O Jornal da Cidade

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As festas literárias se caracterizam por promover encontros entre os amantes da literatura e de diversas artes. Não se restringem às mesas literárias ou à venda de livros. Por isso, precisa-se celebrar a volta da Flipelô - Festa Literária do Pelourinho, que começa nesta quarta (17) e vai até domingo, com praticamente todas as atividades gratuitas. O evento, que ganhou edição virtual no ano passado, volta a ser realizado presencialmente.

Além das tradicionais mesas que reúnem os autores, há exibição de peças de teatro, apresentações musicais, atrações gastronômicas, cinema... tudo no Centro Histórico. Entre as participações mais aguardadas, está a de Itamar Vieira Júnior, autor de Torto Arado, que vendeu mais de cem mil exemplares e venceu prêmios importantes como o Jabuti e o Oceanos.

A Flipelô é realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado e, por isso, sempre escolhe um homenageado que tenha ligação com o autor que levou a Bahia para o mundo, através de clássicos como Capitães da Areia e Jubiabá. Desta vez, o escolhido é o alagoano Graciliano Ramos (1892-1953), autor de obras-primas como Vidas Secas e São Bernardo.

"Graciliano escreveu apenas quatro romances, que são conceituados como de altíssima importância, sobretudo Vidas Secas. Ele é o escritor da concisão, o escritor que pensa a palavra não para enfeitar, mas para dizer", diz José Inácio Vieira de Melo, poeta e curador da Flipelô desde a primeira edição, em 2017.

Nesta conversa com o CORREIO, José Inácio fala sobre o seu trabalho de curadoria e sua experiência na função também em quatro edições da Bienal do Livro da Bahia. O poeta não economiza elogios a Itamar Vieira Júnior, que, para ele é autor de um clássico, Torto Arado. "O livro dá conta do Brasil desde que surgiu até hoje, apresentando nossos problemas".

O que é uma festa literária e em que ela se distingue de outros eventos literários, como bienais e feiras do livro?
Festa literária é uma nomenclatura, que tanto poderia ser festa, como festival, como feira... e a Bienal do Livro, que não acontece mais [na Bahia, foi até 2013]? A Bienal era tudo isso, até porque era anual e se chamava Feira do Livro. Mas festival ou festa trazem um ânimo. É para festejar, mas festejar o que? Festejar as letras. A Bienal levava as grandes editoras e trazia as celebridades. A empresa que realizava a Bienal aqui levava os mesmos autores para as diversas bienais que ela realizava, em MG, RJ... eram os mesmos nomes e abria-se um pequeno espaço para autores locais. Outra coisa: não pagavam aos autores. Quem bancava a participação de autores como João Ubaldo Ribeiro, Ignácio de Loyola Brandão, Marina Colassanti, eram as editoras. Os autores locais não recebiam nada. A ideia era de que o autor tinha uma oportunidade de colocar o nome dele numa vitrine, como se o autor não tivesse conta para pagar, não tivesse família...

As festas literárias acontecem em cidades do interior e cidades históricos, como Parati, que é a primeira.

Por que não é no Rio de Janeiro [capital]? Porque ali ficam todos circulando, o povo e os autores. E a partir desses encontros de autores com autores de outras regiões ou países, surgem obras primas. É uma festa mesmo. O diferencial da Festa para a vitrine que são as bienais é o aconchego, a intimidade, é trazer o autor para perto. É a celebração do autor e da obra.

Qual a importância de Graciliano Ramos, homenageado desta edição?
A Flipelô tem o hábito de homenagear celebridades ligadas a Jorge Amado, porque a festa é realizada pela Fundação Casa de Jorge Amado. Já foram homenageados Zélia Gattai, João Ubaldo Ribeiro, Castro Alves, que Jorge Amado adorava. E agora, o homenageado é Graciliano Ramos, por quem ele tinha imensa admiração e passou a fazer parte da família, porque James Amado, irmão de Jorge, casou com a filha de Graciliano, unindo as famílias. Além disso, a importância da obra de Graciliano. Jorge, ainda jovem, viajou a Alagoas para conhecer aquele cara que fez um relatório para o Governo do estado de AL, que despertou interessado de toda a mídia. Estavam começando José Lins do Rêgo, Jorge de Lima, Rachel de Queirós e outros. Eram todos mais jovens que ele e começaram a chamá-lo de Mestre Graça. Todos esses autores tiveram uma vasta obra, mas Graciliano escreveu apenas quatro romances, que são conceituados como de altíssima importância, sobretudo Vidas Secas, que teve tradução para o mundo inteiro. Ele é o escritor da concisão, o escritor que pensa a palavra não para enfeitar, mas para dizer.

Como funciona o trabalho de curadoria no seu caso?
Faço a curadoria da Flipelô desde que surgiu. Participei da gênese da Flipelô, ao lado de Myriam Fraga, então diretora executiva da Fundação Casa de Jorge Amado. Ângela [Fraga, atual diretora da Fundação] me disse que teríamos uma comissão de curadoria para a Flipelô, composta por ela própria, Bete Capinan e por mim. Sempre as consulto, mas o trabalho de escolha é meu, com sugestões delas. 90% cabe a mim.

A diversidade em eventos culturais é essencial. Como a curadoria dá conta disso?
A diversidade é fundamental, se não, não tem sentido. Não existe isso de botar o que eu gosto. O gosto sai de cena. A gente precisa ficar atento ao que está acontecendo no momento. Dia 20 é Dia da Consciência Negra e não podemos fazer de conta que não acontece. Procuramos novas vozes, vozes já consagradas e damos espaço à mulher, porque a literatura é um ambiente machista.

Os povos originários, a gente fazia de conta que não existia. Mas está mudando, tanto que Daniel Munduruku concorre a uma vaga na Academia Brasileira de Letras.

Como os autores costumam reagir quando são convidados para a Flipelô? São receptivos ao convite?
Sou convidado para eventos fora do país e conheço autores importantes em seu país, mas não são conhecidos aqui. Quando chego lá, faço convite para os eventos de que faço curadoria. Quando o convite é feito, as pessoas ficam maravilhadas. Ainda mais, sendo remunerado! Todos recebem [remuneração]. Jamais alguém recusou o convite. Apenas por questão de saúde. Teve uma que me disse chorando que não poderia vir porque para ela, era uma pena não poder conhecer a terra de Jorge Amado.

Você circula por eventos literários internacionais. O que os autores estrangeiros pensam de Jorge Amado?
Os estrangeiros têm encantamento por Jorge Amado. Como nós temos por Gabriel Garcia Márquez, que nos mostra um mundo extraordinário. Jorge Amado tem, para um colombiano, a mesma dimensão que Garcia Marquez tem pra gente. Eu fui para o México representando o Brasil num grande evento. Quando dizia que era da Bahia, pensavam logo em Jorge Amado. Mas o Brasil era também lembrado, por incrível que pareça, por Lêdo Ivo [poeta alagoano], incrivelmente conhecido no meio literário do México. Nem aqui no Brasil, ele tem esse reconhecimento.

