Três suspeitos de envolvimento em um esquema de pedofilia foram presos nesta quarta-feira (9) na Bahia - um no bairro do Bonfim, em Salvador, um em Santo Antônio de Jesus e Alagoinhas. As prisões em flagrante foram feitas pela Polícia Civil na operação nacional Luz na Infância 8, de combate à pedofilia.

Durante as buscas, também foram apreendidos dezenas de equipamentos de informática e arquivamente de dados, como notebooks, CPUs, HDs, pendrive se celulares. Todos seguirão para perícia no Departamento de Polícia Técnica (DPT).

“Todo material que possa ter sido utilizado para acesso e armazenamento de conteúdo relacionado com pornografia infantil deve ser analisado”, explica a delegada Simone Moutinho, titular da Dercca. O suspeito preso em Salvador, que tem 60 anos, foi levado para a unidade para ter o flagrante lavrado.

Os dois presos no interior foram levados para as sedes das coordenadorias das suas regiões. Um deles tem 32 anos e já trabalhou com manutenção de computadores. Ele foi preso em Santo Antônio de Jesus. O delegado Joaquim Souza, coordenador da 4ª Coorpin, diz que este homem fez download de material pornográfico com crianças recentemente.

O outro preso, de 43 anos, é técnico de informática e foi detido em Alagoinhas. O delegado Fábio Silva, da 2ª Coorpin, diz que a equipe fez uma busca minuciosa nos equipamentos e encontrou vídeos com conteúdo criminoso em aparelhos apreendidos na casa dele.

Os três presos foram autuados com base no artigo 241-B do Estatuto da Criança e do Adolescente, que fala sobre adquirir ou armazenar, por meio de fotografia, vídeo ou outra forma de registro cena de sexo explícito ou pornográfica envolvendo criança ou adolescente. A pena é de1 a 4 anos de reclusão e multa.

Publicado em Polícia

Um menino de 4 anos, de família indígena, morreu após ter sido atingido por uma picape na cidade de Pau Brasil, no sul da Bahia, na noite de quinta-feira (3). Enzo Gabriel Oliveira Santos foi imprensado na parede de uma casa, depois que o veículo desgovernado subiu a calçada. O garoto, da aldeia Catarina Paraguaçu da tribo Pataxó Hã hã hae, ainda foi retirado com vida por populares e levado para o hospital da cidade, mas não resistiu.

Segundo parentes de Enzo, o veículo do acidente, uma Toyota Hilux branca, era dirigido por uma mulher da tribo de Enzo que não tinha habilitação e estava tendo aulas de direção com o dono do carro. “A moça que atropelou é indígena, recém separada do primo de Enzo. É da mesma tribo. Já o rapaz não é indígena, mas é de uma família tradicional da cidade. Eles não foram encontrados. Não sabemos se fugiram ou aguardam a poeira baixar para se apresentarem”, disse a prima de garoto, a técnica de enfermagem Jossilene Santos Silva, 24.

De acordo com a Polícia Civil, o acidente foi registrado na Delegacia Territorial (DT) de Camacã, que apura o ocorrido. O garoto estava na calçada de casa, quando foi atropelado por um veículo. Ele chegou a ser socorrido para o Hospital Arlete Magalhães, onde morreu. “A condutora do carro foi identificada. Testemunhas serão ouvidas na unidade, que expediu as guias periciais. O veículo vai passar por perícia”, diz a nota, que não faz referência ao rapaz, que seria dono da picape.

Acidente
A tragédia aconteceu na Travessa Ivete Nogueira, no centro de Pau Brasil. Familiares de Enzo contaram que o menino voltava para casa, junto com a mãe e uma amiga dela. Eles desciam a rua e logo avistaram a picape descendo também. Quando perceberam que o veículo estava em alta velocidade, foram para o acostamento, em vão.

Descontrolado, o carro foi para mesma direção em que eles estavam. No susto, Enzo soltou a mão da mãe e subiu na calçada mais alta, ocasião em que o a Hilux atingiu o menino. “A picape ia bater numa moto e desviou e subiu a calçada pego meu primo”, contou Jossilene .

Enzo era o filho único de um casal. “A família toda está muito abalada. Ninguém esperava por essa. Uma criança saiu de casa alegre e na volta acontece isso. Quando a pessoa já está doente, já espera o pior. Outra coisa é algo repentino acontecer e tirar a vida de alguém assim, de uma forma tão trágica e ainda mais de uma criança”, desabafou a prima do garoto.

Por meio de nota, a Polícia Militar informou que, por volta das 17h de quinta-feira (3), uma guarnição da 62ª CIPM foi informada sobre um acidente de trânsito com vítima fatal na Travessa Ivete Nogueira, no município de Pau Brasil. No local, a guarnição constatou que a vítima havia sido socorrida por populares.

“O condutor não foi localizado. O veículo foi guinchado e levado para a delegacia para adoção das medidas legais cabíveis”, diz nota.

Até a manhã desta sexta-feira (4), o corpo de Enzo estava no Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade de Itabuna e aguarda familiares para liberação e sepultamento.

Publicado em Polícia

O grupo que ameaçou de morte a prefeita de Cachoeira, Eliana Gonzaga de Jesus, é alvo de uma operação da Polícia Civil na manhã desta quarta-feira (2). Estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, em imóveis na cidade de Cachoeira, nno Recôncavo Baiano.

Esta é a segunda ação deflagrada pela Secretaria da Segurança Pública com o objetivo de localizar os autores. A operação é liderada pela 4a Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Santo Antônio de Jesus).

"Estamos com as equipes empenhadas na investigação das ameaças contra a prefeita. Nossa linha de apuração, inicialmente, aponta para a participação de traficantes", declarou o titular da 4a Coorpin, delegado Joaquim Souza.

Na primeira operação, denominada de Cidade Heroica, dois traficantes foram presos e um terceiro comparsa acabou morrendo durante confronto.

Relembre o caso
Depois de se eleger em novembro do ano passado derrotando Fernando Pereira, o Tato (PSD), empresário forte da região que tentava se reeleger pela quarta vez, a atual prefeita vem sendo ameaçada de morte e já teve dois correligionários executados após à sua posse.

A primeira vítima foi Ivan Passos, morto em 17 de novembro, dois dias após a vitória de Eliana. A segunda vítima foi foi Georlando Silva, que era coordenador de obras da prefeitura, morto no mês passado, com 10 tiros. Além disso, a prefeita já recebeu ligações onde ouvia barulhos de tiros do outro lado da linha e foi seguida por homens em uma moto, que fugiram após intervenção da polícia.

De acordo com a gestora, as ameaças e os assassinatos tem o objetivo a renuncia de Eliana do cargo. No entanto, nascida e criada no bairro de Ipitanga, a prefeita filha de Cachoeira mostra confiança para seguir à frente da terra de bravos guerreiros, que deu o primeiro grito de Independência da Bahia e, consequentemente do Brasil. E é por isso, a sua ancestralidade à credencia à luta.

“Eu não vou renunciar. Eu não tenho medo. Junto com os meus ancestrais, aqui também pulsa a veia sindical, e muito forte e não sou covarde. A veia do sindicalista não recua”, disse ela, que já foi líder sindical e vereadora na cidade dois mandados (2009/2016).

Dois suspeitos por ameaças feitas à Eliana Gonzaga foram presos, segundo a Secretaria da Segurança Pública (SSP). Por meio de nota, a SSP disse que “no início deste ano, recebeu a prefeita e de imediato reforçou o patrulhamento com equipes da Polícia Militar, na sua residência, no local de trabalho e também em agendas externas”. “Destaca ainda que, após o encontro, a Polícia Civil deflagrou a Operação Cidade Heroica que culminou nas localizações de dois criminosos apontados como autores das ameaças”.

