As primeiras doses da vacina russa Sputnik V devem chegar ao Brasil em julho. A informação foi dada à CNN pelo governador do Maranhão, Flávio Dino. Já de acordo com o secretário de saúde da Bahia, Fábio Vilas-Boas, ainda não é possível afirmar uma data. No sábado (5), gestores-chefes do Executivo das regiões Norte e Nordeste se reuniram para definir os próximos passos após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar a importação, sob condições controladas, de 928 mil doses da Sputnik V. Também foi aprovada a importação, nas mesmas medidas, de 4 milhões de doses da vacina indiana Covaxin, que ainda não têm previsão de chegada ao Brasil.

A aprovação da Anvisa, na última sexta-feira (4), faz com que a Sputnik V e a Covaxin se juntem à Coronavac, Astrazeneca/Oxford e Pfizer, todas já em uso no Brasil. Os dois novos imunizantes a entrarem na lista foram lançados antes mesmo da conclusão dos estudos, se tornando alvo de incertezas. Agora que chegam ao Brasil, serão aplicados com diversas restrições e exigências de acompanhamento. Entenda o porquê e o que se sabe sobre as duas vacinas:

Sputnik V
Com a decisão da Anvisa, o Brasil se tornou o 67º país do mundo a autorizar a Sputnik V. Mas a marca poderia ter sido alcançada bem mais cedo. É que, ainda em março deste ano, o governo da Bahia anunciou um contrato para a compra de 9,7 milhões de doses da Sputnik V, como parte de negociação do Consórcio Nordeste com o Fundo de Investimentos Diretos da Rússia, que fornecerá 37 milhões de doses ao Brasil. A primeira remessa, que tinha previsão de chegar em abril, seria de 2 milhões de doses. Sem autorização da Anvisa, contudo, não houve remessas.

Agora, a Anvisa autorizou a importação por seis estados, no quantitativo equivalente a 1% da população de cada um. O estado da Bahia foi autorizado a importar 300 mil doses; o Maranhão, 141 mil doses; Sergipe, 46 mil doses; o Ceará, 183 mil doses; Pernambuco, 192 mil doses, e o Piauí, 66 mil doses. A agência informou que “vai analisar os dados de monitoramento do uso da vacina para poder avaliar os próximos quantitativos a serem importados”.

O secretário Vilas-Boas, em entrevista no sábado (5) à TV Bahia, informou que ações já estão sendo feitas para agilizar a chegada das doses da Sputnik à Bahia. “Estamos analisando de que forma podemos agilizar todas as condicionantes [impostas pela Anvisa]. Já dividimos elas. Uma pequena parte deverá ser providenciada pelo fundo russo e outra parte caberá a nós secretários estaduais de saúde, mas tudo dentro do previsto e do que já imaginávamos que seriam nossas responsabilidades de fazer todo o processo de acompanhamento de farmacovigilância da introdução dessa vacina no país”, afirmou o secretário.

Vilas-Boas, contudo, explicou que ainda não é possível dizer quando a vacina chegará em solo baiano. “Depende agora de uma conversa com os russos. Temos que fazer um ajuste legal no nosso contrato. O contrato que temos prevê uma quantidade de 37 milhões [de doses para o Nordeste] e nós vamos ter que fazer um aditivo informando que será de 1% inicialmente e, posteriormente, com a autorização definitiva da Anvisa, a gente poderá executar o resto do contrato”, destacou.

A Sputnik V foi o primeiro imunizante registrado contra a covid-19 no mundo. A vacina foi lançada pela Rússia em agosto de 2020, com testes ainda em andamento. A principal preocupação em torno do imunizante diz respeito ao tipo de tecnologia utilizada: vetor viral não replicante.

Isso significa dizer que os cientistas utilizaram adenovírus para simular no organismo a presença de uma ameaça mais perigosa e que se deseja combater para gerar uma resposta imune. Eles foram modificados para não serem capazes de se replicar depois que entram nas células humanas.

Ao contrário de outros imunizantes que também usam adenovírus, como o da AstraZeneca/Oxford e o da Janssen, a Sputnik V é a única a usar dois vetores: o Ad26 e o Ad5, um em cada dose. Esse é justamente o trunfo da vacina russa, em comparação com as outras.

"A ideia de modificar dois adenovírus diferentes é para reduzir uma possível resposta imune contra o próprio vetor. Por isso, ela tem uma eficácia maior do que as outras vacinas com vetor viral. A eficácia dela no estudo publicado foi acima de 90, enquanto as outras ficam em torno de 70% a 75%", diz a infectologista e imunologista Fernanda Grassi, pesquisadora da Fiocruz e integrante da Rede Covida.

Usar um adenovírus geneticamente modificado para que não se repliquem é algo relativamente comum - acontece em vacinas como a do ebola, por exemplo. Esse tipo de imunizante costuma ser considerado seguro pela comunidade científica.

O problema, segundo a Anvisa, é que os adenovírus usados nessa vacina poderiam, sim, se replicar e isso pode fazer mal à saúde de quem for imunizado com ela. O fato está ainda em discussão e documentos estão sendo solicitados para análise e conclusão.

“A Sputnik está sendo usada em mais de 60 países e não temos ouvido falar de efeitos ou reações graves. As reações que estão sendo observadas são normais de algumas vacinas. Quem recebe vacina pode ter febre, dor no local da aplicação, moleza, sintomas já esperados”, acrescenta Fernanda.

Covaxin
Já a indiana Covaxin faz parte de um contrato do Ministério da Saúde com a Precisa Medicamentos/Bharat Biotec para compra de 20 milhões de doses. A previsão era da chegada de 8 milhões de doses ainda em março, mas a importação não foi autorizada. A decisão de sábado da agência regulatória brasileira permitiu, por enquanto, o uso de 4 milhões de unidades do imunizante.

A Anvisa ponderou o fato de não ter recebido relatórios da agência indiana, o curto prazo de acompanhamento dos participantes dos estudos e a inconclusão dos estudos da fase 3, etapa que atesta a eficácia da vacina.

A Covaxin usa versões inativadas do Sars-CoV-2. Essa é uma tecnologia tradicional e semelhante à utilizada pela Coronavac, do Instituto Butantan. “A partir do vírus inteiro, as substâncias químicas são inativadas e são adicionadas então substâncias que fazem aumentar a resposta imune”, explica a imunologista. A vacina, portanto, contém vírus mortos, incapazes de infectar pessoas, mas ainda capazes de instruir o sistema imunológico a montar uma reação defensiva contra uma infecção.

