O Jornal da Cidade
INSS: agências não terão expediente neste carnaval; veja como proceder
As unidades de atendimento do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) não estarão abertas ao público durante os dias 28 de fevereiro e 1º de março deste ano. Caso o beneficiário tenha agendado algum atendimento para as datas, o compromisso deverá ser remarcado para quarta-feira (2) a partir de 14h - horário em que as agências retomam as atividades.
Os pagamentos de benefícios também serão interrompidos durante o período, mas serão retomados na quinta-feira (3). O INSS aceita marcações e remarcações via telefone, pelo 135. O atendimento neste canal é feito de segunda a sábado, de 7h às 22h (horário de Brasília).
O aplicativo Meu INSS também é uma opção para agendamento e consultas relativos aos benefícios. O cronograma para marcações, entretanto, segue a mesma pausa do carnaval.
Confira o calendário para pagamentos de março.
Benefício de até um salário mínimo:
Final do cartão de benefício Data do pagamento
1 21 de fevereiro
2 22 de fevereiro
3 23 de fevereiro
4 24 de fevereiro
5 25 de fevereiro
6 03 de março
7 04 de março
8 07 de março
9 08 de março
09 de março
Benefício acima de um salário mínimo:
Final do cartão de benefício Data do pagamento
1 e 6 03 de março
2 e 7 04 de março
3 e 8 07 de março
4 e 9 08 de março
5 e 0 09 de março
Especialistas explicam o que pode ter causado a morte de Paulinha Abelha
A morte precoce da cantora Paulinha Abelha (1978-2022), integrante do grupo Calcinha Preta, acendeu um alerta para consequências de intoxicação no organismo causada pelo uso de medicamentos. A equipe médica que a acompanhava afirmou que o uso de remédios pode ter sido a causa da insuficiência renal que acabou evoluindo para o coma. O CORREIO ouviu especialistas para entender uma questão que muitas pessoas não costumam levar em conta: quando medicamentos podem ser tóxicos?
Somente em Salvador, entre 2020 e 2022, 1.194 pessoas foram internadas devido a intoxicações por substâncias diversas. Dessas, 230 vieram a óbito, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Entre os internados na capital, 83% eram homens e o restante mulheres. A condição também acometeu menores de idade: 84 deles, entre 0 e 17 anos, foram internados nesses dois anos.
No ano passado, 288 pessoas chegaram a ser internadas devido a autointoxicação de medicamentos e outras substâncias na Bahia, segundo a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab). O número é maior do que o de 2020 (242), mas menor do que o de 2019 (344). Em 2021, 20% dos internados eram jovens de 20 a 29 anos. O principal motivo das internações (35,8%) foi a exposição intencional a drogas, medicamentos e substâncias biológicas e não específicadas.
A nefrologista Ana Paula Moura, diretora científica da Sociedade Brasileira de Nefrologia na Bahia, explica que o efeito tóxico de substâncias no sangue ou em órgãos costuma ser silencioso e, às vezes, irreversível. “Normalmente a pessoa fica um período já com alterações no rim ou no fígado sem ter nenhum sintoma”, diz. Apesar disso, a redução do volume da urina e coloração diferente podem ser indicativos de problemas renais. Em casos graves, os pacientes podem precisar do transplante.
O hepatologista Raymundo Pereira, professor titular da Universidade Federal da Bahia (Ufba) e membro da Sociedade Brasileira de Hepatologia, alerta que todo remédio pode ser danoso à saúde. Ele explica que existem tipos de mecanismos de toxidade diferentes, que podem ser caracterizados como previsíveis ou não. No caso dos analgésicos, remédios indicados para dor, o risco de intoxicação é previsível se decorrente do uso exagerado da dose.
“Um exemplo clássico é o paracetamol. Se você tomar até 3g por dia, não tem nada. Se passar disso pode ter, se passar de 8g sempre vai ter risco. Já se você tomar um chá verde não tem nada, mas se tomar em cápsula tem risco, porque concentra de 500 a 5 mil vezes a quantidade de catequina”, explica o médico.
Justamente pelo fato de a intoxicação ser uma condição silenciosa, o perigo aumenta quando o paciente toma medicamentos sem prescrição. É o caso de Fernanda**, 22, que tem o costume de comprar antibióticos e indutores de sono em farmácias de Salvador que, erroneamente, não exigem receitas médicas. “Eles chegaram a ser indicados por um médico, então, como foram prescritos antes, eu já tinha o costume de usar”, afirma a jovem que não tem medo dos efeitos adversos. Ela também faz o uso de analgésicos para dores de cabeça.
Em pessoas com pré-disposições genéticas, o antibiótico amoxicilina associado ao clavulanato, que costuma ser muito utilizado em crianças, pode causar problemas na excreção da bile. “Mas isso é imprevisível, porque não dá para fazer teste genético, que é muito caro, para saber quem pode tomar ou não”, diz o hepatologista. No caso de Paulinha Abelha, os médicos dizem que a cantora utilizava medicamentos, todos supervisionados.
A toxidade imprevisível, explica o médico Raymundo Paraná, pode ser causada pela hipersensibilidade do paciente ou pela metabolização. “No nosso processo de metabolização, podemos gerar um metabólico intermediário e ele ser tóxico, podendo gerar dano no fígado. Isso explica porque tanta gente toma e só algumas desenvolvem a toxidade”.
Anti-inflamatórios
Sobre os efeitos imprevisíveis dos anti-inflamatórios, o hepatologista alerta que eles são responsáveis pelas maiores causas de intoxicação no Brasil causada por automedicação. “As pessoas usam como analgésico e confundem. O anti-inflamatório é analgésico, mas atua bloqueando uma substância chamada prostaglandina, o que causa problemas”, diz Raymundo Paraná.
