O Jornal da Cidade

O Jornal da Cidade

O cantor Belo deixou a prisão por volta das 11h30 desta quinta-feira (18), depois de passar a noite na cadeia, no Rio de Janeiro. Houve tumulto na frente da delegacia no momento em que o músico saiu.

Belo foi preso por conta de um show irregular que fez durante o período de Carnaval em uma escola no Rio de Janeiro, gerando muita aglomeração. Um alvará de soltura foi expedido na madrugada para liberar o cantor, após o desembargador Milton Fernandes de Souza aceitar o pedido de habeas corpus da defesa do artista.

"Até agora eu não entendi o que eu fiz para estar passando por essa situação. Quero saber qual o crime que eu cometi. Subi no palco e cantei", disse ele ao sair da Cidade da Polícia.

Em depoimento, ele negou ter envolvimento com traficantes da região. "Minha empresa recebeu o dinheiro. CNPJ com CNPJ", disse Belo, questionado sobre quem pagou seu show. "Se eu não posso cantar para o público, a minha vida acabou".

Além de Belo, são investigados pelo show dois produtores, Célio Caetano e Henrique Marques, e um traficante, Jorge Luiz Moura Barbosa, o Alvarenga, apontado como cheefe do tráfico na Favela Parque União. Eles são acusados de violar um decreto municipal que proibiu aglomerações no Carnaval, contribuindo com disseminação da covid-19. A invasão da escola onde aconteceu o evento também é investigada. Eles vão responder por infração de medida sanitária, crime de epidemia, invasão de prédio público e associação criminosa.

A advogada de Belo, Isadora Mendes, diz que ele não fez "nada irregular". "Ainda está na fase de inquérito. Primeiro ele precisa sair da cadeia. Só então vamos estudar quais serão os próximos passos. Ele já prestou esclarecimentos ontem (quarta). Ele não fez nada de irregular", disse ela à Folha de S. Paulo.

Prisão
Belo foi preso ontem, em operação da Delegacia de Combate às Drogas (DCOD), no Rio. O show aconteceu no Complexo da Maré em uma escola estadual, sem autorização. O show começou na noite de sexta (12) e foi até a manhã de sábado (13).

A Secretaria de Estado da Educação confirmou que não autorizou nenhum show na instituição de ensino, afirmando que "desde o início da pandemia e a suspensão das aulas presenciais, a Seeduc não autorizou nenhum evento de qualquer natureza dentro de suas unidades escolares.

Belo negou em depoimento ter envolvimento com tráfico. "Que perguntado se sabe quem é o 'dono' da comunidade onde houve o show, o declarante diz que não, até porque não sabia que era uma área de risco", diz trecho do depoimento, obtido pela GloboNews. Disse ainda que não sabe antecipadamente onde serão os shows e no sábado apenas entrou em uma van na porta de casa e desceu no local da apresentação.

Em nota, Belo e sua família afirmaram estarem surpresos com a prisão. No texto, ele pede desculpas pelo show, mas questiona a decisão da Justiça. “Ciente da gravidade da crise sanitária, Belo pede desculpas por ter se apresentado em uma aglomeração”, escreveu.

Em entrevista à TV Bahia na manhã dessa quinta (18), o médico, cientista e coordenador do Comitê Científico do Consórcio Nordeste, Miguel Nicolelis, alertou sobre a urgente necessidade de tomar medidas para frear o avanço da pandemia.

“Se nada for feito, se continuarmos com esses índices crescendo, com essas curvas crescendo assustadoramente, se as pessoas acharam que não ter carnaval em 2021 foi grave, a possibilidade da gente não ter carnaval em 2022 começa a ser real. Porque essa situação parece que pode perdurar ao longo de todo o ano de 2021”, disse.

Um novo decreto do governo do estado foi publicado nesta quinta, detalhando o toque de recolher que começará na sexta (19). Estabelecimentos comerciais e de serviços deverão encerrar as atividades até as 21h30 e entregas a domicílio só serão permitidas para as farmácias.

O início da campanha de vacinação contra a covid-19 levou esperança a milhões de brasileiros que esperam pelo momento em que poderão retomar uma rotina mais próxima à qual estavam habituados até o início da pandemia. Mesmo que lentamente, a imunização está avançando entre profissionais da saúde e pessoas dos grupos de risco.

O entusiasmo, no entanto, não deve levar ninguém a abrir mão de cuidados pessoais, sob risco não só de adoecer em um momento em que o sistema de saúde continua sob pressão, mas também de colocar em perigo a estratégia nacional de imunização. Especialistas lembram que, além de nenhuma vacina ser 100% eficaz, principalmente diante do risco de surgimento de novas variantes, o corpo humano demora algum tempo para começar a produzir os anticorpos que protegerão o organismo contra a ação do novo coronavírus.

Tempo médio
Segundo a vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunização (SBIm), a pediatra Isabella Ballalai, em média o tempo mínimo para que o sistema imune esteja apto a responder adequadamente contra a presença de qualquer agente patogênico causador de doenças é de, no mínimo, 14 dias após receber a primeira dose de uma vacina. Mas cada imunizante tem seu próprio tempo médio para ativar o sistema imunológico, conforme descrito por seus fabricantes.

Fiocruz
A dose da AstraZeneca, por exemplo, é capaz de atingir uma eficácia geral de proteção da ordem de 76% 22 dias após a aplicação da primeira dose. O percentual pode superar os 82% após a pessoa receber a segunda dose, segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), responsável por produzir, no Brasil, a vacina em parceria com a farmacêutica e a Universidade de Oxford.

Um estudo publicado na revista científica The Lancet, no início do mês, sustenta que a maior taxa de eficácia é atingida quando respeitado o intervalo de três meses entre a primeira e a segunda dose.