Vacinas com vírus inativados, como a Covaxin, têm tecnologia semelhante a de vacinas da gripe, poliomielite, entre outras. É uma plataforma bem estabelecida e considerada segura na produção de vacinas. “São as vacinas, digamos, mais fáceis de serem feitas. A vantagem é a facilidade e o fato de já conhecermos. Mas elas dão uma imunidade um pouco menor do que outras vacinas com outras tecnologias. Cada uma tem suas vantagens e desvantagens”, pontuou Fernanda.

Outra possível vantagem das vacinas com vírus inativados é o melhor funcionamento contra mutações. Parte dos imunizantes disponíveis hoje (como o da Pfizer e o da Astrazeneca) focam na proteína S, a spike, do agente infeccioso. Se esse trecho do vírus sofre mutações, é possível que as doses percam parte da eficácia, embora isso precise ser estudado. O produto da Barat Biotech, por outro lado, apresenta o vírus todo (inativado) ao sistema imune. Com isso, a chance de reconhecer o Sars-CoV-2 mesmo se ele sofrer alterações relevantes seria maior.

Aprovação com restrição
A Anvisa considera que ainda faltam informações sobre os dois imunizantes - motivo pelo qual o pedido inicial foi negado em março, no caso da indiana Covaxin, e em abril, para a russa Sputnik V. Entretanto, por votação de 4 a 1, a diretoria colegiada decidiu que o atual momento da pandemia no Brasil justificaria aprovar a importação "com condicionantes". Isso significa que a Anvisa não se responsabiliza pela eficácia e segurança, mas permite a importação e aplicação restrita, entregando a responsabilidade aos fabricantes e compradores.

Caso o uso emergencial, que está, separadamente, em análise, seja reprovado pelo órgão brasileiro ou pela Organização Mundial da Saúde (OMS), os estados devem suspender a importação, distribuição e uso dos imunizantes imediatamente. A autorização do uso emergencial é dada pela Anvisa após a análise e constatação de eficácia e segurança de uma vacina.

Como ressaltou o gerente geral de medicamentos da Anvisa, Gustavo Mendes, nenhuma das duas vacinas deve ser usada por quem tem hipersensibilidade a qualquer dos componentes da fórmula, como grávidas, lactantes, menores de 18 anos, maiores de 60 anos, mulheres em idade fértil que desejam engravidar nos próximos 12 meses, pessoas que tenham enfermidades graves ou não controladas (cardiovascular, respiratória, gastrointestinal, neurológica, insuficiência hepática, insuficiência renal, patologias endócrinas) e antecedentes de anafilaxia.

Não poderão usá-las pessoas que tenham recebido outra vacina contra a covid-19, apresentem febre, tenham HIV e hepatite B ou C, tenham se vacinado nas quatro semanas anteriores, tenham recebido imunoglobulinas ou hemoderivados três meses antes, tenham recebido tratamentos com imunossupressores, citotóxicos, quimioterapia ou radiação nos últimos 36 meses e que tenham recebido terapias com biológicos incluindo anticorpos anticitocinas e outros anticorpos.

As 5 vacinas aprovadas no Brasil

*No Brasil, nenhuma vacina está sendo aplicada em pessoas com menos de 18 anos.

Sputnik V

Fabricante: Instituto Gamaleya de Pesquisa (Rússia).
Tipo de tecnologia: Vetor viral não replicante.
Data de aprovação pela Anvisa: 4 de junho de 2021.
Tipo de aprovação: Importação de lotes com restrições
Quantidade de doses: Duas. A aplicação precisará ter atenção redobrada, pois o conteúdo da primeira e da segunda dose da Sputnik são diferentes.
Intervalo entre as doses: 21 dias (com possibilidade de ser ampliado para três meses)
Taxa de eficácia: 91%.
Efeitos colaterais: Comum - doença semelhante à gripe, dor de cabeça, fadiga, reações no local da injeção. Foi confirmado pelo Comitê Independente de Monitoramento de Dados que nenhum evento adverso sério relacionado à vacina foi observado.

Covaxin

Fabricante: Bharat BioTech (Índia).
Tipo de tecnologia: Vírus inativado.
Data de aprovação pela Anvisa: 4 de junho de 2021
Tipo de aprovação: Importação de lotes com restrições.
Quantidade de doses: Duas.
Intervalo entre as doses: 4 semanas.
Taxa de eficácia: 78% (100% em casos graves)
Efeitos colaterais: Estudos publicados sobre as fases 1 e 2 não mostram efeitos colaterais graves.

Coronavac

Fabricantes: Sinovac (China) e Instituto Butantan (Brasil).
Tipo de tecnologia: Vírus inativado. O coronavírus é inativado por ação do calor ou de algum produto químico. Quando o corpo recebe a vacina, o vírus inativado faz com que o corpo gere anticorpos contra a covid-19. Isso porque as células de resposta imune “capturam” o vírus inativado e ativam a ação dos chamados linfócitos, células que são especializadas em combater microrganismos. São elas que produzem os anticorpos, que impedem que o vírus infeste outras células e fiquemos doentes.
Data de aprovação pela Anvisa: 17 de janeiro de 2021.
Tipo de aprovação: Emergencial.
Quantidade de doses necessárias: Duas.
Intervalo entre as doses:2 a 4 semanas.
Taxa de eficácia: 50% (Pode chegar a 62%)
Efeitos adversos: Muito comum - dor no local da aplicação, dor de cabeça, cansaço. Comum - cansaço, febre, dor no corpo, diarreia, náusea, dor de cabeça, enjoo, dor muscular, calafrios, tosse, perda de apetite, coceira, coriza. Incomum - vômitos, dor abdominal inferior, distensão abdominal, tonturas, tosse, perda de apetite, reação alérgica, pressão arterial elevada, hipersensibilidade alérgica ou imediata, inchaço, coceira, vermelhidão, diminuição da sensibilidade, endurecimento, hematoma, vertigem