Publicado em Polícia

Mãe do médico Andrade Lopes Santana, 32 anos, Dometila Lopes, 56 anos, disse que perdoa Geraldo Freitas Junior, principal suspeito pela morte do filho, assassinado por quem dizia ser seu amigo, na Bahia. O corpo de Andrade foi achado na sexta (28) amarrado a uma âncora no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos. Ele foi sepultado na manhã de sábado em Araci, cidade baiana onde morava e trabalhava.

“Não existe outro caminho a não ser perdoar. O que é que eu vou fazer? Se Deus colocou no meu coração para perdoar, eu vou perdoar. O que ele coloca, ninguém tira. Vou fazer o quê? Sei que lá do lado de Jesus, meu filho diria: - perdoa, mãe. Não sinto ódio. Só que não é porque eu perdoei, que ele não vai pagar pelos atos que fez, seja lá o que aconteceu, o que ele for dizer sobre o porquê que fez, não justifica tirar a vida de alguém, principalmente, do meu filho", afirmou.

Nesse domingo (30), Dometila participou de uma missa. Ela disse ainda que acredita no trabalho da justiça para que Geraldo seja punido.

“Me perdoem se eu estou perdoando ele. Mas é a Justiça que deve puni-lo. Ele não vai sair tão cedo da cadeia. O único caminho é perdoar, se quer ir para o céu. O errado é querer fazer justiça pelas próprias mãos. Ele tem que ficar vivo para poder sentir a dor por ter tirado a vida de um filho que era doido para ser pai, que queria casar. Tirou essa chance do meu filho de prosseguir, de viver mais 30, 40, 50 anos, de estar aqui hoje entre nós”.

Andrade recebeu ainda uma homenagem na sua terra natal, na tarde desse domingo (30). Nascido na cidade de Brasiléia, no Acre, o médico foi lembrado às 16h (horário local) por amigos e parentes que se reuniram na Praça da Ponte, convocados a vestirem roupa branca e máscaras, para fazer um tributo ao rapaz.

"Eu estou muito feliz em ver o carinho que o povo tinha pelo meu filho e reconhecendo quem ele era. Era um menino muito alegre, prestativo e se ele tivesse vivo e se acontecesse algo com algum dos colegas, ele que estaria fazendo isso. Eu acho que o povo está reconhecendo e isso me conforta. Eu vou ficar em paz e espero a justiça na Terra. A gente não paga justiça com injustiça".

Graduado em uma faculdade privada da Bolívia, país vizinho ao seu estado natal, Andrade se formou e logo foi indicado por um amigo para trabalhar na Bahia, onde veio morar há cinco anos.

Uma tia dele contou que, nesse domingo, parte da família que veio à Bahia resolver as questões burocráticas ainda estava retornando para o Acre. A mãe, Dometila, e a irmã dele permanecem aqui no estado para tratar de questões restantes sobre os bens do médico.

Andrade foi aluno da Universidade Técnica Privada Cosmos (Unitepc), na cidade boliviana de Cochabamba, a quarta maior do país. A mãe se esforçou para pagar a mensalidade sem que ele precisasse trabalhar na Bolívia para se manter. A família ainda não sabe se o suspeito do crime, o suposto amigo Geraldo Freitas de Carvalho Junior, 32, estudou com ele na Unitepc. Até então, acredita-se que eles formaram amizade em Feira de Santana.

Ainda segundo a tia, o médico era muito querido e sempre fazia questão de estar presente nas festinhas e encontros de família. Mesmo já adulto, se manteve brincalhão. A tia disse que, em sua memória, ficam as histórias de infância de Andrade na sua casa de férias. Ela lembra que ele foi uma “criança danada”, que gostava de perturbar primos e primas mais novos.

"Se fosse brincar de amigo secreto, ele colocava aranha dentro da caixa de fósforo para assustar todo mundo. Quando chegava na hora de dormir, ele dormia na cama de cima, que era para as primas não se vingarem dele. A gente lembra muito de uma história de quando ele pegou o carro da tia e levou as primas mais novas para brincarem no rio e atolaram o carro na estrada de lama. Ele amava brincar”, recorda ela.

O médico estava desaparecido desde 24 de maio e foram feitas campanhas na internet e na imprensa para ajudar a encontrá-lo. O corpo de Andrade foi achado por pescadores na sexta-feira (28) amarrado a uma âncora em um rio em São Gonçalo dos Campos. Amigos fizeram o reconhecimento. Andrade morava no município de Araci e trabalhava em cidades da região, como Tucano, Caldas do Jorro e São Domingos. As investigações apontaram que ele foi até Feira de Santana para resolver alguma pendência no Exército.

Horas depois de o corpo ser encontrado, o suposto amigo dele, Geraldo Freitas Junior, foi preso acusado pela morte. Ele foi o responsável por prestar queixa do desaparecimento na delegacia, em Feira de Santana. Naquela ocasião, a polícia informou que ambos estudaram medicina juntos na Bolívia e depois vieram trabalhar no interior da Bahia. Segundo a família, o acusado chegou a levar a irmã de Andrade até o local onde o carro da vítima foi encontrado.

O CORREIO teve acesso aos registros policiais do depoimento de Geraldo, que declarou que conhecia Andrade há cinco anos. Segundo ele, o médico acreano gostava de frequentar a cidade de Feira de Santana para sair com amigos. Em 2020, Andrade teria contado a ele que tinha sido ameaçado em virtude de questões políticas na cidade de Araci e que, por esse motivo, queria adquirir uma arma. Ainda conforme o suspeito, Andrade o teria procurado porque sabia que ele era frequentador de clube de tiros.

Depois de algumas conversas, Geraldo então teria convencido Andrade a se inscrever em um desses clubes para ter direito à arma. O suspeito afirmou que vendeu uma pistola Glock G25, calibre .380, para o médico pelo valor de R$ 12 mil. A ida até Feira de Santana na data do desaparecimento teria sido para resolver alguma pendência em relação ao registro do armamento.

Delegado responsável por conduzir as investigações do caso, Roberto Leal afirmou em entrevista ao CORREIO que Geraldo se tornou o principal suspeito do crime por cair em uma série de contradições durante o depoimento.

Publicado em Polícia

O golpe do Pix tá aí e muita gente, sem querer, está se tornando vítima de criminosos. Foi só a novidade do mercado financeiro surgir que os golpistas aproveitaram para utilizá-la como mais uma forma de praticar furtos. Camila Dorea de Jesus, nora da assistente financeiro Rose Alves, 42 anos, perdeu mais de R$ 9,5 mil nessa história. O dinheiro era para comprar uma casa.

E ela não foi a única vítima: segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, os crimes cibernéticos triplicaram no estado em 2020, com relação a 2019, saltando de 119 para 313 (veja abaixo). E eles continuam acontecendo. Camila, por exemplo, foi vítima em 2021. Segundo Rose, o golpe contra a nora ocorreu em 21 de abril, por volta das 16h.

“Alguém acessou a conta dela e, de início, fez um Pix no valor de quase R$ 5 mil. Ela viu a mensagem, correu para tirar o restante do dinheiro da conta e, quando entrou no aplicativo, viu que eles já tinham tirado todo o resto”, lamenta. Até agora, a família não sabe como a transação foi feita.

“Ela fez um boletim de ocorrência e foi até a agência para ouvir o gerente dizer que não era com ele. Depois, passaram um número interno para ela fazer a denúncia e eles agendaram um horário para ela voltar para a mesma agência e falar com o mesmo gerente", conta.

De acordo com Rose, na segunda passada, o banco negou a possibilidade de ressarcir o valor. “Já entramos numa causa judicial contra o banco, pois foi muito sofrimento para eles juntarem esse dinheiro. Não foi algo da noite pro dia não. Eles ralaram muito”, completa a assistente financeiro.