Um dos autores mais esperados da edição deste ano é Itamar Vieira Júnior. Qual sua opinião sobre ele como autor e sobre Torto Arado?
Itamar escreveu um clássico, uma obra-prima. Não há como não se render. Estava conversando com [o poeta] Luiz Antônio Cajazeira Ramos e falávamos de Itamar. O conhecemos no mesmo dia, numa festa literária - olha aí a importância da festa literária. Como o mediador da mesa onde eu estava, demorou, fomos conversar. Itamar era um sujeito tímido, simples, duma bondade... já tinha ganhado o Prêmio Leya, em Portugal. Liguei pra Itamar e disse "Você escreveu um clássico" e previ que ganharia o Jabuti e o Oceanos. O cinema quer comprar, a TV quer comprar... Itamar não é de fazer marketing, como eu. É funcionário público, tímido, mas a obra se sustenta por si própria.

Pode colocar em pé de igualdade a Vidas Secas. Dá conta do Brasil desde que surgiu até hoje, apresentando nossos problemas.

Com medo de ficar sem o Auxílio Brasil, programa social do governo federal que substituirá o Bolsa Família, muitas pessoas ainda se aglomeraram na terça-feira (16) em frente à sede da Secretaria de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), no Comércio, em Salvador, para emissão do CadÚnico. No entanto, a ida dessas pessoas presencialmente aos postos da prefeitura não é mais necessária, visto que todos os atendimentos só serão realizados através de agendamento prévio.

O Cadastro Único para Programas Sociais realiza a coleta de dados e informações para identificar todas as famílias de baixa renda do país para que elas possam ser incluídas em programas de assistência social e redistribuição de renda. Para se cadastrar no Auxílio Brasil, o cidadão precisa estar registrado no CadÚnico. A medida de realizar os atendimentos somente perante agendamento prévio - feito através do site hora marcada, pelo aplicativo Fala Salvador Cidadão ou pelo WhatsApp (71) 983923927 - foi adotada pela prefeitura de Salavdor para proporcionar mais agilidade à população, evitando longas filas e aglomerações nos postos.

Na última quarta-feira (10), uma fila quilométrica, com mais de mil pessoas, foi formada em frente à sede da Sempre, mas, segundo o secretário da pasta, Kiki Bispo (DEM), cerca de 50% do público atendido não precisava ter se dirigido aos postos. Na manhã da terça, uma grande fila foi formada para procurar informações sobre o benefício, mas, segundo o secretário, a pasta conseguiu realizar o agendamento para atendimento das pessoas e encaminhá-las para casa com uma data já marcada.

No período da tarde, ainda havia uma pequena fila em frente à sede da Sempre e a maior parte dos presnetes já haviam realizado o agendamento prévio. Outros que se locomoveram presencialmente até o bairro do Comércio para tentar a sorte foram encaminhados para casa com as instruções para agendar online uma data de atendimento. “Alguns conhecidos me disseram que as pessoas que estavam tentando agendar só estavam conseguindo data para agosto de 2022, por isso eu não tentei marcar previamente”, contou Viviane Pereira, 34 anos, que precisa somente atualizar o CadÚnico já que o período limite, de dois anos, já expirou.

A Sempre explicou que o WhatsApp que realiza o agendamento para atender as pessoas que possuem demandas com CadÚnico esteve instável durante o dia e, por isso, as datas sugeridas para atendimento estavam incorretas e muito distantes. “O site e o aplicativo já estão em pleno funcionamento. Apenas o agendamento pelo WhatsApp está passando por ajustes para que a gente consiga agendar para datas mais próximas e atender melhor os cidadãos”, informou a pasta.

Jussiara Cerqueira, que já possui o benefício, conseguiu agendar o atendimento pelo aplicativo da prefeitura há oito dias e estava no local para renovar o auxílio. “Eu consegui agendar bem fácil e eu vim porque já tenho três anos sem renovar. Eu só continuei recebendo por causa da pandemia. Agora que mudou para o Auxílio Brasil, eu vim fazer a renovação para não perder o benefício”, contou.

Como se cadastrar

O atendimento do cidadão é feito: na sede da Sempre e no Núcleo de Atendimento à População em Situação de Rua (Nuar), ambos no Comércio; em doze unidades do Centro de Referência e Assistência Social (Cras); nas dez unidades da Prefeitura-Bairro; e em três postos especiais montados no Subúrbio 360, em Coutos, na Casa do Trabalhador, em Cajazeiras, e na sede da Defesa Civil de Salvador (Codesal), na Avenida Mário Leal Ferreira (Bonocô).

Para acessar o atendimento em qualquer um dos postos, basta baixar o aplicativo Fala Salvador Cidadão no celular e escolher a opção “Cadastro Único para programas sociais do Governo Federal”. É só preencher os dados exigidos e seguir as orientações.

Outra opção para realizar o agendamento é através do site horamarcada.salvador.ba.gov.br ou entrar em contato com a Assistente Virtual Jana, no número WhatsApp (71) 98392-3927.

Quem já recebe o Bolsa Família regularmente não precisa comparecer ao serviço do CadÚnico, pois a migração para o Auxílio Brasil será feita automaticamente pelo governo federal. Quem já fez o recadastramento dos dados do programa nos últimos dois anos também não precisa ir aos postos.

Nesse momento, somente devem comparecer às unidades de atendimento as pessoas que precisam fazer o cadastro pela primeira vez; as pessoas que tiveram o benefício do Bolsa Família bloqueado; ou aqueles cidadãos que estão com o cadastro desatualizado há mais de dois anos.

Pressão, estádio pequeno, 25 mil pessoas nas arquibancadas e erro claro de arbitragem. Nada disso foi capaz de fazer o Brasil se amedrontar no clássico desta terça-feira (16), diante da Argentina, em San Juan. Já garantida na Copa do Mundo de 2022, no Catar, a Seleção encarou o desafio, segurou os rivais e empatou o 0x0, mantendo a invencibilidade nas Eliminatórias Sul-Americanas.

Sem Neymar, Tite optou pela entrada de Vini Jr no lado esquerdo do ataque. Matheus Cunha, por sua vez, ganhou a vaga de Gabriel Jesus como centroavante. No setor defensivo, Fabinho e Éder Militão entraram nos lugares de Casemiro e Thiago SilvaNos 10 minutos iniciais, os donos da casa deixaram claro qual seria a postura: pressionar na marcação e não dar espaço para os brasileiros. Até deu certo, mas a estratégia também permitia que o Brasil buscasse os contra-ataques, o que aconteceu.