Astrazeneca/Oxford

Fabricantes: AstraZeneca (Inglaterra/Suécia), Universidade de Oxford (Inglaterra) e Fundação Oswaldo Cruz (Brasil).
Tipo de tecnologia: Vetor viral não replicante. A vacina produzida pela Universidade de Oxford (Reino Unido) usa um "vírus vivo", como um adenovírus que provoca um resfriado comum, modificado para conter instruções para a produção de uma proteína característica do coronavírus. No entanto, na proporção aplicada, ele não tem capacidade de se replicar e prejudicar a saúde humana. Quando rompe as células, esse adenovírus estimula a produção dessa proteína, que é detectada pelo sistema imune. A partir daí, o corpo cria uma resposta contra o coronavírus.
Data de aprovação pela Anvisa: 17 de janeiro de 2021. (Uso emergencial)
Tipo de aprovação: Definitiva. (12 de março de 2021)
Quantidade de doses: Duas.
Intervalo entre as doses: 12 semanas.
Taxa de eficácia (global possível): 81%.
Observação: No Brasil, não está sendo aplicada em gestantes.
Efeitos adversos: Muito comum - sensibilidade, dor, sensação de calor, coceira ou hematoma, indisposição, cansaço, calafrio, febre, dor de cabeça, enjoo, dor muscular ou nas articulações. Ocorrem em 1 em cada 10 pessoas. Comum - inchaço, vermelhidão ou um caroço no local da injeção, febre, enjoos, diarreia, sintomas semelhantes a resfriado, dor de garganta, coriza, tosse. Ocorrem em 1 em cada 10 pessoas. Incomum - sonolência, tontura, diminuição do apetite, dor abdominal, ínguas, suor, coceira ou erupção na pele. Ocorrem em 1 em cada 100 pessoas. Muito raro - coágulos sanguíneos graves em pessoas com níveis baixos de plaquetas. Foram observados com uma frequência inferior a 1 em 100.000 indivíduos vacinados. Desconhecido - reação alérgica grave, inchaços graves nos lábios, face, boca e garganta. Não pode ser calculada a partir dos dados disponíveis

Pfizer

Fabricantes: Pfizer (Estados Unidos) e BioNTech (Alemanha).
Tipo de tecnologia: mRNA. A vacina é criada a partir da replicação de sequências de RNA que mimetizam a proteína spike, específica do vírus Sars-CoV-2. Essa versão consegue desencadear uma reação do sistema imunológico, que cria uma defesa, sem causar danos à saúde.
Data de aprovação pela Anvisa: 23 de fevereiro de 2021.
Tipo de aprovação: Definitiva.
Quantidade de doses: Duas.
Intervalo entre as doses: 12 semanas.
Taxa de eficácia (global possível): 95%.
Efeitos adversos: Muito comuns - dor e inchaço no local da injeção, cansaço, dor de cabeça, diarréia, dor muscular, dor nas articulações, calafrios e febre. Ocorrem em 10% dos pacientes. Comuns - vermelhidão no local de injeção, náusea e vômito. Ocorre entre 1% a 10% dos pacientes. Incomuns - aumento dos gânglios linfáticos, reações de hipersensibilidade [lesão na pele ou coceira, inchaço da pele ou mucosa, sensação de mal estar, dor no braço, insônia e prurido no local de injeção. Ocorrem entre 0,1% e 1%.. Rara - paralisa facial aguda. Ocorrem entre 0,01% e 0,1%. Desconhecido - reação alérgica grave (anafilaxia).

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Quando a assistente social Arlene Chaves, 69 anos, foi internada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Ribeira do Pombal, Nordeste da Bahia, com 50% do pulmão comprometido por causa da Covid-19, o medo era uma constante. “Lá, todo mundo precisava de oxigênio. Mas a enfermeira me tranquilizava, dizia que não ia faltar, pois a UPA tinha essa usina”, lembra. A cidade de 50 mil habitantes é a quinta da Bahia com mais casos ativos de covid e lá só não faltou oxigênio por causa de duas usinas de produção do gás medicinal. Vidas foram salvas.

“Foi uma sacada muito boa a de instalar os equipamentos. Uma iluminação! Eu insisto que, se Manaus tivesse feito isso, não viveria um caos”, argumenta Danilo Matos, diretor executivo do Consórcio de Saúde Nordeste II (Coisan), que administra o Hospital Geral Santa Teresa, localizado em Ribeira do Pombal. Essa foi a primeira unidade de saúde da região a ter uma usina de oxigênio instalada, ainda no início da pandemia, em 2020. O equipamento tem a capacidade de encher, a cada duas horas, quatro cilindros com 10 metros cúbicos,

O resultado positivo levou o município, no mesmo ano, a instalar uma usina na UPA, mas não por causa do coronavírus. "Na época, a demanda por oxigênio no tratamento da covid não era uma preocupação real, mas nós já visualizávamos um problema sério que seria a questão do abastecimento. Há um monopólio no setor e alto custo do insumo. Nós não queríamos ficar preso nas mãos desses caras, como muitas cidades estão”, explica Danilo.

Sorte da dona Arlene, que você conheceu no início da reportagem. No momento que ela teve falta de ar, o cateter nasal de baixo fluxo foi o suficiente para lhe recuperar o vigor. Outros conterrâneos precisaram de mais suporte. “A vizinha do meu leito teve que ser transferida intubada para uma UTI e eu fiquei apavorada. Mas ela estava com o seu suporte de oxigênio. Isso não faltou em nenhum momento”, conta.

Atualmente, Ribeira do Pombal enfrenta o seu pior momento na pandemia. São 315 casos ativos, segundo o último boletim municipal. “E é muita gente jovem infectada, pessoas que não tomaram ainda a vacina. Eles aglomeram nas roças, no final de semana, e pegam a doença”, lamenta dona Arlene. Atuando na rede municipal de saúde da cidade desde o início da pandemia, o médico Carlos Domini conhece bem a realidade.

“É uma situação calamitosa. Transferimos oito, 10 pacientes por dia e a UPA toda hora lotando. A sorte é que temos as usinas de oxigênio, se não já teria morrido gente com falta de ar”, disse.

Desde o início do funcionamento da usina, a UPA de Ribeira do Pombal internou, aproximadamente, 300 pessoas. Já o Hospital Santa Teresa tem uma média de 370 pacientes internados por mês e outros 3 mil atendimentos mensais na emergência. Nem todo esse público, no entanto, precisou da oxigenoterapia durante o atendimento. Os que precisaram, segundo Danilo Matos, tiveram todo o suporte necessário graças às usinas.

Como funciona o equipamento?

A produção de oxigênio pela usina funciona através do ar comprimido, que também pode ser armazenado e é usado em unidades de saúde. ”São compressores de ar ligados na energia elétrica. Eles tiram o ar do ambiente, purificam e deixam só o oxigênio com, aproximadamente, 100% de pureza”, explica Danilo Matos.

Como o equipamento é alugado, se a demanda aumentar ou diminuir, é possível fazer reajustes na produção. Isso está acontecendo na usina da UPA de Ribeira do Pombal. “Como lá vai aumentar a quantidade de respiradores, nós vamos aumentar a capacidade de produção do equipamento. Naturalmente, quanto mais a oxigênio for possível produzir, mais caro fica o aluguel”, aponta Arlindo Nazareth Jr., representante comercial da Dinatec na Bahia.