Os especialistas alertam que o uso indiscriminado desse tipo de remédio pode causar gastrite, úlceras, insuficiência renal, evento cardíaco grave e hepatite. Ana, 21, conta que desde o final do ensino médio começou a desenvolver enxaquecas. Na época, consultou um neurologista e começou a tomar um antidepressivo, já que as crises de dor seriam causadas pela ansiedade. “Juntamente com esse remédio, o médico passou o Sumaxpro para quando eu tivesse crises de enxaqueca”, diz.
O quadro da jovem melhorou por um tempo. Mas no ano passado as crises voltaram e Ana começou a ingerir o composto que contém anti-inflamatório em doses maiores: “Estava sendo muito difícil ter as aulas online e ficar dentro de casa, então comecei a usar mais frequentemente esse remédio. Chegou um momento que os analgésicos não funcionavam mais”. O remédio não precisa de receita médica, diferentemente dos antibióticos.
Raymundo Paraná alerta que o Sumaxpro tomado em excesso pode trazer efeitos renais e hepáticos: “São situações que não são muito frequentes, mas, quando ocorrem, pode estar associada ao tempo de uso e quantidade”. Por estar tomando muito a medicação, cerca de uma caixa por semana, Ana conta que decidiu marcar o neurologista mais uma vez para evitar problemas de intoxicação.
Ervas para emagrecer são grandes vilãs
Apesar de serem facilmente encontradas para venda na internet por valores entre R$ 30 até R$ 200, especialistas alertam que os compostos de ervas vendidos com a promessa de emagrecimento podem ser fatais. A interação entre diferentes ervas, a falta de conhecimento sobre a composição da fórmula e grande doses de substâncias, formam uma bomba perigosa para a saúde.
“Quando várias ervas são misturadas, elas podem interagir entre elas aumentando o potencial de efeitos adversos, inclusive de efeitos tóxicos. É por isso que as situações mais graves de intoxicação acontecem com quem faz o uso desse tipo de medicamento”, explica Ana Flávia Moura.
O médico Raymundo Paraná vai além e afirma que quem prescreve as substâncias não segue evidências da ciência: “Usar medicamento que não têm informações científicas é um risco na veia, porque você não conhece o benefício. Santificar ervas e demonizar os alopáticos é uma jogada de marketing produzida recentemente por alguma falta de especialidade em saúde, que utiliza esse marketing para vender muito”.
No início deste mês, a enfermeira Mara Abreu morreu após complicações de um transplante de fígado no Hospital das Clínicas, em São Paulo. Ela teve uma hepatite fulminante e os médicos suspeitam que tenha sido por conta do uso contínuo de um chá em cápsulas que misturava 50 ervas diferentes. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) alerta que produtos com a marca “50 Ervas Emagrecedor” estão proibidos no país desde 2020.
Com 46% de UTIs ocupadas e redução do repasse federal, Prefeitura desativará três gripários
O encerramento das unidades de saúde e leitos criados para atender pacientes com covid-19 começará na próxima terça-feira (1°) pelos gripários da ilha de Bom Jesus dos Passos, do Pau Miúdo e Pirajá/Santo Inácio, unidades que compõem a rede de urgência e emergência no atendimento às pessoas com síndromes gripais. Por enquanto, o gripário que fica localizado em anexo à UPA dos Barris permanecerá com a oferta da assistência.
De acordo com o secretário da Saúde, Leo Prates, apesar da atual taxa de transmissão do vírus em Salvador estar em 0.1, fator considerado de controle pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é necessário manter os cuidados e a ampliação da cobertura de vacinados para evitar uma nova onda viral na cidade e a reabertura das unidades assistenciais temporárias.
“É um momento de menor pressão do sistema de saúde, mas não quer dizer que a pandemia passou. É o menor fator de retransmissão já visto na cidade. Além disso, temos visto o reflexo desses números com a diminuição da procura nos gripários e nas baixas taxas de ocupação dos leitos de UTI. Vamos continuar intensificando a vacinação, seguindo com a manutenção dos cuidados, para que em breve possamos anunciar boas notícias”, explicou Prates.
Durante o surto de gripe e de covid, no final do ano passado, a Prefeitura reabriu os gripários do Pau Miúdo, de Pirajá/ Santo Inácio e da ilha de Bom Jesus dos Passos. Além disso, quatro USFs foram transformadas em UPAs, a tenda dos Barris foi reativada e foi ampliado o número de leitos do Hospital Sagrada Família, no Bonfim.
“Não faz sentido estar com 46% de ocupação e estar pagando por leitos [vazios]. A partir de segunda-feira não tem mais recurso federal, vai ser tudo com financiamento próprio da prefeitura, então, o que pudermos fechar será fechado”, disse o prefeito Bruno Reis (DEM) durante a inauguração de uma Unidade de Saúde da Família, no Vale da Muriçoca, na Federação, nesta quinta-feira (24). Ele não descartou mobilizar novamente mais leitos caso seja necessário.
Sem Carnaval, R$ 2 bilhões deixam de circular em Salvador e 35 setores são afetados
O cancelamento pelo segundo ano consecutivo do Carnaval não entristece apenas os foliões mais engajados. Sem a festa - que movimenta o setor hoteleiro, restaurantes, bares, dentre outros setores - a economia de Salvador deixará de movimentar cerca de R$ 2 bilhões este ano, impactando diretamente milhares de trabalhadores e empresas cuja receita está atrelada à festa tradicional.
O cálculo do prejuízo foi feito pelo economista Gustavo Pessoti, presidente do Conselho Regional de Economia da Bahia (Corecon-BA), utilizando como base uma estimativa feita pela Superintendência de Estudos Econômicos e Sociais da Bahia (SEI). “Já existe um estudo, mas sempre vemos uma tendência de aumento na festa. Se as coisas tivessem funcionando normalmente e, dado ao processo de inflação em 2021, repassando a alta dos preços em 2022, o que é normal, deixaria de circular aproximadamente R$ 2 bilhões Salvador", explica o economista.