Foram três boas oportunidades para a equipe verde e amarela em sequência, sendo duas delas com Vini Jr. Na primeira, o atacante errou a passada na entrada da área e saiu com bola e tudo. Na segunda, cara a cara, tentou encobrir Martínez e errou o alvo. Por fim, Matheus Cunha arriscou do meio-campo e por pouco não surpreendeu.

Com o passar do tempo, os argentinos começaram a ficar impacientes com a falta de oportunidades e o jogo ficou mais tenso. Responsável por armar o jogo para a Seleção, Lucas Paquetá sofreu com as pancadas no tornozelo cada vez que recebeu a bola.

Aos 33 minutos, um lance que poderia mudar a história do jogo. Raphinha fez jogada pela linha de fundo e perdeu a bola. Na tentativa de recuperar, levou uma cotovelada em cheio do zagueiro Otamendi. O juiz não deu nada, o VAR não recomendou a revisão e ficou por isso mesmo. O brasileiro, com a boca sangrando, precisou de atendimento.

Antes do intervalo, o Brasil ainda tomou um susto. Messi tocou para Acuña, que achou um bom passe para De Paul. Na entrada da área, o volante arriscou e Alisson se esticou para espalmar.

Segundo tempo

Depois do descanso, Tite resolveu manter a mesma escalação para a etapa final. Já Scaloni colocou Joaquín Correa e Lisandro Martínez nos lugares de Lautaro e Paredes, respectivamente. Com menos de 10 minutos, Romero sentiu lesão muscular e deu lugar a Pezella na zaga.

A primeira boa chance veio aos 15 minutos e foi do time canarinho. Em cobrança de falta brasileira, a zaga argentina afastou e a redonda sobrou para o volante Fred. Ele dominou, emendou de perna direita e acertou o travessão.

Logo depois, Vini Jr brilhou. Pegou a sobra na linha de fundo, deu uma carretilha em Molina e passou para Paquetá, que bate cruzado. Matheus Cunha tentou finalizar e a bola foi pra fora.

Dali pra frente, o jogo ficou truncado no meio de campo e as chances de gol desapareceram. Restou ao Brasil fazer testes com as entradas de Antony e Gerson, e confirmar a igualdade em 0x0.

A Seleção só volta a jogar em 2022, no dia 27 de janeiro, quando encara o Equador fora de casa. Depois, recebe o Paraguai no dia 1º de fevereiro, no Mineirão, em Belo Horizonte.

Ficha técnica:

Argentina: Martínez, Molina, Romero (Pezella), Otamendi e Acuña; Paredes (Lisandro Martínez), De Paul e Lo Celso (Domínguez); Messi, Lautaro Martínez (Joaquín Correa) e Di María (Julián Álvarez) Técnico: Lionel Scaloni

Brasil: Alisson, Danilo, Éder Militão, Marquinhos e Alex Sandro; Fabinho, Fred e Lucas Paquetá (Gerson); Raphinha (Antony), Matheus Cunha (Gabriel Jesus) e Vini Jr Técnico: Tite

Estádio Bicentenário, em San Juan (Argentina)

Cartão amarelo: Paredes, Romero, Pezella e Acuña (Argentina); Paquetá e Fabinho (Brasil)

Árbitro: Andres Cunha, auxiliado por Richard Trinidad e Nicolas Taran (trio do Uruguai)

Em 16 dias, novembro bate recorde de chuvas dos últimos 10 anos em Salvador. Os acumulados de chuvas no período já ultrapassam 219% da Normal Climatológica para o período – 106,5mm, registrada pela Estação Pluviométrica do Inmet, instalada em Ondina. Neste período, os maiores acumulados de chuva foram: 264,6mm no Engenho Velho de Brotas, 254,8mm no Parque da Cidade, Pituba, 253,6mm em Brotas, 244,6 em Pituaçu e 233 mm em Ondina (estação de referência).

Tem sido o novembro mais chuvoso dos últimos 10 anos, sendo superado apenas em 2011 quando choveu 319,2mm. As informações são do Centro de Monitoramento e Alerta da Defesa Civil de Salvador (Cemadec). Os maiores picos de chuva em 24h foram registrados no feriado do dia 15/11 no Engenho Velho de Brotas (106,4mm), Brotas (104,8mm), Chapada do Rio Vermelho (97,8mm), Pituba - Parque da Cidade (91,8mm) e Ondina (82,4mm). No período de uma hora, os maiores picos foram contabilizados, dia 14/11, na Chapada do Rio Vermelho (48,6mm), Engenho Velho de Brotas (38mm), Brotas (36mm), Retiro (33,8mm) e Pituba - Parque da Cidade (33,4mm).

"Mantemos na Defesa Civil equipes de prontidão para os atendimentos emergenciais que se façam necessários, monitorando as condições do clima e emitindo alertas, voltados principalmente às comunidades que vivem em áreas de risco", afirma o diretor geral da Codesal, Sosthenes Macêdo.

As intensas chuvas ocorrem em função da atuação da Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS), banda de nebulosidade persistente que produz grandes volumes de chuva, associada à Sistema Frontal (Frente Fria), ocasionando além das chuvas, trovoadas e rajadas de vento, com riscos para alagamentos e deslizamentos de terra.

Em acréscimo, a Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos Estados Unidos (Noaa) já indicava em janeiro a probabilidade de um novo evento de La Niña ao longo de 2021. O fenômeno no Brasil tem como padrão típico a ocorrência de chuvas acima da média nas Regiões Norte e Nordeste neste final de ano.

La Niña é um fenômeno oceânico-atmosférico caracterizado pelo resfriamento anormal das águas do Oceano Pacífico Equatorial, sendo um evento com particularidades opostas ao El Niño.

As Normais Climatológicas são médias de parâmetros meteorológicos computadas em um período de 30 anos consecutivos, obedecendo a critérios recomendados pela Organização Mundial de Meteorologia (OMM). No caso de Salvador, este padrão é determinado por medições realizadas nos últimos 30 anos pelo pluviômetro de Ondina, então o único existente na cidade.

A Codesal já realizou 288 vistorias entre 1º a 16 de novembro entre as quais ameaça de desabamento (51), ameaça de deslizamento (76), deslizamento de terra (30), orientação técnica (37), árvore ameaçando cair (25) e avaliação de imóvel alagado (34). A Codesal mantém plantão de 24h todos os dias da semana. Em caso de emergência disque 199.

Em todo o Brasil, em 2022, os alunos do primeiro ano do ensino médio vão encontrar uma escola diferente da que existe atualmente. Na Bahia, essa regra é uma exceção. Ao contrário das outras unidades federativas, o Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA) estabeleceu que só em 2023 e 2024 é que as instituições de ensino públicas e particulares do estado são obrigadas a alterar o currículo referencial para o Ensino Médio.