Butantan
O Instituto Butantan, parceiro do laboratório chinês Sinovac no desenvolvimento da CoronaVac, afirma que são necessárias, em geral, duas semanas após a segunda dose para que a pessoa esteja protegida, já que esse é o tempo que o sistema leva para criar anticorpos neutralizantes que barram a entrada do vírus nas células. Ainda segundo o instituto, uma quantidade maior de anticorpos pode ser registrada até um mês após o fim da vacinação, também variando de indivíduo para indivíduo.

"É importante esperar, porém, que grande parte da população tenha sido imunizada antes de voltarmos aos antigos hábitos, para evitar contaminar outras pessoas, já que o indivíduo que tomou a vacina ainda pode transmitir o vírus. Mesmo após a imunização, ainda será preciso manter medidas de segurança, como o uso de máscara e a higienização constante das mãos."

Cuidados
“Ao tomar uma vacina, a pessoa tem que aguardar pela ação do seu próprio sistema imunológico, que vai produzir os anticorpos que irão protegê-la”, reforça Isabella, destacando a importância de, mesmo após tomar a segunda dose, a pessoa continuar usando máscaras, evitando aglomerações, higienizando as mãos e objetos e respeitando as recomendações das autoridades sanitárias.

“É muito importante que as pessoas entendam que será preciso continuar tomando os mesmos cuidados por mais algum tempo. Este ano tende a ser melhor que 2020, pois já temos mais conhecimento e algumas respostas à doença, mas, infelizmente, 2021 será ainda de distanciamento e de uso de máscaras”, acrescenta a vice-presidente da SBIm, acrescentando que, para diminuir a transmissão da doença, será preciso vacinar, no mínimo, 60% da população brasileira.

“Ainda temos muitos desafios para controlar a doença. Há o risco do surgimento de novas variantes – mesmo que a maioria das vacinas esteja demonstrando ser eficaz também contra algumas das variantes já identificadas, em algum momento isso pode não ocorrer. Logo, ainda não é hora de relaxar. Ainda não é hora de retirarmos as máscaras e desrespeitar o distanciamento social”, alerta Isabella.

A Mesa Diretora da Câmara protocolou nesta quarta-feira, 17, representação contra o deputado Daniel Silveira (PSL-RJ) no Conselho de Ética, abrindo caminho para a cassação do parlamentar. O documento foi encaminhado "para fins do art. 240" do regimento interno da Câmara, dispositivo que estabelece as condições para que um deputado perca o mandato. O texto diz que Silveira quebrou o decoro parlamentar e abusou de suas prerrogativas ao ameaçar ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e fazer apologia ao Ato Institucional nº 5, o mais duro da ditadura militar.

"Incorreu em abuso de prerrogativa ao publicar vídeo em que durante 19m9s, além de atacar frontalmente os ministros do STF por meio de diversas ameaças e ofensas à honra, expressamente propõe medidas antidemocráticas contra aquela Suprema Corte, defendendo o AI-5, a substituição imediata e a adoção de medidas violentas contra a vida e a segurança de todos os ministros", destaca a representação, assinada pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (Progressistas-AL).

Responsável por decisões administrativas e também políticas, a Mesa Diretora da Câmara determinou ainda, nesta quarta, 17, a reativação do Conselho de Ética, que está parado desde o ano passado, por causa da pandemia do novo coronavírus. "Registre-se que o representado é investigado em inquérito policial no STF, a pedido da Procuradoria-Geral da República, por outros atos que também poderiam configurar abuso de prerrogativas", afirma o documento, em referência a Silveira.

Lira tentou demover o ministro Alexandre de Moraes, do STF, de decretar a prisão de Daniel Silveira. Sem sucesso, passou o dia em conversas com líderes partidários em busca de acordo para contornar a crise.

O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho "03" do presidente Jair Bolsonaro, saiu em defesa de Silveira no Twitter. "Dentre outros fatores, amanhã votarei pela libertação do Dep. Fed @danielPMERJ em nome das garantias da imunidade parlamentar, liberdade de expressão, devido processo legal, ampla defesa e contraditório", escreveu o deputado.

Esta é a primeira prova de fogo do presidente da Câmara, que assumiu o comando da Casa no dia 1º, e tenta encontrar uma solução para evitar uma crise institucional. Lira é réu em processos que tramitam no STF. A derrubada da decisão de Moraes pelo plenário da Casa pode soar como enfrentamento à Corte. Todos os 11 ministros do Supremo referendaram a decisão de Moraes.

A temperatura da Câmara sobre o caso mudou ao longo do dia. Até meados da tarde, a estratégia era revogar a prisão de Silveira ­- prerrogativa que a Constituição reserva aos parlamentares no plenário -, mas, mesmo assim, indicar uma punição, abrindo um processo contra ele no Conselho de Ética da Casa.

Após os 11 ministros do STF decidirem manter a prisão em flagrante, porém, muitos aliados bolsonaristas mudaram o tom e passaram a admitir a prisão de Silveira. Mesmo assim, a Câmara está dividida, como mostrou a mensagem postada por Eduardo Bolsonaro. Uma reunião do colégio de líderes foi convocada para a tarde desta quinta-feira, 18, com o objetivo de tratar do tema

Enquanto os números de infectados e mortos pelo novo coronavírus só fizeram subir nos últimos dias na Bahia, em sete cidades do estado não ocorreu nenhum óbito desde o começo da pandemia: Rio de Contas, Cipó, Anguera, Cravolândia, Catolândia, Tanque Novo e Brotas de Macaúbas, que têm populações entre 3.600 e 17 mil pessoas.