Essa é a empresa que fornece as usinas de oxigênio para Ribeira do Pombal. A manutenção também fica a cargo deles. “É como se fosse um carro. Regularmente, nosso técnico precisa ir lá fazer revisão”, diz Nazareth. O equipamento reduziu os custos do hospital com oxigênio em, aproximadamente, 40%.

“Antes, tínhamos um custo que variava entre R$ 45 e R$ 50 mil por mês. Hoje pagamos mensalmente R$ 28 mil”, diz Matos. Esse valor é destinado justamente à Dinatec. “Na Bahia, temos equipamentos em Ilhéus, Itabuna, Vitória da Conquista, Eunápolis e estamos instalando em Itaberaba para um empresário que vai encher cilindros e vender”, diz Nazareth.

Segundo o rapaz, a procura pelas usinas cresceu durante a pandemia. “Mas eu ainda vejo resistência, pois as pessoas não confiam tanto na produção independente como deveriam. Fizemos uma proposta para Paulo Afonso, que está gastando um dinheirão com oxigênio e ia economizar 45% com nosso serviço, mas eles não quiseram. A gente tenta mostrar os exemplos, como o de Ribeira do Pombal, para convencer”, diz.

Ribeira do Pombal inspira outras cidades

Para não correr o risco de ver o oxigênio faltar e salvar mais vidas, Danilo defende para as cidades vizinhas a importância de investirem nas usinas. E o trabalho já tem tido resultados. “A UPA de Caldas do Jorro já tá instalando uma, tive contato com os prefeitos de Olindina e Cipó, que também estão com interesse e há um hospital filantrópico em Antas que está tentando implantar”, lista.

Mas enquanto elas não viram realidade, são os dois equipamentos de Ribeira do Pombal que têm servido para as cidades vizinhas nos momentos difíceis e salvado a vida de outros baianos.

“Recebo ligações do secretário de Ribeira do Amparo, que passa dificuldades com abastecimento atualmente. Cipó já teve problemas e nós ajudamos e enchemos cilindros de Cícero Dantas também”, lembra.

Em Ribeira do Amparo, inclusive, o consumo semanal de oxigênio era de três cilindros. Hoje são 20. “Estamos sim com dificuldade. Nessa semana, para não faltar oxigênio aqui, tive que mandar pegar torpedo em Dias Dávila, pois a White Martins, mesmo contratada, disse que não ia conseguir trazer. Em Pombal, com essa usina, várias vezes solicitei e eles nos ajudaram”, afirma João Vieira da Costa, secretário de Saúde.

Bahia terá usinas de oxigênio em três regiões do estado, anuncia Rui

Durante inauguração de uma maternidade no Subúrbio Ferroviário de Salvador, na última segunda-feira (31), o governador Rui Costa confirmou que três usinas de oxigênio serão instaladas em três regiões do estado. Porém, não foi divulgado quais serão as cidades que vão receber as estruturas e mais detalhes da iniciativa. Rui disse apenas que as usinas servirão às regiões e não às cidades e que a previsão é que elas sejam móveis para se deslocarem a depender da necessidade de um ou outro local.

"Evidente que as usinas ficarão instaladas fisicamente em um município cada, mas o objetivo é atender a região, podendo ser remanejadas em casos de picos em outra região. Vai servir pra diminuir a distância entre os cilindros e os municípios. Hoje, tá previsto para o oeste, para a região de Irecê e a terceira ainda será discutida", afirmou.

O diretor executivo do Consórcio de Saúde Nordeste II acredita que o exemplo de Ribeira do Pombal é o que está inspirando a ação do Governo do Estado. “Doutor Igor, que é o superintendente de atenção à Saúde do estado, em visita ao nosso hospital, ficou impressionado com a usina e me pediu alguns contatos para fazer o mesmo nos hospitais estaduais. Eu acho que eles estão usando nossa expertise para levar a iniciativa ao restante da Bahia”, argumenta.

No entanto, o representante comercial da Dinatec na Bahia disse não ter conhecimento de nenhuma negociação do tipo com a empresa. A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) foi procurada, mas não respondeu até o fechamento do texto.

Oxigênio é essencial no tratamento da covid-19

Com aumento na demanda por oxigênio medicinal, vários pacientes começaram a morrer com falta de ar. É que o oxigênio é essencial no tratamento da covid-19. Segundo o médico intensivista Murilo Ramos, professor da Rede UniFTC, o sistema de saúde tem que garantir o fornecimento do insumo.

“A covid é uma doença que gera baixa oxigenação no sangue. A melhor forma disso ser combatido, a curto prazo, é dar mais oxigênio para o paciente respirar. Se tem baixa oxigenação no sangue, vamos ofertar uma quantidade maior do que existe no ambiente”, explica. No ar atmosférico, a concentração de oxigênio é de apenas 21%.

“Para fornecer oxigênio, a gente usa os mais diversos mecanismos, desde cateter nasal até a intubação. Cada um desses itens tem uma determinada concentração. Quanto mais invasivo o procedimento, maior a quantidade de oxigênio fornecido. O paciente intubado recebe até 100%, ou seja, respira completamente pelo oxigênio medicinal”, relata.

White Martins diz que a demanda por oxigênio na Bahia aumentou 7% em maio

Principal fornecedora de oxigênio medicinal, a empresa White Martins afirmou, em nota, que a Bahia está tendo aumento médio de 7% no consumo de oxigênio. Segundo a empresa, esse crescimento se deu nas últimas duas semanas de maio em comparação com as duas últimas semanas de abril. Mesmo assim, a empresa alega que o fornecimento de oxigênio está sendo realizado com o objetivo de manter abastecidos todos os seus clientes medicinais da Bahia.

“A empresa tem mantido constante contato com os seus clientes e autoridades de saúde locais sobre as variações de consumo de oxigênio. Nestas oportunidades, a empresa solicita que sejam comunicadas previamente as necessidades de acréscimo no fornecimento do produto bem como a previsão da demanda. Isso porque compete às instituições de saúde públicas e privadas sinalizar qualquer incremento real ou potencial de volume de gases às empresas fornecedoras”, disse a empresa.

Ainda segundo a White Martins, são as autoridades de saúde que têm os dados que compõem o panorama epidemiológico da covid-19, como o índice e a velocidade de contágio da doença, o crescimento da taxa de ocupação de leitos, a abertura de novos leitos, a implantação de hospitais de campanha, a quantidade de pacientes atendidos, bem como a classificação dos casos.

