O Jornal da Cidade

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Após a Petrobras anunciar o novo reajuste nos combustíveis, o preço da gasolina nos postos da Bahia subiu 3,23% na semana passada, atingindo o valor médio de R$ 6,238 por litro, de acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP).

Já o gás de cozinha, por sua vez, teve uma elevação de 2,31%, com valor médio de R$ 94,484. Os preços também subiram para o etanol que foi encontrando, em média, a R$ 5,051 (+1,12%). Apenas o óleo diesel S-10 teve redução de preço na última semana, caindo para R$ 5,094 (-0,12%).

No último dia 8 de outubro, a Petrobras anunciou aumentos de 7,2% nos preços da gasolina e do gás liquefeito de petróleo (GLP), o gás de cozinha em suas refinarias.

Em Salvador, o preço da gasolina também subiu, a 2,62%, atingindo o valor médio de R$ 6,073 por litro. O botijão de gás foi encontrado a R$ 92,795 (+2,34%)

Na contramão dos preços mais altos, o etanol e óleo diesel S-10 tiveram reduções de preço na capital baiana na última semana, caindo 0,46% e 1,17%, respectivamente.

Programa liderado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) vai permitir que os países mais pobres tenham acesso justo a vacinas, testes e tratamentos contra a covid-19. O objetivo é garantir medicamentos antivirais para pacientes com sintomas leves por US$ 10.

Segundo a Reuters, que teve acesso a um rascunho do documento, é provável que o comprimido experimental Molnupiravir, da Merck &Co, seja um dos medicamentos usados. Outros medicamentos, no entanto, estão sendo desenvolvidos para tratar doentes com sintomas leves.

O documento, que traça as metas do Acelerador de Ferramentas de Acesso à Covid-19 (ACT-A) até setembro de 2022, revela que o programa quer entregar cerca de 1 bilhão de testes de covid-19 às nações mais pobres e adquirir medicamentos para tratar até 120 milhões de pessoas em todo o mundo, de cerca de 200 milhões de novos casos estimados nos próximos 12 meses.

Os planos revelam a forma como a OMS quer reforçar o financiamento de medicamentos e testes a um preço relativamente baixo, depois de perder a corrida das vacinas para os países mais ricos, que ficaram com grande parte dos suprimentos mundiais, deixando os países mais pobres com um número muito reduzido de vacinas.

Um porta-voz da ACT-A afirmou que o documento, datado de 13 de outubro, ainda é um rascunho sob consulta e recusou comentar o seu conteúdo antes de estar finalizado.

O documento também será enviado aos líderes mundiais antes de ser debatido numa reunião do G20, no final deste mês. A ACT-A pede ao G20 financiamento adicional de US$ 522,8 bilhões,e a outros doadores financiamento adicional de US$ 22,8 bilhões até setembro de 2022, que será necessário para comprar e distribuir vacinas, medicamentos e testes para os países mais pobres, de forma a reduzir a diferença em relação aos países mais ricos.

Os doadores já prometeram US$ 15,5 bilhões para o programa.

Os pedidos de financiamento são baseados em estimativas detalhadas sobre o preço dos documentos, tratamentos e exames, que vão contabilizar as maiores despesas do programa juntamente com o custo da distribuição das vacinas.Molnupiravir com resultados positivos. Apesar de não citar diretamente o Molnupiravir, o documento da ACT-A espera pagar US 10 para “novos antivirais orais destinados a pacientes com sintomas leves e moderados”.

Outros comprimidos para tratar pacientes com sintomas leves estão sendo desenvolvidos, mas o Molnupiravir é o único que mostrou resultados positivos nas fases finais de testes. A ACT-A está em negociações com a Merck & Co e produtores de genéricos para comprar o medicamento.

No entanto, um estudo da Universidade de Harvard estimou que o Molnupiravir poderá custar cerca de US$ 20 se for produzido por farmacêuticos genéricos, com o preço caindo para US$ 7,7 em produção otimizada.

A Merck & Co tem acordos de licenciamento com oito fabricantes indianos de medicamentos genéricos.

A meta ACT-A é chegar a um acordo, até o final de novembro, para garantir o fornecimento de “um medicamento oral em ambulatório”, que estejadisponível a partir do próximo trimestre de 2022.

A verba arrecadada seria inicialmente usada para “apoiar a aquisição de 28 milhões de comprimidos para tratamento de pacientes com sintomas ligeiros e moderados nos próximos 12 meses, dependendo da disponibilidade do produto e orientação clínica”.

A ACT-A pretende também abordar as necessidades médicas de oxigênio essencial para 6 milhões a 8 milhões de doentes graves e críticos até setembro de 2022.Investimento maciço em testes. O programa prevê também forte investimento em testes de diagnóstico da covid-19, para duplicar o número realizado em países mais pobres.

Dos US$ 22,8 bilhões que a ACT-A espera arrecadar nos próximos 12 meses, cerca de um terço, a maior parcela,será gasta em diagnóstico.

Atualmente, os países mais pobres realizam, em média, cerca de 50 testes por 100 mil pessoas diariamente, contra 750 nos países mais ricos.

A ACT-A quer distribuir um mínimo de 100 testes por 100 mil habitantes nas nações mais pobres.

O reforço da testagem também poderá ajudar a detectar possíveis novas variantes, que tendem a se propagar quando as infeções alastram e, portanto, são mais prováveis em países com baixas taxas de vacinação. Isso significa entregar, nos próximos 12 meses, cerca de 101 vezes mais do que a ACT-A comprou até agora.

A maior parte seriam testes rápidos de antígeno a um preço de cerca de US$ 3, e apenas 15% seriam gastos em testes moleculares, que são mais precisos, mas demoram mais tempo a entregar os resultados e custam cerca de US$ 17.

O objetivo dos testes é reduzir a diferença entre ricos e pobres, já que apenas 0,4% dos cerca de 3 bilhões de testes realizados em todo o mundo foram feitos em países pobres.

O documento destaca que “o acesso à vacina é altamente inequitativo, com a cobertura variando de 1% a mais de 70%, dependendo do grau de riqueza do país”.

O programa visa a vacinar pelo menos 70% da população elegível em todos os países até meados do próximo ano, em linha com as metas da OMS.

Após quase três meses em modelo semipresencial, as aulas da rede estadual de ensino passam a ser 100% presenciais, na Bahia, a partir desta segunda-feira (18). Os protocolos sanitários permanecem os mesmos – uso de máscara, distanciamento, recreio intercalado e muito álcool em gel. O que muda é que, agora, os estudantes passam a frequentar o colégio todos os dias da semana, e não em dias alternados. São, ao todo, 900 mil alunos na rede, distribuídos em 1.089 instituições de ensino.