Já do advogado Antônio Sedraz de Almeida Junior, 32, foram roubados R$ 1 mil. Também sem saber como, o valor foi transferido da sua conta Nubank para a de um desconhecido. O crime ocorreu em 6 de maio, às 13h36.

“Estava em casa tranquilo e, do nada, recebi a notificação no celular dizendo que tinha feito uma transferência desse valor. Três minutos depois, eu entrei em contato com a Nubank, que disse não poder fazer nada, pois a transação teria sido feita, segundo eles, do meu celular e da minha senha. Isso não é verdade”, lamenta o advogado.

Antônio fez um Boletim de Ocorrência na 11ª Delegacia de Policia Civil, em Tancredo Neves. “Por coincidência, no dia em que roubaram os R$ 1 mil, tinha feito três transferências tirando dinheiro da conta da Nubank e liguei para o banco para solicitar o cancelamento da compra por aproximação, mas não tenho a mínima ideia de como o crime aconteceu, pois o telefone estava no meu bolso”, disse.

Em nota, a Policia Civil disse que a investigação está em andamento e que, no momento, não dispõe de detalhes da apuração. Já o Nubank afirmou que o pedido do cliente foi analisado por duas instâncias de atendimento, com retorno e comunicações sobre os fatos por meio do SAC e da Ouvidoria.

“Para preservar o sigilo bancário do cliente, se ainda houver qualquer dúvida, recomendamos que ele entre em contato com a nossa equipe de atendimento via chat, e-mail, telefone ou redes sociais, 24 horas por dia e em qualquer dia da semana”, diz nota oficial.

Como acontecem?
De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as tentativas de fraudes registradas com o Pix foram identificadas como os chamados ataques de phishing. Tratam-se de técnicas de engenharia social que consistem em enganar o indivíduo para que ele forneça informações confidenciais, como senhas e números de cartões.

Foi isso que quase aconteceu com a comerciante Rosimeire da Silva, 42, moradora de Cajazeiras. Ela recebeu um e-mail do banco que informava a chegada de uma transferência Pix de cerca de R$ 2 mil. Como ela é comerciante e trabalha com esse formato de transferência, não suspeitou, a princípio.

“No e-mail tinham todos os detalhes do banco e o link que dizia para eu clicar e visualizar minha conta”, lembra. Rosimeire clicou no link, mas, quando foi pedido para ela digitar sua senha, desconfiou que poderia ser um golpe.

“Liguei para meu esposo e perguntei se ele tinha algum Pix pra receber nesse valor e ele disse que não tinha. Então, entrei no Google e vi vários alertas desse tipo de golpe. Fiquei com medo de alguém ter roubado meus dados”, diz.

Escolha do formato
A escolha dos bandidos pelo Pix para os golpes é explicada pela facilidade em ser realizada a transferência. O valor cai na conta de destino em até 10 segundos, independente do dia ou horário que foi feita a transação.

Segundo o Banco Central, 75 milhões de brasileiros já usaram o Pix para transferir ou receber dinheiro desde novembro de 2020, quando o serviço foi lançado. Em abril, a quantidade de Pix superou a de Transferências Eletrônicas Disponíveis e Documentos de Crédito somados.

“Os bancos estão usando toda sua expertise com todos os sistemas de pagamentos, como TED e DOC, transferências, boletos, e agora para o Pix. Para isso, conta com as melhores tecnologias e o que há de mais moderno em relação à segurança cibernética e prevenção a fraudes”, defende a Febraban. Segundo a instituição, R$ 24,6 bilhões são investidos anualmente em tecnologia pelos bancos.

De acordo com o delegado Delmar Bitencourt, especialista em crimes cibernéticos e responsável pelo Laboratório de Inteligência Cibernética da Polícia Civil da Bahia, os golpes envolvendo o Pix estão se tornando comuns no estado.

“O que acontece é a pessoa perder a conta, entregar ao bandido, e ele faz o Pix para transferir o valor. Também tem o caso de alguém se passar por outra pessoa e induzir o contato a fazer uma transferência por Pix”, diz.

A técnica em eletrotécnica Talita Gonçalves, 21, viveu uma situação curiosa. Pelo Instagram, ela teve acesso ao perfil de Alessandra Menezes, que alegava passar por dificuldades financeiras e pedia doação de R$ 1.

Sensibilizada, Talita fez o Pix. Depois, descobriu que se tratava de um perfil fake. “O problema não foi o valor e sim que eu saí compartilhando as publicações para poder ajudá-la”, lamenta.

Em Jequié, polícia prendeu funcionário de banco por dar golpe do Pix
No dia 20 de maio, o funcionário de uma agência bancária, cujo nome não foi revelado, foi capturado por furto qualificado mediante fraude. Ele trabalhava em Jequié, cidade a quase 200 quilômetros de Salvador. De acordo com a investigação dos policiais da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), o rapaz transferiu R$ 20 mil da conta de um cliente por Pix.

Primeiro, o funcionário teria sido acionado pelo banco para colher a assinatura de um cliente que estava com problemas de locomoção e desejava fazer um empréstimo bancário. Foi nesse momento que ele teve acesso as senhas da vítima e furtou os R$ 20 mil.

“Ele, de posse da senha do cliente, baixou o aplicativo do banco e passou a acessar sua conta por meio virtual. Ele pediu ajuda de um vizinho, que estava vendendo o carro, para transferir via Pix a quantia, para que não levantasse suspeita. O vizinho ganhou uma quantia para ceder sua conta”, relatou o titular da DRFR, o delegado Ivan Rodrigues Lessa.

O autor confessou o crime, e a Polícia Civil conseguiu recuperar a quantia de R$ 10 mil. "O autor assumiu o compromisso de ressarcir o valor restante à vítima. Ele responderá por furto qualificado mediante fraude e ficará à disposição da justiça”, explicou.

Na Bahia, crimes cibernéticos triplicaram em 2020
Nem só de Pix vivem os golpistas. Na Bahia, em 2020, foram registrados 313 crimes cibernéticos, quase o triplo do ano anterior, quando apenas 109 ocorrências foram registradas, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA). O bancário Sérgio Curcino, 56, foi uma dessas vítimas. Ele teve o WhatsApp clonado, um dos crimes mais comuns atualmente no meio digital.

Segundo os dados da empresa de segurança digital Psafe, 5 milhões de pessoas no Brasil sofreram uma tentativa de ter o WhatsApp clonado em 2020. Na prática, os golpistas conseguem o número do cidadão, induzem a vítima a passar o código que ativa o aplicativo e invadem a conta. Depois, passam a pedir dinheiro em nome da vítima. No caso de Sérgio, um vizinho chegou a depositar R$ 1,5 mil para os criminosos.

“Ele viu o pessoal dos grupos que eu tinha mais conversa e começou com um ‘bom dia, tudo bem?’. Algo padrão. Disse que eu estou com dificuldade de fazer transferência e pediu para o vizinho fazer no meu lugar. Algo bem objetivo. Isso eu não consigo saber que está acontecendo. Eu só confirmei que tinha sido clonado quando outro vizinho me ligou perguntando se eu tinha passado algum ‘zap’ pra ele”, lembra.

Com a fraude constatada, Sergio disse ter entrado em contato com o próprio WhatsApp para que o aplicativo fosse bloqueado. No entanto, ele não fez nenhuma denúncia para que a polícia investigasse o caso. “Eu, particularmente, não denunciei por causa da correria, mas reconheço que é importante fazer. Meu vizinho também acabou não denunciando”, lembra.