Isso foi determinado, pois só em 2022 é que será implementado o Documento Curricular Referencial da Bahia (DCRB) do Ensino Médio. É esse documento que vai servir de referência para as escolas montarem suas matrizes curriculares e submeterem à aprovação do próprio CEE. A DCRB, inclusive, deve ter como base as orientações da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que desde 2018 foi aprovada.

De acordo com o presidente do CEE, Paulo Gabriel Nacif, a alternação no cronograma aconteceu, dentre outros motivos, para ampliar o debate para a construção de um documento que respeite a diversidade e a realidade de cada região. “O Conselho está atento e vem cumprindo com suas atribuições no processo de implementação da BNCC na Bahia, assegurando os princípios educacionais e os direitos de aprendizagem de todos os estudantes do território estadual, em toda a Educação Básica”, reforçou.

A Resolução que altera o cronograma foi aprovada pelos 24 conselheiros estaduais de Educação e homologada pelo secretário da Educação do Estado, Jerônimo Rodrigues. De acordo com a diretora acadêmica do Colégio Antônio Vieira (CAV), a professora Ana Paula Marques, mestre em Gestão Educacional, a decisão do conselho impede a implementação completa do novo ensino médio ainda em 2022. “A gente não pode mexer na nossa estrutura curricular enquanto não houver esse documento”, lamenta.

Mesmo assim, o Antônio Vieira não vai ficar ‘esperando sentado’ e já começou a implantar no Ensino Médio aquilo que não impacta na BNCC. “Tem toda uma novidade, que são os itinerários formativos, que os alunos do primeiro ano começarão a ter em 2022. É para eles já estarem no ritmo do novo ensino médio”, explica a gestora. Ela acredita que o atraso na mudança curricular não vai prejudicar o ensino.

“Normalmente, as escolas privadas já têm carga horária bem densa. Com a DCRB em mão, o que vamos fazer é muito mais uma readequação dessa carga horária. O quanto de linguagem fica e o que será preciso recompor? São questões como essa que serão resolvidas. Essa parte é bem consolidada na instituição, pois é a que prepara os alunos para os vestibulares", aponta Ana Paula.

Regras
Uma das principais mudanças com o novo ensino médio é o aumento da carga horária mínima. Agora não serão mais necessárias 800 horas anuais e sim 1 mil horas, o que vai fazer com que cada dia letivo tenha, no mínimo, cinco horas de aulas. Desse período, 60% do tempo será destinado as áreas do conhecimento (linguagens, matemática, ciências da natureza e ciências humanas), que vão substituir as disciplinas individuais.

Algumas escolas particulares já começarão com essa mudança em 2022. É o caso do Colégio Perfil. “Para o primeiro ano, vai ser 100% dessa maneira. Estamos, inclusive, transformando nosso curso em semestral. No primeiro semestre, o aluno vai ter português, matemática. toda área de humanas e o projeto de vida, eletivas e trilha. No segundo semestre, sai humanas e entra natureza. É uma mudança ousada para dar ao aluno tempo e foco”, explica Bruno Abdon, professor e coordenador do núcleo de tecnologia e inovação.

Essas eletivas e trilhas citadas por Bruno fazem parte dos itinerários formativos, que são considerados a maior novidade no novo ensino médio. Eles serão escolhidos pelo estudante conforme a disponibilidade da instituição.

“É algo que vai dar liberdade e personalizar o ensino. Com os itinerários, os estudantes vão poder botar a mão na massa, desenvolver projetos, produzir entregar resultados e até já montar um portfólio”, aponta.

Os itinerários vão ocupar os 40% restantes das aulas, junto com uma outra novidade, o Projeto de Vida. Trata-se de um programa que deve ajudar os alunos a entender o que eles querem para o futuro. O Vieira já fornece esse tipo de projeto. “Ele me serviu para confirmar o que eu quero, ter certeza do que definitivamente não quero e do que pode servir como segunda opção”, explica a estudante Luísa Coelho, 17 anos, que pretende cursar Ciências da Computação. “Desde o primeiro ano eu pensava em fazer Medicina. Hoje, com o autoconhecimento do projeto de vida, pude ampliar meu campo de visão e já penso em outras possibilidades”, relata a estudante Beatriz Costa, 17 anos.

Outro colégio que já tem um tipo de Projeto de Vida é o Montessoriano. Por lá, o nome do programa é Líder em Mim (Lem). “O Lem é um programa de educação socioemocional focado em promover a mudança comportamental em educadores e alunos, desenvolvendo sua autoestima e autoconhecimento para que se tornem protagonistas de suas próprias vidas e da transformação da sociedade”, explica a pedagoga Carina Menezes, coordenadora do 9º ano do fundamental 2 ao ensino médio da instituição.

No Colégio Oficina, a partir de 2022, um projeto de trilhas será oferecido aos alunos do primeiro ano do ensino médio, em preparação para o novo sistema. “A partir do próximo ano, já estaremos implantando gradativamente, desde o projeto de vida até as trilhas”, relata a diretora Marcia Khalid.

Para especialista, colégios precisam de planejamento ao adotar novo ensino médio
No Villa Global Education, as novidades do novo ensino médio começaram a aparecer já em 2021 na primeira série. “Em 2022, vai ser ampliado para a segunda série e, em 2023, para todo o ensino médio. Temos uma carga horária estendida, divisão do currículo em formação geral básica e itinerário formativo, com matérias eletivas que permitem o aluno traçar o próprio currículo”, explica Ricardo Andrade, diretor pedagógico do Villa.

Ele considera como principal ponto positivo do novo ensino médio a possibilidade de os alunos poderem ter uma parte dos estudos mais relacionada com o interesse para o ensino superior.

“Os principais desafios são fazer com que a gente tenha uma escola que atenda em 360 graus a diversidade dos alunos. Temos que bancar os que gostam mais de humanas, de natureza... o colégio tem que se preparar tanto curricularmente, mas ter cautela para os impactos financeiros que isso pode causar. Um deslize pode inviabilizar toda a operação”, recomenda.

Em nota, a Secretaria da Educação do Estado da Bahia informou que o estado finalizou, no dia 26 de agosto, a consulta pública do Documento Curricular Referencial Bahia (DCRB) do Ensino Médio e está em fase de revisão do texto-base para envio ao Conselho Estadual de Educação da Bahia (CEE-BA). “A consulta pública e o diálogo com diferentes atores contribuiu para que o DCRB do Ensino Médio contemple a diversidade e particularidade da Bahia, evidenciando a identidade do povo baiano”, disseram.

Ainda segundo a pasta estadual, 50% das escolas da rede já estão implementando o novo ensino médio. “No próximo ano, 100% já estarão adotando a nova arquitetura curricular nas turmas de 1ª série e, de forma gradual, as demais séries, até 2024”, prometeu.

