Viradas no segundo turno das eleições tiraram do PT, ontem, a chance de comandar as duas maiores cidades do interior da Bahia: Feira de Santana e Vitória da Conquista. Os petistas Zé Neto, em Feira, e Zé Raimundo, em Conquista, saíram da primeira votação, no dia 15, com vantagem apertada. Mas o novo duelo foi vencido pelos opositores, respectivamente, os prefeitos Colbert Martins e Herzem Gusmão, ambos do MDB.
Na Bahia, ainda no 1º turno, o PT já tinha perdido em cinco cidades das oito que disputou nas dez maiores do estado: além de Salvador, foi derrotado em Camaçari, Juazeiro, Itabuna e Teixeira de Freitas. Só ganhou em Lauro de Freitas. Em nível nacional, pela primeira vez nas últimas três décadas, não elegeu prefeito nas capitais. Também perdeu em 11 das 15 cidades em que estava no páreo do 2º turno.
“O PT não conseguiu fazer um prefeito em Feira de Santana, e é um fenômeno que a gente observa também em Salvador. Talvez, o eleitorado do PT nos últimos anos tenha se transferido mais para pequenos centros e tenha deixado de ser um eleitorado majoritariamente urbano”, pondera Jaime Barreiro Neto, professor de Direito Eleitoral da Ufba e analista judiciário do TRE-BA.
Ele considera que a eleição foi disputada e que Colbert Martins, em Feira, não teve uma vitória fácil. O emedebista obteve 54,4% dos votos, contra 45,58% de Zé Neto. Colbert disse que encarou o 2º turno como uma nova eleição.
Ele agradeceu o apoio do prefeito de Salvador, ACM Neto. “2022 começou agora. Vimos que o PT diminuiu muito. Mas esse novo cenário mostra um força muito grande de nós que estamos na oposição. E, nesse cenário, vemos uma força muito grande do prefeito ACM Neto. Inclusive, agradeci a ele, pois ele foi muito importante e fundamental para a nossa vitória”, disse Colbert.
No Twitter, Neto parabenizou os novos prefeitos eleitos. “As vitórias de Herzem, em Conquista, e de Colbert, em Feira, são simbólicas e confirmam que novos ventos começam a soprar em nosso estado. Ventos que mostram que os baianos estão preparados para construir um futuro ainda melhor”, postou.
Análise
Para o cientista político e professor da Unilab Cláudio André, os votos dos indecisos do 1º turno foram os responsáveis por definir os pleitos ontem na Bahia.
“As duas eleições estavam indefinidas e isso gera um apelo maior para haver um comparecimento às urnas e decidir o pleito”, afirma.
Em Conquista, Herzem Gusmão pode ter sido beneficiado pela redução de votos brancos e nulos. “Com Deus no comando, vence a vontade do povo de Conquista, que nos dá a oportunidade de seguir com novas realizações para o bem de nosso povo”, disse Gusmão, que venceu com 54% dos votos.
Nessas viradas, que contrariaram prognósticos, Cláudio André ainda enxerga a influência do antipetismo e o apoio de candidatos com liderança, como ACM Neto, que participou ativamente das campanhas vencedoras, como fundamental.
Confira o desempenho do PT nas 8 prefeituras - entre os dez maiores colégios eleitorais - que disputou esse ano:
CIDADE CANDIDATO ELEITO x CANDIDATO DERROTADO
Salvador Bruno Reis (DEM) - 64,20%, no 1º turno Major Denice (PT) - 18,86% (2ª colocada)
Feira de Santana Colbert Martins (MDB) - 54,42%, no 2º turno Zé Neto (PT) - 45,58% (2º colocado)
Vitória da Conquista Herzem Gusmão (MDB) - 54%, no 2º turno Zé Raimundo (PT) - 46% (2º colocado)
Camaçari Elinaldo (DEM) - 53,12%, no 1º turno Ivoneide Caetano (PT) - 40,52% (2ª colocada)
Itabuna Augusto Castro (PSD) - 39,50%, no 1º turno Geraldo Simões (PT) - 5,46% (6º colocado, com recurso)
Juazeiro Suzana Ramos (PSDB) - 55,68%, no 1º turno Paulo Bonfim (PT) - 29,09% (2º colocado)
Lauro de Freitas Moema Gramacho (PT) - 50,77%, no 1º turno Teobaldo (DEM) - 34,28% (2º colocado)
Teixeira de Freitas Dr. Marcelo Belitardo (DEM) - 60,91%, no 1º turno João Bosco (PT) - 9,84% (3º colocado)