Dados da Rede de Observatórios da Segurança colocam a Bahia com o maior número de casos de violência sexual contra crianças e adolescentes entre três estados pesquisados no Nordeste, com 88 registros noticiados entre junho de 2019 e maio deste ano.

A Bahia ficou atrás de São Paulo, que acumula 184 casos. Os dados são resultado de um monitoramento de registros que circulam nos meios de comunicação, redes sociais e redes de segurança pública (polícias e delegacias).

Ainda de acordo com o relatório, em dois anos, a Bahia teve o segundo maior índice de homicídios de crianças entre os cinco estados monitorados pela Rede e que são: Bahia, Ceará, Pernambuco, Rio de Janeiro e São Paulo.

"É claro que o tamanho da população dos estados influencia o número de eventos, mas a frequência em que casos de violência entre crianças e adolescentes circula nos meios de comunicação, redes sociais e redes de segurança pública também corresponde à relevância que esses eventos recebem da sociedade", diz a coordenadora do Observatório da Segurança de Pernambuco e do Gajop, Edna Jatobá, no relatório.

Os dados integram o boletim Infância Interrompida: números da violência contra crianças e adolescentes da Rede de Observatórios da Segurança. Os estados do Piauí e Maranhão chegaram na Rede em agosto desse ano e ainda não estão no estudo.

De acordo com o boletim, foram relatados 1.473 eventos ou um registro a cada 12h, entre casos de violência letal, sexual e institucional, monitorados pela Rede de Observatórios da Segurança em dois anos.

Segundo o órgão responsável pelo estudo, a maior parte dos crimes é cometido por familiares e praticado em lugares que deveriam ser de acolhimento e segurança - um quadro agravado durante a pandemia. No total, após a observação dos dados dos cinco estados, é possível notar um aumento de 10,3% de registros de violência contra criança e adolescente nos primeiros cinco meses deste ano.

Outros dados
A Rede de Observatórios também coletou diversas notícias sobre violência e violações contra adolescentes dentro do sistema socioeducativo nos três estados do Nordeste analisados. Nesses centros, os adolescentes cumprem medidas em regime de internação ou semiliberdade, sob a tutela do Estado, e deveriam estar, a princípio, com seus direitos e sua integridade física resguardados.

A Bahia, dentre eles, possui o maior índice de violência dentro do sistema prisional e socioeducativo. Foram mais de 100 incidentes nas unidades do estado de 2019 a 2021. No estado também foram encontrados os maiores números de ações policiais dentro dos sistemas, totalizando 49 incidências.

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