Alimentos naturais, cultivados sem o uso de agrotóxicos e sem organismos geneticamente modificados estão conquistando cada vez mais espaço no solo baiano. Isto porque, segundo dados do Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em setembro desse ano, o estado já contava 1.483 produtores orgânicos certificados – um crescimento de mais de 70% quando comparado ao ano passado. No Brasil, existe, no total, cerca de 25 mil produtores com o mesmo certificado, o que mostra o quanto esse segmento ainda tem a expandir.

“A Bahia tem um grande potencial para expansão da produção orgânica, considerando a oportunidade de terras disponíveis para a produção orgânica, o cenário positivo de expansão produtiva no oeste do estado e a diversidade de possibilidades de produção nos três biomas do estado: Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado”, destaca o assessor especial da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Irrigação, Pesca e Aquicultura (Seagri-BA) e coordenador da Comissão de Produção Orgânica da Bahia, Thiago Guedes.

E dá para entender o tamanho dessa oportunidade. A Bahia tem, aproximadamente, 700 mil agricultores familiares. Este número representa 0,2% de produtores certificados, o que demonstra o montante de produtores que ainda podem ser certificados como orgânico, agregando mais valor ao produto e fortalecendo a cadeia. Com base no Cadastro Nacional de Produtores Orgânicos (CNPO) entre os produtos que contam com selo produzidos por aqui estão o cacau, umbu, maracujá da caatinga, mamão, melão, alface, coentro, rúcula, milho, cebola, beterraba, cenoura, cana, aipim, goiaba, couve, abóbora, melancia, cebolinha, pimentão, tomate e limão.

“Sem dúvida, existe uma grande demanda de produtos orgânicos no estado que ainda não é abastecida pela produção interna, o que acaba oportunizando um cenário de ampliação da produção para atender o mercado interno. Atualmente, alguns produtores comercializam para os estados do sudeste do país. Precisamos localmente de consumidores ativos e participantes”, opina Guedes.

Produtora da comunidade de Lagoa Funda, no município de Barro Alto, território de Irecê, Paula Ferreira, produz um pouco de tudo: frutas, verduras e hortaliças e também agroindústria certificada com a fabricação de extrato de tomate, geleias, doces, temperos, farinhas e ervas desidratadas. Ela faz parte da Rede de Agroecológica Povos da Mata e está certificada há cinco anos.

“Vejo o orgânico como uma crescente tanto para quem produz, como para quem precisa desse alimento para garantir a segurança alimentar e nutricional de suas famílias. Acredito que em 2022 teremos saltos importantes no aumento de novos agricultores e agriculturas produzindo e com certificação no estado”, afirma.

Atualmente, os principais mercados que Paula atende estão nas feiras agroecológicas e os mercados coletivos, através do entreposto de comercialização gerido pela Associação Raízes do Sertão. “Ainda faltam assistência técnica e crédito. A melhor forma para ter investimentos e ampliar o número de produtores é fazer com quem os consumidores procurem os espaços públicos de comercialização, as feiras. Porque é ali que a venda é direta de quem produz”, complementa a produtora.

Hoje, a Rede Povos da Mata têm 900 produtores certificados. A expectativa, de acordo com o presidente, o Hércules Sar, é que esse número possa triplicar nos próximos dois anos.

“Nosso território tem uma diversidade de produtos muito grande. Mas precisamos de mais apoio para uma comercialização justa para se possa chegar até o consumidor sem atravessadores”.

Tendência
Em 2020, dados do Conselho Nacional da Produção Orgânica e Sustentável (Organis) apontaram que houve um crescimento do mercado brasileiro de orgânicos na faixa dos 30%, movimentando cerca de R$ 5,8 bilhões. Em termos mundiais, o faturamento do setor de orgânicos já ultrapassou a barreira dos 100 bilhões de dólares. Os Estados Unidos representam quase a metade do mercado mundial, seguidos pela Alemanha, França, China e Canadá.

Para o coordenador de cooperativa E da Feira Estação Orgânica Grapiúna, em Itabuna, Claudio Lyrio, para além de uma tendência mundial, a pandemia fez com que as pessoas se preocupassem mais ainda com a saúde e alimentação. Ele faz parte do Centro de Agroecologia e Educação da Mata Atlântica (OCA).

“As pessoas ficaram em casa, cuidaram mais da saúde, passaram a voltar uma atenção maior à alimentação. Se antes da pandemia, a coisa já estava em uma crescente, pós-pandemia, com certeza, esse universo pode se multiplicar. Inclusive, as grandes redes de supermercado já estão aumentando seus espaços de alimentos orgânicos. Se elas já perceberam isso, é um nicho de mercado que efetivamente está expandindo”.

Com o crescimento do mercado, o setor espera que aumente também o consumo. “Só com esse aumento, é que podemos trabalhar a questão do preço, o que é algo sempre questionado quando se diz respeito aos orgânicos. O grande gargalo com a questão do preço é o custo. Ele ainda é alto porque a nossa produção é em escala pequena, comparada ao produto convencional”, acrescenta Lyrio.

Produtor de orgânicos e membro da Comissão de Produção Orgânica da Bahia, Tércio Vieira, pontua que custa caro para o pequeno produtor obter a certificação como orgânico, o que acaba sendo mais uma limitação para uma ampla popularização desses produtos.

“A certificação orgânica pode ser participativa ou individual, mas aí o pequeno produtor precisa contratar uma empresa especializada para dar essa consultoria, o que fica em torno de R$ 2 mil a R$ 4 mil. Então, falta uma assistência técnica para preparar esse produtor e trabalhar o valor agregado do seu produto”.

Tércio defende, que ao adquirir um orgânico, o consumidor leva para casa não só aquele alimento, mas o cuidado com a questão da preservação ambiental, o cumprimento das leis trabalhistas e as práticas sustentáveis que o transformaram em um produto.

“A gente vem percebendo que o consumo aumentou e as pessoas entenderam a necessidade de consumir orgânicos que tem todo um cuidado com a sua produção. O que temos é um preço justo que contempla todo o custo com esse processo. Por outro lado, comparado com os alimentos convencionais onde há uma oscilação de preços constante, no orgânico o valor é mais estável”, completa Vieira.

QUAL A DIFERENÇA?

Orgânicos
São aqueles produzidos dentro de um sistema orgânico ou extrativista sustentável, ou seja, que beneficie o ecossistema local, proteja os recursos naturais, respeite as características socioeconômicas e culturais da comunidade local, além de preservar preserve os direitos dos trabalhadores envolvidos. Além disso, os orgânicos não utilizam organismos geneticamente modificados nem químicos sintéticos. Eles recebem certificação com o selo Produto Orgânico Brasil.