“A White Martins, como qualquer fornecedora deste insumo, não tem condições de fazer qualquer prognóstico acerca da evolução abrupta ou exponencial da demanda”, argumenta.

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A Fiocruz assina nesta terça-feira (1º) o contrato de transferência tecnológica para a produção do Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA) da vacina da AstraZeneca no Brasil. Este passo é essencial para a autonomia do País na fabricação de vacinas contra a covid-19. Atualmente, o IFA necessário à produção do imunizante é importado da China, o que tem causado atrasos na produção.

A assinatura do acordo com a AstraZeneca estava prevista originalmente para acontecer no ano passado, mas sofreu sucessivos atrasos. A última previsão, feita pelo diretor de Biomanguinhos, Maurício Zuma, em março, estimava que a assinatura ocorreria até o fim de abril. Em entrevista ao Valor Econômico, Zuma afirmou que, se passasse desta data, haveria atraso nas entregas prometidas.

Até o fechamento desta matéria, a Fiocruz não tinha se manifestado sobre um eventual novo cronograma. O cronograma original previa a produção de 110 milhões de doses já com IFA nacional até o fim de 2021.

A adaptação de uma planta em Biomanguinhos especialmente para a produção do IFA já tinha sido concluída, independentemente da assinatura do contrato.

A presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, e o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, vão participar da cerimônia de assinatura do contrato, em Brasília. De acordo com o site da presidência da República, o evento acontecerá às 17h e contará também com a presença do presidente Jair Bolsonaro.

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A Bahia registrou 130 mortes e 4.099 novos casos de covid-19 (taxa de crescimento de +0,4%) em 24h, de acordo com boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) no final da tarde desta quinta (27). No mesmo período, 3.809 pacientes foram considerados curados da doença (+0,4%).

O total de mortes por covid-19 na Bahia é de 20.856. A taxa de letalidade da doença no estado é de 2,09%. Apesar das 130 mortes terem ocorrido em diversas datas, a confirmação e registro foram contabilizados nesta quinta. Todas ocorreram em 2021, sendo 128 no mês de maio. O número de óbitos registrados nesta quinta é o maior do estado desde 16 abril, quando foram registradas 134 mortes.

Dos 999.463 casos confirmados desde o início da pandemia, 960.258 já são considerados recuperados, 18.349 encontram-se ativos. Na Bahia, 48.939 profissionais da saúde foram confirmados para Covid-19.

De acordo com a Sesab, a existência de registros tardios e/ou acúmulo de casos deve-se à sobrecarga das equipes de investigação, pois há doenças de notificação compulsória para além da Covid-19. Outro motivo é o aprofundamento das investigações epidemiológicas por parte das vigilâncias municipais e estadual a fim de evitar distorções ou equívocos, como desconsiderar a causa do óbito um traumatismo craniano ou um câncer em estágio terminal, ainda que a pessoa esteja infectada pelo coronavírus.

Situação da regulação de Covid-19

Às 12h desta quinta-feira, 159 solicitações de internação em UTI Adulto Covid-19 constavam no sistema da Central Estadual de Regulação. Outros 93 pedidos para internação em leitos clínicos adultos Covid-19 estavam no sistema. Este número é dinâmico, uma vez que transferências e novas solicitações são feitas ao longo do dia.

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Remo Rodrigues era um homem disciplinado. Aos 56 anos, não bebia, não era nem de comer comida pesada e fazia tudo o que podia para preservar a saúde. Já fazia um tempo que trabalhava em formato remoto: era auxiliar administrativo da Embasa e era vigiado de perto por seu irmão gêmeo, Juvenal*, que sempre ao acordar ligava para saber como ele estava e se precisava de alguma coisa.

Juntos, os gêmeos superaram uma série de dificuldades na vida, inclusive a fome. Uma das circunstâncias mais desesperadoras não foi capaz de frear a dupla, sedenta por viver. Juntos eles estudaram, prosperaram e construíram suas famílias - e sempre estavam perto um do outro. Só o coronavírus conseguiu brecar essa união: no último dia 15, três dias após dar entrada no hospital Tereza de Lisieux com saturação oscilando, mas quadro aparentemente estável, Remo morreu por complicações deixadas pela doença.

Histórias como a de Remo estão se tornando cada vez mais frequentes em Salvador. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) indicam que entre o dia 1 e 20 de maio, morreram 70% dos pacientes com coronavírus internados em leitos de UTI da cidade. Em números mais diretos, 119 das 170 pessoas internadas morreram. As informações foram publicadas pelo G1 e TV Bahia, e posteriormente confirmadas pelo CORREIO.

Os números frios assustam, mas não falam tanto quanto a dor dos familiares que também são vitimados pela doença. Sobrinho de Remo, Rômulo Jorge explica que inicialmente ele teve sintomas de gripe após precisar fazer uma atividade presencial no escritório. Fez o exame, confirmou o teste positivo e a partir daí os dias foram de preocupação e ansiedade.

"Ele ficou muito ansioso, contratamos uma técnica de enfermagem para ele não ficar sozinho. Ele sofreu muito, dizia que não conseguia tomar as medicações que compramos. Ela ficou dois dias com ele, teve um pico de ansiedade muito grande e chamamos a ambulância. A Vitalmed detectou a saturação oscilante e resolveu removê-lo. Ele foi ao hospital, foi internado e não chegou a três dias completos", afirmou.

Além das mortes estarem em níveis altíssimos, a velocidade com que acontecem os óbitos também acelerou. O tempo médio de internação em leitos de UTI caiu para quase a metade: no ano passado, a média de tempo que se passava num leito era de 14 a 30 dias. Agora, a média é de 10 a 15 dias porque os pacientes estão morrendo mais rápido.

Médica intensivista, Samantha Oliveira afirma que percebeu a diminuição no tempo de internação e acredita que o motivo sejam as novas variantes do vírus que estão circulando e aceleram os estragos que o vírus deixa nas pessoas.

"Os casos de fato estão ficando mais graves e conseguimos perceber isso no dia-a-dia", afirma.

Por sua vez, o infectologista Fabrício Silveira aponta que somente vacinação em massa e cuidados básicos como o isolamento social e uso de máscara podem brecar essa situação. Até o momento, 352 mil pessoas tomaram as duas doses das vacinas em Salvador. Em 1ª dose, foram 721,9 mil. Até o final da noite de terça-feira (25), a taxa de ocupação dos leitos de UTI adulto na cidade era de 81%.

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Se o colapso no sistema de saúde por conta da covid-19 foi evitado em fevereiro e março deste ano, ele pode chegar nos próximos meses. A média móvel de casos ativos na Bahia aumentou 13,2% em apenas um mês. Em 19 de abril, ela estava em 15.576 casos. Já em 19 de maio, chegou a 17.637.