Em 2021, o SEI estimou que 1 milhão e 200 mil pessoas deixariam de visitar a capital baiana, o que representaria uma perda de R$ 1,8 bilhão em movimentação financeira. Os dados sobre o Carnaval mais recentes da Secretaria Municipal de Cultura Turismo de Salvador (Secult), estimam o mesmo valor para a movimentação econômica gerada pela festa em 2020. Além da geração de 1,9 mil empregos.
“É um contingente significativo que deixa de alimentar toda uma cadeia produtiva, desde artistas até todas as pessoas envolvidas na produção, sem falar da cadeia econômica que está atrelada. A Confederação do Comércio estima que mais de 35 setores econômicos são atingidos pela movimentação turística”, diz Isaac Edington, presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur).
Apesar da perda de dinheiro em circulação, a Prefeitura de Salvador afirma que a não realização do Carnaval não gerará impactos significativos na receita do Imposto Sobre Serviço (ISS) em 2022. "A Prefeitura já contabiliza R$ 3.195.311,73 de receita do ISS para o setor de eventos, turismo e hospedagem. No mesmo período em 2021, a receita foi de R$ 2.408.021,79", disse em nota. A gestão ressalta que o cancelamento da festa devido à pandemia gera impactos econômicos para o setor cultural, bem como para outros subsegmentos indiretamente afetados com a festa.
O secretário de Turismo da Bahia, Maurício Bacellar, reconhece que a perda de arrecadação do Carnaval é significativa para o estado, mas defende que as 13 zonas turísticas da Bahia têm atraído viajantes do país e do exterior. "Eu entendo que não vamos ter neste período o folião, vamos ter outro tipo de turista. A economia perde por um lado, mas essa perda será amenizada pela vinda de pessoas atrás de outros atrativos". Segundo ele, a movimentação no Aeroporto da capital é semelhante à da época do Carnaval.
O economista Gustavo Pessoti explica que a situação econômica do país e não somente a pandemia da covid-19, é empecilho para que os turistas frequentem Salvador. “O turismo é mais incentivado quando a economia vai bem, quando a empregabilidade das pessoas é mais estável e quando a situação do crédito possibilita mais parcelamentos. Nesse momento temos desvantagens e a tendência deste ano é uma taxa negativa para o país, de 0,5%”, afirma.
Sem dúvidas, o setor de eventos é um dos mais afetados pelas condições econômicas atuais, incluindo o cancelamento do Carnaval de Salvador. Moacyr Villas Boas é presidente da Associação Baiana dos Produtores de Eventos (Abape) e, apesar de concordar com as condições sanitárias impostas pela pandemia, defende que faltam políticas públicas para a categoria.
“Temos plena consciência de que não é possível fazer o Carnaval como todos conhecem nas condições atuais. A nossa queixa é a falta de políticas públicas permanente de todos os governos, em especial o estadual, e de uma ajuda perene até que as coisas se normalizem”, afirma.
Moacyr lembra que muitas pessoas e setores são beneficiados mesmo que indiretamente pela festa: “A partir do momento em que é feito um evento que traz pessoas para a cidade, toda a economia se movimenta, são dois milhões de pessoas na rua por dia. Falo das companhias aéreas, hotéis, restaurantes, bares, motoristas, trabalhadores informais”.
Hotéis
O período de Carnaval representa em torno de 11% do faturamento anual dos hotéis, segundo Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (Abih-BA). Segundo ele, nos dois anos sem a realização da festa, o setor deixou de arrecadar cerca de R$ 180 milhões.
“Durante o Carnaval, existe uma mídia espontânea muito grande e isso se repercute no ano inteiro. Existe muita gente que não vem na festa, mas acaba conhecendo Salvador pela televisão por causa do Carnaval”, diz Luciano Lopes.
Se não estivéssemos em pandemia, era muito provável que a ocupação hoteleira da cidade estivesse se encaminhando para 100% na capital baiana. “Mas começa a haver um sinal de recuperação. Se comparar fevereiro deste ano com o do ano passado, temos uma diferença de quase 10 pontos percentuais. Em 2021, terminamos o mês com 42% e agora, até o momento, está em torno de 52%”.
A expectativa, no entanto, é que essa média cresça nos próximos dias e no final de semana, podendo chegar a 70% de ocupação em alguns hotéis. Segundo Luciano Lopes, ainda será preciso mais dois anos para que o setor se recupere completamente após as perdas durante a pandemia.
Imóveis
A área de imóveis também sofre com o cancelamento da festa. São cerca de 500 localizados próximos ao circuito que deixam de ser alugados por uma média de R$ 6 mil, segundo o diretor do Conselho Regional de Corretores de Imóveis da Bahia (Creci-BA), José Alberto Vasconcellos. A perda é entorno de R$ 3 milhões.
“Quem está sentido mais o prejuízo é aquela pessoa que possui o imóvel só para alugar por temporada. Aquele cara que por ter um imóvel muito bem localizado alugava por uma questão de conveniência, não chegou a anunciar porque sabe que a incerteza de ter ou não o Carnaval vem rolando há um bom tempo”, explica José Alberto.
Lei que institui SOS Cultura II é sancionada
Após a aprovação unânime da Câmara Municipal de Salvador do programa SOS Cultura II, o prefeito Bruno Reis sancionou a lei na tarde de quarta-feira (23). O benefício de R$ 2.424 será pago aos trabalhores do setor cultural em parcela única. Serão cerca 7,5 mil contemplados e o investimento chega a R$ 18 milhões, segundo a prefeitura.
O projeto foi elaborado pela prefeitura como um socorro aos profissionais do setor cultural atingidos pelo cancelamento do Carnaval. Em 2021, na primeira edição do programa, 6 mil trabalhadores receberam uma parcela de R$ 1,1 mil. Os selecionados devem ser residentes de Salvador e ter cadastro junto aos órgãos municipais Fundação Gregório de Mattos (FMG), Empresa Salvador Turismo (Saltur) e Secult.
