quando foi atingida pelo disparo. O caso está sendo investigado pela 1ª Delegacia de Homicídios (DH/Atlântico).

O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já tem votos para rejeitar as ações que pedem a cassação dos mandatos do presidente Jair Bolsonaro e do vice Hamilton Mourão. Quatro dos sete ministros da Corte votaram contra a deposição dos atuais chefes do Executivo Federal de seus respectivos cargos. A chapa é acusada de promover disparos em massa de notícias falsas e ataques.

Relator das ações, Luis Felipe Salomão propôs que o julgamento sirva de baliza para casos semelhantes no futuro. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral quer que o uso de aplicativos de mensagens com financiamento de empresas privadas, na tentativa de tumultuar as eleições com desinformação e ataques, passe a ser considerado como suficiente para condenar candidatos por abuso do poder econômico e uso indevido dos meios de comunicação. A pena seria, além da eventual perda de mandato, de inelegibilidade por oito anos.

O corregedor propôs cinco parâmetros para analisar a gravidade de casos semelhantes: o teor das mensagens contendo informações falsas e propaganda negativa; a repercussão no eleitorado; o alcance do ilícito, em termos de mensagens veiculadas; o grau de participação dos candidatos nos disparos; e o financiamento de empresas privadas, com a finalidade de interferir na campanha.

No mérito do caso envolvendo os atuais ocupantes dos Palácios da Alvorada e do Jaburu, o corregedor disse reconhecer a ocorrência de disparos em massa na campanha de 2018. Avaliou, porém, que as provas juntadas aos autos do processo não foram suficientes para condenar os vencedores da eleição presidencial. O caso tramita na Corte há quase três anos e já foi reaberto para reunir novos elementos.

"De fato, as provas dos autos demonstram que, ao menos desde o início da campanha, o foco residiu mesmo na mobilização e captação de votos mediante o uso de ferramentas tecnológicas, fosse na internet ou, mais especificamente, em redes sociais e aplicativos de mensagens instantâneas" afirmou Salomão. "Esse aspecto, embora por si não constitua qualquer ilegalidade, assumiu, a meu juízo, contornos de ilicitude, a partir do momento em que se promoveu o uso dessas ferramentas com o objetivo de minar indevidamente candidaturas adversárias, em especial a dos segundos colocados", completou.

A despeito do conhecimento dos fatos, Salomão argumentou que "a parte autora (Coligação O Povo Feliz de Novo) não logrou comprovar nenhum dos parâmetros essenciais para a gravidade no caso, apesar das inúmeras provas deferidas nessas duas ações". O voto do relator foi acompanhado integralmente pelo ministro Mauro Campbell e parcialmente por Sergio Banhos, que não reconheceu a existência dos disparos a adversários, por meio do WhatsApp, durante as eleições de 2018.

O TSE julga dois pedidos de investigação apresentados pela coligação "O Povo Feliz de Novo", encabeçada pelo PT com o apoio do PC do B e do PROS. O julgamento é o último grande ato de Salomão como corregedor da Corte. Ele passará o cargo para o ministro Mauro Campbell na próxima sexta-feira, 29.

Como relator do caso, Salomão foi responsável por imprimir celeridade ao processo de investigação. Antes dele, outros dois ministros haviam conduzido as ações contra a chapa presidencial sem obter avanços.

A produção de provas começou a caminhar após cooperação entre Salomão e o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) e do próprio TSE. Em setembro, Moraes compartilhou as provas dos inquéritos das fake news e das milícias digitais com a Corte eleitoral. Durante a leitura do voto, Salomão citou diversas vezes os elementos probatórios levantados pelas investigações em curso no Supremo.

"As provas compartilhadas pelo STF corroboram a assertiva de que, no mínimo desde 2017, pessoas próximas ao hoje presidente Jair Bolsonaro atuavam de modo permanente na mobilização digital, tendo como modus operandi ataques a adversários políticos e, mais recentemente, às próprias instituições democráticas", disse Salomão. "Essa mobilização que se pode aferir sem maiores dificuldades vem ocorrendo ao longo do ano em diversos meios digitais".

Jair Bolsonaro conquistou uma vitória parcial na primeira sessão do TSE realizada na terça-feira, 26. No início do julgamento nesta quinta-feira, 28, o ministro Carlos Horbach deu seu voto no sentido de absolver a chapa Bolsonaro/Mourão. O corregedor-geral da Justiça Eleitoral, Luis Felipe Salomão, e os ministros Mauro Campbell e Sérgio Banhos já haviam votado por sua absolvição. Embora os três já tenham descartado a alternativa judicial para afastar o presidente do cargo e impedi-lo de disputar a reeleição, no ano que vem, a Corte abriu discussão para aprovar uma nova tese jurídica sobre disparos em massa, com o objetivo de difamar oponentes.