A determinação da mudança de regime foi anunciada pelo governador, Rui Costa (PT), no dia 8 de outubro, após analisar a queda dos índices epidemiológicos da pandemia da covid-19. Entre julho e outubro de 2021, houve uma queda de 88% no número de mortes pelo novo coronavírus e 76% de redução no número de casos ativos, que são as pessoas infectadas pela doença. A taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) adulto estava em 27%, na tarde deste domingo (17).

O mestre de obras Uellinton Ferreira, 47, não vê a hora do filho, Enzo, 13, voltar à escola todos os dias. “Já era para ter voltado dessa forma, porque as crianças ficam em casa, sem ter o que fazer e, pela pandemia, não pode ficar na rua também. Nossa educação já não é de qualidade, imagine nessa situação”, comenta Ferreira.

O filho, que está no sexto ano e estuda na escola estadual Almirante Barroso, em Paripe, conseguiu acompanhar as aulas presenciais e virtuais, até então. “Ele acompanhou direitinho as aulas on-line, mas eram muito fracas. O professor passava uma atividade e pronto. Sem falar que a presencial, quando ele ia, 7h30, saía 10h, ou seja, não estavam dando o conteúdo todo”, reclama o pai. Segundo ele, Enzo está animado para o retorno nesta segunda.

Relembre aqui as regras do protocolo sanitário

Na escola estadual Francisco Conceição Menezes, no Cabula, por conta de uma reforma que irá ampliar o número de banheiros, a volta do ensino 100% presencial deve ficar para 25 de outubro. “Estão construindo novos lavabos para atender a demanda e a obra deve seguir essa semana. Até lá, permaneceremos no remoto”, relata o professor Moisés Amado.

Ele diz que a maioria das famílias está ansiosa para o retorno do ensino in loco. “Os estudantes querem voltar e os pais afirmaram, em reunião, que não conseguem manter os filhos distantes dos paredões. Então, preferem os filhos na escola do que na rua”, conta Amado.

O ano letivo, em 2021, abarca também a carga horária não concluída de 2020. As aulas iniciaram dia 15 de março, de forma virtual. Em 26 de julho, o modelo passou a ser híbrido. O calendário irá até 28 de dezembro. Nos dias 29 e 30 de dezembro, será a recuperação final e entrega dos resultados.

Segundo a Secretaria Estadual de Educação (SEC), somente os casos excepcionais não precisam comparecer presencialmente. “Casos excepcionais, como pessoas com comorbidades, deverão ser reportados à direção da escola, que viabilizará, junto à SEC, a continuidade do acesso às aulas remotas para os estudantes com necessidades especiais”, explica a pasta.

Investimento
Para adaptar as escolas às aulas presenciais aos protocolos sanitárias, o governo estadual gastou cerca R$ 250 milhões do Tesouro Estadual, por meio do Programa Retorno Escolar Seguro (PRES). A SEC também investiu R$ 6,1 milhões para a compra de novos uniformes e distribuiu 2 milhões de máscaras nas escolas.

Protocolos:
- Distanciamento mínimo de 1,5 metro, disponibilização de álcool em gel ou álcool 70% e higienização diária das áreas comuns
- Elevadores usados com 30% de capacidade e exclusivo para deslocamento de materiais e produtos, e para alunos e funcionários com dificuldades de locomoção
- Entrada de trabalhadores, prestadores de serviço e estudantes devem higienizar as mãos com água e sabão ou álcool em gel 70%; todos terão a temperatura aferida e aqueles com resultado igual ou superior a 37,5°C devem ser direcionados para acompanhamento de saúde adequado
- Funcionários e alunos do grupo de risco da covid-19 devem avaliar outras formas de retorno enquanto durar a pandemia
- O uso de máscara é obrigatório para todos, exceto para alunos da Educação Infantil, de 0 a cinco anos, e os portadores do Transtorno do Espectro Autista (TEA)
- O fluxo de entrada, saída e intervalos de forma escalonada para manter o distanciamento mínimo
- O transporte escolar deve manter as janelas abertas, higienização no princípio e ao final do dia, distanciamento e as máscaras obrigatórios; capacidade até 70%
- O número máximo de pessoas que poderão acessar o banheiro ao mesmo tempo deverá levar em consideração o distanciamento mínimo de 1,5 metros. Os basculantes e janelas devem ficar abertos.
- Proibido o uso coletivo dos bebedouros; Cada aluno deve levar sua garrafa de água ou copo descartável
- Cada estudante deve usar talheres, pratos e copos individuais e próprios
- As bibliotecas devem ser sejam utilizadas por turnos e em horários diferenciados por cada turma, preservando-se sempre o distanciamento mínimo de 1,5 metro

 

A Bahia tem apenas 26.537 médicos, entre generalistas e especialistas, para atender uma população de quase 15 milhões de habitantes. Isso significa que a cada 100 mil baianos, só existem 1,77 profissionais de medicina. A maioria fica em Salvador – 14.340, o equivalente a 54%. Outros 9.962 estão divididos nas 416 cidades do interior e 2.235 em outros estados. Os dados são do Conselho Federal de Medicina (CFM), atualizados na última sexta-feira (15).

A lavradora Gedilma da Silva, 43, por exemplo, tem que se deslocar, quase que toda semana, de São José do Jacuípe para Salvador, onde sua mãe, Edésia da Silva, 83, faz tratamento contra o câncer, no Hospital Aristides Maltez. O bate e volta é longo: são quatro horas e meia de carro na ida e na volta, ou seja, 9 horas no carona. Às vezes, para dar tempo de chegar no horário da radioterapia, é preciso sair de madrugada.

“Incomoda muito, porque a cidade é distante. É desumano. Seria ótimo e deveria ter algum local mais próximo”, reclama Gedilma. Edésia descobriu a doença há cinco meses, após uma biópsia feita em Feira de Santana. Ela teve que retirar o útero, em cirurgia, mas isso não impediu que o câncer se espalhasse para os ossos. Hoje, ela está acamada, anda pouco, segundo a filha, e sente constantes dores nas costas. É isso que acontece com a falta de especialistas na cidade, diz o secretário de saúde, Clebson Novaes.

“A área de saúde da mulher está muito comprometida, com alta incidência de câncer de útero, e de mama, pela falta de tratamento precoce. O efeito desencadeia lá na frente, com sintomas mais graves e diagnóstico tardio, difíceis de tratar. Precisamos mandar tudo para Salvador. Quando dá, contratamos uma clínica particular, mas tem todo o processo burocrático. Cerca de 50% da população fica desassistida e a gente se sente impotente”, relata o secretário.