O presidente do Sindicato dos Cordeiros da Bahia (Sindicorda), Matias Santos, critica a medida, que não ofereceu auxílio aos cerca de 15 mil cordeiros que trabalham no Carnaval de Salvador. Segundo ele, cada trabalhador costuma faturar cerca de R$ 480 ao total dos dias de festa.
“Com o dinheiro de R$ 70 por dia, o cordeiro consegue montar uma guia como baleiro, feirante ou vendedor de picolé e as mães de família ajudam no orçamento de casa. A falta dessa renda gera impacto muito grande, temos os jovens indo para a criminalidade porque não tem acesso ao emprego”, afirma Matias Santos.
O presidente do Sindicorda dia ainda que duas parcelas de R$ 150 serão destinadas a 500 cordeiros associados ao sindicato, através da Secretaria do Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Estado (Setre).
Série documental TocAqui estreia nesta sexta-feira (25), 19h
Estreia nesta sexta-feira (25), às 19h, a série documental “TocAqui - Produção Musical na Pandemia”, com seis episódios semanais que vão contar a história de superação, dificuldades e desafios dos músicos soteropolitanos Jô, Lari Tavares, Leo Kong, Indy, Gabriel Nafisi, Hosana e Bruno, do Música do Mundo, durante a pandemia da Covid-19. Os episódios, acessíveis, com legendagem e janela de interpretação de Língua de Sinais, serão disponibilizados gratuitamente no canal do YouTube da Leve Produtora.
“A curadoria do projeto pensou em todos os públicos e gostos musicais. Pensamos muito na representatividade negra, já que a Bahia é o estado com a maior população negra do Brasil, pautamos a comunidade LGBTQIA+ e escolhas de ritmos como o pagotrap, pop, samba, bossa nova. Mesclamos tudo. Os personagens têm carreira musical e o público pode esperar muita coisa boa, pois a diversidade do TocAqui é grande”, explica Caio Tavares, da Leve Produtora, idealizador e diretor do projeto.
A série focou na rotina dos artistas antes da pandemia e revelou todo o impacto pós-Covid nas vidas, carreiras e projetos. O telespectador vai ver ainda as projeções para o período pós-pandêmico. O projeto TocAqui conta com Fella Brown na Produção Musical, Brenda Matos como Designer e Social Media, Carolina Pereira como Produtora e Gerente de Projetos e Tony Santos, como videomaker.
O TocAqui foi contemplado pelo Prêmio Riachão – Projetos de Pequeno Porte, da Fundação Gregório de Mattos, Prefeitura Municipal de Salvador, por meio da Lei de Emergência Cultural Aldir Blanc, destinado pela Secretaria Especial da Cultura do Ministério do Turismo, Governo Federal.
Conheça os artistas participantes:
EPISÓDIO 01 - 25.02
Jô - 24 anos, canceriano, soteropolitano, e um grande admirador de música. Ele chega com atitude e representatividade em seu estilo, mostrando sempre sua paixão pela mistura de estética com música.
EPISÓDIO 02 - 04.03
Lari Tavares - Nascida e criada no meio musical, a cantora e compositora traz sua música de berço tendo como referência seu pai, o compositor Alaim Tavares, e tenta passar boas vibrações, mensagens de alegria e amor nos seus shows.
EPISÓDIO 03 - 11.03
Leo Kong - O caminho na música começou nas batalhas de rima em 2017, sua primeira autoral foi "Minha garota" feat com Giulia e Jeanzi, depois lançou "Baile de Preto" com a Dama do Pagode, e na sequência a primeira música solo "Senta que eu tô de patrão".
EPISÓDIO 04 - 18.03
Indy - Cantora e compositora soteropolitana, ela usa linguagem Pop com influências principalmente do reggae e da MPB para falar sobre temas como liberdade, estilo de vida, dilemas cotidianos e relações contemporâneas. Tem oito músicas lançadas nas plataformas, com destaque para "Todo Mundo É Leve", feat com Adão Negro, e "Chá de Alecrim", carro-chefe do seu EP de estreia.
EPISÓDIO 05 - 25.03
Gabriel Nafisi - 23 anos, cantor, compositor e ator baiano. Canceriano, filho de Oxóssi, faz parte da ala de cantor do Filhos de Gandhy, com breve passagem pelo grupo Gang do Samba.
EPISÓDIO 06 - 01.04
Hosana e Bruno (Música do Mundo) - Música do Mundo gravou seu primeiro single “Samba a três” em 2021, produzido por Marcelo Santana e gravado no Estúdio Aquahertz, através do Projeto Misture-se, subsidiado pela Lei Aldir Blanc. O single traz referências do Samba/Rock e MPB.
Para saber mais sobre o projeto:
Acesse mais informações nas redes sociais do TocAqui e da Leve Produtora.
FACEBOOK shorturl.at/hrHQT
INSTAGRAM
www.instagram.com/projetotocaqui
www.instagram.com/levprod
YOUTUBE
shorturl.at/mFLR4
'O quebra gelo', diz Leão sobre usina sucroalcooleira Serpasa
A Serpasa Agroindustrial, do Grupo Paranhos, em Muquém do São Francisco, é a primeira usina sucroalcooleira do Polo Agroindustrial e Bioenergético do Médio São Francisco, em implantação, que entrará em operação neste primeiro semestre de 2022. O projeto, comemora o vice-governador João Leão, secretário do Planejamento, tem obtido produtividade superior a 300 toneladas de cana-de-açúcar por hectare e serviu de “quebra gelo”, como um case de sucesso para instalação de novos investidores.
São 22 pivôs de 110 hectares (ha) em operação, uma área de 2 mil ha de cana plantada e a expectativa é que o empreendimento gere 3,5 mil empregos diretos e indiretos, com o plantio e a usina. “A previsão é chegar a 10 mil ha irrigados, atingindo 2 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, com 60 pivôs e o restante no sistema gotejamento. Nossa expectativa é muito positiva. O mercado com bons preços de etanol e boa probabilidade de futuro, através de produção de energia limpa com baixa emissão de carbono na atmosfera”, afirma o investidor Sérgio Paranhos, CEO da Serpasa Agroindustrial.