Agroecológicos
Os produtos agroecológicos são cultivados de forma justa, economicamente viável e ecologicamente sustentável, agrotóxicos e transgênicos. Porém, diferente do orgânico, o agroecológico não tem ainda uma certificação e legislação para esse produto.

Hidropônicos
São alimentos cultivados artificialmente em uma estufa, sem a utilização de terra. Geralmente, a raiz é inserida em estruturas artificiais, como canos e tubos, que contêm água e os nutrientes necessários para o desenvolvimento da planta.

Convencionais
Nesse caso, a produção tem ênfase em larga escala e conta com a utilização de insumos e tecnologias agrícolas como, por exemplo, fertilizantes e defensivos químicos.

No aniversário de um ano, o Pix, sistema de pagamento instantâneo do Banco Central (BC), ganha nova funcionalidade. Entra em vigor hoje (16) o Mecanismo Especial de Devolução, que agilizará o ressarcimento ao usuário vítima de fraude ou de falha operacional das instituições financeiras.

O mecanismo está regulamentado por uma resolução editada pelo BC em junho. Desde então, as instituições financeiras estavam se adaptando aos procedimentos.

Até agora, em uma eventual fraude ou falha operacional, as instituições envolvidas precisavam estabelecer procedimentos operacionais bilaterais para devolver o dinheiro. Segundo o BC, isso dificultava o processo e aumentava o tempo necessário para que o caso fosse analisado e finalizado. Com o Mecanismo Especial de Devolução, as regras e os procedimentos serão padronizados.

Pix Saque e Troco
Outras novidades para o Pix virão em breve. A partir do dia 29 estarão disponíveis o Pix Saque e o Pix Troco, que permitem o saque em espécie e a obtenção de troco em estabelecimentos comerciais e outros lugares de circulação pública.

No Pix Saque, o cliente poderá fazer saques em qualquer ponto que ofertar o serviço, como comércios e caixas eletrônicos, tanto em terminais compartilhados quanto da própria instituição financeira. Nessa modalidade, o correntista apontará a câmera do celular para um código QR (versão avançada do código de barras), fará um Pix para o estabelecimento ou para a instituição financeira e retirará o dinheiro na boca do caixa.

O Pix Troco permite o saque durante o pagamento de uma compra. O cliente fará um Pix equivalente à soma da compra e do saque e receberá a diferença como troco em espécie. O extrato do cliente especificará a parcela destinada à compra e a quantia sacada como troco.

Open banking
Ainda neste trimestre, o BC pretende estender o iniciador de pagamentos ao Pix. Por meio dessa ferramenta, existente para pagamentos por redes sociais e por aplicativos de compras e de mensagens, o cliente recebe um link com os dados da transação e confirma o pagamento.

Atualmente, o iniciador de pagamentos existe para compras com cartões de crédito e de débito. O BC pretende ampliar a ferramenta para o Pix, o que só será possível por causa da terceira fase do open banking (compartilhamento de dados entre instituições financeiras), que entrou em vigor no fim de outubro.

Com a troca de informações, o cliente poderá fazer transações Pix sem abrir o aplicativo da instituição financeira, como ocorre hoje. O usuário apenas clicará no link e informa a senha ou a biometria da conta corrente para concluir a transação. Tudo sem sair do site de compras, do aplicativo de entregas ou da rede social.

Estatísticas
Até o fim de outubro, segundo os dados mais recentes do BC, o Pix tinha 348,1 milhões de chaves cadastradas por 112,65 milhões de usuários. Desse total, 105,24 milhões são pessoas físicas e 7,41, pessoas jurídicas. Cada pessoa física pode cadastrar até cinco chaves Pix e cada pessoa jurídica, até 20. As chaves podem ser distribuídas em um ou mais bancos.

Em um ano de funcionamento, o volume de transações pelo Pix deu um salto. Em outubro, o sistema de pagamentos instantâneos movimentou R$ 502 bilhões, contra R$ 25,1 bilhões liquidados em novembro do ano passado. Segundo o Banco Central, 75% das transações do Pix em outubro ocorreram entre pessoas físicas, contra 87% no primeiro mês de funcionamento. Os pagamentos de pessoa física para empresa saltaram de 5% para 16% no mesmo período.

Empresas e governo
O aumento nos pagamentos a empresas decorre de funcionalidades adicionadas ao longo deste ano para estimular o recebimento de Pix por empresas e prestadores de serviço. Em maio, começou a funcionar o Pix Cobrança, que substitui o boleto bancário e permite o pagamento instantâneo por meio de um código QR (versão avançada do código de barras) fotografado com a câmera do celular.

Em julho, começou a ser ofertado o Pix Agendado, que permite o agendamento de cobranças, com a definição de uma data futura para a transação. Em setembro, o oferecimento da funcionalidade por todas as instituições financeiras passou a ser obrigatório.

As transações entre pessoas físicas e o governo aumentaram de R$ 2,25 milhões em novembro de 2020 para R$ 409,83 milhões em outubro deste ano. Apesar de pequenas em relação ao total movimentado, essas operações estão subindo graças a medidas como o pagamento de alguns tributos por grandes, micro e pequenas empresas e à quitação de taxas federais por meio do Pix.

Segurança
O Pix completa um ano em meio a preocupações com a segurança do sistema. Por causa do aumento de sequestros-relâmpago e de fraudes relacionadas ao Pix, o BC limitou, em outubro, as transferências a R$ 1 mil entre as 20h e as 6h. Medidas adicionais de segurança foram adotadas, como o bloqueio, por até 72 horas, do recebimento de recursos por pessoas físicas em caso de suspeita de fraude.

Em setembro, ocorreu o incidente mais sério com o Pix registrado até agora. Uma brecha de segurança no Banco Estadual de Sergipe permitiu o vazamento de 395 mil chaves Pix do tipo telefone. Na ocasião, não foram expostos dados sensíveis, como senhas, valores movimentados e saldos nas contas, mas os números de telefone de clientes capturados por pessoas de fora da instituição, que foi punida pelo BC.

Se casos semelhantes ocorrerem, as próximas punições poderão ser mais duras. No fim da semana passada, o BC acelerou as notificações às instituições financeiras que violarem os regulamentos do Pix e diminuiu as situações em que as multas serão isentas.

A Doença de Haff, conhecida popularmente como “doença da urina preta”, acomete 55% das pessoas que consomem peixes contaminados pela toxina que origina essa enfermidade. Essa foi a principal conclusão de um artigo publicado pela Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS), em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), na revista Lancet, uma das mais renomadas no mundo científico.

Para chegar a esta conclusão, o estudo analisou quantas pessoas das que consumiram o mesmo pescado tiveram os sintomas da doença. “Do ponto de vista da epidemiologia, buscamos entender quantas pessoas consumiram o mesmo peixe e desenvolveram a doença, com a identificação do aumento da enzima CPK. Poucos artigos trazem essa informação”, explica a epidemiologista Cristiane Cardoso, coordenadora do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) de Salvador, ligado à SMS.