A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) lista 14 cidades sem mortos pela covid-19. Mas, nos sites oficiais e redes sociais das prefeituras de sete desses 14 municípios listados pelo órgão - todos verificados pela reportagem - há o registro de um ou dois falecimentos pela doença. Em apenas sete não ocorreram mortes.

Segundo a Sesab, as sete cidades onde ocorreram um ou dois óbitos divulgados nas redes oficiais das cidades não teriam ainda notificado ao órgão. “Até o momento, não temos informações nos registros oficiais por parte desses municípios”, diz a nota da secretaria.

Os sete municípios invictos apostaram em fortes campanhas de conscientização, barreiras sanitárias, monitoramento de casos suspeitos, distribuição de máscaras e restrições ao comércio.

Cravolândia, no centro-sul do estado, por exemplo, está com toque de recolher há quase um ano, desde março de 2020. Já em Rio de Contas, os visitantes e moradores que viajam têm ainda de cumprir uma quarentena de sete dias no retorno. Se desrespeitarem, recebem visita da Vigilância Sanitária e até da Polícia Militar (PM).

“Em meio a tanta morte, estamos no paraíso. Aqui está bem tranquilo, tem muita gente que não respeita, mas a gente não deixou de ter barreira, ela continua montada, temos todos os cuidados na rua, com pias para a lavar as mãos, e só não se previne quem não quer”, conta a moradora de Cravolândia, Rose Argolo, 52 anos.

Ela não contraiu a covid-19 até então, mas três pessoas de sua família foram infectadas. Um familiar precisou ser transferido para o Hospital Couto Maia, em Salvador. Foi um dos três únicos casos de internamento de Cravolândia. “Ele ficou 15 dias internado, mas agora está bem, graças a Deus, fazendo acompanhamento, porque ficaram algumas sequelas pulmonares", acrescenta Rose, dona de um restaurante que só funciona por entrega.

Com cerca de 5 mil habitantes, Cravolândia teve 142 casos de covid-19, todos recuperados. A maioria, segundo a secretária de Saúde do município, Ednalva Mendes, foi assintomática ou com sintomas leves. Não há casos ativos há uma semana e 19 pessoas cumprem quarentena atualmente.

“Adotamos medidas drásticas desde 18 de março passado, com barreiras sanitárias que até hoje funcionam, somos um dos únicos que ainda tem, e temos o cuidado de fazer formulários de acesso e monitoramento da quarentena”, explica a secretária. Só está a salvo deste isolamento quem apresenta teste RT-PCR negativo realizado em até 72 horas.

Ednalva também atribui o sucesso dos números à abertura do centro de covid-19, para tratar somente pacientes com síndromes gripais. Além disso, a prefeitura instalou três lavatórios com pias e dispensadores de sabão líquido e álcool em gel em pontos estratégicos da cidade, como na praça principal. Até o dia da feira mudou de sábado para domingo, para evitar aglomerações. As atividades não essenciais, como bares e restaurantes, só reabriram em dezembro e com horário de funcionamento limitado até às 22h. Domingo nada está autorizado a abrir. Os profissionais de saúde da rede são testados para o vírus regularmente, a cada 15 a 30 dias.

Chapada
Em Rio de Contas, na Chapada Diamantina, houve investimento pesado em fiscalização. Em parceria com os profissionais da atenção básica, as equipes da vigilância sanitária monitoram os casos positivos e suspeitos. “Se um paciente sair de casa suspeito ou positivo a atenção básica aciona a vigilância. Se a pessoa não cumprir a quarentena, a gente conta com o apoio da PM, que vai junto com a equipe da saúde para garantir que ele fique em casa”, explica a secretária de saúde de Rio de Contas, Sara Tafetá. Até então, ninguém precisou ser conduzido à delegacia, segundo ela.

A secretária pontuou ainda que tem investido bastante em campanhas educativas, em redes sociais, rádio e inclusive com carros de som pelas ruas da cidade. Não há limitação de horário para bares e restaurantes, o único exigido é o cumprimento dos protocolos de higiene e prevenção, como distanciamento de dois metros entre as mesas e utilização de 50% da capacidade do estabelecimento.

Os turistas ficaram proibidos de entrar na cidade de março até setembro passados. Agora, só entram com comprovação da reserva de hospedagem. Com 12.979 habitantes, Rio de Contas registra 1.421 casos de covid-19, sendo 263 confirmados e 254 curados. Outros cinco aguardam resultado do exame, 8 estão ativos, em tratamento, e uma pessoa está hospitalizada. Além desse, só houve um outro caso que precisou de internamento. O município implantou ainda três barreiras sanitárias que continuam em funcionamento e um centro de covid-19.

Também na Chapada, a cidade de Tanque Novo não teve perda de nenhum de seus 17.366 habitantes. O secretário de saúde do município, Wesley Carneiro, acredita que tenha sido pela testagem em massa da população, monitoramento e tratamento precoce para evitar que os sintomas se agravassem. “Quando acontece algum caso positivo, nossa equipe faz o atendimento precoce e monitoramento. Testamos todos os contatantes através do PCR e ficamos observando. Caso tenha algum sintoma, o médico faz logo a avaliação e, se for necessário, já entra logo com o tratamento”, esclarece Carneiro.

O secretário também disse que a prefeitura fez ampla campanha de conscientização nas redes sociais e veículos de comunicação e decretou o fechamento de bares, restaurantes e comércio no mês de janeiro, por conta do aumento do número de casos. Foram 180 confirmados até agora, sendo 172 curados e 8 casos ativos. Cinco pessoas precisaram se internar e foram transferidas para Vitória da Conquista.