Outra usina sucroalcooleira, a Bevap Bioenergia assinou protocolo de intenções em 2020. Vai produzir etanol, açúcar e cogeração de energia elétrica e tem previsão de investimento inicial de R$ 500 milhões, podendo chegar a R$ 2 bilhões, entre formação de lavoura e planta industrial, no município de Barra. O empreendimento prevê a geração de 2 mil empregos diretos e até 10 mil indiretos, quando estiver em plena operação.
A terceira, usina Igarité, assinou protocolo de intenções em 2021 e projeta investir R$ 400 milhões e promover mais de 8 mil empregos, diretos e indiretos, e será destinada à produção de etanol anidro e hidratado, ração animal e energia elétrica, no município de Barra.
Fonte: Ascom/Seplan
Amigos, familiares e fãs se despedem de Paulinha Abelha em velório
O velório da cantora Paulinha Abelha acontece nesta quinta-feira (24) em Aracaju, Sergipe, reunindo familiares, amigos e fãs. A artista morreu na quarta, aos 43 anos. Ela ficou famosa à frente do grupo Calcinha Preta.
A cerimônia foi aberta ao público, no Ginásio Constância Vieira, que tem capacidade para 7 mil pessoas - por conta da pandemia, o espaço está limitado a receber mil pessoas por vez.
Um segundo velório vai acontecer na sexta, das 9h às 14h, no Ginásio José Maria, em Simão Dias (SE), cidade natal da cantora. Já o enterro será restrito aos familiares e amigos e tem previsão de acontecer amanhã à tarde.
Hoje, o marido de Paulinha, Clevinho Santos, postou uma homenagem para ela. "Eu te amarei pra sempre", escreveu ele na legenda de uma foto em que Paulinha aparece com asas de anjo. Eles estavam juntos desde 2018 e não tinham filhos.
Paulinha estava hospitalizada desde o último dia 11, quando passou mal após chegar de uma turnê em São Paulo. Ela apresentou problemas renais e ficou em coma. Comunicado oficial diz que Paulinha morreu às 19h26 de ontem, "em decorrência de um quadro de comprometimento multissistêmico". O hospital informou ainda que a cantora teve uma série piora no quadro neurológico nas últimas 24 horas, o que deu início ao protocolo do diagnóstico da morte encefálica.
Trajetória
Paula de Menezes Nascimento Leça Viana, natural de Simão Dias, em Sergipe, era uma das principais cantoras de forró eletrônico do país. Passou a receber destaque nacional na Calcinha Preta, banda que integrou em 1998, e onde foi a vocalista principal durante 12 anos, ao lado de Silvânia Aquino, Bell Oliver e Daniel Diau.
A carreira artística, entretanto, teve início quando ela tinha 12 anos, esbanjando simpatia como cantora em trios elétricos no interior do estado natal.
A partir daí, as idas e vindas foram muitas. Começou investindo em uma banda própria, durante três anos, a Flor de Mel. Depois, ingressou na Panela de Barro, onde permaneceu pelo mesmo período de tempo. Foi quando foi descoberta por Gilton Andrade, empresário e diretor da famosa banda de forró eletrônico, Calcinha Preta.
Reprodução
Participou da gravação de 22 álbuns e fez parte de sucessos como "Louca Por Ti", "Ainda Te Amo" e "Liga Para Mim". Foi também a época em que atingiu o ápice da popularidade, com "Você Não Vale Nada" como tema da personagem Carminha, interpretada por Dira Paes, na novela "Caminho das Índias", na TV Globo.
Ganhou ainda fama por suas performances sensuais no palco, com o sucesso do hit “Baby Doll”. Dançava e cantava de lingerie nos shows, como sugere a letra da música. Passou, com o tempo, a acrescentar discursos em defesa da liberdade sexual das mulheres durante a performance.
Toda a visibilidade a fez receber um convite para ser madrinha de bateria de uma escola de samba do Carnaval de São Paulo, a Pérola Negra.
"Minha amiga e fã da banda, Silmara, me apresentou para o pessoal da escola e surgiu o convite", contou Paulinha ao G1, à época. "É emoção e nervosismo ao mesmo tempo. O meu coração está a mil e eu estou feliz à beça, Ave Maria".
Em 2010, a cantora se desligou da banda para integrar o grupo GDO do Forró. Abandonou o projeto no mesmo ano para iniciar um com o então marido, Marlus Viana: a Dupla “Paulinha & Marlus”.
Voltou para a Calcinha Preta em 2014 e a deixou em março de 2016, junto com Silvânia Aquino desta vez. Iniciaram o trio Gigantes do Brasil, junto com Daniel Diau, que durou até a formação da dupla "Silvânia & Paulinha", em dezembro do mesmo ano.
Em postagem no Instagram há quatro dias, Silvânia foi uma das que pediu para que os fãs orassem pela amiga. "Meus amores, orem, rezem, intercedam por nossa abelha. Ela que nos enche sempre de alegria precisa de nossa corrente positiva de amor e intercessão", escreveu.
Em 2018, Paulinha retornou à banda em que mais fez sucesso, e não a deixou mais. Nela, ao longo dos anos, ganhou o coração de milhares de fãs. Prova disso é a criação da música que leva seu nome, “Paulinha”, lançada em 2008 e composta, dentre outros artistas, pelo empresário da Calcinha Preta.
Recém-casada, a cantora havia recebido uma carta de um admirador, na qual ele questionava o status de relacionamento da artista. "Essa música é de 2007, eu era recém-casada. O fã mandou uma carta e o empresário teve essa ideia de fazer uma versão. Na verdade é paródia, mas a gente chama de versão", contou Paulinha Abelha ao podcast "g1 ouviu".
Antes da doença a acometer, Calcinha Preta gravou um DVD de 25 anos, em fevereiro de 2020, e estava retornando à rotina de shows após meses sem apresentações por conta da pandemia.