O pico foi registrado em 27 de fevereiro, quando a média móvel de casos ativos no estado ficou em 20.582, segundo a médica epidemiologista Izabel Marcílio, coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde Pública (Coes), da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab).

O número tem aumentado progressivamente. Em 1 de abril, por exemplo, a média era de 15.646. Já no dia 15 de abril, foi para 16.139, e, em maio, passou dos 17 mil. Isso significa que o fator rt, que mede a taxa de transmissão do novo coronavírus, está acima de 1, ou seja, uma pessoa consegue infectar mais de uma, fazendo a curva subir. Se ela estivesse abaixo de 1, haveria um decréscimo, e, se fosse igual a 1, haveria estabilidade, o que não tem sido observado.

Os casos ativos são aqueles confirmados com o diagnóstico de covid-19, de pessoas com ou sem sintomas. Eles são considerados ativos, ou seja, sujeitos a infectar outra pessoa, durante 14 dias, e são calculados a partir do número de casos confirmados, subtraindo-se o número de óbitos.

Consequentemente, isso reflete na taxa de ocupação de leitos de Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que variou entre 85% e 81% nesta quarta-feira (20). Das 9 regiões da Bahia, apenas duas estão com a taxa de ocupação de leitos de UTI abaixo de 80% - no Centro-Norte (77%) e no Sul (78%). No Nordeste, está em 100% - vejas todas no final da matéria. É preciso lembrar que o estado tem o dobro de leitos de terapia intensiva do ano passado, no pico da primeira onda. Hoje, são 1.598.

Os três fatores que contribuíram para esses aumentos foram os feriados do mês de abril e maio, além das flexibilizações feitas pelo governo estadual e em alguns municípios.

“O comportamento da população é que facilita ou freia a transmissão do vírus, já que é um vírus de transmissão respiratória. Coincidiu a Semana Santa e, logo em seguida, o Dia das Mães, que são dois feriados de bastante prestígio na Bahia, e que levam a aglomerações, sem uso de máscara. Somado a isso, tiveram as flexibilizações, com alguns setores de atividades sendo liberados”, esclarece Izabel Marcílio.

Apesar de voltar a decretar estado de calamidade pública no dia 1 de abril, o governo baiano flexibilizou a realização de eventos até 50 pessoas, reduziu a duração do toque de recolher, promoveu a reabertura de restaurantes e academias e permitiu a venda de bebida alcóolica no final de semana.

Esses encontros familiares, apesar de não serem como os paredões, são tão transmissíveis quanto, relembra a epidemiologista. “Os familiares são os principais motores de transmissão, porque são sempre contatos próximos e prolongados, com confraternização, comida e bebida, beijos e abraços. Se todo mundo passa a não seguir as regras e se aglomerar em locais fechados, os índices vão aumentar, não tem jeito, é matemática”, reforça Marcílio.

A coordenadora do Coes afirma que nenhuma região está com a pandemia sob controle e todas preocupam a Sesab, principalmente a Oeste, além da Região Metropolitana de Salvador (RMS), pelo contingente populacional: “Todas estão em alerta”.

A quantidade de testes realizados pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) continua o mesmo, de 5 mil por dia. Segundo Izabel, os municípios passaram a aplicar mais testes por conta própria - seguindo as mesmas diretrizes, de só testar os sintomáticos.

Apesar disso, ela não considera que seja a terceira onda ainda, porque não saímos da segunda. O mesmo foi dito pelo coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva (relembre aqui). “Antes da Páscoa, estávamos com 14 mil casos ativos, o que é muito, então a segunda onda ainda não acabou. A gente vinha controlando bem e, de repente, há um repique, com um novo aumento”, analisa.

Para que a situação fique sob controle, ela defende que 100% da população acima de 18 anos deva estar vacinada e o número de casos ativos seja zerado. Isso dependerá do envio de doses pelo Ministério da Saúde e da consciência da população. Ela faz um alerta para que os baianos não festejem no São João.

“Não teremos São João e, quem está pensando diferente, ficará convivendo com a dor e o sofrimento de ficar doente, está se convidando para ir para hospital, se infectar, ir para a Uti, e poderá conviver com a morte de quem ama e dele próprio, além de arrastar essa situação complicada da pandemia, que ninguém aguenta mais. Cada passo para a desobediência significa colocar esse 

Flexibilização aumentou incidência, diz médico

Para o imunologista e professor da Rede UniFTC Celso Sant’Ana, o principal motivo que levou à nova ascendência de casos de covid-19 foi a flexibilização. “Seguramente, existe uma combinação de fatores, mas o relaxamento de algumas medidas restritivas, assim como os eventos que fizeram ter aglomeração, que fazem esses casos subirem”, avalia.

Sant’Ana diz que não estava na hora de flexibilizar. “Quando caíram as mortes diárias de 4 mil para 2 mil, 1 mil e pouca [no Brasil], tivemos a falsa sensação que a pandemia estava diminuindo a intensidade, mas ainda não era a hora de flexibilizar, porque o patamar ainda é muito alto. E é uma combinação trágica, de poucas vacinas, de muitas variantes, agora com essa da Índia, que chegou no Maranhão e no Ceará, aqui do lado”, esclarece.

O imunologista explica que, mesmo vacinada, uma pessoa pode transmitir a doença - e esse é o problema. “Os estudos disponíveis demonstram que, com a primeira dose da Pzifer e da Astrazeneca, se reduz em até 50% a transmissão. Ou seja, se 100 pessoas tomaram a primeira dose da vacina, 50 continuam transmitindo. Em relação à eficácia para hospitalizações, óbitos e internações, essa proteção ultrapassa 80%, então elas são extremamente eficientes, mas, quanto à capacidade de não permitir que se transmita a doença, é só a metade, no máximo. Então mesmo vacinado, você não pode baixar a guarda” alerta.

Celso diz que ainda não há dados concretos sobre a taxa de transmissibilidade após a segunda dose. Em relação à Coronavac, os estudos ainda são parciais, mas apontam que a taxa não é maior que 50%, como a Pzifer e Astrazeneca. Além disso, ele ressalta que a imunidade total só se dá após 15 dias da aplicação da segunda injeção.

Cidades no interior têm 100% de ocupação de UTI

Algumas cidades do interior da Bahia estão com ocupação de leitos de UTI em 100%. Em Barreiras, no Extremo Oeste baiano, isso acontece desde o dia 28 de abril. Deste dia até ontem (20), só houve um dia - o dia 18 de maio, quando a taxa desceu para 94% - que o índice esteve abaixo de 100% na ocupação. Segundo a prefeitura do município, os casos e óbitos continuam aumentando e a situação é “extremamente preocupante”.