A moradora Belza Magalhães, 53 anos, afirma que as campanhas educativas tiveram efeito. “Todo mundo está se protegendo e sabendo lidar com a doença. O pessoal tá ficando mais em casa e não teve nada de aglomeração, nem agora no carnaval. Alguns casais viajaram, mas deus abençoa que no retorno não tenha novos casos”, desejou Belza, dona de um restaurante na cidade, que só trabalha com delivery.

Em Anguera, cidade a 155 quilômetros de Salvador, a receita foi também desenvolver ações educativas com os moradores. “A gente tem feito trabalho educativo de cuidados pessoais e coletivos e temos o centro de covid-19, com a equipe da atenção básica, que trabalha em bastante consonância e ajuda com os casos suspeitos, fazendo o diagnóstico rápido e acompanhamento”, afirma a secretária de saúde de Anguera, Karine Ramos. Foram 240 infectados pela covid-19 no município e dois desses precisaram de internação. A cidade tem 11.300 habitantes. As barreiras sanitárias duraram até agosto do ano passado e não foi necessário, até então, aplicar o toque de recolher.

O monitoramento dos casos suspeitos é feito pelo Disque Covid, número de telefone disponibilizado à população para quem apresentar sintomas. Nele, um profissional de saúde agenda um horário para fazer a triagem do paciente, marcar as consultas e testagem no centro de covid, onde é feita a coleta para o exame RT-PCR. Após a alta, a secretária garante que o suspeito e seus contatantes continuam em acompanhamento. “Por ser um município pequeno, muitas pessoas pegam através dos contatantes. Tivemos muitos casos de pessoas com sintomas leves ou assintomáticos que os contatantes deram positivo", alerta Karine.

Na região oeste da Bahia, em Catolândia, o secretário de saúde Fábio Toledo acredita que a inexistência de mortes é pelo receio da população em sair de casa, principalmente dos mais velhos. São 3.600 moradores no município. "Catolândia é uma cidade pequena e pacata, acho que o zero óbito se dá pela população mais idosa e temerosa em relação à pandemia", estima Toledo. A nova gestão continuou com a estrutura que já existia, como o centro de covid-19.

Em Cipó, no nordeste da Bahia, a secretária de saúde, Hoga Ramos, defende que o que ajudou a conter a doença foi a manutenção do centro de testagem para o diagnóstico precoce e a disponibilização de leitos exclusivos para pacientes com covid-19 no Hospital Municipal. Somente uma criança precisou ser internada e foi transferida para o Martagão Gesteira, em Salvador.

"Nossa política de prevenção foi a conscientização dos nossos munícipes. Medidas restritivas e punitivas também foram adotadas, sempre com o intuito de resguardar a saúde da população", informou a secretária.

Cidades com maior índice de casos por 100 habitantes na Bahia

Ibirataia - 12.480,41
Itororó - 11.004,81
Itabuna - 10.164,94
Muniz Ferreira - 9.620,05
Conceição do Coité - 9.232,57
Capim Grosso - 8.926,36
Almadina - 8.656,66
Maracás - 8.500,53
Piripá - 8.405,72
São José da Vitória - 8.325,97

Fonte: Sesab

**Curiosidade: o nome de Cravolândia é uma homenagem ao ex-deputado estadual e empresário, Mário Cravo, pai do artista plástico Mário Cravo Júnior. Mário Cravo foi o primeiro prefeito da cidade.


Fonte: Correio24horas

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) reabriu o concurso para 204.307 vagas temporárias para a realização do Censo Demográfico 2021, com salários de até R$ 2.100. As vagas são para recenseador, agente censitário municipal e agente censitário superior. O Censo seria realizado no ano passado, mas foi adiado devido à pandemia.

Os salários variam de R$1.700 a R$2.100. São dois processos seletivos e os editais foram publicados nesta quinta-feira (18) no Diário Oficial da União. Os editais podem ser consultados aqui e aqui.

De acordo com os editais, para o cargo de recenseador, são 181.898 vagas. A remuneração por produção, de acordo com o número de domicílios visitados e questionários respondidos. Para agente censitário municipal são 5.450 vagas, com salário de R$2.100. E para agente censitário superior são 16.959 vagas, com salário de R$1.700.

Para a função de recenseador, a previsão de duração do contrato é de até 3 meses, podendo ser prorrogado mediante necessidades de conclusão das atividades do Censo e de disponibilidade orçamentária. A jornada de trabalho é de, no mínimo, 25 horas semanais.

Já para as funções de agente censitário, é exigido ensino médio completo. A jornada de trabalho é de 40 horas semanais, sendo 8 horas diárias.

Os melhores colocados em cada município ocuparão a vaga de agente censitário municipal, que será o responsável pela coordenação da coleta naquela cidade. Os demais agentes censitários supervisionam as equipes de recenseadores. A previsão de duração do contrato é de até 5 meses, podendo também ser prorrogado.

Inscrições
As inscrições para as vagas de recenseador começam no dia 23 de fevereiro e vão até 19 de março, com taxa de R$ 25,77. E para as vagas de Agente Censitário Municipal (ACM) e Agente Censitário Supervisor, as inscrições começam nesta sexta-feira (19) e vão até 15 de março, com taxa de R$ 39,49.

As inscrições deverão ser feitas pela internet, no site da Cebraspe, que organiza os processos seletivos.

 

O toque de recolher anunciado pelo governo da Bahia terá início nesta sexta-feira (19) e, quem não respeitar as determinações poderá ser punido. Segundo a Secretaria de Comunicação do estado (Secom), as pessoas que descumprirem as ordens serão conduzidas à delegacia, onde uma ocorrência será registrada e encaminhada ao Ministério Público para a abertura de um processo criminal.