Até a internação, o último compromisso do grupo foi a gravação do podcast Podpah, em São Paulo, no dia 8 de fevereiro.
Durante a entrevista, publicada no dia 9 de fevereiro, 14 dias antes da morte, Paulinha afirmou que se sentia mal. "Eu senti um 'passamento', um desmaio (antes da entrevista). Mas nada que o Podpah não resolva, está tudo ótimo. Qualquer coisa, se eu ficar tonta, eu vou ali. Mas comi igual a uma lontra, ontem jantamos um sushi maravilhoso", disse.
Jogo entre Brasil e Chile pelas Eliminatórias deixa Salvador e será no Rio de Janeiro
Salvador não será mais sede do jogo entre Brasil e Chile pelas Eliminatórias da Copa do Mundo. A nova sede da partida, no dia 24 de março, às 20h30, é o Maracanã, no Rio de Janeiro.
O confronto estava previsto para ser na Arena Fonte Nova, mas as restrições de público vigentes na Bahia fizeram a CBF alterar o local. Atualmente, um decreto do governo do estado limita a capacidade dos estádios baianos ao máximo de 1.500 torcedores.
"Queremos estar cada vez mais próximos do torcedor. Ainda mais para esse jogo que será o último no Brasil antes da Copa do Mundo. Respeitamos e entendemos as restrições vigentes em Salvador, mas é nosso desejo atuar para o maior público possível dentro das normas sanitárias", disse Juninho Paulista, coordenador da seleção.
Nos bastidores, a mudança já era esperada, após o governador Rui Costa demonstrar que não pretende aumentar a capacidade dos estádios substancialmente a curto prazo, como queria a CBF.
A oficialização, no entanto, ocorreu no limite do prazo que a confederação tinha para informar à Conmebol o local da partida. O decreto atual nos estádios da Bahia é válido até 2 de março. No Rio, 100% da capacidade de público está liberada.
O Brasil não joga no Maracanã em Eliminatórias desde outubro de 2008, quando empatou sem gols contra a Colômbia. "Jogar no Maracanã também nos possibilita uma logística melhor de treinamentos e deslocamentos. Vamos utilizar a Granja Comary durante toda a preparação", afirmou o coordenador.
Classificado por antecipação para a Copa, o Brasil lidera as Eliminatórias Sul-Americanas e vai encerrar sua participação em 29 de março, contra a Bolívia, na cidade de La Paz.
Governo lança carteira nacional de identidade; veja como será o novo RG
O governo federal anunciou a criação da carteira nacional de identidade unificada em todo o país. A medida consta de decreto assinado na tarde desta quarta-feira (23) pelo presidente Jair Bolsonaro, durante cerimônia no Palácio do Planalto.
O novo RG usará o número do Cadastro Nacional de Pessoa Física (CPF) como identificação única dos cidadãos. A emissão da carteira será gratuita, e os institutos de identificação terão prazo até 6 de março de 2023 para se adequar à mudança. O decreto entrará em vigor no dia 1º de março.
Segundo o governo, os documentos continuarão sendo emitidos pelos órgãos estaduais, como secretarias de Segurança Pública, mas terão o mesmo formato e padrão de emissão. Ao receber o pedido do cidadão, os órgãos estaduais de registro civil validarão a identificação pela plataforma do governo federal, o Gov.br. Além do documento físico emitido em papel, os cidadãos poderão acessar a nova identidade no formato digital.
"Gradativamente, deixaremos de ter uma carteira de identidade para cada estado. São 26 estados e o Distrito Federal, cada um com sua carteira. Isso vai acabar. Haverá uma identificação única do cidadão", destacou o ministro Luiz Eduardo Ramos, da Secretaria-Geral da Presidência da República.
Segurança
O novo documento é considerado mais seguro porque permitirá a validação eletrônica de sua autenticidade por QR Code, inclusive offline.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Anderson Torres, lembrou que, da forma como está hoje, os cidadãos poderiam ter até 27 documentos de identidade com números diferentes emitidos pelas unidades da federação, o que facilitava a prática de diversas fraudes e crimes. "A gente avança para um novo tempo de controle, de seriedade e de tranquilidade da população brasileira", afirmou.
Com a mudança, caso um cidadão emita nova carteira nacional de identidade em uma unidade da federação diferente, o documento já vai contar como segunda via, uma vez que estará vinculado ao número do CPF. Caso a pessoa que solicita a identidade não tenha ainda o CPF, o órgão de identificação local faz de imediato a inscrição dela, seguindo as regras estabelecidas pela Receita Federal.
Validade
Quando estiver disponível, o novo RG, terá validade de dez anos. Os documentos atuais de cidadãos com idade até 60 anos serão aceitos por até dez anos. Para os maiores de 60 anos, o RG antigo continuará valendo por tempo indeterminado.
O governo também destacou que a nova carteira nacional de identidade passará a ser documento de viagem, por causa da inclusão do código no padrão internacional, que pode ser lido por equipamento. Trata-se do código MRZ, o mesmo usado em passaportes.
Estudantes da Ufba são vítimas de golpe do falso aluguel na OLX
Laís, Milena, Duda, Raquel. Esses são alguns dos nomes fictícios utilizados para aplicar um golpe em estudantes da Universidade Federal da Bahia. Tudo se baseia no anúncio de um quarto em um apartamento no bairro da Graça, somente para mulheres, através da plataforma OLX. A pessoa que aplica o golpe leva a conversa para o aplicativo WhatsApp, cobra o valor do aluguel adiantado para garantir a vaga, recebe o dinheiro e some. Ao menos seis alunas da Ufba já foram vítimas do golpe e perderam valores entre R$ 250 e R$ 1.500.
A foto de mulher que aparece no perfil do WhatsApp é sempre a mesma, mas as poses variam e os nomes são diferentes, assim como as histórias contadas. Para algumas, a pessoa por trás do golpe diz que é uma enfermeira e, para outras, estudante de Medicina na Ufba. Os nomes e informações das próprias vítimas são usadas para enganar os próximos alvos, envolvendo-as em uma rede de compartilhamento de Pix sem que as jovens enganadas suspeitem.