As especialidades de ginecologia e obstetrícia e ortopedia são as mais demandadas, mas é difícil de achar alguém que queira o posto. Os pacientes ortopédicos têm que ir ou a Miguel Calmon ou a Ruy Barbosa, a 150 quilômetros de distância, em média. Já a atenção básica é bem estruturada, com médico clínico, enfermeiro, técnico de enfermagem e dentista. Psiquiatra é uma vez na semana para atender os pacientes de saúde mental.

Pela falta de equipamento e equipe, a fila de espera para ressonância chega a 150 pacientes na cidade. Mas a policlínica do governo estadual só libera 10 a 12 vagas por mês. “Tenho que escolher a prioridade da prioridade. É terrível, porque a gente fica sem coragem de dizer não, mas também não pode dizer sim. Ontem, uma moça chorou na minha sala”, conta Clebson Novaes.

Nos últimos quatro meses, foram 219 viagens pagas pela prefeitura para outras cidades por motivos médicos. Além da gasolina, que não está barata, e manutenção dos veículos, a diária do motorista é de R$ 90, o que encarece as contas municipais. “Tenho 130 moradores fazendo tratamento em Salvador, 160 em Feira de Santana, 16 pacientes da Apae que vão, duas vezes por semana, para Jacobina, fora os de hemodiálise, que precisam ir três vezes por semana”, completa o secretário.

Em Catolândia, no Extremo Oeste da Bahia, o especialista também só vem uma vez no mês. Para uma ressonância ou tomografia, é preciso pegar 42 quilômetros de estrada até Barreiras e esperar a demanda acumular. Dermatologistas, ginecologistas e neurologistas são contratados esporadicamente, só para zerar a demanda. Fixos mesmo são dois, um no Posto de Saúde da Família (PSF) da sede e outro na zona rural.

“Ultrassom fazemos aqui, o médico vem uma vez no mês e faz 25 exames. Mas ressonância, tomografia, tudo é em Barreiras. Junta dois ou três pacientes, quando dá para esperar, e vai. Mas quando é urgência e emergência, a gente bota numa ambulância e leva”, descreve o secretário de saúde da cidade, Fábio Toledo.

Em Cravolândia, cidade a cerca de 300 quilômetros de Salvador, a situação é parecida. A secretaria de saúde faz malabarismo: são sete médicos no município, três nos PSFs e quatro no hospital, para 5.300 habitantes – 1,32 para cada cidadão. Dentre as especialidades, estão a de pediatria, cirurgião, anestesiologista e psiquiatra. Os exames feitos lá são os de laboratório e eletrocardiograma.

Não existe cardiologista para fazer a avaliação, é preciso ir para a policlínica do governo estadual ou, se não houver vaga, ir até Jaguaquara, a 37 quilômetros. Toda semana, a secretaria de saúde disponibiliza um carro para os pacientes. Quem precisa fazer quimioterapia, radioterapia e anemia falciforme precisa ir a Salvador, Feira de Santana, Jequié ou Santo Antônio de Jesus. São cerca de 80 pacientes nessa condição na cidade.

“Pagamos, mensalmente, R$ 3 a 4 mil em exames, em Jaguaquara, e mais R$ 3.500 a R$ 4 mil para o laboratório daqui, terceirizado. Fico querendo contratar especialista aqui, para evitar grávida, por exemplo, com barrigão, ficar se deslocamento, toda semana, para Jaguaquara para fazer ultrassom”, conta a secretária da saúde de Cravolândia, Ednalva Mendes.

A falta de especialistas e aparelhos para exames mais complexos é um dos maiores calos no pé de Ednalva. Todos os anos, a secretaria abre chamamento para contratar especializados, mas não recebe respostas. “O médico não quer vir para o interior porque aqui paga mal e a gente não tem como bancar. Minha folha de pagamento de médico está R$ 80 mil por mês. É difícil demais fazer saúde em município pequeno, sem recurso”, desabafa a secretária.

Em Maetinga, no Centro Sul da Bahia, não há especialistas, nem de plantão. Todas as consultas específicas são feitas em Vitória da Conquista, a 100 quilômetros de distância, ou Presidente Jânio Quadros, a 22 quilômetros. “Mandamos uns 15 pacientes toda semana. A gente tenta fazer milagre, porque nossa cota é poucas na policlínica. Quando a gente consegue, é pela reoferta, quando outros municípios não pegam a vaga”, diz a secretária de saúde, Sabrina Souza.

Em Correntina, no Extremo Oeste da Bahia, a prefeitura comprou um ônibus só para transportar os pacientes. Ele vai de duas a três vezes por semana levá-los a policlínica de Barreiras. A partir de novembro, mais um fará três viagens por semana a Bom Jesus da Lapa. São, ao todo, 12 médicos, contratados pelo Programa Mais Médicos, sendo oito fixos, além dos plantonistas. Há a oferta de oito especialidades na cidade. Quem precisa de raio-x, ultrassom, colonoscopia e exames laboratoriais não precisa se deslocar.

Mas, para quem precisa de nutricionista, como Thanara Vasconcelos, 9, filha de Jakeline Vasconcelos, 26, a espera chega a três meses. “Minha filha precisa fazer acompanhamento nutricional pela obesidade, mas ainda estamos aguardando na fila de espera. Seria bom se tivesse aqui, porque quando a gente vai para a policlínica, é de ônibus, depende do pessoal e tem que esperar o último paciente termina o exame, tem despesa, estadia e a gente come lá também, por isso, é mais difícil”, narra Jakeline, auxiliar administrativa.

Qualidade além da quantidade
O diretor da Associação Baiana de Medicina (ABM), Jedson Nascimento, reclama da distribuição dos médicos no interior do estado. “É fruto de uma política que necessita avançar. Estamos avançando, mas a preocupação com a qualidade deve ser premente, antes da preocupação com os números apenas. A qualidade da assistência à população deve ser avaliada, antes de tudo”, avalia.

Ele pontua ainda que a formação acelerada de médicos não é o melhor caminho, pela falta de critérios de qualidade. “Estamos em um caminho equivocado, que resolverá a questão numérica muito rápido, só não sei se da melhor forma”, acrescenta.

Nascimento comenta também que as cidades pequenas precisam saber fixar os especialistas no local. “A presença de especialistas em pequena quantidade se deve à falta de vagas de residência na mesma proporção de formados, mas não só isso. A Bahia, hoje, é um polo formador, mas não quer dizer que os indivíduos fiquem em nosso estado. Muitos fazem residência aqui e vão para outro estado ou voltam para a cidade de origem”, explica Nascimento.