Quem não respeitar a determinação poderá ser autuado com base no artigo 268 do Código Penal, por “infringir determinação do poder público, destinada a impedir introdução ou propagação de doença contagiosa”. A pena prevista é de detenção de um mês a um ano, e multa. A punição pode ser aumentada em um terço, caso cometida por funcionário da saúde pública, médico, farmacêutico, dentista ou enfermeiro.

A autuação também pode ocorrer com base no artigo 330, que prevê o crime de desobediência por não acatar ordem legal de funcionário público. A punição é de 15 dias até seis meses de detenção e multa.

A Secom informou, ainda, que será solicitado a cada prefeitura que casse o alvará de funcionamento dos estabelecimentos que desrespeitem os decretos e, eventualmente, peça ordem judicial para fechamento desses pontos comerciais.

Nesta quarta-feira, 17, o governo do estado publicou um novo decreto especificando o funcionamento do toque de recolher, que vai vigorar até o dia 25, sempre das 22h às 5h do dia seguinte. A norma também pode ser prorrogada, caso o governo entenda que é necessário estender o prazo de validade da restrição.

Também nesta quarta, a prefeitura de Salvador informou que os usuários do sistema de ônibus urbano da capital terão de reajustar a rotina. É que com o toque de recolher, o horário da última viagem nos coletivos será justamente às 22h, quando começa a valer a restrição diariamente.

Fiscalização

Procurada para explicar como vai se organizar para garantir o cumprimento do toque de recolher, a Polícia Militar informou que está em contato com as prefeituras para alinhar as diretrizes em relação à fiscalização e que todo o seu efetivo disponível será utilizado na operação.

“Inicialmente, nós vamos começar com orientação, para que as pessoas saibam que existem previstos no decreto dois crimes que, se forem descumpridos, elas podem responder por eles. É o crime de desobediência e o crime contra a saúde pública. Aí nós vamos observar como vai ser o comportamento das pessoas a partir daí”, diz a porta-voz da PM-BA, Major Flávia Barreto.

Segundo a porta-voz, a Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) será responsável pela orientação e, a PM, pela fiscalização e repressão dos estabelecimentos comerciais. Ela pede ainda, a contribuição da população. “O que a gente pede é que as pessoas nos ajudem, denunciando lugares que estejam descumprindo o decreto, entrando em contato através do 190, do disque denúncia (3235-000) ou da Ouvidoria (0800 2840011)'', finaliza.

A PM vai atuar em conjunto com Guardas Municipais, apoiando as medidas necessárias nos municípios em que o toque de recolher estiver em vigor. Segundo o secretário da Segurança Pública, Ricardo Mandarino, o Centro de Comando e Controle da SSP irá funcionar 24 horas por dia, durante os dias de vigência do toque de recolher, para monitorar e fiscalizar o cumprimento das determinações.

O que fica proibido?

A restrição será válida para circulação de pessoas em vias, equipamentos, locais e praças públicas, das 22h às 5h. A medida, que permite o funcionamento somente de serviços essenciais, começa a valer nesta sexta-feira (19) e fica válida até dia 25 de fevereiro, com possibilidade de prorrogação.

Não se aplicam ao toque de recolher as situações de deslocamento para ida a serviços de saúde ou farmácia, para compra de medicamentos, ou situações em que fique comprovada a urgência.

Ficam liberados para circular, nos horários de restrições, somente servidores, funcionários e colaboradores, no desempenho de suas funções, que atuam nas unidades públicas ou privadas de saúde e segurança. Também ficam permitidos os serviços necessários ao funcionamento das indústrias e Centros de Distribuição, além do deslocamento dos seus funcionários.

Segundo o governo da Bahia, a partir das 22h, restaurantes e bares não poderão operar nem mesmo em modalidade de delivery. Somente serviços essenciais podem trabalhar com o delivery a partir deste horário, como farmácias para a entrega de medicamentos, por exemplo.

Supermercados também não poderão permanecer abertos. O horário máximo de funcionamento é às 21h30, para dar tempo de funcionários e clientes tomarem o rumo de casa. Postos de gasolinas poderão abrir, mas as lojas de conveniência deverão ser fechadas. Quem trabalha de madrugada deverá portar documento que comprove para poder circular na rua.

A determinação não se aplica ao funcionamento dos terminais rodoviários, metroviários e aeroviários ou ao deslocamento de funcionários e colaboradores que atuem na operacionalização destas atividades fins. Os meios de transporte metropolitanos (ônibus, metrô, ferryboat e lanchinhas) ficam autorizados até às 22h30, horário em que devem ser encerrados. Em Salvador, os ônibus urbanos deverão obedecer decreto publicado pela Prefeitura.

De acordo com a Sedur, o órgão permanecerá realizando as operações de fiscalização que já são feitas todos os dias em relação aos protocolos de funcionamento de estabelecimentos comerciais, com intensificação aos finais de semana.

O propósito da medida é conter as taxas de contágios do novo coronavírus, diminuindo também o número de casos ativos da doença no estado. Todos os municípios baianos estão inclusos, com exceção das regiões Oeste, Irecê e Jacobina, onde as taxas não estão elevadas.

"O objetivo é evitar a convivência em bares, bebidas, carros de som, enfim, aquelas aglomerações na madrugada, porque em geral estão associadas a bebidas alcoólicas e, portanto, ao descuido nas relações de convivência. Com isso, esperamos preservar vidas humanas e garantir leitos hospitalares para quem precisar. Faço um apelo para que todos os prefeitos nos ajudem nessa mobilização", disse o governador Rui Costa, na terça-feira, 16, ao anunciar o toque de recolher.

