Uber: todas as corridas têm que ter ar-condicionado sem taxa extra
A Uber garantiu ser possível solicitar o uso de ar-condicionado em todas as corridas em todas as modalidades de viagens intermediadas pela plataforma. A informação foi uma resposta à Secretaria de Estado de Defesa do Consumidor do Rio de Janeiro sobre a resolução que determina informações claras sobre o uso de ar-condicionado nos veículos.
A empresa acrescentou que condena veementemente a cobrança extra para o uso do equipamento, mas não citou se vai tirar de circulação motoristas que não estiverem com o ar-condicionado funcionando.
Em nota, a Associação Brasileira de Mobilidade e Tecnologia (Amobitec) afirmou que o valor da corrida é o visualizado pelo passageiro na contratação do serviço, logo não estão previstas cobranças adicionais pelo motorista. Sobre o uso do ar-condicionado, a associação afirma que as plataformas associadas têm políticas próprias e que são informadas nos respectivos sites. Para completar, ressaltou que o motorista parceiro é responsável pela manutenção do carro e pelo bom funcionamento do veículo.
Já a 99, não deu retorno à secretaria. Desse modo, a pasta vai comunicar a Amobitec que a plataforma não apresentou posicionamento a respeito do cumprimento da resolução. Além de advertir a empresa, a secretaria também vai abrir um processo administrativo para apuração do caso, sob pena da adoção de medidas legais cabíveis dispostas no Código de Defesa do Consumidor, desde multas até a interrupção do serviço.
“A resolução prevê que as informações entre as plataformas, motoristas e passageiros sejam claras e precisas. O consumidor não pode ser surpreendido por cobranças extras. Seguimos observando o cumprimento da resolução. Diante de novas denúncias, vamos apurar”, afirmou, em nota, o secretário de Estado de Defesa do Consumidor, Gutemberg Fonseca.
Motoristas e entregadores por aplicativo paralisam atividades por 24h na segunda (15)
O início da próxima semana será marcado pela falta de motoristas e entregadores por aplicativos em Salvador. Na segunda-feira (15), a categoria vai paralisar as atividades em protesto às condições de trabalho precárias e à baixa remuneração por parte das empresas. O anúncio foi feito pelo Sindicato dos Motoristas de Aplicativos e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-Ba), na quinta (11).
A paralisação é nacional. Além de deixar os aplicativos desligados por 24h, o Simactter-Ba informou que os motoristas vão realizar uma carreata até as sedes da Uber e da 99 Pop distribuídas pelo país. Em Salvador, as sedes das duas empresas ficam localizadas no bairro do Caminho das Árvores.
Os motoristas e trabalhadores por aplicativo protestam contra a precarização do trabalho, baixo valor das tarifas cobradas aos clientes das plataformas e cobrança de taxas de até 60% sobre o valor recebido pelos trabalhadores.
“As reivindicações são inúmeras, desde reajustes e repasses melhores nas tarifas, quanto a segurança, banimentos injustos, melhoria da plataforma no quesito ferramentas, mais dignidade e melhores condições de trabalho”, destaca o Simactter-Ba.
A reportagem entrou em contato com as empresas Uber e 99 Pop, para saber o posicionamento deles sobre as reivindicações dos trabalhadores, mas até a publicação desta matéria não houve resposta.
40% dos carros alugados por motoristas de app são devolvidos na Bahia
O motorista de aplicativo Sérgio Henrique, de 55 anos, estava gastando R$ 120 diariamente para rodar em Salvador, em média, R$ 3,6 mil em um mês - R$ 600 a mais do que pagava na bomba. Na lista de despesas entra ainda, os R$ 460 semanais da locação do veículo. Dirigindo 12 horas por dia, ele tirava por semana R$ 1,5 mil. Com o litro do combustível passando dos R$ 7, a conta não fechou. Restou a Sérgio devolver o carro e correr para outras atividades, já que o Uber era sua única renda.
“Rodava Uber há cinco anos, mas com o preço que a gasolina está o impacto é considerável até porque a locadora também aumentou a diária, que custa, atualmente, R$ 60. Pego o veículo de meu irmão emprestado para fazer transporte particular e algumas corridas. Para complementar faço alguns serviços de pintura, pedreiro e trabalho com eventos na área de segurança”, afirma.