Clonagem é o mais comum
Diretor do dfndr lab, laboratório especializado em segurança digital da PSafe, Emilio Simoni explica que a clonagem do WhatsApp, embora seja um dos golpes mais comuns atualmente, não é o único. “Há uma diversidade de golpes no Brasil e isso deixa ainda mais difícil o trabalho de quem tem que lidar com isso. Se formos falar sobre todos, vira uma enciclopédia”, diz. O delegado civil Clodovil Soares, especialista em Ciências Criminais e professor da Rede UniFTC, concorda com Simoni.

“Quando a gente fala em crime de internet, é comum as pessoas atentarem aos que têm prejuízo econômico. A polícia é mais cobrada por isso, mas não podemos esquecer dos outros delitos cibernéticos que afetam a honra das pessoas e, na pandemia, têm feito diversas vítimas. É o caso dos crimes de divulgação de fotos íntimas, vídeos e difamação pelas redes sociais, por exemplo”, lembra.

Em Buerarema, cidade localizada no sul da Bahia, Clodovil conduz investigações de crimes digitais com o apoio do setor especializado da SSP. “A sensação que eu tenho é que foi um aumento significativo de crimes cibernéticos. Tem mais pessoas procurando a delegacia para relatar que foi vítima de algum golpe, por exemplo”, relata.

Denunciar é fundamental
Não denunciar quando se é vítima de um crime digital, como fez o bancário Sérgio Curcino, é justamente a atitude não recomendada pelos especialistas. Os números pdoeriam ser ainda maiores se as pessoas, de fato, registrassem as ocorrências “A gente incentiva o registro da ocorrência, pois é uma forma de providenciar políticas para melhor atender a esse problema. Há um aumento de demanda e é necessário termos mais policias formados na área cibernética e investimento nos equipamentos tecnológicos. É o que temos feito”, disse o delegado Delmar Bitencourt.

“Na maioria dos casos, a gente pode chegar à autoria. Quem pratica esses crimes se engana em pensar que está no anonimato. Alguns obstáculos de natureza mais técnica são, por exemplo, a quebra de um sigilo, que demora um pouco para sair. Mas, em linhas gerais, a polícia tem o mecanismo para identificar os autores”, argumenta.

O estudante Matheus Mota, 30, foi um dos que confiaram na importância de denunciar. Ele sofreu um golpe ao tentar vender um Playstation 4 pelo site Mercado Livre em dezembro de 2020. Seu prejuízo foi em torno de R$ 2 mil.

“Eu recebi o contato de alguém interessado que queria meu número de WhatsApp. Eu dei, ele entrou em contato comigo, fez várias perguntas sobre o aparelho e, por fim, pediu o link da compra e meu e-mail. Um dia depois, ele falou que tinha feito o pagamento e disse que eu receberia um e-mail em breve. Eu recebi, mas era algo falso e não me dei conta. Coloquei o Playstation na transportadora e o rapaz sumiu”, relata.

Como o endereço para qual o vídeo game foi destinado era em São Paulo, Matheus fez a denúncia pela delegacia digital desse estado, mas até agora não obteve nenhum retorno. O diretor do laboratório especializado em segurança digital da PSafe, Emilio Simoni, explicou que esse é um golpe comum. “Não basta a pessoa ter um antivírus instalado. Tem que ter a conscientização, saber como os golpes funcionam, se informar”, defende.

Sancionada lei que prevê pena de até quatro anos para crime virtual
O presidente Jair Bolsonaro sancionou nesta sexta-feira (28), lei que torna mais rigorosas as punições para crimes cometidos na internet. A pena para "hacker", ou seja, quem invade o dispositivo eletrônico de outra pessoa ou instituição, foi aumentada de um para quatro anos de prisão. Também cresceu a pena de quem comete furto e estelionato de forma eletrônica ou pela internet.

Se o invasor tomar posse de conteúdo de comunicações eletrônicas privadas, segredos comerciais ou industriais, informações sigilosas, ou controlar remotamente o dispositivo invadido, a pena agora passará a ser de reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Antes, era de reclusão de seis meses a dois anos e multa.

O crime de furto qualificado mediante fraude, por meio de dispositivo eletrônico ou informático terá pena de quatro a oito anos e multa, que poderá ser aumentada em um terço a dois terços, se praticado mediante a utilização de servidor mantido fora do território nacional, e será majorada de um terço ao dobro, se o crime for praticado contra idoso ou pessoa vulnerável.

Também para o crime de fraude eletrônica, a pena será de reclusão, de quatro a oito anos, e multa. O delegado Delmar Bitencourt classcifica a nova legislação como algo positivo. “Com certeza, vai melhorar a nossa atuação e dará mais agelidade ao processo de investigação”, afirma.

Confira alguns dos principais golpes aplicados atualmente envolvendo, ou não, o Pix (Com informações da Febraban):

1 - Golpe da clonagem do Whatsapp: Entre os meios usados pelos bandidos está o Whatsapp. Os criminosos enviam uma mensagem pelo aplicativo fingindo ser de empresas em que a vítima tem cadastro. Eles solicitam o código de segurança, que já foi enviado por SMS pelo aplicativo, afirmando se tratar de uma atualização, manutenção ou confirmação de cadastro.

Com o código, os bandidos conseguem replicar a conta de WhatsApp em outro celular. A partir daí, os criminosos enviam mensagens para os contatos da pessoa, fazendo-se passar por ela, pedindo dinheiro emprestado por transferência via Pix.

Uma medida simples para evitar que o WhatsApp seja clonado é habilitar, no aplicativo, a opção “Verificação em duas etapas” (Configurações/Ajustes > Conta > Verificação em duas etapas). Desta forma, é possível cadastrar uma senha que será solicitada periodicamente pelo app. Essa senha não deve ser enviada para outras pessoas ou digitadas em links recebidos.

2 - Golpe de engenharia social com Whatsapp: Em outra fraude que usa o Whatsapp, o criminoso escolhe uma vítima, pega sua foto em redes sociais, e, de alguma forma, consegue descobrir números de celulares de contatos da pessoa. Com um novo número de celular, manda mensagem para amigos e familiares da vítima, alegando que teve de trocar de número devido a algum problema, como, por exemplo, um assalto. A partir daí, pede uma transferência via Pix, dizendo estar em alguma situação de emergência.

Nesta fraude, o bandido nem precisa clonar o whatsapp da pessoa, e usa a estratégia de pegar dados pessoais da vítima e de seus contatos. A FEBRABAN alerta que é preciso ter muito cuidado com a exposição de dados em redes sociais, como, por exemplo, em sorteios e promoções que pedem o número de telefone do usuário.

Ao receber uma mensagem de algum contato com um número novo, é preciso certificar-se que a pessoa realmente mudou seu número de telefone. O cliente sempre deve suspeitar quando recebe uma mensagem de algum contato que solicita dinheiro de forma urgente. Não faça o Pix ou qualquer tipo de transferência até falar com a pessoa que está solicitando o dinheiro.

3 - Golpe do falso funcionário de banco e das falsas centrais telefônicas: Outros golpes praticados são os do falso funcionário e falsas centrais telefônica de instituições financeiras. O fraudador entra em contato com a vítima se passando por um falso funcionário do banco ou empresa com a qual o cliente tem um relacionamento ativo. O criminoso oferece ajuda para que o cliente cadastre a chave Pix, ou ainda diz que o usuário precisa fazer um teste com o sistema de pagamentos instantâneos para regularizar seu cadastro, e o induz a fazer uma transferência bancária.

É importante ressaltar que os dados pessoais do cliente jamais são solicitados ativamente pelas instituições financeiras, tampouco funcionários de bancos ligam para clientes para fazer testes com o Pix. Na dúvida, sempre procure seu banco para obter esclarecimentos.