Estabelecimentos comerciais

Os shoppings centers, que já estavam liberados para funcionar até às 22h, devem, segundo o coordenador estadual do setor Bahia da Associação Brasileira de Shoppings Center (Abrasce), Edson Piaggio, passar a fechar as portas um pouco mais cedo. “O toque de recolher começa às 22h e, obviamente, haverá uma necessidade de o funcionário ter um tempo para sair do trabalho e se dirigir aos ônibus”, disse. A Abrasce deve se reunir até amanhã (18) com os representantes dos shoppings e lojistas para a definição do novo horário limite de funcionamento.

O coordenador ainda afirma que lamenta a redução do horário, mas apoia a decisão do governo do estado. “Há uma relação direta entre o número de horas de funcionamento e o volume de vendas. Quanto mais tempo aberto, melhor para o lojista, para o empresário e para o consumidor e, reduz, inclusive, a possibilidade de aglomeração nos estabelecimentos, que não está tendo agora. Então nós gostaríamos que o horário de funcionamento fosse mantido, mas, por outro lado, nos preocupamos com a saúde de todos”, finaliza Piaggio.

A Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel) emitiu uma carta nesta quarta-feira (17) pedindo para que o horário do toque de recolher seja ajustado para das 23h às 5h. A Associação afirma que entende o momento caótico vivido pela saúde pública no Estado e credita isso à oferta reduzida de leitos hospitalares para o tratamento de Covid-19 em relação à primeira onda e "descontrole das mais diversas aglomerações em ruas, praças públicas, paredões de som e festas clandestinas".

"Entendemos que as atividades de bares e restaurantes, ofertando ambientes seguros e seguindo fielmente todos os protocolos sanitários, cumprem sua função social e econômica. E de maneira responsável, desempenham papel relevante para a manutenção do emprego e da renda de milhares de famílias em nosso Estado", diz a carta.

A Abrasel acredita que o ajuste no horário para bares e restaurantes vai a reduzir circulação de pessoas nas ruas e reduzir a movimentação no horário de retorno para casa. Evitando picos e aglomerações no transporte público.

 

O sistema de saúde baiano inspira cuidados e preocupação, segundo afirmam os secretários de Saúde de Salvador (SMS) e da Bahia (Sesab), Léo Prates e Fábio Vilas-Boas, respectivamente. Isso porque a fila para a internação de pacientes com a covid-19 não para de crescer. Além disso, nos últimos 10 dias, houve aumento na média de mortes diárias pela doença causada pelo novo coronavírus no estado. Em 06 de fevereiro, 40 pessoas tinham morrido pela infecção na Bahia. Nesta terça-feira, 16, o número de óbitos saltou para 66. No auge da pandemia, no ano passado, 70 mortes diárias foram registradas no estado.

Já o número de pessoas que aguardavam leitos para internação no estado chegou a atingir 104 nos últimos dias, segundo o secretário estadual Fábio Vilas-Boas. Esse número costumava ficar em 30. “Hoje, 80 pessoas não conseguiram. Isso significa que tem 80 pessoas que não são atendidas na hora que precisam, por causa da pressão no sistema”, explica o secretário, que garante ainda estar conseguindo fazer a regulação de pacientes com covid-19 em um prazo de 24 horas. “Mas está ficando cada vez mais difícil”, lamenta.

Caso o número de pacientes aguardando internação continue crescendo nessa velocidade, é possível que o sistema de saúde do estado entre em colapso. “Tem unidades hospitalares de Salvador que já estão 100% ocupadas, apesar da taxa geral ser menor, em torno de 75%. Nós regulamos no sábado, junto com o governo do estado, 54 pessoas. Ontem (na segunda, 15) foram 48. Mas no auge da pandemia eram 60. O sistema está muito mais pressionado”, alerta Léo Prates, que comanda a pasta municipal da Saúde.

“Ou nós revertemos a curva de crescimento ou, em breve, teremos que tomar medidas duras. Se a curva de crescimento for mantida, corre o risco de colapso. Mas é claro que o governador e o prefeito agirão antes disso acontecer”, diz o secretário Léo Prates.

Já Vilas-Boas lembra que existem medidas a serem tomadas para evitar esse colapso, como restrição de circulação das pessoas e isolamento social. Nesta terça-feira, 16, o governador Rui Costa, inclusive, anunciou o decreto sobre o toque de recolher no estado, que será publicado nesta quarta, 17, e entrará em vigor na sexta-feira, 19.

No entanto, o problema vivido pelas autoridades é a velocidade com que a doença tem se espalhado nos últimos dias. “Se continuar do jeito que as pessoas estão transmitindo a doença umas para as outras, e se nós não conseguirmos acompanhar com o aumento de leitos, por exemplo, [o colapso] pode sim se tornar uma realidade. Nós estamos lutando para que isso não aconteça”, garante Fábio Vilas-Boas.

Gripários

O agravamento da situação nas unidades de saúde já ocorre nos gripários de Salvador, que funcionam nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) dos Barris, Pau Miúdo, Paripe e Pirajá voltados para os pacientes com sintomas gripais, característicos também da covid-19. O CORREIO foi até a UPA dos Barris e do Pau Miúdo e constatou a grande fila de espera, doentes que chegavam a todo momento e profissionais sobrecarregados.

Nos Barris, por volta das 11h, a situação era a mais dramática. Do lado de fora do gripário, cerca de 50 pessoas aguardavam atendimento e os carros que traziam pacientes chegavam a causar um pouco de congestionamento na entrada.