A situação de Sérgio é a mesma de muitos motoristas que estão abandonando o aplicativo por conta da alta dos combustíveis. Apesar de não ter dados consolidados ainda, segundo a diretora regional da Associação Brasileira das Locadoras de Automóveis (Abla-BA), Rogéria Alencar, até o momento mais de 40% dos carros foram devolvidos por motoristas de aplicativo às locadoras. Rogéria é também vice-presidente do Sindicato das Empresas Locadoras de Bens Móveis da Bahia (Sindloc-BA).
“Os aumentos sucessivos do combustível, por conta da política de preços da Petrobras é um dos principais fatores. Na retomada gradual, ocorreu ainda o aumento do valor do aluguel do carro, por falta de reposição. As tarifas dos aplicativos não acompanham essa realidade acima e os motoristas estão trabalhando mais e mais para conseguir pagar toda a conta sem ter um ganho efetivo substancial”, comenta.
O volume de devoluções só não é maior que no período de isolamento quando, entre os clientes no geral, o percentual chegou a 80%, já que ninguém estava saindo muito de casa. “Antes da pandemia vivíamos em constante crescimento, mas agora poucos motoristas de aplicativo estão resistindo. O setor de locação de tem contato com o crescimento da demanda de veículos por outros setores que estão absorvendo essa frota devolvida por aplicativos, seja locação empresarial, seja locação diária ou por assinatura. O pior impacto será para os motoristas que ficarão sem opção de trabalho”.
Já de acordo com Adriano Braz, diretor do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), em torno de 3 mil motoristas por aplicativo já precisaram devolver o veículo alugado para as locadoras em 2021. No entanto, ele não atribui o dado somente ao aumento sucessivo da gasolina.
“Os motoristas não conseguem manter o aluguel do veículo, pois as corridas não estão valendo a pena. Com o aumento dos combustíveis, essa situação só piora. As empresas estão fazendo promoções que inviabilizam o motorista de ganhar dinheiro. Se os preços das corridas acompanhassem a alta do combustível, não ia ter problema. ‘Ah, mas vai repassar para o cliente’. Paciência! O que não pode é repassar para o motorista, que já está no limite”, defende
Altas consecutivas
Conforme dados da Síntese dos Preços Praticados da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), na semana de 24 a 30 de outubro, em 58 postos pesquisados o preço máximo da gasolina comum para o consumidor, em Salvador, chegou a R$ 7,099. Na Bahia, em 196 postos pesquisados, o valor máximo no mesmo período ficou em R$ 7,299.
No último dia 25, a Petrobras havia comunicado mais um reajuste nos preços da gasolina e do diesel para as distribuidoras - segundo acréscimo no mesmo mês, já que no dia 9 de outubro, a gasolina já havia subido 7,2%. Com a nova alta de 7,04% em vigor desde a semana passada, o preço médio de venda da gasolina para o distribuidor passou de R$ 2,98 para R$ 3,19 por litro, um reajuste médio de R$ 0,21 por litro
Com um susto diário na bomba, não deu mais para o motorista Cláudio Santos, 49 anos, seguir rodando por aplicativo. Ele é mais um dos que devolveram o veículo que usava à locadora.
“Os meus ganhos diminuíram tragicamente, aí fui obrigado a devolver. Estou partindo para a área de turismo para tentar complementar minha renda”.
Por sua vez, o instrutor Isvi Uriel Lacerda, 28 anos, aproveitou a oportunidade de um emprego fixo para devolver o HB20 alugado por R$ 2 mil ao mês. “Teve dia que eu cheguei a sair para não ter nenhum lucro. Todo dinheiro que entrou foi para colocar combustível suficiente para rodar no dia seguinte. E o aluguel do carro também não para de aumentar. Quando eu comecei, em 2018, era R$ 1 mil por mês, a metade do que pagava antes de entregar”, diz.
Já o motorista Fábio Matos, 33 anos, ainda não devolveu o carro, porém, já não sabe mais o que fazer. “Tirava uma média de R$ 1,5 mil por semana e hoje, nem isso consigo fazer. Estamos trocando dinheiro, rodando só para abastecer. Antes eu colocava R$ 50 eram 10 litros de gasolina comum ou 13 litros de etanol. Agora, R$ 50 reais são 4 a 5 litros. Não dá pra fazer nada. Se eu pegar uma corrida do Comércio para Lauro de Freitas, quando volto, tenho que abastecer de novo”.