4 - Golpe do bug do Pix: Outra ação criminosa que está sendo praticada por quadrilhas e que envolvem o Pix é o golpe do “bug” (falha que ocorre ao executar algum sistema eletrônico). Mensagens e vídeos disseminados pelas redes sociais por bandidos afirmam que, graças a um “bug” no Pix, é possível ganhar o dobro do valor que foi transferido para chaves aleatórias. Entretanto, ao fazer este processo, o cliente está enviando dinheiro para golpistas.

5 – Golpe dos perfis falsos em redes sociais. Contas fakes de restaurantes, hotéis e pousadas são feitas e oferecem promoções ou reservas em que a vítima precisa transferir algum valor com antecedência.

6 - Golpe do boleto falso. Os criminosos fazem boletos muito parecidos com o da empresa que a vítima é cliente. Eles enviam esse documento por e-mail, às vezes de forma aleatória, na esperança de que alguém ache que o boleto é verdadeiro e faça o pagamento.

7 - Golpe nos aplicativos de namoro. Pessoas criam contas, algumas vezes falsas, e entram em contato com outros usuários. Eles mantêm um contato íntimo via redes sociais, às vezes com o envio de fotos íntimas, que depois são usadas para extorsão. Há também os casos em que a vítima é induzida a transferir dinheiro para o golpista na esperança de encontrá-lo pessoalmente.

8 - Golpe do consórcio/imóvel barato. Os golpistas criam falsos anúncios de venda de imóveis em aplicativos ou redes socais. Com o preço barato, eles atraem os clientes a entrarem num consórcio e não a comprar o imóvel indicado na propaganda.

9 - Golpe na venda de produtos pela internet. O vendedor anuncia um produto, geralmente eletrônico ou de rápida saída, e encontra um suposto interessado, que envia um e-mail para o vendedor dizendo que já realizou o pagamento. Esse e-mail é enviado como se fosse da empresa onde o produto foi anunciado. O vendedor envia a mercadoria para o endereço do golpista, que nunca fez a compra.

Publicado em Polícia

O homem preso, suspeito de matar o médico Andrade Lopes Santana, de 32 anos, que estava desaparecido desde o dia 24 de maio, e foi encontrado amarrado a uma âncora, era o amigo da vítima, que registrou o desaparecimento na delegacia.

Segundo informações da delegacia, o suspeito também é médico e chegou a receber os familiares da vítima, que moram no Acre, quando eles chegaram na Bahia.

Ainda segundo a polícia, o suspeito e o médico tinham combinado de andar de moto aquática. A versão apontada pelo colega de Andrade na delegacia, era de que o amigo tinha comentado que sairia para comprar a moto. Essa versão foi descartada.

O suspeito foi preso, no início da tarde desta sexta, em Feira de Santana, distante 100 km de Salvador. A Polícia Civil confirmou que o corpo encontrado no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos na manhã desta sexta-feira (28), é do médico Andrade Lopes Santana.

O corpo de Andrade foi encontrado no Rio Jacuípe, e até então, a polícia não tinha confirmado que era do médico, mas informou que o corpo tem características semelhantes à Andrade.

O homem suspeito pelo crime, que não teve a identidade divulgada, foi preso por equipes da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Feira) e da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana, enquanto estava em casa no bairro da Santa Mônica. Entretanto, a polícia informou que a motivação do crime está sendo apurada.

Desaparecimento

Andrade havia desaparecido na segunda-feira (24), depois de sair de Araci, a 220 km de Salvador, com destino a Feira de Santana. Natural do Acre, o médico se mudou para à Bahia em 2016, para exercer a medicina.

Ele saiu de casa sozinho, pouco depois de meio-dia de segunda, para comprar uma moto aquática e encontrar com um amigo, no Rio Jacuípe, em Feira de Santana. O amigo disse que ele chegou a enviar uma mensagem que dizia que tinha entrado na cidade. Desde então, não foi mais visto e nem deu notícias.

O veículo dirigido pelo médico foi achado por policiais rodoviários na região de Conceição do Jacuípe, na BR-101, no mesmo dia em que ele desapareceu. O carro estava ao lado de um barranco, trancado e sem marcas de acidente.

As informações foram dadas por amigos, que procuraram a polícia, pois o médico não tinha parentes na Bahia. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Feira de Santana, pelo amigo de Andrade.

Na madrugada de quinta-feira (27), a mãe dele, Domitília Lopes, e mais seis pessoas da família, chegaram em Feira de Santana, para acompanhar as investigações sobre o desaparecimento do médico.

Publicado em Polícia

O suspeito de matar o médico Andrade Lopes Santana, de 32 anos, que estava desaparecido, foi preso na tarde desta sexta-feira (28) em Feira de Santana. O corpo do médico foi encontrado momentos antes da prisão, no Rio Jacuípe, no município de São Gonçalo dos Campos, com uma marca de tiro na nuca.

A prisão, que ocorreu na casa do suspeito, no bairro da Santa Mônica, foi realizada por equipes da 1ª Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/Feira) e pela Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos de Feira de Santana. Ainda não há informações sobre a motivação do crime.

Andrade desapareceu na segunda-feira (24), depois de sair de Araci com destino a Feira de Santana. Natural do Acre, o médico não tinha parentes na capital baiana e contou com amigos para auxiliar na investigação.

Ele teve o corpo amarrado a uma âncora, também localizada pelos policiais, antes de ser jogado no rio. O delegado Roberto Leal, coordenador da 1ªCoorpin, que acompanha o caso, informou que amigos identificaram o corpo como sendo do médico.

Investigação
Na terça (25), um colega de Andrade, também médico, prestou queixa na 2ª Delegacia Territorial de Feira de Santana, comunicando o desaparecimento de Andrade. De acordo com o delegado Roberto Leal, as investigações foram iniciadas naquele dia. Andrade é natural do Acre, e não tem parentes na Bahia. Ele trabalha nas cidades baianas de Araci, Tucano, Jorro e São Domingos.

“Foi feito o registro da ocorrência e iniciou-se uma coleta de dados que podem levar a indicação do paradeiro do médico. Sabemos que ele saiu dia 24 com destino a cidade de Feira de Santana, onde visitaria alguns amigos e iria realizar um negócio aqui nesta cidade. Por volta das 12h ele não mais foi encontrado por seus amigos, inclusive, se ausentou do serviço que seria escalado como médico. Por volta das 18h, o veículo dele foi encontrado pela Polícia Rodoviária Federal já na cidade de Conceição do Jacuípe, abandonado e trancado”, disse o delegado na ocasião.

O delegado informou que não havia indicativo de que o médico sofresse algum tipo de ameaça. “É realmente algo estranho. É uma pessoa dedicada ao trabalho como se percebe pelas informações coletadas com os amigos e pessoas mais próximas, e que não tem nenhum relato que indicasse ser vítima de crime. Vamos seguir com todas as diligências necessárias para localizá-lo. Não podemos descartar nenhuma hipótese, neste momento. Trata-se de uma pessoa que não havia nenhum indicativo de que tivesse sofrido algum tipo de ameaça, nem tivesse se envolvido em algum tipo de problema que gerasse algum tipo de vingança, e a gente acaba descartando essas situações, e se aproximando mais de um desaparecimento que pode ser em virtude de crime contra o patrimônio. O aparelho celular e objetos pessoais não foram encontrados, indicando que esses pertences podem ter sido subtraídos. Nossa linha inicial é de que é um crime contra o patrimônio”, disse o delegado.

Um amigo do médico imformou à polícia que ele teria cancelado um almoço com uma mulher para almoçar com um outro amigo, e que teria marcado de encontrar a mulher para jantar. Segundo o amigo que teria marcado o almoço com Andrade, ele chegou a enviar uma mensagem avisando que havia chegado ao local combinado, no Rio Jacuípe, mas o amigo não o encontrou. Após esta mensagem, o médico não respondeu e nem atendeu ligações.