Morador da Vasco da Gama, Jeferson Cadu, 24 anos, foi com o filho de um ano buscar atendimento. O pai estava com dor de cabeça, febre e garganta inflamada, enquanto o filho tinha catarro no peito. “Desde sexta estou assim, mas só vim mesmo por eu ter piorado de ontem (anteontem) pra hoje. Cheguei 9h30 aqui, já são 11h e tem muita gente na minha frente. Não faço ideia de quando serei atendido. Acho que tinha que ter mais opções, tinha que ser mais rápido. Essa fila grande não deveria ser permitida”, reclamou.

A situação também gerou estresse em alguns doentes. Um homem que não quis se identificar, em um determinado momento, teve uma espécie de surto por causa da demora de atendimento e chegou a ofender verbalmente funcionários do gripário. Ele teve que ser acalmado por três policiais militares. Depois, ao CORREIO, o homem contou que esse era o segundo dia seguido que ele ia ao local buscando atendimento.

“Ontem (na segunda, 15) me disseram que eu só seria atendido no final da tarde. Então fui embora e cheguei hoje 6h30 e até agora não consegui ser atendido. Eles alegam que tem pacientes graves que tem prioridade, mas é inadmissível ficar aqui durante 5h e não ser atendido por ninguém”, disse o rapaz, que sentia dor de cabeça e no corpo, febre e diarreia.

Uma outra mulher, que também preferiu o anonimato, contou que saiu de Águas Claras até os Barris para buscar atendimento. “Ontem (segunda, 15) eu não imaginava que demoraria tanto e como estava sem dinheiro, com fome e cansada, voltei para casa. Vim hoje de novo mais preparada para encarar esse sofrimento”, desabafou.

Profissionais

A pressão no sistema de saúde – boa parte dela também causada pelo fato das pessoas terem relaxado nas medidas de isolamento e nos protocolos para controlar o espalhamento do coronavírus - não afeta só os pacientes, mas também os profissionais que tem de lidar com a sobrecarga de trabalho.

“Eles ficam estressados e acabam descontando na gente. Sempre é assim”, diz o funcionário que foi agredido verbalmente pelo paciente nervoso. “Essa quantidade de pessoas que você está vendo esperando é até tranquila em comparação com outros dias recentes”, apontou outro profissional.

Coordenador médico do gripário do Pau Miúdo, Elmar Dourado tem observado o aumento no número de atendimentos e a pressão no sistema. “Vejo que os profissionais da saúde estão com medo e cansados, desgastados. Estamos trabalhando no limite e esperamos que não haja esse colapso”, disse o médico, que tem lidado com o aumento de atendimento na unidade. “Nossa média de atendimentos mensais era 1,1 mil pessoas, o que saltou para 4,1 mil em dezembro, 4,5 mil em janeiro e, agora em fevereiro, a expectativa é ultrapassar 5 mil”, disse.

Elmar também destaca que tem atendido mais casos de pessoas jovens e em estado grave. “São inclusive pacientes que estão demandando mais oxigênio. Estamos com uma demanda maior do que a prevista. Só hoje (ontem) chegaram dois carregamentos de oxigênio na unidade, o que não é normal. O tempo de regulação aqui ainda é inferior a 24h, mas essa semana está tudo muito complicado, seja por falta de leitos ou até transporte, devido à sobrecarga do sistema”, lamentou.

Comparada à UPA dos Barris, a situação na unidade do Pau Miúdo era visivelmente mais confortável. Enquanto a reportagem esteve no local, três pacientes aguardavam regulação para um leito de hospital. Já nos Barris, eram quatro pessoas. A quantidade de pessoas que esperava atendimento também era menor no Pau Miúdo. A dona de casa Gisele Conceição, 34 anos, chegou ao local às 9h com o marido e o filho. O casal estava com sintomas da covid-19.

“Fico preocupada com essa situação, pois tem muita gente minimizando o vírus. Vejo mais pessoas saindo para a rua, sendo que a população não está sendo muito vacinada. Isso tudo assusta”, disse Gisele.

O secretário estadual de Saúde concorda com ela. “Se a vacina tivesse chegado em grande quantidade, para muitas pessoas, esse problema seria ignorado. Mas a vacina, na prática, não chegou. São poucas pessoas imunizadas e o início da vacinação está produzindo uma falsa sensação de liberdade”, argumenta Fabio Vilas-Boas.

Camaçari

A situação preocupante não é só nas UPAs de Salvador. Os moradores de Camaçari, por exemplo, organizaram um protesto para esta quarta-feira, 16, logo mais às 9h, para reclamar da demora no atendimento para os casos de covid-19.

“São as pessoas que passaram o dia todo esperando atendimento que organizaram esse protesto. Os próprios médicos da UPA estão saturados. Eles não estão aguentando a demanda”, disse uma das organizadoras, que preferiu não se identificar.

Uma médica que trabalha na cidade, que também preferiu o anonimato, confirmou o aumento na busca por atendimento. “A UPA vive lotada, sendo a grande maioria dos pacientes com covid-19, que ficam dias esperando a regulação. Tem consultório sendo usado como internamento, a sala de procedimento também. Tem paciente ficando internado com maca do Samu, pois não temos mais estrutura”, desabafa.

Ainda segundo essa médica, o principal problema vivido é a falta de unidades para escoar os pacientes na regulação. “Além da exaustão, os profissionais trabalham tristes vendo a situação dos pacientes sem ter muito o que fazer. E, ultimamente, trabalhamos com muito medo, pois os pacientes e acompanhantes ficam irritados e descontam em nós. Essa semana um funcionário da portaria foi agredido em pleno corredor”, contou.

Em nota publicada no dia último dia 09, a Secretaria da Saúde de Camaçari (Sesau), afirmou que já estava tomando as medidas necessárias para resolver os problemas na unidade.