A alteração na enzima CPK (creatinofosfoquinase) é o principal sintoma da doença de Haff. Ela é uma proteína presente nos músculos e outros lugares do corpo, como cérebro, pulmão e coração. O nível considerado normal é em torno de 200 U/L. No estudo, os pacientes contaminados pela toxina do peixe tiveram taxas de 9 mil U/L e até 132 U/L.

“A doença é caracterizada por uma mialgia e dor intensa, principalmente na área do pescoço, com o nível da CPK elevado. Quando ocorre a lesão, o rim elimina o metabólico muscular, que sai através da urina. Por isso que ela começa a mudar de cor, entre o marrom e o avermelhado, causando uma complicação renal. Alguns pacientes precisam se internar e fazer diálise”, explica a sanitarista Ana Paula Pitanga, diretora do Centro de Operações e Emergência em Saúde Pública (COE), ex-diretora do Cievs.

Segundo Cristiane, essa dor nos músculos é aguda e intensa e começa a aparecer até 24 horas da ingestão do peixe. O tempo médio de aparecimento desse sintoma é de 5 horas e 30 minutos após a refeição.

Toxina nos peixes
Outro pioneirismo do estudo publicado na Lancet foi a identificação da toxina no peixe. Ela foi observada em duas espécies: o olho de boi e o badejo. “Existem poucos artigos publicados sobre a Doença de Haff. No Brasil, não existem estudos que possam identificar essa toxina e a gente conseguiu, com esse trabalho em parceria, encontrar em duas amostras de peixe, que isolamos do surto de 2020”, revela a sanitarista Ana Paula Pitanga.

Além da SMS e Fiocruz, participaram do estudo a Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), o Centro de Estudos do Mar, da Universidade Federal do Paraná e o Instituto Federal de Santa Catarina.

A suspeita é de que a toxina esteja em algas marinhas ingeridas pelos peixes e que são passadas para os humanos através da alimentação. “Os peixes, ao consumirem as algas, acumulam a toxina na cadeia trófica. Como ela é termoestável, ou seja, mesmo ao fritar e cozinhar o peixe, ela não se decompõe, e contamina os humanos pela ingestão”, esclarece Cristiane Cardoso.

Doença tem segundo surto em cinco anos
Entre 2016 e 2017, no primeiro surto da doença, 65 casos foram investigados, em Salvador, e 88% destes pacientes foram internados. Entre 2017 e 2019, 12 ocorrências foram registradas. Já entre 2020 e 2021, um novo surto ocorreu na cidade, de setembro a janeiro de 2021 - surgiram 21 casos suspeitos e 16 confirmados.

O estudo da SMS publicado no Lancet analisou somente o período de dezembro de 2016 a janeiro de 2021, a partir do acompanhamento dos casos suspeitos e testagem de amostras de peixes. A partir de abril deste ano, novos casos surgiram: dos 14 investigados, nove foram confirmados.

Na Bahia, 22 pessoas estavam com suspeita da doença de Haff, neste ano. Desses, apenas 18 foram confirmadas. O município com mais casos é a capital baiana, seguido de Alagoinhas, Maraú, Simões Filho, Mata de São João e São Francisco do Conde. Os dados são da Sesab, do último boletim, de 26 de outubro. A pasta informou que eram as informações mais atuais, mas, por ser feriado, se houvesse novos casos, eles poderiam ser atualizados somente a partir da terça-feira (16).

De acordo com a secretaria, a faixa etária mais acometida são as pessoas de 35 a 49 anos (38,9%). A maior parte dos contaminados é homem (66,7%). Em 2020, 45 casos foram notificados, sendo 40 confirmados. Já entre 2016 e 2017, foram 71 notificados. Em 2018 e 2019, não houve registro de contaminação.

Apesar do aumento de casos em 2021, Cristiane e Ana Paula advertem: a doença é rara e não deve ser motivo de preocupação. “Ela raramente leva à morte e não há perigo nos sintomas. Mas, é preciso que o tratamento seja cuidadoso quando houver qualquer suspeita, até para evitar o uso de anti-inflamatório, porque pode causar alguma gravidade, do ponto de vista renal. Tirando isso, a evolução é boa e os sintomas duram em torno de três a cinco dias”, tranquiliza Cristiane. Ainda não há tratamento específico.

Quem tiver os sintomas da doença de Haff deve notificar à SMS através do site do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs). Neste link, você encontra um formulário a ser preenchido, para relatar a situação e sintomas às autoridades.

A deliberação do Conselho Municipal do Carnaval (Comcar) a favor da realização da festa em 2022 foi vista como uma decisão natural pelo prefeito Bruno Reis. Segundo ele, a decisão era esperada.

O conselho se reuniu na tarde dessa quinta-feira (11) e a maioria votou a favor do Carnaval. O Comcar é um órgão colegiado do qual fazem parte entidades representativas do Carnaval e órgãos públicos para deliberar e fiscalizar as ações relacionadas à festa.

"É natural que esse segmento tenha o desejo que ele [o Carnaval] possa acontecer. Era algo que estava dentro do previsto, mas como o momento exige toda cautela e precaução, estamos deixando, tanto eu, como o govenador, para se reunir e tomar a decisão sobre o carnavla de 2022 mais pra frente", disse o prefeito, nesta sexta-feira (12).

Bruno ressaltou mais uma vez que defende uma decisão que esteja condicionada aos índices da pandemia, para que seja possível um planejamento antecipado, mas que seja flexível caso os casos voltem a aumentar. Ele disse também que não é hora de pensar em formatos. "Qualquer discussão sobre esse assunto agora só vai trazer mais instabilidade", afirmou.

“Trabalhar com aplicativo e dirigir na gasolina é fazer milagre”. O motorista Ygor Santos resume dessa maneira a decisão dele em instalar o Gás Natural Veicular (GNV) em seu carro. “Devido ao aumento da gasolina, é muito mais vantajoso andar com o gás”, justifica. Ygor não é o único a pensar dessa forma. O aumento do uso do GNV é constatado nos 33% de crescimento, entre janeiro a outubro, no consumo desse combustível em Salvador.

Só em outubro, mês que contou com dois reajustes de preço da Petrobras, a venda de GNV foi a maior dos últimos dois anos, com 10,3 milhões de metros cúbicos do gás comercializados, de acordo com a Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás). E não são apenas os motoristas ou pessoas que trabalham com o veículo que estão apostando nessa opção. Júlio Cesar, 38 anos, trabalha num petshop de Salvador e viu mais vantagem em rodar com o gás.