Apesar de não divulgar dados sobre a redução de motoristas na Bahia após o aumento do preço dos combustíveis, em nota, a Uber mencionou algumas medidas que a plataforma vem adotando para manter a parceria com os motoristas cadastrados. Uma delas é a parceria com postos como o Ipiranga em programas de devolução em cashback ao abastecer o veículo, além de outras ações como a campanha Grana Extra, que proporciona ganhos adicionais de R$ 150 a R$ 500 por semana, e a promoção Indique-e-Ganhe, que oferece até R$ 1,5 mil pela indicação de novos parceiros.
Estudante tranca faculdade e devolve carro
“Já foi o tempo em que ser motorista de aplicativo dava dinheiro. No começo era bom, mas agora é um absurdo. A sensação é que só o aplicativo ganha e os motoristas perdem”. Esse é um trecho do relato da estudante Jaqueline Cerqueira Marques, 28 anos. Ela se tornou motorista de aplicativo em 2019, para conseguir pagar a faculdade de direito depois que ficou desempregada. Um ano depois, com o aumento no preço da gasolina e redução no seu lucro, os estudos precisaram ser interrompidos. Logo depois, o próprio trabalho precisou parar. “
“Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo. Colocava a gasolina e acabava bem rápido até chegar o momento de ter um dia em que eu gastei mais dinheiro com gasolina do que o que eu ganhei no dia. Então, tive que parar”, confessa.
Confira a íntegra do relato de Jaqueline:
“Eu comecei a ser motorista de aplicativo há dois anos e meio. Fiquei desempregada e essa foi a saída que vi para me sustentar. Primeiro, usava um carro próprio. Depois, tive que me desfazer do carro e aluguei outro por R$ 575 na semana. Sofri um assalto, levaram o veículo e ainda tive que pagar a franquia de R$ 2 mil. Nenhuma empresa me ajudou nessa fase. Só disseram que sentiam muito. Depois, ainda aluguei outro carro por R$ 450 na semana. Esse foi o último.
Senti o baque, pois o valor não é barato. Às vezes tinha que pagar manutenção do carro e fora o valor da gasolina, o que é absurdo. Infelizmente, não dava para pagar todas as despesas e ainda me sustentar. Eu não entendia muito bem o que estava acontecendo. Colocava a gasolina e acabava bem rápido até chegar o momento de ter um dia em que eu gastei mais dinheiro com gasolina do que o que eu ganhei no dia. Então, tive que parar.
Alguns passageiros não entendem o motivo de muitos cancelamentos de corrida, mas é que realmente não vale a pena algumas viagens. Eu entreguei o carro há um mês e meio, pois não estava mais aguentando. E depois que entreguei, a gasolina só aumentou.
Hoje eu não estou trabalhando. Estou procurando outra fonte de renda. Confesso que já pensei em voltar a ser motorista de aplicativo, mas quando penso no aluguel, gasolina e segurança... já sofri alguns assédios. Bastante, na verdade. Com a pandemia, a situação até melhorou, pois os passageiros não iam mais no banco da frente. Mas tem a falta de segurança de entrar em alguns bairros. Foram dois anos e meio de medo.
Eu era uma pessoa que fazia faculdade de direito. Tive que deixar, no início da pandemia, pois não conseguia mais arcar com os recursos. Já foi o tempo em que ser motorista de aplicativo dava dinheiro. No começo era bom, mas agora é um absurdo. A sensação é que só o aplicativo ganha e os motoristas perdem.
Quem tem seu emprego que o segure, pois eu não aconselho a ninguém ser motorista de aplicativo. Sinceramente, eu não consigo dormir de noite, pois penso nas minhas contas. O valor está chegando e não consigo arcar. Confesso que estou perdida. Todo dia muda alguma coisa no país. Salvador está perigoso... tudo isso é muito complicado”.
Viagens não mostram mais destinos
Há pelo menos três dias as solicitações de viagem no aplicativo Uber não mostram o destino para onde o passageiro vai. Essa é a denúncia feita pelo diretor do Sindicato dos Motoristas por Aplicativo e Condutores de Cooperativas do Estado da Bahia (Simactter-BA), Adriano Braz, e confirmada por alguns motoristas que conversaram com a reportagem.
“Ontem eu rodei sem saber para onde ia. Era como acontecia quando o aplicativo surgiu na cidade. Só que a empresa tinha se comprometido, após a tragédia que aconteceu em Mata Escura, a mostrar sempre o local de destino aos motoristas antes deles aceitarem a viagem”, afirma. Essa tragédia a qual Adriano se refere é a chacina que matou quatro motoristas de aplicativo, em dezembro de 2019, em Salvador. Para o diretor, mostrar o local de destino das viagens é fundamental para a segurança dos motoristas.