A reportagem optou por não exibir a foto do Whatsapp no print que ilustra essa reportagem (mais abaixo) porque a imagem pode ter sido clonada da rede social de alguém que sequer suspeita que teve sua imagem associada a um golpe.
A estudante de Fisioterapia da Ufba, Márjorie Gomes, de 27 anos, perdeu R$1.500 para a golpista, que se apresentou para ela através da plataforma OLX inicialmente como Duda, uma enfermeira, e passou um número de WhatsApp. No aplicativo, o nome que aparecia era Rai e, depois, ao se apresentar de novo, provavelmente não associando que seria a mesma pessoa que já tinha entrado em contato, deu o nome de Jessi. O apartamento anunciado ficaria na Rua Euclides da Cunha, na Graça, com aluguel mensal de R$500.
Márjorie é de Vitória da Conquista, onde está desde que a pandemia começou. Em dezembro, começou a procurar apartamento para voltar para Salvador, a partir do anúncio de que as atividades presenciais na Ufba irão retornar no primeiro semestre de 2022. “Eu estava empolgada, queria muito o apartamento e acabei deixando essa questão dos nomes diferentes para lá. Estava querendo saber sobre o local, se eu precisava levar alguma coisa e isso acabou passando batido”, diz a estudante.
A técnica de conquista é clássica. A golpista vai logo dizendo que tem outra pessoa interessada no quarto, mas que, se a vítima pagar logo, a vaga é dela. “Ela mencionou uma outra menina que estaria interessada, mas disse que a energia dela tinha batido mais com a minha, que ela tinha gostado mais da conversa comigo do que com a outra e que isso era importante para dividir um apartamento”, conta. A golpista se mostrava também muito amigável, conforme conta Márjorie. “Ela ia me ganhando, sempre chamando de amiga, tendo um contato muito íntimo”.
Para Márjorie, a golpista disse que precisava pagar o condomínio, no valor de R$1.500, mas que o aplicativo do banco estava fora do ar e então pediu ajuda. A estudante pagaria R$750 referente aos R$500 do aluguel de março e R$250 de metade de fevereiro, e os outros R$750 a golpista devolveria assim que o aplicativo voltasse a funcionar. E assim o depósito foi feito, uma parte em Pix para um homem chamado Fabrício, que seria o dono do apartamento, segundo a golpista, e outra parte para uma conta bancária com CNPJ, uma empresa de Fabrício. “No meu desespero, eu aceitei. Eu queria muito voltar para Salvador, encontrar um bom lugar, achei o apartamento excelente, um preço excelente”.
A golpista até disse, depois, que tinha voltado atrás e devolveria os R$250 de fevereiro. Mas esses R$250 chegariam através de uma outra vítima, somente como estratégia para ganhar a confiança de Márjorie. “A outra interessada no quarto entrou em contato comigo perguntando se eu era a dona do apartamento porque a golpista passou meu Pix, que é meu número de celular, para ela fazer o pagamento de 250 reais para mim. Aí eu não entendi nada e já fiquei preocupada. Ela então disse que tinha sido bloqueada pela golpista e logo depois eu vi que eu tinha sido também”, explica Márjorie.
“Eu já estava arrumando minhas coisas, estava tão feliz. Quando eu descobri que era um golpe, foi um baque, fiquei muito nervosa. Foram mais de dois meses do meu salário”, lamenta. A estudante já tinha passado seu nome completo, e-mail e RG para a golpista. Quando pesquisou o CNPJ da empresa para a qual tinha feito o depósito, descobriu que se tratava de uma locadora de veículos e que o tal Fabrício tinha quitado uma dívida lá utilizando o nome de Márjorie e o comprovante de depósito que ela enviou para a golpista.
Márjorie registrou ocorrência na delegacia de furtos e roubos e tentou conseguir seu dinheiro de volta com a locadora, mas sem sucesso. “Eu fiz um relato e enviei para páginas de redes sociais na Ufba para alertar as pessoas e aí começaram a aparecer mais vítimas. Já somos ao menos seis e todas registraram ocorrência. Quero alertar todo mundo porque eu fiquei com medo, tirei meu sobrenome e minha foto do WhatsApp, não aceito ninguém mais em rede social, cancelei minha chave Pix, cancelei minha aproximação do cartão; foi um trauma”, diz a estudante.
A golpista não teve compaixão nem de Erica Maria Silva, de 30 anos. Ela é de Pernambuco e estuda Medicina na Ufba. As atividades presenciais para Medicina retornaram no semestre passado, mas Erica não teve condições de voltar, está fazendo uma rifa para conseguir se manter em Salvador e dividiu isso com a golpista, que não se importou. Nesse caso, quem aplicou o golpe se identificou como Duda, uma enfermeira, que disse que o apartamento também ficava no Edifício Duque, na Rua Euclides da Cunha, na Graça.
“Eu fiquei realmente muito mal porque tem amigos meus, professores, me ajudando. Senti muita vergonha de ter caído no golpe e perdido R$500. Eu sempre alugo quarto porque aquela região perto do Canela, que é o campus de Medicina, é muito cara, não tenho como pegar um apartamento sozinha. E das outras vezes eu paguei esse adiantamento e não tive problema. Eu me surpreendo por não ter percebido. Eu estava tão desesperada para alugar um quarto que não reparei que o valor estava muito barato porque o prédio era muito bom e o condomínio seria caro”, diz.
“Ela falou que tinha uma outra menina interessada, mas que podia cancelar com ela porque tinha gostado muito de mim. Eu fiz o Pix no nome de Maria Eduarda, que seria ela mesma, Duda. Falei para ela que uma amiga minha de Salvador iria lá ver o apartamento e aí ela parou de me responder. Aí fiquei desconfiada. Pedi para uma amiga se passar por interessada lá na OLX e ela disse a mesma coisa que disse para mim. Aí eu vi que tinha caído em um golpe e que ela tinha me bloqueado no WhatsApp”, conta Erica.