Investimento em regionalização
O presidente do Conselho Regional de Medicina (Cremeb), Otávio Marambaia, afirma que é preciso regionalizar a medicina. “Não é possível botar estruturas completas de alta e média complexidade em todos os municípios, não haveria dinheiro suficiente. É preciso universalizar a atenção básica, com equipes de saúde da família, com boas condições de trabalho e perspectiva de carreira", orienta.

Ele ainda diz que o ideal é que houvesse quatro especialistas fixos – ortopedia, ginecologia, pediatria e cirurgia geral, em todos os centros regionais. Marambaia também discorda da divisão do número de médicos por habitantes. “O grande problema é a má distribuição dos médicos, que estão concentrados em grandes cidades, e a qualidade do serviço. Não é só colocar mais médicos que o problema está resolvido. É preciso investir em programas e regionalizar”, completa.

Em sua defesa, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) disse que o governo da Bahia investiu, em 2020, mais de R$ 623 milhões em saúde, o maior índice do Norte, Nordeste, Centro-Oeste e Sul. “No ranking nacional a Bahia encontra-se em segundo lugar, atrás apenas do estado de São Paulo, que aplicou R$ 833 milhões”, argumenta, orientado que os dados essão do Sistema de Informações sobre os Orçamentos Públicos em Saúde (Siops), disponível a o público.

“Além disso, foram aplicados mais de R$ 7 bilhões entre obras, serviços e recursos humanos na área da saúde em 2020. Esta é a terceira maior despesa com saúde do Brasil, atrás apenas de São Paulo e Minas Gerais, o que demonstra um cenário bem diferente de diversos estados do País, onde o subfinanciamento do Sistema Único de Saúde (SUS) e a redução de repasses federais têm provocado desassistência”, finaliza a pasta.

Mais policiamento, integração das equipes de segurança e até plantão de final de semana na delegacia. Essas são algumas das ações que estão em prática, a partir desse domingo (17), no bairro da Barra, em Salvador, com o lançamento da Operação Barra em Paz. O objetivo é garantir a segurança de baianos e turistas, além de coibir a ação de criminosos na orla da Barra. Há pelo menos dois meses que o local é cenário de ocorrência de diversos crimes violentos.

A ação foi deflagrada pela 14ª Delegacia Territorial (DT) da Polícia Civil e tem o apoio da Polícia Militar, Secretarias Municipais de Desenvolvimento Urbano (Sedur) e Ordem Pública (Semop), além da Guarda Civil Municipal (GCM). A principal mudança trazida pela operação é a instauração dos plantões de final de semana na delegacia civil da Barra.

“Normalmente, as delegacias funcionam em horário administrativo para notificação de procedimento: flagrante, prisão, cumprimento de mandato, instauração de inquérito. Em finais de semana, as pessoas tinham que ir para a Central de Flagrantes. Agora nós teremos equipe na delegacia da Barra para atender aos sábados e domingos, das 10h às 22h”, explica a titular da DT/Barra, delegada Mariana Ouais.

A delegada também explica que a instauração desse plantão vai facilitar o trabalho realizado pela Polícia Militar (PM) e Guarda Civil Municipal (GCM). “Antes, qualquer situação de prisão em flagrante ou de termo circunstanciado, a viatura tinha que se deslocar para até a Central de Flagrantes, aguardar o atendimento e isso desfalcava a Barra. Quanto menos viaturas, menos segurança”, argumenta.

Com esse incremento, pelo menos 18 agentes, entre escrivães, investigadores e delegados, vão passar a atuar no local no final de semana, divididos em dois plantões, com nove pessoas cada. Isso vai durar até o Carnaval. Segundo a delegada, a Polícia Civil não tem efetivo suficiente para manter um projeto desse por mais tempo ou em várias delegacias.

“Nos últimos cinco anos, nosso efetivo diminuiu bastante, principalmente com a reforma da previdência. Nós não temos esse efetivo. O que estamos fazendo agora é deslocar pessoas de outras unidades, que não são de locais turísticos, para dar esse suprimento, mas a Polícia Civil hoje não detém essa capacidade de manter plantões em todas as delegacias de pontos turísticos”, relata.

Como a delegacia não atende somente ao bairro da Barra, outros bairros serão beneficiados com essa medida, como a Graça e o Corredor da Vitória.

Final de semana não teve ocorrência na Barra
A Operação Barra em Paz foi lançada no Farol da Barra, poucos minutos antes do famoso pôr do sol do local. A PM e GCM também estiveram presentes. O major Uildnei Carlos do Nascimento, responsável pela 11ª Companhia Independente da PM, destacou que, neste final de semana, nenhuma ocorrência foi registrada na Barra.

“Nós já estamos com a Operação Verão em prática e, antes disso, nós aumentamos o efetivo aqui no bairro, somando esforços com as outras instituições para que a paz e segurança reine na Barra. Temos bases de segurança no Farol da Barra, no Porto da Barra, policiamento 24 horas, circulação de viaturas e serviço de inteligência”, aponta.

A GCM também pretende reforçar as ações feitas no local. “Nós vamos continuar mantendo nossos esforços para manter o controle de acesso no Porto da Barra para evitar aglomerações, estamos fazendo fiscalizações do mercado informal com a Semop e estamos aumentando nosso efetivo no final de semana”, diz o inspetor geral Marcelo Oliveira Silva. Diariamente, 100 agentes da instituição atuam na Barra, segundo o inspetor.

Nesse final de semana, quem frequenta a Barra começou a perceber aumento no efetivo de segurança. O ambulante Bruno Sousa Rocha, 33 anos, conhecido como Bruno da Pipoca, foi assaltado na Barra há cinco meses e sabe bem do perigo que ronda a região. “Ontem e hoje, graças a Deus, foi uma benção. Mudança total. Antes não víamos tantos policiais como agora. Espero que, com isso, episódios como o que eu vivi não volte a acontecer”, diz.

Em 16 de agosto, um casal em situação de rua que tinha um barraco no local foi atacado em um incêndio criminoso no Porto da Barra. Dias depois, o homem e a mulher morreram por complicações causadas pelas queimaduras.

Em dia 5 de setembro, Rodrigo Cerqueira de Jesus, mais conhecido como Tosca, foi assassinado durante um tiroteio em uma das ruas do Porto da Barra. A mãe da vítima e uma terceira pessoa foram baleadas na ocasião.

No dia seguinte, o corpo de um homem apareceu boiando no Porto, com os pés amarrados e marcas de violência.

Duas semanas depois, em 21 de setembro, um homem com problemas mentais apavorou quem curtia a praia do Porto da Barra. Com uma faca em mãos, ele invadiu a faixa de areia e ameaçou banhistas. A Guarda Civil Municipal (GCM) foi chamada e conseguiu mobilizá-lo.