“Eu troquei de carro esse ano para um que já veio com GNV e estou sentindo uma economia de 30% a 35% comparado com a época que usava gasolina. Mesmo sem trabalhar com o carro, eu dirijo cerca de 30 quilômetros por dia para ir trabalhar, a passeio e levar minha filha para a escola. Por isso que está valendo a pena”, comenta.

Júlio teve a vantagem de não precisar investir na instalação do chamado kit gás, que pode sair por até R$ 5 mil. Ygor teve mais sorte e pagou R$ 4 mil na instalação. “Só no cilindro foi R$ 1,7 mil. Aí soma isso ao custo para colocar no carro, vistoria do Detran e outros aparelhos do kit”, lembra. Mesmo assim, ele avalia que, em menos de um ano, já conseguiu recuperar todo o valor aplicado. “Eu rodo em aplicativo praticamente o dia todo. Vivo dentro do carro”, relata.

Para o economista Edval Landulfo, o GNV é indicado principalmente para pessoas como Yago, que dirigem bastante o carro. “O motorista tem que se perguntar para qual objetivo ele tem o carro. É para locomoção casa-trabalho? Para atender as necessidades da família? Para trabalhar? Não vale a pena investir no GNV se ele usar pouco o carro, mas só é possível descobrir a utilidade do veículo se essas perguntas forem respondidas”, aponta.

De acordo com o simulador de custo da plataforma People Interactive, considerando o atual preço da gasolina, etanol e do GNV, quem roda apenas 500 quilômetros por mês só conseguirá recuperar o valor investido no kit gás daqui a dois anos. Já quem roda 5 mil quilômetros mensais terá o valor recuperado em dois meses.

Movimento
O frentista Wellington Ribeiro, 24 anos, trabalha há três anos num posto que abastece carros com GNV. “Quando comecei, quase não tinha fila e, quando tinha, era bem pequena. Nada se compara a como é atualmente”, diz o rapaz a reportagem enquanto se dividia com outro colega para juntos abastecerem quatro carros de uma só vez. No total, por volta das 12h, a fila de espera no posto que Wellington atua era de 24 carros divididos em quatro filas.

“Quando chega no final da tarde o movimento fica mais forte ainda e só para lá para umas 21h”, relata. Segundo o frentista, o tamanho da fila é causado pela demora em abastecer com GNV e pela quantidade limitada de postos em Salvador e Região Metropolitana (RMS) que oferecem o serviço. Para o motorista de aplicativo José Nilson Santana dos Santos, 39 anos, encarar a fila não é um problema. “Muito melhor está aqui do que ter que botar gasolina”, confessa.

José trabalha com um carro alugado que tem GNV. “Antes, eu rodava em um com gasolina, mas esse ano optei por GNV e tive uma economia de 50% nos meus gastos com combustível”, relata. Ele só pretende continuar na profissão enquanto não encontrar outro serviço com mais estabilidade.

“O valor do GNV também está aumentando, mas os nossos ganhos rodando pelo aplicativo não crescem. Se continuar assim, não sei onde vamos parar”, lamenta.

A queixa pelo aumento do preço do GNV também é compartilhada pelo motorista Edvaldo da Silva, 38 anos. “Se continuar aumentando sem parar, pode ser que nem chegue a valer a pena colocar o gás. Tem posto que já está vendendo o metro cúbico por R$ 4,50”, diz. E Edvaldo está correto. Segundo o aplicativo Preço da Hora, o preço do GNV em Salvador varia entre R$ 3,73 e R$ 4,50. Já o litro da gasolina sai por R$ 6,56 a R$ 6,63. O etanol está por R$ 5,15 a R$ 5,63.

Em janeiro de 2021, o preço médio da gasolina era R$ 4,63, de acordo com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Já o etanol saía por cerca de R$ 4 e o preço médio do GNV era pouco mais de R$ 3. “Hoje nós temos uma tendência, devido a essa posição política da Petrobras de fazer uma paridade com o preço internacional, de aumento nos preços dos combustíveis. A previsão continua sendo de alta”, lamenta Landulfo.

Para o aposentado Antonio Nunes, 76 anos, apesar de todos os reajustes, o GNV continua sendo vantajoso. Ele mora em Dias D’Ávila e vai diariamente trabalhar em Salvador.

“Eu já uso esse tipo de combustível e pretendo comprar um carro novo esse ano, mas só irei comprar algum que já tenha o kit gás. O preço da gasolina está um absurdo e, infelizmente, eles não vão diminuir tão cedo”, conta.

Economista reforça que GNV não é vantajoso para todo mundo
Não adianta já ir pensando em colocar o kit gás no carro visando ter economia que não é bem assim. O economista Edval Landulfo reforça que não são para todos os públicos que o GNV é indicado. “Minha esposa, por exemplo, tem um carro, mas ela roda muito pouco. Não vale a pena ter kit gás. No caso dela, as vezes é mais vantajoso pegar um transporte por aplicativo do que tirar o carro da garagem”, calcula.

O motorista de aplicativo Ubiratan Felizardo, 50 anos, por exemplo, dirige num carro movido a etanol. “Eu já usei GNV e, quando troquei de carro, diminuí meu faturamento, pois não quero colocar o kit gás por agora. O carro ainda é novo e não quero que ele seja desvalorizado”, aponta. Essa desvalorização, segundo Landulfo, é outro ponto negativo em optar pelo GNV. “Tem gente que não compra carro com kit gás, pois não sabe qual foi o histórico desse equipamento e suas revisões”, explica.

Além de não ser interessante para quem roda poucos quilômetros por mês, o GNV não vale a pena para quem vive em cidades de interior onde pode ser mais difícil encontrar postos de combustíveis que comercializam o gás natural veicular.

“Quem geralmente opta por fazer a adaptação ao kit gás estão nos grandes centros urbanos. Quando você vai para uma cidade pequena, na Chapada Diamantina, no Vale do Jiquiriçá, é preciso ver se os postos implantaram GNV. Ele só vai implantar se tiver demanda, se tiver gente interessada”, avalia o economista.

O Sindicato dos Trabalhadores em Postos de Combustíveis da Bahia (Sinposba) foi procurado, mas não respondeu até o fechamento do texto. Já o Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado (Sindicombustíveis) disse que a Bahiagás é quem tem as informações sobre venda de GNV.

Vantagens de ter o GNV, para Edval Landulfo:

Economia;

GNV emite menos gases que aceleram o aquecimento global;

Algumas peças tem vida útil maior;

IPVA mais barato

Desvantagens de ter o GNV, para Edval Landulfo:

Instalar o kit gás num carro novo perde a garantia do veículo;

Perda da potência;

Perda de espaço no porta-malas;

Corre o risco de ter um acidente com o GNV; para evitar, é preciso fazer revisões contantemente;

Desvalorização de um veículo com kit gás;

Algumas peças tem vida útil menor;