Já com Talita Guerra, de 33 anos, a golpista se apresentou como Milena, uma estudante de Medicina da Ufba, e o apartamento seria o 204, no Edifício Duque, na Rua da Paz, também na Graça. Talita é de São Paulo e estuda Engenharia Civil na Ufba. “É muito difícil procurar apartamento à distância. E esse me chamou atenção porque é complicado achar algo bom num valor acessível. O apartamento era muito bonito, com dois quartos, um dela e um meu. Adorei o prédio, o apartamento, a localização. Ela foi muito amigável, muito bacana”, relata Talita.
A estratégia de dizer que já tinha outra pessoa interessada se manteve. Talita, com receio de perder a vaga, pagou R$750 através de Pix para Quezia Juane Batista dos Santos, que seria a proprietária do apartamento. Após o pagamento, a golpista sumiu. “Eu pedi pra um conhecido meu em Salvador ir até o edifício e aí ele foi e soube que não tinha ali o apartamento 204, não tinha nenhuma moradora com nome de Milena e nem de Quezia, e que outras pessoas já tinham ido lá com a mesma história”, conta Talita.
A estudante registrou ocorrência em uma delegacia de São Paulo e também uma denúncia na Defensoria Pública de lá. “Fiquei desesperada, chorando, sem saber o que fazer. A gente nunca achava que vai acontecer com a gente, até hoje eu fico sem acreditar que eu caí num golpe desse, mas realmente qualquer um pode cair”, finaliza.
OLX remove anúncio de golpista da plataforma
A OLX informou que retirou o anúncio mais recente utilizado pela golpista, bloqueou o usuário identificado e reforçou que está à disposição das autoridades para colaborar na apuração dos fatos. "Segurança é uma prioridade para a OLX e a plataforma investe constantemente em tecnologia e serviços de orientação ao usuário, com indicação das melhores práticas de negociação, incluindo a recomendação de visitar o imóvel antes de fechar o negócio, formalizar um contrato de locação e só realizar o pagamento após confirmar a veracidade da existência do imóvel", diz a nota.
A empresa ainda destacou que as negociações são feitas diretamente entre anunciante e interessados, sem intermediação da OLX, e pediu para que usuários, ao perceberem políticas sendo infringidas, realizem a denúncia através da plataforma para que os anúncios sejam investigados e removidos.
A Ufba disse que não irá se manifestar sobre o assunto. A Polícia Civil informou, em nota, que apura todos os dias casos de golpes envolvendo pagamentos online em todas as suas delegacias territoriais e toda denúncia e informação a mais é bem-vinda. "Devido às características inerentes à internet, falsários podem estar em qualquer lugar do Brasil e/ou agindo em rede – motivo pelo qual as investigações não costumam ser simples ou rápidas", diz a resposta.
Fica o alerta
Bernardo Chezzi, advogado especialista em direito imobiliário e professor da Faculdade Baiana de Direito, alerta para qual deve ser o procedimento na hora de alugar um quarto ou apartamento.
"A pessoa nunca deve dar qualquer valor sem um contrato assinado. Então a primeira coisa é fazer o contrato. Para isso, o interessado deve buscar evidências de que aquela pessoa é proprietária do imóvel ou locatária que está sublocando quartos. Isso pode ser feito através de conta de luz ou de água, matrícula do imóvel, contrato de locação. E nisso é importante verificar, no caso de uma pessoa que aluga o imóvel e quer alugar um quarto dele, se isso é permitido na configuração que essa pessoa tem com o proprietário porque o padrão é que não seja", coloca o advogado.
Chezzi fala ainda da importância de visitar o imóvel para ver se o anunciante tem vínculo com o imóvel e se as fotos e informações do anúncio correspondem à realidade. "No caso de quem está na cidade em que o imóvel fica localizado, isso fica mais fácil. Mas, se não houver essa possibilidade, a pessoa pode pedir para que quem está alugando faça uma chamada de vídeo e mostre o local", acrescenta. A partir das comprovações e da assinatura de contrato, é comum que seja exigido caução ou pagamento adiantado do aluguel para garantia da locação.
Segundo a advogada especialista em Direito Digital Ana Paula de Moraes, a plataforma OLX também tem responsabilidade perante o crime. "Mesmo que a plataforma, em seus termos de uso e políticas de uso, pautem a sua exclusão de responsabilidade perante o consumidor em relação a todas as transações ali realizadas, o Código de Defesa do Consumidor e os julgamentos proferidos pelos magistrados em diversas ações já movidas contra a plataforma já se posicionaram a entender juridicamente que a OLX responde de forma solidária por ser aquele ambiente uma relação de consumo", coloca.
Confira dicas:
Mantenha a negociação dentro da plataforma/site em que foi encontrado o anúncio
Desconfie de valores muito abaixo do padrão de mercado
Busque extrair o máximo de informações sobre o anunciante e o imóvel
Procure sempre manter contato por ligações ao invés de troca de mensagens
Se certifique de que aquela pessoa é mesmo a proprietária ou locatária do imóvel
Sempre que possível, visite o imóvel ou realize uma chamada de vídeo no local com o anunciante
Exija um contrato
Se cair no golpe, faça a denúncia em uma delegacia de polícia, presencialmente ou por via digital. Guarde ou salve comprovantes, imagens de telas, fotos, e-mails, mensagens suspeitas e quaisquer outros dados que possam ajudar a comprovar a fraude e, também, a encontrar os suspeitos
Entre em contato com imediatamente com o banco para o qual o dinheiro foi enviado e passe todas as informações sobre o golpe, após isso informe que você tem o Boletim de Ocorrência e peça para que o banco faça o bloqueio da conta dos fraudadores
Se necessário, entre com ação perante o Juizado Especial Cível contra o golpista e a plataforma