No dia 10 de outubro, em meio ao feriadão do dia 12, Uéslei Nielson Cruz Santos, de 28 anos, estava na na praia do Porto da Barra, por volta das 19h, quando foi executado a tiros ao lado de familiares, amigos e demais banhistas. Antes de apertar o gatilho, o atirador chamou o que se supõe ser o apelido de Uéslei: “Meio-Dia”.

Na última sexta-feira (15), um guardador de carros foi morto a tiros no final da manhã, a 200 metros do Farol da Barra. Maurício Lima Santos, de 30 anos, foi socorrido por policiais militares para o Hospital Geral do Estado (HGE), mas não resistiu aos ferimentos. Segundo a PM, o baleado é credenciado pela prefeitura para atuar como guardador de carros na região. Testemunhas contaram que dois homens chegaram em uma moto preta atirando contra a vítima e fugindo, em seguida. Um dos suspeitos de envolvimento no crime foi preso ainda na sexta-feira.

Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontam que o Brasil é o país mais ansioso da América Latina e essa realidade tem impactos muito significativos no ambiente de trabalho. Excesso de responsabilidades; as metas inatingíveis; prazos muito curtos para as entregas; comunicação agressiva; sobrecarga de horas de trabalho; instabilidades econômicas são alguns dos gatilhos para as crises de ansiedade, que atingem cerca de 33% da população mundial.

A psicóloga clínica Isabella Barreto diz que a ansiedade não necessariamente é patológica, ou seja, nem sempre é sinal de um transtorno. Na verdade, esse alerta do aparelho psíquico que coloca a todos vigilantes sobre algo percebido como ameaçador tem um função na vida dos humanos: prepara para lidar com algo a ser conquistado, superado, faz perceber a necessidade de uma preparação para algo a ser realizado.

“O que vai nos fazer compreender a ansiedade como patologia, é a exacerbação na intensidade, o comprometimento na vida como um todo”, explica. Para Isabella, é a compreensão da urgência nos resultados produtivos, cobranças, pressão, comparações, a exigência por ser a melhor versão de si mesmo, a cultura do imediatismo, a substituição de horas de lazer, de ócio, por maior produtividade, competitividade, um ritmo acelerado de vida como se tudo fosse para ontem, entre outros aspectos da contemporaneidade é que são fatores que potencializam a ansiedade e promovem a sua condição de transtorno, de adoecimento.

Ambiente doente
“À medida em que o ambiente de trabalho tem como cultura o assédio, desvalorização do profissional, situações de insegurança, sejam psicológicas ou no ambiente físico da instituição, exigências que desconsideram o bem estar e saúde do trabalhador, esse ambiente promove o desenvolvimento de adoecimento psíquico-emocional, onde a ansiedade será uma expressão no comportamento indicando que algo não está bom”, esclarece, salientando que o quadro pode desdobrar para situações mais graves, como a síndrome de Burnout e depressão, por exemplo.

A psicóloga, mestre em Administração, professora e líder de alta performance da UNIFACS, Priscila Carvalho explica que as pessoas estão cada vez mais ansiosas e vários estudos apontam que as pessoas mergulharam numa lógica adoecedora.

“O lema ‘trabalhe enquanto eles dormem’ é um estímulo a um estilo de vida muito intenso, incansável e até desumano, que gera auto cobrança desmedida e sensação de culpa por não dar conta de tudo que essa lógica exige”, afirma, destacando que, diante de tantos estímulos, informações, cobranças e necessidade de rapidez nas respostas, o senso de urgência virou um imperativo.

“Quando tudo é urgente, tendemos a viver acelerados, cansados e cada vez mais ansiosos, além de acompanhados da sensação de incapacidade de dar conta”, pontua.

Aliada
Para transformar a ansiedade numa aliada e não em fator de adoecimento, a sugestão de Priscila é buscar sempre viver o aqui e agora, realizando uma tarefa de cada vez, iniciando pelas atividades mais simples. “É necessário aprender a gerenciar melhor o tempo, priorizar o que é importante antes que se torne urgente, saber delegar tarefas e ter momentos de pausas e descanso é fundamental para desacelerar e conseguir produzir de maneira adequada”, ensina.

A professora destaca que as empresas precisam enxergar os benefícios provenientes do investimento em condições adequadas de trabalho, que promova um ambiente saudável, com relações harmônicas e prática de comunicação adequada, além da implantação de programas e ações de bem-estar. “A cultura e o clima organizacional, as condições de trabalho oferecidas, o volume de demandas, bem como o controle e cobrança para realização das tarefas e as relações estabelecidas no ambiente corporativo podem provocar ou atenuar sintomas ansiosos”, diz.

Priscila destaca que quando o cansaço excessivo, dificuldade de concentração, irritabilidade, medo exacerbado e desproporcional, insônia, alteração apetite aparecem com muita frequência e intensidade está na hora de buscar apoio profissional.

Isabella Barreto afirma que quando a situação sai do auto controle, é importante aliar a psicoterapia com o uso de medicamentos e mudanças no estilo de vida. “A psicoeducação, o entendimento sobre gatilhos e fatores ansiogênicos são importantes para que a pessoa possa lidar e prevenir a ansiedade num nível adoecedor”, reforça.

“Não se deve negociar tempo de descanso, além de te sempre em mente a prática do autocuidado, se conectando com o que faz sentido para você, realizando técnicas de respiração e relaxamento, praticando atividade físicas, mantendo uma alimentação saudável, e buscando um profissional especializado, visto que a escuta qualificada exige conhecimento e preparo”, finaliza Priscila.

A Seleção Brasileira já pode começar a planejar a viagem para a Copa do Mundo do Catar, em 2022. Na noite desta quinta-feira (14), os comandados do técnico Tite receberam o Uruguai na Arena Amazônia, em Manaus, e conseguiram uma goleada por 4x1, com gols de Neymar, Gabigol e dois de Raphinha. Com o resultado, o time chegou aos 31 pontos. Nunca na história da competição uma seleção ficou de fora do Mundial com essa pontuação.

Apesar da liderança isolada na tabela, o Brasil teve uma semana agitada. Após ser criticado pela atuação no empate em 0x0 com a Colômbia, Neymar revelou que a Copa do Catar pode ser a última da sua carreira por causa da pressão psicológica. Defendido por jogadores e comissão técnica, ele mostrou que ainda tem muito oferecer dentro de campo.

Com apenas 9 minutos, Fred deu lindo lançamento por cima para o camisa 10, que dominou no peito e, sem ângulo, mandou para o fundo da rede do goleiro Muslera. Na comemoração, a tradicional dancinha com Paquetá.