“Hoje eu fiz uma corrida às cegas para a Baixa do Tubo, no Alto do Coqueirinho. Normalmente, eu não iria para lá. Só fui, pois tinha visto o local de destino quando a corrida foi iniciada. Ou isso é um bug ou a empresa está usando de má fé. Mas me estranha muito isso acontecer logo durante o feriadão. As outras empresas estão marcando o local de destino. É só a Uber que não está”, diz.
Na tarde dessa terça-feira (2), após a reportagem entrar em contato com a Uber pedindo um posicionamento sobre o assunto, Adriano disse que alguns motoristas começaram a relatar a normalização do serviço, mas que ainda haviam trabalhadores que estavam com o problema. A empresa não enviou o seu posicionamento até o fechamento da reportagem.
Uber muda política e pode cobrar até R$ 15 de taxa de cancelamento
A taxa de cancelamento por corridas da Uber sofreu alterações. Agora o passageiro que pedir o transporte em Salvador pode ser cobrado em até R$ 15 ao invés dos R$ 5 atuais. O valor varia de acordo com a cidade - em São Paulo, por exemplo, a taxa chega a R$ 20.
Isso porque empresa mudou suas política e o valor passa a ser dinâmico. A uber argumenta que a novidade é mais justa para ela e para o motorista. Segundo a nova regra, quanto mais perto estiver o motorista do usuário, mais cara será a taxa no cancelamento.
Na regra anterior, o valor de R$ 5 independe do percurso e é tarifado após o tempo de espera para o cancelamento gratuito, que também sofreu alterações. O passageiro só poderá cancelar a corrida sem pagar em até dois minutos após a solicitação.
Motoristas de aplicativos Uber e 99 fazem greve por lucros maiores
Motoristas dos aplicativos Uber e 99 iniciaram uma greve nesta quarta-feira (8) no Brasil, que deve durar até a 0h de quinta-feira (9). Lucros maiores estão entre as reivindicações.
Procurados pelo G1, motoristas da Uber disseram que as orientações sobre a paralisação correm em grupos de WhatsApp exclusivos da categoria. A principal recomendação é de que eles mantenham o app desconectado de 0h desta quarta à 0h de quinta.
Em nota à imprensa, sobre as manifestações, a 99 disse que "é a favor da liberdade de expressão".
As reivindicações dos trabalhadores para as empresas são:
Aumento nas tarifas para os passageiros;
Redução da taxa cobrada pela Uber, que varia entre 25 e 40% das corridas;
Informar o destino final do passageiro para o motorista antes do aceite das corridas;
Redução no preço do combustível;
Locais regulamentados para estacionar.
De acordo com um motorista que preferiu ter sua identidade preservada, os motoristas têm liberdade para aderirem ou não ao movimento. Ele optou pela greve e segue com o aplicativo da Uber fechado.
Como consequência pela menor quantidade de carros disponíveis, as corridas estão mais caras para os passageiros nesta quarta.
Os motoristas ouvidos pelo G1 apresentaram imagens do aplicativo que mostram localidades cobertas por manchas alaranjadas, que representam áreas com grandes demandas.
A greve deverá ser marcada também por manifestações em diversas partes do país, como em São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Bahia e Recife.
Procurada pelo G1, a Uber ainda não se posicionou. Associações e sindicatos de motoristas também não retornaram os contatos para posicionamento.
A 99 divulgou a seguinte nota: "A 99 informa que a remuneração de seus motoristas parceiros contempla duas variáveis: tempo e distância percorrida, além de uma tarifa mínima. Os ganhos do condutor são calculados de forma independente do valor pago pelo passageiro. A empresa reforça seu compromisso de trabalhar para aumentar a renda dos condutores por meio de um número maior de chamadas e da cobrança de taxas menores em comparação à concorrência. Em relação às manifestações, a 99 é a favor da liberdade de expressão."
Protesto nos EUA
Motoristas de aplicativos também organizam protestos nos Estados Unidos. Por lá, trabalhadores vinculados a Uber e Lyft, empresa que também fornece este serviço por lá, exigem melhores pagamentos. As manifestações acontecem poucos dias antes de a Uber abrir seu capital na bolsa, algo que está planejado para a próxima sexta-feira.