Publicado em Polícia

Um corpo foi encontrado no Rio Jacuípe, em São Gonçalo dos Campos, a cerca de 120 km de Salvador, na manhã desta sexta-feira (28), e a polícia investiga se é do médico Andrade Lopes Santana, desparecido desde segunda-feira (24), quando saiu de Araci com destino a Feira de Santana.

Segundo o delegado Roberto Leal, da Coordenadoria Regional de Polícia do Interior (Coorpin/de Feira de Santana), que investiga o caso, o corpo tem características semelhantes ao do médico, mas ainda não há confirmação.

Uma equipe do Departamento de Polícia Técnica (DPT) irá realizar a perícia para identificação do corpo.

O médico tem 32 anos e é natural do Acre. Ele mora em Araci, 220 km distante da capital, e, segundo informações de colegas, teria ido a Feira de Santana encontrar amigos e comprar uma moto aquática. Desde então, não há notícias.

O carro de Andrade chegou a ser encontrado às margens da BR-101, em Conceição do Jacuípe, sem marcas de acidente e com as portas trancadas.

A mãe dele, Domitília Lopes, e outras seis pessoas da família chegaram a Feira de Santana e auxiliam nas investigações do desaparecimento do médico.

“Estou muito aflita, muito ansiosa. Meu filho desapareceu, e a gente está sofrendo muito. Ninguém sabe se está comendo, se está doente, se está mal, o que fizeram, onde está, o que aconteceu”, disse a mulher.
Ela destacou a lembrança de quando ele saiu da cidade de Epitaciolândia, interior do Acre, para exercer a medicina na Bahia, em 2016.

"Saiu de casa sozinho com o carro, colocou a mala e veio trabalhar aqui na Bahia”, relembra.

Desaparecimento

Andrade mora no município de Araci, cidade a cerca de 220 km de Salvador, mas trabalha em localidades da região nordeste da Bahia (Tucano, Caldas do Jorro e São Domingos, além de Araci).

Ele saiu de casa sozinho, pouco depois de meio-dia de segunda, para comprar uma moto aquática e encontrar com um amigo, no Rio Jacuípe. O amigo disse que ele chegou a enviar uma mensagem que dizia que tinha entrado em Feira de Santana. Desde então, não foi mais visto e nem deu notícias.

O veículo dirigido pelo médico foi achado por policiais rodoviários na região de Conceição do Jacuípe, na BR-101, no mesmo dia em que ele desapareceu. O carro estava ao lado de um barranco, trancado e sem marcas de acidente.

As informações foram dadas por amigos, que procuraram a polícia, pois o médico não tem parentes na Bahia. O caso foi registrado na 2ª Delegacia de Feira de Santana, pelo amigo de Andrade.

 

Publicado em Polícia

O grave atravessa a mais espessa parede e faz tudo trepidar. Na mesma batida estremece o que há de vidro e alumínio na casa. O desconforto é tão grande, que o traseiro pulsa na mesma frequência. “Aqui em casa, as paredes são antigas, 60 cm de largura, e, ainda assim, o barulho não deixa ninguém dormir. Sacode tudo. A sensação é de um trio elétrico dentro de casa. Quando vamos dormir, a gente sente o travesseiro tremer”, relata uma moradora da Rua Presidente Vargas, em Itapuã. Segundo ela, todas as sextas-feiras tem paredão na rua, que é estreita e margeada por casas. “É um inferno!”, desabafa.

Mais de 1,3 mil festas e paredões como esse foram encerradas em apenas três meses no território baiano pela Polícia Militar da Bahia (PM-BA). De 19 de fevereiro até 15 de maio, foram exatamente 1.329 eventos desse tipo finalizados, de acordo com dados da Secretaria de Segurança Pública do Estado (SSP-BA). Vinte e um deles aconteceram no dia 15 de maio. A PM-BA também fez 367 autuações em situações de tumulto, no mesmo período, e fechou 17.632 estabelecimentos.

Segundo a moradora de Itapuã, antes da pandemia, o paredão acontecia na Praça Dorival Caymmi. Mas, com a intensificação das operações de combate à poluição sonora da prefeitura, como medida de enfrentamento à covid-19, o paredão foi transferido para a Rua Presidente Vargas, que fica na localidade conhecida como Baixa da Gia. “Desde então, não tivemos paz. Dorme à noite nas sextas é um milagre!”, disse.

Em Salvador, Itapuã é o bairro líder em denúncias de poluição sonora, de acordo com a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur). Das 11.937 denúncias feitas ao órgão entre janeiro e maio de 2021, 353 delas foram para o bairro de Vinícius de Moraes. O segundo no ranking é Paripe (320), seguido de Pernambués (302), Boca do Rio (289) e Liberdade (280). No total, 422 equipamentos de som foram apreendidos. No mesmo período do ano passado, foram registrados 19.348 casos.

A moradora contou que responsáveis pela promoção da “festa” começam a fazer a divulgação no início da semana nas redes sociais. “Espalham cards sem muito detalhe e só um número para as pessoas saberem o dia e o horário”, contou. A bagaceira tem começado sempre a partir das 22h, bem no horário do toque de recolher estabelecido pelo governo do estado. A depender da quantidade de gente, vai até 07h, 08h até 10h do sábado. De acordo com ela, na última sexta do mês de abril, havia um público de 500 pessoas embaladas não somente pelo som grave que saia das porta-malas de três carros.

“Nessas festas vem gente de todo o canto e de todo o tipo. Vem o pessoal de Itinga, Bairro da Paz, Alto do Coqueirinho, Fazenda Cassange, gente de Cajazeira, são jovens, muitos adolescentes, em busca de bebida, sexo e drogas”, declarou. Ela disse que já perdeu as contas de testemunhar situações indelicadas em frente à sua porta. “Já presenciei casais brigando, fazendo sexo, pessoas consumindo cocaína, vomitando... Certa vez, uma menina passou tão mal, vomitava tanto, que abri a porta e dei água para ela, porque, apesar de tudo, tenho filho adolescente e a gente se compadece”, contou a moradora.

Um outro morador da rua entrevistado pelo CORREIO disse que certa vez pediu para um dos responsáveis pelo paredão que diminuísse o volume do som. “Naquele dia, no segundo semestre do ano passado, estava impossível ficar em casa. Parecia que as paredes iam desabar e precisava dormir, pois ia trabalhar cedo. Fui até lá e pedi educadamente para que o dono diminuísse, mas ele não só negou, como tirou foto minha e de minha casa, como forma intimidação. Então, liguei para a polícia, que acabou a bagunça. Mas, na semana seguinte, tinha outro paredão lá”, contou.

São Tomé de Paripe
O problema dos paredões é sentido também por quem mora na outra ponta de Salvador. Em São Tomé de Paripe, região do subúrbio, o bicho pega aos sábados. A orla à noite é toda por carros, que muitas vezes já estavam ali durante o dia. “Essa turma se reúne para beber 15h, 16h. Começa com três, cinco, depois já tem 10, 15. Quando chega à noite, vira um Carnaval de gente. As pessoas tomam a rua de uma forma, que os moradores sequer conseguem sair de suas casas. Tirar o carro da garagem é impossível”, contou um morador.

Ele relatou que é comum em dias de paredão atravessar o mar de gente carregando um vizinho que passou mal porque a ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) não consegue chegar ao endereço informado. “Eles não deixam a ambulância passar, ameaçam quebrar tudo e quem sofre somos nós. A polícia chega, dispersa tudo mundo, mas basta as viaturas saírem, para voltar tudo novamente”, contou.