Com essa alta nos números, a prefeitura decretou a proibição do atendimento presencial do comércio e similares. A medida está em vigor do dia 13 até o dia 25, na próxima terça-feira. Somente serviços essenciais podem funcionar. O toque de recolher proíbe circulação de pessoas em vias públicas de 20h às 5h da manhã.

O sistema de saúde de Barreiras conta com uma Unidade de Pronto Atendimento (Upa) específica para o novo coronavírus, com 43 leitos clínicos e 10 leitos de Uti contratados com o Hospital Central. Além disso, existem mais 40 leitos de UTI no Hospital do Oeste, referência da região. A cidade tem 14.504 casos confirmados do novo coronavírus, sendo 13.364 pessoas recuperadas, 871 em isolamento domiciliar, 40 internados e 228 óbitos. Outros 113 aguardam resultado do teste de covid-19.

Em Teixeira de Freitas, no Extremo Sul da Bahia, a ocupação também está em 100%, tanto na rede pública, quanto na rede privada. São, ao todo, 61 baianos internados. Dessas, 25 estão distribuídas na rede municipal, entre o Hospital de Campanha, o Hospital Municipal, na Unidade Municipal Materno Infantil e na Upa específica para covid-19. Na rede privada, são 22 pessoas internadas, 15 em enfermaria e sete em UTI.

Segundo a assessoria da prefeitura do município, as taxas de ocupação não ficaram abaixo de 67% desde o início do ano. Elas variam entre 80%, 97%, 100% e 67%. Para conter a disseminação do vírus, a gestão municipal tem permitido o comércio funcionar até 21h, com fiscalização intensa, e proibição de esportes coletivos. No total, são 14.652 casos confirmados, sendo 14.354 pessoas recuperadas, 78 casos ativos e 220 óbitos, segundo último boletim epidemiológico.

Em Campo Formoso, no Centro Norte, a ocupação de leitos de uti estava em 100% dois dias seguidos (18 e 19 de maio). Nesta quarta-feira (20), caiu para 71%. A cidade tem 4.736 casos confirmados, 214 pessoas aguardam resultado e 492 estão em monitoramento. Outros 278 casos encontram-se ativos e 52 pessoas morreram.

Em Irecê, também na mesma região, a ocupação do Hospital Regional, que tem 10 leitos de UTI para covid-19, está em 100%. Trinta e seis pessoas encontram-se internadas, segundo a assessoria da prefeitura. Além dessa estrutura, a cidade também tem uma Upa específica para tratar o novo coronavírus, com 21 leitos – 18 clínicos e três com ventilação mecânica, todos ocupados.

Nesta semana, Irecê atingiu o número de 100 mortes. Hoje, são 108 óbitos, além de 188 casos ativos. Dentre as medidas restritivas da região, está o toque de recolher entre 20h e 5h da manhã, e a proibição de venda de bebidas alcóolicas aos finais de semana, até a próxima segunda-feira (24).

Ocupação de leitos de UTI por região da Bahia (fonte: SEI e Sesab)
Centro-leste: 90%
Centro-norte: 77%
Extremo Sul: 95%
Leste: 85%
Nordeste: 100%
Norte: 80%
Oeste: 86%
Sudoeste: 88%
Sul: 78%
Total da Bahia: 85%

Número de casos ativos em abril e maio (fonte: Sesab)
1/04: 16.158
2/04: 15.939
3/04: 15.069
4/04: 14.287
5/04: 14.206
6/04: 13.860
7/04: 13.941
8/04: 13.937
9/04: 14.464
10/04: 14.170
11/04: 15.118
12/04: 14.594
13/04: 15.230
14/04: 15.691
15/04: 16.139
16/04: 15.627
17/04: 16.371
18/04: 16.425
19/04: 15.576
20/04: 15.760
21/04: 16.027
22/04: 15.504
23/04: 15.726
24/04: 15.571
25/04: 15.534
26/04: 15.152
27/04: 15.627
28/04: 15.483
29/04: 15.915
30/04: 15.724
01/05: 16.253
02/05: 15.803
03/05: 16.253
04/05: 15.809
05/05: 15.824
06/05: 16.073
07/05: 16.822
08/05: 16.551
09/05: 16.094
10/05: 15.091
11/05: 15.430
12/05: 16.254
13/05: 16.890
14/05: 17.622
15/05: 17.707
17/05: 16.239
18/05: 16.404
19/05: 17.637
20/05: 18.558

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A Coordenadoria de Vigilância em Saúde (Covisa) da Secretaria Municipal de Saúde de São Paulo registrou dois casos de médicos que receberam uma terceira dose de vacina contra covid. De acordo com os registros, os médicos omitiram já estarem imunizados com duas doses de vacina para conseguirem novas aplicações do imunizante como reforço. As informações são da CNN Brasil.

Os casos ocorreram nos dias 27 de março e 17 de maio. Ambos foram denunciados ao Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp). A CNN acessou comunicados feitos pela direção da Covisa à Coordenação do Programa Municipal de Imunização pedindo orientação sobre o caso.

De acordo com os relatos, apesar de já ter recebido duas doses da Coronavac, nos dias 26 de janeiro e 26 de fevereiro, no Hospital Estadual de Sapopemba, o médico ortopedista Alexandre Felicio Pailo foi ao Mega Posto de vacinação do Clube Hebraica, no dia 17 de maio, para uma nova aplicação da vacina.

A denúncia, que também foi encaminhada ao Cremesp, indica que o médico omitiu a informação de ter recebido anteriormente as doses, e, como o sistema Vacivida, que contém os registros de pessoas vacinadas, estava oscilando, foi feito um registro manual da aplicação do imunizante, e em seguida Alexandre Felicio recebeu uma terceira dose, dessa vez, da vacina Pfizer.

“O mesmo foi questionado e orientado que, caso tivesse tomado dose anterior, não seria vacinado; porém, notando que o sistema não estava online, fez uso de tal recurso para se vacinar novamente”, disse a Direção Regional de Vigilância.

A CNN entrou em contato com o médico que confirmou ter tomado a terceira dose da vacina, mas contestou que tenha sido questionado por equipes de saúde se já havia tomado alguma dose anterior. O profissional que não quis dar entrevista, disse ser portador de doença autoimune e, por isso, não teria sido imunizado contra o novo coronavírus, mesmo com as duas doses da vacina recebidas.