A prefeitura de Mata de São João, na Região Metropolitana de Salvador, adotou duas novas medidas para tentar frear o avanço do coronavírus na cidade. A principal é a instalação de uma barreira sanitária para aferição da temperatura na sede do município, as praias, como a do Forte, Imbassaí e Porto de Sauipe, seguem com funcionamento normal.

Já os bares serão proibidos de terem música ao vivo e, seguindo o toque de recolher anunciado pelo governador Rui Costa, só funcionarão até 22 horas.

Um decreto, publicado no Diário Oficial do Município nesta quarta-feira (17), anunciava que o acesso à cidade seria proibido. Mas, em contato com o CORREIO, a prefeitura informou que o decreto foi publicado com erros e será reescrito.

No caso do acesso de turistas à praia, aqueles que vêm em ônibus precisarão apresentar uma autorização da Agerba e da prefeitura, mediante pagamento de taxa, além da presença obrigatória de um guia e da reserva de hospedagem ou de algum passeio, como visita ao Projeto Tamar.

Com o número crescente de novos casos de contaminação pelo novo coronavírus e o índice elevado de óbitos nos últimos dias, autoridades em educação e saúde da Bahia voltaram a descartar, ontem, a possibilidade de o estado retomar as aulas presenciais neste momento. Durante audiência pública na Assembleia Legislativa do Estado da Bahia (Alba), os gestores afirmaram que o retorno só será possível quando houver uma redução da curva de contaminação e uma menor pressão sobre o sistema de saúde do estado, que corre o risco de sofrer um colapso.

Depois de uma segunda-feira conturbada em que duas liminares da Justiça que permitiam a volta das aulas na modalidade de ensino híbrida e facultativa tiveram os seus efeitos suspensos por Lourival Trindade, presidente do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA), Fábio Vilas-Boas, titular da Secretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), Marcelo Oliveira, secretário Municipal de Educação de Salvador (Smed), e Jerônimo Rodrigues, titular da Secretaria de Educação do Estado da Bahia (SEC), reafirmaram o compromisso por um retorno próximo.

Salas de aula descartadas

Durante as falas sobre o desenvolvimento da pandemia no estado e o impacto da contaminação na impossibilidade de um retorno, os secretários fizeram questão de ressaltar como o momento é de alerta dado aos números que assustam os governantes em relação à pandemia. Vilas-Boas, inclusive, destacou que houve uma piora inesperada na situação sanitária da Bahia. “Quando a gente achou que ia melhorar, a coisa voltou a piorar de maneira muito rápida. Há duas semanas, eu defendia a volta às aulas. Mas, nesse período, as coisas mudaram. Antes, o número de pessoas que não conseguiam leitos no estado era de 30. Nos últimos dias, isso saltou para 104. O número de óbitos aumentou em uma proporção jamais imaginada por nós. Estávamos em uma média de 30 e isso saltou para 60”, citou.

Para ele, esses dados mostram para o Governo, que gostaria do retorno às aulas presenciais, que tomar essa decisão e mobilizar milhares de pessoas nas ruas à caminho dos centros de educação seja um passo indevido.. “Nosso viés é de querer voltar às aulas, mas diante desses números ficamos muito preocupados porque não sabemos o que pode acontecer amanhã. Podemos ser inundados por novos casos e colocar milhares de pessoas de volta às ruas rumo às escolas não parece uma boa decisão", declarou.

Jerônimo Rodrigues acompanhou a fala de Vilas-Boas e disse também que, em sua visão, só é possível pensar em um retorno presencial com um nível de pessoas vacinadas muito maior do que temos no momento. O secretário também se dirigiu às escolas particulares afirmando que o Governo não vai ser contra liberações para retorno presencial assim que o cenário permitir. “À rede particular, digo que o Estado não vai se opor, em um momento oportuno, a fazer liberações para o retorno às aulas. Faremos isso assim que houver um sinal de que essas liberações não possam virar mais um potencial foco de contaminação", garantiu.

Alternativas para o ensino remoto

Além de descartar o retorno presencial, o secretário de educação Marcelo Oliveira apresentou detalhes sobre a volta em regime remoto e as alternativas que serão desenvolvidas pela Smed para combater problemas já notados no modelo de ensino remoto na cidade. "Esperávamos que pudéssemos retornar em fevereiro ou em março, mas não há de se falar em retorno presencial de aulas na situação em que vivemos. Estamos cientes dos riscos de evasão escolar mesmo com o retorno sendo remoto. Já temos equipes preparadas para realizar ações de resgate para os alunos que fizerem essa evasão”, informou.

A nossa reportagem procurou a Smed para entender os detalhes do plano de ação que pretende reduzir problemas inerentes ao modelo remoto de educação. Ao CORREIO, o secretário Marcelo Oliveira explicou como o retorno deve acontecer.“Os alunos estão afastados da escola há quase um ano e precisamos retomar o contato com eles. Nosso ensino remoto vai acontecer pela televisão por ser o meio mais democrático e aulas que serão acompanhadas de caderno de atividades que serão distribuídos para todos alunos e devolvidos semanalmente para que sejam corrigidos”, contou.

Segundo Marcelo, a ideia do caderno serve também para ter um meio de análise do envolvimento dos alunos na aula. Isso porque, se as atividades não forem cumpridas, equipes vão até a casa dos discentes numa ação que o secretário chamou de busca ativa. “Aqueles alunos que não estiverem fazendo as atividades vão mostrar que não estão participando das aulas e, por isso, vão ser alvos do que chamamos de busca ativa em suas residências. Essa ação vai funcionar com a ida de servidores nessas casas para entender o que está acontecendo para o não preenchimento das atividades e alertar os pais para ausência de participação de seus filhos na aula”, disse.