E nem demorou muito para sair o segundo gol. Aos 17 minutos, em jogada de Paquetá, Neymar recebeu na área e tentou o chute. Muslera espalmou e Raphinha, esperto no lance, apareceu para chutar no gol e ampliar o placar: 2x0.

Com autoridade em campo, o Brasil não deu chances ao rival. O goleiro Ederson só assistiu nos 45 minutos iniciais. Antes do intervalo, Neymar e Raphinha ainda exigiram boas defesas de Muslera. Jesus, por sua vez, tirou tinta da trave.

Virou goleada
Depois da chuveirada, a pressão brasileira continuou. Logo nos minutos iniciais, o goleiro Muslera apareceu novamente em finalizações de Gabriel Jesus e Raphinha. Nas duas, espalmou.

Na terceira tentativa, não teve jeito. Contra-ataque rápido e Neymar tocou de primeira para Raphinha. Em velocidade, o atacante colocou na frente e chutou cruzado para fazer o terceiro aos 12 minutos.

Dali pra frente, era só continuar o espetáculo. Tite deu chances a jogadores como Gabigol e Everton Ribeiro. Raphinha, melhor em campo, saiu de campo aplaudido pelos mais de 12 mil torcedores que foram ao estádio.

Aos 32 minutos, deu tempo de Suárez marcar um belo gol de falta e diminuir o prejuízo para os uruguaios. Só que, aos 37, Gabigol recebeu cruzamento de Neymar e mandou de cabeça para fechar a goleada.

A professora Lucia Maria* nunca teve nenhuma doença mental durante os seus 17 anos de ensino. “Foi a partir daquele 17 de março de 2020 que os sintomas surgiram”, diz. Essa é a data em que a primeira morte de um paciente com covid-19 foi registrada no Brasil. O medo da doença misturado aos desafios de continuar as aulas por meio remoto mexeu com o psicológico dela. Na Bahia, 76% dos professores foram cometidos por doenças em 2020. As crises de ansiedade, de pânico e depressão foram apontadas como os casos mais frequentes.

Quem diz isso é o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB) que entrevistou mais de 6 mil professores da rede municipal e estadual de toda a Bahia. Nesse 15 de outubro, Dia do Professor, a APLB alerta a importância de a categoria cuidar da saúde mental. “Em 2021, já percebemos o aparecimento de casos mais graves ainda. Tivemos um aumento de 45% no atendimento de professores com a síndrome de burnout, por exemplo”, relata a psicanalista e professora aposentada Zenaide Barbosa Ribeiro, diretora da APLB.

Ela acredita que o aumento desses casos graves foi causado pela falta de preparo dos professores para fazer o ensino remoto e, agora, o presencial. “Não pensaram na saúde mental deles quando fizeram esse retorno. As escolas estão despreparadas e os alunos não usam máscara ou fazem um distanciamento adequado. Os professores ficam perdidos assim. Nessa semana mesmo, atendi um caso bem grave”, relata.

Ainda para Zenaide, a maior parte das doenças dos trabalhadores da educação foi causada por problemas psíquicos durante a pandemia. “São problemas de saúde que vieram da ordem emocional. Tanto que, depois que começa a terapia, nós percebemos uma melhora no quadro geral de saúde”, diz. Ela ajudou a implantar, em abril de 2020, um projeto no sindicato que atende os profissionais que precisam de assistência psicológica.

“Começamos com três psicólogos e hoje estamos com 14. Mesmo assim, ainda temos fila de espera com 15 professores. Por mês, em média, são feitos 476 atendimentos. Todos os psicólogos trabalham por um valor social pago pela própria APLB. Nós até tentamos fazer uma parceria com o Governo do Estado, mas eles queriam que os psicólogos trabalhassem de graça. Assim não dava”, comenta.

Desde o início da implantação do projeto que a professora Lucia é uma das atendidas. No decorrer do atendimento, ela precisou ser encaminhada para tratamento psiquiátrico, ofertado pelo Planserv, em que foi diagnosticado a ansiedade. Até hoje ela toma remédios devido à doença. “Eu me arrependo de não ter procurado ajuda quando os sintomas começaram. Depois que busquei esse atendimento, minha situação melhorou muito”, diz.

Professores relatam dificuldades vividas na pandemia
Eunice Novais dos Santos, 54 anos, é mais conhecida como professora Loide. Ela trabalha na rede municipal de Sapeaçu, mas já está aposentada pelo Estado desde fevereiro de 2020, ou seja, um mês antes de começar a pandemia. Curiosamente, seus problemas psicológicos começaram quando a tão sonhada aposentadoria saiu. “Passei a receber menos do que o previsto e, misturando com todos os problemas da pandemia e crise financeira, minha vida virou um caos”, lembra.

Pró Loide, como gosta de ser chamada, chegou a ter síndrome do pânico. Hoje, é acompanhada quase que diariamente por profissionais especializados. “Meu desafio nem foi a questão da sala de aula. Eu até me adaptei bem às aulas remotas. O difícil foi encarar a perda de salário num momento tão difícil”, diz. Segundo o levantamento da APLB, 36% dos professores baianos tiveram redução na remuneração durante a pandemia.

Já Joana* ensina na rede estadual de Salvador e começou a apresentar sintomas de ansiedade no início da pandemia, o que foi acentuado no início das aulas remotas e, agora, com as aulas presenciais. “Ainda está sendo terrível, pois a vacinação está mais ampla e os alunos não sentem a pandemia como um perigo que os afetam. Eles ficam muito juntos e não usam máscara. Eu realmente não sei como vamos acolher um número grande de alunos na sala”, diz. Nesse Dia do Professor, Joana* não tem muito o que comemorar.

“Nos meus 31 anos como professora, nunca tive uma oportunidade de fazer terapia. Eles deveriam fazer projetos mais amplos como esse, mas não tenho certeza se nós somos tão importantes assim. O que vivemos em sala de aula não me faz crer que somos importantes. E a coisa só está piorando. Por isso, não vejo a hora de tentar sair para fazer algo que me dá mais prazer. Tento me aposentar há dois anos. Quando eu comecei a ensinar, tinha tantos planos. Hoje nem sequer reconheço aquela professora do passado. A procuro e não encontro”, desabafa.

Na próxima segunda-feira (18), o ensino 100% presencial na rede estadual será retomado. A APLB acionou os Ministérios Públicos da Bahia (MPBA) e do Trabalho (MPT), na tentativa de que as duas entidades ajudem na intermediação da classe junto ao governo do estado. Segundo o coordenador geral do Sindicato, Rui Oliveira, a categoria não se sente segura e quer manter o modelo híbrido de ensino. Nesta quinta-feira (14), ele ia se reunir com Jerônimo Rodrigues, secretário de Educação, para tratar do assunto. A conversa foi adiada para hoje, às 9h.