Um outro caso foi registrado como erro de imunização, no dia 27 de março, em um mega drive-thru da Subprefeitura de M’Boi Mirim, na zona sul da capital paulista. Outro ofício da Covisa, também encaminhado ao Cremesp, diz que o médico Antônio Miguel Santiago dos Santos recebeu duas doses da Coronavac, nos dias 20 de janeiro e 12 de fevereiro, na Unidade Básica de Saúde Parque Reide (UBS), em Diadema.

Ainda assim, Antônio não disse que já estava imunizado contra a doença e uma terceira dose de Coronavac também foi aplicada novamente com a justificativa de instabilidade no sistema de registro de controle.

“No entanto, a UBS constatou que o usuário está ciente da sua prática, ou seja, ter mais de duas doses da vacina Covid-19 de forma intencional, visto ter realizado contato telefônico na UBS Zumbi dos Palmares, com o tom de intimidação informando que irá receber a 4ª dose (seja na UBS ou em qualquer lugar do MSP). Diante do exposto, encaminhamos o presente para as medidas cabíveis pertinentes a este conselho”, diz o coordenador da Covisa.

O médico Antônio dos Santos não foi localizado para comentar o caso. O Cremesp confirma que recebeu duas denúncias e apura os casos. As investigações correm sob sigilo por determinação da lei.


Em nota, a Prodesp, empresa de Tecnologia do governo de São Paulo e responsável pelo desenvolvimento do Vacivida, diz que, para garantir que a imunização seja feita por doses do mesmo fabricante, a plataforma possui trava que impede inclusive o registro de dose adicional. O órgão destacou que, mesmo diante de eventuais lentidões sistêmicas, a recomendação do governo é que o registro das doses seja feito posteriormente, de forma correta, e que a responsabilidade é de cada município.

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O Ministério da Saúde divulgou uma nova recomendação de vacinação para gestantes e puérperas - incluindo as sem fatores de risco adicionais - que tomaram a primeira dose da vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz. De acordo com o comunicado divulgado pela pasta nesta quarta (19), as grávidas devem aguardar o fim da gestação e do período puerpério (até 45 dias pós-parto) para receber a segunda dose e completar o esquema vacinal com o mesmo imunizante.

Além disso, a recomendação da pasta é de que apenas gestantes e puérperas com comorbidades sejam vacinadas contra a Covid-19. E somente com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan, ou a vacina da Pfizer/BioNTech.
Mesmo que não tenham doenças pré-existentes, grávidas e puérperas que já tenham recebido a primeira dose da vacina do Butantan ou da Pfizer, devem completar o esquema com o mesmo imunizante, no intervalo recomendado de quatro e 12 semanas, respectivamente.

A orientação é do Programa Nacional de Imunizações (PNI), após a suspensão temporária do uso do imunizante para esse público, por recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

De acordo com o Ministério da Saúde, até o dia 10 de maio, mais de 15 mil grávidas foram vacinadas com o imunizante da AstraZeneca no Brasil. A suspensão ocorreu após um “evento adverso grave”, quando uma grávida morreu após se vacina. No entanto, a possível relação com a vacina ainda é analisada. Antes da suspensão, 21 grávidas receberam vacinas de Oxford em Salvador.

Ministério pede atenção para sintomas

Ainda de acordo com a pasta, gestantes e puérperas que já receberam a vacina da AstraZeneca/Oxford/Fiocruz devem procurar atendimento médico imediato se apresentarem, nos 4 a 28 dias seguintes à vacinação, sintomas como falta de ar; dor no peito, inchaço na perna, dor abdominal persistente, sintomas neurológicos, como dor de cabeça persistente e de forte intensidade, borrada, dificuldade na fala ou sonolência, ou pequenas manchas avermelhadas na pele além do local em que foi aplicada a vacina.

O Ministério da Saúde ainda destaca que o benefício das vacinas em gestantes e puérperas se mantém favorável, e afirma que considerando que o risco de morte por covid-19 no Brasil foi 20 vezes superior ao risco de ocorrência de tromboses, em 2021.

Ainda de acordo com a pasta, as gestantes e puérperas pertencentes a outros grupos prioritários (trabalhadoras da saúde ou de outros serviços essenciais, por exemplo), poderão ser vacinadas após avaliação individual de risco e benefício a ser realizada em conjunto com o seu médico.

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O laboratório chinês Sinovac reduziu em mil litros a previsão de entrega da matéria-prima da vacina esperada pelo Instituto Butantan para retomar a produção da CoronaVac.

Em vez dos 4 mil litros de ingrediente farmacêutico ativo (IFA) planejados pelo governo paulista para o dia 26, devem desembarcar 3 mil de litros em São Paulo, o que é suficiente para fabricar 5 milhões de doses do imunizante.

A partir do momento da chegada da matéria-prima, o Butantan leva 20 dias para entregar a vacina envasada para o Ministério da Saúde. A cadeia de produção da CoronaVac está parada desde o dia 14, quando foi entregue o último lote do imunizante.

A redução no envio de IFA foi comunicada pelo laboratório chinês na terça-feira e confirmada nesta quarta-feira pelo diretor do Butantan, Dimas Covas. Se chegassem os 4 mil litros, o instituto poderia entregar 7 milhões de vacinas.

— Com isso, essa expectativa de entrega de 12 milhões para o ministério (da Saúde em maio) não se cumprirá e aguardamos a próxima remessa de matéria-prima — concluiu.

Apesar disso, Dimas disse acreditar que conseguirá cumprir o contrato com o Ministério da Saúde, que prevê um total de 54 milhões de doses até o fim de setembro.

O governador João Doria (PSDB) tem dito que o atraso na entrega da matéria-prima é motivada pelas declarações do presidente Jair Bolsonaro e de seus filhos sobre a China consideradas agressivas. O governo federal nega.

Questionado sobre o assunto no último domingo, o minsitro da Saúde, Marcelo Queiroga, afirmou que Bolsonaro tem "excelente relação" com a China e outros países parceiros.

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Nos primeiros 15 dias deste mês de maio, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-BA) registrou um aumento de 32% dos casos positivos para coronavírus.

De acordo com a diretora-geral da unidade, Arabela Leal, a taxa de positividade para a doença ficou em 49,27% na última semana. Ela também informa que houve um crescimento do número de amostras recebidas nos últimos dias.

“Na última média, a gente ficou com 49,27% de positividade na semana. De sábado para cá, nós tivemos um aumento muito grande no número de amostras. Entre sexta e segunda, nós recebemos mais de 18 mil amostras. Tivemos um volume grande em novembro, fevereiro e agora outra vez”, disse Arabela.

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