Pernambués
Quem mora em Pernambués raramente consegue um boa noite de sono nos finais de semana. Isso porque moradores da Rua Escritor Edison Carneiro é tomada por carros de som estacionados próximo de um estabelecimento, o Pastel da Say. Segundo os moradores, a situação se repete há várias semanas, sempre nas madrugadas de sexta a domingo, o que impossibilita o sono de crianças, idosos e qualquer pessoa que more próximo ao local de onde os paredões estrondam seus poderosos aparelhos de som. “E para completar, no dia seguinte é uma porcaria só. As portas das casas e do comércio ficam com um fedor de mijo, vômito, até fazes já encontramos. Copos plásticos, garrafas, camisinhas, droga espalhada. Um caos”, disse mais uma moradora.

Tráfico
De acordo com uma fonte da Sedur, a grande maioria das denúncias de paredões tem relação com o tráfico de drogas. Ou seja, traficantes estariam por trás financiando essas aglomerações. “Isso foi o que nós constatamos. Por conta da pandemia, as festas foram proibidas como medida de combate à proliferação do vírus. Logo, o tráfico viu nas festas de paredão, que já acontecia antes, mas em menor frequência, a forma de escoar a droga”, disse a fonte.

A fonte disse que exemplos não faltam. “Certa vez, um comboio da Polícia Militar foi recebido a tiros no Arenoso, quando foi para encerrar um paredão que tinha mais de mil pessoas. No complexo do Nordeste de Amaralina e em São Caetano também tivemos casos semelhantes. A gente vem percebendo o aumento das aglomerações como forma do tráfico tirar o prejuízo nessa pandemia. Logo, é possível encontrar um monte de gente armada. Os vídeos e fotos que circulam nas redes sociais estão aí para mostrar tudo isso”, disse o agente.

Ele falou ainda que os relatos das pessoas que não obrigadas a conviver com os paredões são desesperadores. “São moradores de bem, que trabalham o dia inteiro e que precisam de paz para começar o dia seguinte, pessoas com avós em casa, parentes doentes, gente que não tem para onde ir e que vai na Sedur se acabando no choro porque não aguenta mais. Gente dizendo que está à beira de cometer uma loucura. Fazemos o que podemos. Vamos até o local com a polícia. Mas basta a gente dar as costas e começar tudo de novo. Tivemos relatos de pessoas que abandonaram suas casas”, contou.

Fiscalização
A subcoordenadora de fiscalização sonora da Sedur, Márcia Cardim, ressalta que os paredões são proibidos de ocorrer com ou sem pandemia. Seja por paredes de som, ou no porta-malas de veículos. Já em um contexto pandêmico, nenhum som em via pública está permitido.

“Nenhum tipo de som em logradouro público está sendo autorizado, independentemente de ser caixa de som ampliada, veículo com som pequeno, não pode. Também não pode festa, independentemente do índice sonoro, do número de pessoas. Passou de 22h, a gente solicita que o cidadão se recolha, por conta do toque de recolher. Se não tiver passado de 22h ainda, a gente orienta sobre o uso de máscara, distanciamento, conversa e dispersa as pessoas e a aglomeração”, esclarece Cardim.

A penalidade pode variar de R$ 1.068 a R$ 168 mil. Se a pessoa cometer o crime mais de uma vez, pagará o dobro da primeira multa. “Autuamos o infrator pelos índices a depender do permitido ou pela falta do alvará. Ele só pode retirar o bem após o pagamento da multa ou se houver nulidade do processo, por algum vício. O valor da multa varia a depender do local, horário, altura do som, dos decibéis acima do permitido, de acordo com a tabela dentro da lei”, orienta.

Além da multa, a pessoa é conduzida à delegacia por desrespeitar “o sossego e ordem pública” e por “crime ambiental”, e responderá criminalmente. Os bairros mais denunciados são os periféricos, como já mencionado. Porém, a Pituba, por exemplo, está em oitavo lugar no ranking. “Na Pituba, temos maior incidência de bares e residências, e não paredões. Em cada bairro, acaba mudando a configuração da denúncia”, detalha Márcia.

Na Liberdade, as igrejas são o principal foco de poluição sonora. “A Liberdade é um bairro com um número muito grande de igrejas, geralmente, de pequeno porte, que utilizam equipamentos de banda, microfonia, não têm alvará, e acabam incomodando as pessoas da redondeza”, exemplifica.

As fontes mais denunciadas por barulho, no geral, são os veículos - mais de 90%. Porém, houve um aumento das denúncias em residências na pandemia. “Por conta de as pessoas ainda estarem em isolamento, elas acabam extrapolando as atividades sonora. Outro fenômeno que cresceu foram as chácaras e residências locadas para eventos, que são registradas como residência, mas, pela frequência das festas, não é mais residência, e sim casa de festa”, ressalta. Os dias mais frequentes dessas festas e aglomerações são de sexta a domingo.

Ela relembra que, além das atividades sonoras em vias públicas estarem proibidas, somente os estabelecimentos comerciais que têm alvará sonoro podem promover som ao vivo e com restrições: até às 21h30, com apenas duas pessoas na banda, e índices de decibéis até 60 entre 22h às 7h, e até 70db de 7h às 22h. Eventos com venda de ingresso estão igualmente proibidos e o limite para casa de festas é de 50 pessoas, respeitando-se o distanciamento de 1,5 metro.

Ela também faz um apelo para que essas aglomerações não ocorram. “Se o cidadão não ajudar, por mais equipes que a prefeitura coloque nas ruas, para combater a poluição sonora, acaba tendo um retrocesso, como agora, com os casos aumentando e a ocupação dos leitos de Uti [Unidade de Terapia Intensiva]. Tem quer consciência neste momento”, alerta a subcoordenadora.

São 42 pessoas na equipe da Sedur para combater os focos de poluição sonora em Salvador, uma cidade de 693,8 km². Ou seja, cada fiscal é responsável por uma área de 16,5 km², o equivalente a dois campos de futebol. Para denunciar aglomerações, festas e paredões, o canal da prefeitura é o Disque 156. Também é possível denunciar pelo 190, diretamente com a Polícia Militar.

Aglomerações aumentaram número de casos
A coordenadora do Centro de Operações de Emergência em Saúde (Coes) da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Izabel Marcílio, vem notado um aumento das aglomerações e uma redução dos índices de isolamento social em Salvador e na Bahia como um todo. “Dá para perceber no engarrafamento, nos comércios que funcionam de portas fechadas e em bares e restaurantes que vendem cerveja após o horário permitido”, pontua.

Ela pondera, contudo, que não são só os paredões que são o foco de transmissão para o vírus. “Se fosse só paredão o problema da pandemia, a gente só teria pessoas de uma classe mais baixa infectada e nos hospitais, e isso, em nenhum momento, aconteceu. Se houver aumento dos casos nos finais de semana, é por conta dos paredões, das festas privadas em condomínios de luxo e dos encontros familiares”, alerta.

“Qualquer festa, mesmo com a família, ou um batizado numa igreja, que é ainda pior, porque é em local fechado, é uma aglomeração. E começamos a ver um aumento 15 dias após o evento. Não podemos constatar em relação aos finais de semana, mas, quando ocorrem feriados, como foi o da Semana Santa, já vemos o espalhamento da doença”, reforça.

Isso ocorre porque, o novo coronavírus, é uma doença de “característica explosiva”, porque, casa pessoa transmite para outra, em cadeia, explica Izabel, que é média epidemiologista. É diferente, por exemplo, da dengue, ou zika, em que é necessário um vetor para espalhar a doença. O contágio pela covid-19 é majoritariamente respiratório.

O professor do Instituto de Saúde Coletiva (Isc) da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Márcio Natividade, doutor em saúde pública e integrante da Rede Covida e do Geocombate, grupo de pesquisa da Ufba voltado para analisar o comportamento da pandemia nos bairros de Salvador, avalia que esses tipos de eventos vão de encontro a todas as recomendações sanitárias.