Em resposta à reportagem, a Secretaria da Educação do Estado (SEC), informou que desenvolve o Programa de Atenção à Saúde e Valorização do Professor, “com objetivo de reabilitar, prevenir e promover a saúde do docente, prestando assistência e apoio a esses profissionais”. O programa conta com uma equipe multidisciplinar que atua nas áreas de Psicologia, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Assistência Social e Nutrição em todos os 27 Núcleos Territoriais de Educação (NTEs).

Já a Secretaria Municipal de Educação (SMEI) respondeu que "não houve registros de doenças psicossomáticas dos trabalhadores acima dos níveis históricos registrados".

A nota enviada pela órgão também lembrou dos desafios da pandemia e que para minimizar os impactos, a prefeitura de Salvador manteve os salários dos professores em dia.

Dicas para cuidar da saúde mental durante a pandemia:

Descanse. O sono regular interfere diretamente no equilíbrio emocional. Busque atividades que auxiliem no sono profundo e de qualidade.

Alimente-se bem. Ter atenção ao que se come e priorizar uma dieta balanceada permite a ingestão de todos os nutrientes necessários ao organismo.

Evite drogas como escape do estresse. Álcool e tabaco se tornam vícios e, a longo prazo, causam muito malefícios à saúde física e mental.

Fortaleça seus contatos, ainda que à distância. Uma conversa com amigos ou com a família por mensagens, ligações telefônicas ou videochamadas pode aliviar sensações ruins.

Tire um tempo para você. Não preencha seus dias apenas com atividades obrigatórias - libere um espaço na sua agenda para atividades de lazer

*Fonte: Laboratório Pfizer

Para especialista, escolas devem priorizar saúde mental dos funcionários
“Para que a saúde mental dos profissionais de educação seja priorizada, deve haver um ambiente saudável nas instituições”. Isso é o que defende a psicopedagoga Niclecia Gama, especialista em educação infantil e contação de histórias. “As escolas precisam ser ambientes de humanização não só dos estudantes, mas também dos profissionais que trabalham lá, tantos professores como funcionários. Isso vai ajudar que elas não adoeçam”, conta.

Ainda segundo a especialista, há na rede de educação um considerado quadro de afastamento dos professores por problemas de saúde mental causados por abuso de autoridade ou assédio moral nas escolas. “São consequências de um ambiente tóxico que existem nas instituições. Infelizmente, não há um programa de saúde mental para os profissionais da educação em Salvador”, comenta.

Professora municipal da capital baiana, Niclecia cita o exemplo que a sua instituição de ensino, o Centro Municipal de Educação Infantil José Adeodato de Souza Filho, fez durante a pandemia para cuidar da saúde mental dos professores e funcionários.

“Pensamos numa estratégia para fazer o ensino remoto sem sobrecarregar os professores. Tínhamos reuniões semanais e dividimos a equipe em subgrupos. Cada semana, um subgrupo era responsável por elaborar, gravar e editar os vídeos enviados para as famílias dos alunos. Dessa forma, a sobrecarga foi aliviada e tivemos bons retornos dos familiares. Isso só foi possível por conta do modelo de gerenciamento da unidade, que tem sempre um canal aberto para nos escutar”, diz.

A sobrecarga no trabalho citada por Niclecia também é apontada pela APLB como motivo de adoecimento dos profissionais. “Eles tiveram que transformar sua casa em locais de trabalho e assumir constantemente funções que não eram suas, como a de editor de vídeo, por exemplo”, explica Zenaide.

Sinais para ter atenção:
Sono (alterações; não conseguir dormir; dormir demais; sono bagunçado, etc);
Alimentação (perda de apetite; comer muito mais ou muito menos do que normalmente come);
Tristeza muito forte e frequente (muito além de uma tristeza normal);
Hipersensibilidade;
Humor alterado;
Ansiedade patológica (é normal ficar ansioso nesse contexto, mas uma ansiedade que tira o sono não é normal);
Não conseguir ter a rotina;
Taquicardia e respiração ofegante;
Falta de motivação;
Dificuldade para organizar o pensamento;
Pensamentos catastróficos com frequência;
Abuso de álcool e drogas;
Não conseguir ter contato com as pessoas que gosta;
Feedback familiar (se outras pessoas, que convivem com você, têm notado alterações no seu comportamento).
Principais doenças psiquiátricas na pandemia
Ansiedade: Todo mundo pode estar ansioso em algum momento. No entanto, a ansiedade patológica é quando esse sentimento é excessivo e interfere na vida cotidiana. É uma preocupação intensa e persistente que pode envolver dor no peito, frequência cardíaca elevada, tremores e respiração ofegante.

Depressão: A depressão é um dos transtornos de humor. É uma doença crônica que provoca uma tristeza profunda e forte sentimento de desesperança. Pode vir associada a dor, amargura, desencanto e culpa, além de alterações de apetite e no sono.

Transtorno bipolar: Também é um dos transtornos de humor. Nesse caso, é uma doença marcada pela alternância entre períodos de depressão e períodos de euforia (mania). Os episódios de mania podem incluir perda de contato com a realidade e falta de sono. Cada episódio pode durar dias, meses ou semanas, além de vir com pensamentos suicidas.

Síndrome do pânico: O transtorno do pânico envolve crises repentinas de ansiedade aguda, vindas de forma inexplicável. Costumam ser associadas a medo e desespero, com a sensação de que a pessoa vai morrer ou enlouquecer. Ataques de pânico podem também um sintoma da ansiedade.

Onde buscar ajuda de graça ou com 'valor social':
CVV: É gratuito em todo o país e funciona 24 horas por dia, através dos telefones (71) 3322-4111 ou 188 e do site www.cvv.org.br.

Programa Escuta Acessível: Atendimento psicológico online ou presencial com valor social. Entre em contato pelo WhatsApp (71) 99637-1226 e faça seu agendamento. O psicólogo Anibal Dantas atua nesse projeto. “A sessão ou o valor mensal fica bem acessível, chegando a mais de 50% de desconto no valor real dos honorários”, explica.

Escola Bahiana de Medicina: A clínica de psicologia tem atendimentos com valores sociais. É preciso entrar em contato pelos telefones (71) 3286-8259, (71) 99249-3483 ou (71) 99287-3091 para fazer o agendamento. Os atendimentos estão ocorrendo de forma online e presencial de segunda a sexta, das 8h às 12h e 13h às 17h.

UniFTC: A instituição mantém o Ambulatório de Saúde Mental, espaço que disponibiliza atendimento interprofissional e conta com atendimentos gratuitos por dois modos:

Modalidade Plantão Psicológico: Um espaço de acolhimento e escuta especializada, na modalidade online, oferecido por profissionais da psicologia de modo pontual. Possui caráter breve, com foco no atendimento em momento de necessidade daquele que busca o serviço. Disponível de segunda a quinta, de 8h às 12h e de 14h às 18h. Nessa modalidade a pessoa não precisa de agendamento. Poderá realizar o atendimento com o profissional disponível no plantão. Link de acesso: bit.ly/plantaopsicologico_uniftc

Modalidade Atendimento Convencional: Os serviços disponibilizados à comunidade contemplam os projetos de acolhimento psicológico, grupos terapêuticos com adolescentes, grupos terapêuticos com idosos, grupos terapêuticos com professores, grupos terapêuticos com comunidade LGBTQIA+, grupo de acolhimento a ansiedade em tempos de pandemia, grupo de gestantes e puérperas, orientação profissional, clínica do trabalho, clínica do luto, psicoterapia individual. Sujeito a disponibilidade de atendimento e é necessário realizar agendamento. Link de acesso:

Unijorge: Oferece o plantão psicológico, um serviço do curso de psicologia com atendimentos feitos por psicólogos egressos da instituição, que estão inscritos nos Conselhos Regionais de Psicologia e estão autorizados a fazer atendimento virtual. O serviço é feito por telefone, através de plantões com dias e horários pré-determinados. Contato para marcação:

Mônica Hanhoerster
CRP 03/18470
Segunda-feira 18h às 22h
(71) 98113-3519

Lelciu Muniz
CRP 03/22799
Terça-feira 18h às 22h
(71) 98216-1222

Jorge Ícaro Medeiros
CRP 03/22992
Quarta-feira 08h às 12h
(73) 98239-1000

Larissa Caires
CRP 03/23015
Quinta-feira 13h às 17h
(71) 99198-6620

Vandeilton Trindade
CRP 03/23889
Sexta-feira 08h às 12h
(75) 99200-3115.

*Nomes alterados a pedido dos entrevistados

Fonte: Correio*

A prefeitura de Salvador inaugurou, na manhã desta sexta-feira (15), a nova sede da Secretaria Municipal de Promoção Social, Combate à Pobreza, Esporte e Lazer (Sempre), que está localizada na Rua Miguel Calmon, no Comércio, e dá a infraestrutura necessária para atendimento diário a 800 pessoas, número quatro vezes maior do que era possível na sede anterior.

O prefeito Bruno Reis esteve na inauguração e destacou que o local se tornou mais confortável e com maior capacidade de atendimento à população em situação de vulnerabilidade, após intervenções realizadas pela Prefeitura.

Reis falou ainda sobre a função social da Sempre em relação ao cidadão carente da capital baiana. "Aqui é a casa dos pobres, a casa de quem mais precisa, dos mais carentes de nossa cidade. Que este espaço sirva de motivação para todos desta equipe. Os desafios são grandes e serão superados com trabalho e motivação”, declarou Bruno Reis, destacando o fato da pandemia ter acentuado dificuldades sociais e reforçado a importância da Secretaria.

Na Sempre, além das inscrições no Cadastro Único, a população terá acesso ainda a benefícios como os auxílios funeral, natalidade, moradia, viagem e emergência.

Lucas Gonçalves, presidente do projeto Salvador Invisível, que trabalha com assistência para pessoas em situação de rua, elogiou a nova sede e a consequente melhoria no processo de atendimento do órgão. "São novos ares com mais conforto tanto para os funcionários públicos como para a população que é assistida pela Sempre. Para a população de rua, é ainda mais fundamental, já que aumenta o número de vagas para quem precisa desse atendimento, além de estar em um prédio mais bem localizado, o que facilita o acesso", comentou.

Educação
No evento, Bruno falou sobre a retomada das aulas e a preocupação com a educação em Salvador. "A maior preocupação do prefeito é educação. As crianças não estudaram em 2020 e a grande maioria não voltou em 2021. Elas foram aprovadas no ano passado e serão neste também. No entanto, a criança que estudou em 2019 e, praticamente, ficaram sem aula em 2020 e 2021, esqueceram o que aprenderam antes e passaram esses dois anos sem o conteúdo mínimo que possibilitasse o aprendizado", disse.

Recuperar o tempo perdido será um grande desafio, avaliou. "São três anos e qualquer dia é importante. Tem pai querendo levar o filho só no ano que vem e estão pensando errado. Vai ser um desafio enorme tirar a diferença dos anos perdidos na pandemia nos próximos ciclos de ensino. Então, qualquer dia a mais é importante. Essa é a minha maior preocupação, como as crianças vão estar ano que vem. Por isso, faço o apelo aos pais e responsáveis: voltem o quanto antes".

Transporte
Já falando sobre transporte, Bruno disse que em horário de pico há aglomeração em qualquer local do mundo. "A frota não voltou 100% porque estamos transportando 60% do público que era transportado antes. Quando a concessão foi feita, eram 18 milhões de passageiros. Antes da pandemia, estávamos com 21 milhões. Depois, caiu pra 10,8 e, agora estamos chegando a 15 milhões de passageiros no mês", explicou.

 

O vice-governador João Leão, secretário do Planejamento, estará em Portugal e na França entre os próximos dias 17 e 31 de outubro, em uma missão internacional que visa atrair novos investimentos para a Bahia, com foco na produção de vinhos. Na oportunidade, Leão irá participar ainda do “Salon du Chocolat”, um dos mais importantes do mundo no segmento e que contará com estande do Governo da Bahia.

Participarão da comitiva liderada pelo vice-governador os secretários estaduais do Turismo, Maurício Bacelar, Agricultura, João Carlos Oliveira, e do Trabalho, Emprego e Renda, Davidson Magalhães, além do reitor da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf), Paulo Fagundes, e do deputado estadual Eduardo Salles, presidente da Frente Parlamentar do Setor Produtivo, da Assembleia Legislativa da Bahia (Alba).

Em Portugal a comitiva passará por diversas localidades como Lisboa, Évora, Algarve, Alentejo e Torres Novas onde conhecerá de perto o processo de produção de vinhos e embutidos e se reunirá com ministros do país lusitano. Na França, além da participação no Salon du Chocolat, em Paris, a comitiva irá visitar a região de Champagne, onde também encontrará produtores locais de vinho para rodadas de negócios. Ao longo das visitas serão apresentadas aos empresários locais as oportunidades de investimentos na Bahia.

Fonte: Ascom/Seplan