“Estamos lidando com um vírus de alto potencial de transmissibilidade, então, quanto mais pessoas próximas, maiores as chances do vírus circular com maior força", explica. “Os jovens, das faixas etárias menores de 30 anos, estão tendo maiores ocorrências de casos, justamente por conta disso, não há uma total noção do risco, diferente dos adultos”, avalia.

A contaminação reflete na taxa de ocupação de leitos de Uti, nas taxas de hospitalização, óbitos, novos casos e casos ativos, segundo ele, por conta da facilidade do contágio - aumentado pelas novas variantes. “As pessoas vão se infectado, transmitem para seus familiares em casa, alguns deles, idosos e com comorbidade, agravam e, gera o efeito cascata, porque muitos não conseguem leitos, lotam as UPAs [Unidades de Pronto Atendimento], e isso aumento o número de óbitos”, esclarece.

De acordo com Natividade, os bairros periféricos são os que mais registram paredões, mas não são o único foco de contaminação da doença. Ele observa que principalmente no distrito de Beiru e Cabula, Liberdade e Centro Histórico, há um aumento dos casos, hospitalização e mortalidade, que foi acentuado nos últimos meses, desde fevereiro de 2021. Ele sugere que haja uma prevenção desses eventos ocorreram, para evitar o acontecimento das festas.

De onde vieram os paredões?
Os paredões surgiram em 1940, dos povos africanos, segundo Mariana Bittencourt, mestra em antropologia pela Ufba. “A festa paredão surge como uma herança cultural de povos africanos em diáspora, sobretudo na Jamaica. Desde a década de 1940, existem sistemas de som como organizadores da vivência coletiva, principalmente nos bairros de periferia da Jamaica”, explica.

No Brasil, essa cultura se disseminou nos anos 2000 como parte da sociabilidade da juventude, em maioria, periférica. Na Bahia, prevalece o pagode, mas, em outros estados, como o Rio de Janeiro e São Paulo, o funk é o ritmo mais consumido.

Além disso, os paredões existem pela proximidade geográfica e limitação da juventude negra no acesso ao entretenimento. “A lógica de existência desses paredões, sobretudo pela posição socioeconômica da juventude mais pauperizada de Salvador, também com as relações raciais que demarcam essa cidade, é vinculado ao acesso e ao consumo de entretenimento. E, pela possibilidade de ter esse entretenimento em sua localidade, através do sistema de som, na rua, onde tem também movimentação do comércio local, de bebida, de comida”, detalha Mariana.

A antropóloga ratifica, assim como foi afirmado por Márcio e Izabel, que os paredões não são os únicos responsáveis pelo aumento dos números de pandemia. “O paredão não é o único que tem violado os princípios de distanciamento. Existem outras classes sociais e outros tipos de festa, por outro tipo de público, que está a fim de sociabilizar”, pondera.

Aliado a isso, ela ressalva que, a classe trabalhadora informal, não teve o direito de estar em quarentena, então é mais difícil assimilar que aglomerações sejam possíveis. “A classe trabalhadora não parou durante a pandemia, não houve o direito de quarentenar, como em outros meios sociais. Os trabalhadores de transporte público, de segurança, de mercado, de mercado informal, permaneceram trabalhando e a visão sobre não aglomerar é quase inexistente. O paredão é mais um dispositivo de fuga”, completa Bittencourt, que fez uma tese de mestrado sobre o sistema de som de Salvador.

O Correio procurou a Guarda Civil Municipal e a Secretaria Municipal de Ordem Pública (Semop), que informaram que seriam com a Sedur. A PM-BA não fornecer fonte para a matéria.

Bairros com maior número de denúncias por poluição sonora em Salvador (fonte: Sedur)
Número de denúncias - 11.937
Itapuã – 353
Paripe – 310
Pernambués – 302
Boca do Rio – 289
Liberdade – 280
Equipamentos apreendidos – 422
Período: 01.01.2021 a 18.05.2021

 

Fonte: Correio24horas

Publicado em Bahia

Morto a tiros durante uma incursão neste domingo (16) em Camaçari, Região Metropolitana de Salvador (RMS), o soldado Joedson dos Santos Andrade fazia parte de um grupo de extermínio que agia em Vila de Abrantes. Ele trabalhava na 59 Companhia Independente (59ª CIMP/Vila de Abrantes) e foi um dos presos em maio do ano passado no Operação Assepsia I, ação de uma Força-Tarefa que investiga grupos de polícias suspeitos de crime de extermínio e extorsão, além de sequestros em Salvador e RMS.

As informações são da Corregedoria-geral da Secretaria de Segurança Pública (SSP), à frente da Força-Tarefa. Segundo Nelson Gaspar, corregedor-geral da SSP, Joedson foi um dos quatro PMs presos no dia 18 de maio do ano passado, quando a Força-Tarefa cumpriu mandados de prisão e busca e apreensão na 59ª CIMP, por conta das mortes dos irmãos Hiago Nascimento Tavares e Thiago Nascimento Tavares, ocorridas no dia 7 de fevereiro do mesmo ano, em Barra de Pojuca, município de Camaçari.

Ainda segundo Gaspar, Hiago, alvo do grupo armado, possuía envolvimento com tráfico de drogas. O irmão dele acabou sendo morto por ter presenciado a ação da quadrilha. O corpo da segunda vítima foi enterrado numa cova rasa e depois localizado. As mortes foram por disparo de arma de fogo.

Joedson e os outros três policiais trabalhavam no Pelotão Especial (Peto) da 59ª CIMP. Todas as CIPM, assim como as em que atuavam os policiais, têm um núcleo formado por policiais especializados, que estão em ação geralmente em situações consideradas mais complexas.

Trata-se de uma tropa de reação imediata que o comandante tem na unidade e que atua em ocorrências relacionadas aos crimes mais perigosos, como a presença de traficantes nas ruas ou a circulação de homens armados.

Na ocasião das prisões dos policiais, a SSP informou que Hiago era o alvo do grupo armado e possuía envolvimento com tráfico de drogas. O irmão acabou sendo morto por tabela, apenas por ter presenciado a ação dos PMs.

A SSP afirmou também que havia indícios de que os policiais integravam um grupo de extermínio, mas disse que detalhes da investigação e das prisões não poderiam ser repassadas por conta da lei de abuso.

Crime
Segundo a Polícia Militar, este ano já foram oito PMs mortos, sendo dois em serviço, três de folga e dois da reserva remunerada. O órgão afirmou apenas que Joedson morreu a tiros quando realizava rondas nas imediações da localidade conhecida como Fonte das Águas, em Arembepe.

Colegas do policial deram mais detalhes do fato ao CORREIO. Contaram que o crime aconteceu no fundo da Companhia. Joedson foi baleado aparentemente por dois disparos na altura do peito, quando realizava ronda na função de motorista do coordenador de área, um subtenente, a bordo da viatura 9.5922.

“O que ficamos sabendo é que o colega recebeu a informação de homens armados atrás da Companhia, um local onde está crescendo a movimentação do tráfico de drogas, e ele foi fazer averiguação. Os elementos correram atirando. Ele fez o acompanhamento e foi baleado”, contou um policial da unidade. Segundo ele, no entorno da 59ª CIMP, a liderança do tráfico é do Comando da Paz (CP), filial do Comando Vermelho (CV).

Ferido, o soldado foi socorrido para Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Arembepe. “Foi solicitado o apoio, mas o colega veio a óbito”, completou o policial.

Em uma nota de pesar, a PM disse que “O soldado Joedson prestou excelente serviço nos seus 11 anos dedicados à Corporação. Ele deixa esposa e um filho”. O CORREIO manteve contato com a esposa do policial, mas ela preferiu não falar sobre o assunto.

Publicado em Polícia