O WhatsApp Messenger, aplicativo de mensagens instantâneas vastamente conhecido e utilizado, vem sendo empregado por criminosos para transmitir arquivos de áudio e vídeo e difundir boatos com o intuito de assustar a população. Através da análise do material pela Coordenação de Perícias em Audiovisuais do Departamento de Polícia Técnica (DPT), a polícia baiana já tem meios para identificar quem se utiliza dessa ferramenta tecnológica.
Os arquivos de áudio são examinados pela Fonética Forense – ciência que identifica características da fala humana – e confrontados com gravações realizadas no local com os suspeitos, com auxílio de equipamentos e software de ponta. Tal estudo é possível porque a fala humana tem traços individuais identificáveis, segundo afirmou a especialista em Fonética Forense, a perita criminal Zidalva de Souza Moraes.
"A qualidade vocal é única, assim como a impressão digital", salientou, observando que "a forma de falar, as gírias, o sotaque e todo o dialeto ajudam a identificar a pessoa e até a facção criminosa que integra".
Zidalva Moraes garante que toda investigação fonética é dividida em etapas: verificação de edição de áudio, com o apoio de programas de computador e comparação do locutor através de plataforma desenvolvida pelo Departamento de Fonética da Universidade de Amsterdã (Praat), que analisa atributos específicos, como comprimento, formato e amplitude do som, e verificação perceptual.
Para garantir a confiabilidade do laudo, a apuração auditiva é feita em ambiente silencioso e confortável. As diversas fases do exame levam em média 45 dias, prazo necessário para assegurar a exatidão no resultado. "A lei permite que o laudo seja assinado por apenas um perito, mas aqui, no DPT, todo documento é revisado por outro profissional", explicou.
Até 2008, a Coordenação de Perícias em Audiovisuais analisava apenas arquivos de áudio. Desde o aumento do acesso da população à tecnologia de fotografia e filmagem, os arquivos de imagem (em movimento e estático) também passaram a ser objeto da polícia e da perícia. "Hoje, quase todo mundo tem celular com câmera fotográfica e produz imagens nem sempre boas, que precisam ser examinadas e ter inclusive a qualidade melhorada pelo DPT", destacou Zidalva Moraes.
Muitos criminosos são identificados pelas filmagens. O exame de comparação ou reconhecimento facial dura cerca de 15 dias e, em alguns casos, o perito vai a campo e visita o local do delito para entender como tudo ocorreu. Conforme revelou a perita, "muitas vezes as imagens são capturadas de forma deficiente, reduzindo a qualidade da imagem e dificultando a perícia".
O diretor do Departamento de Inteligência da Polícia Civil (DIP), delegado Ivo Tourinho, garante que a perícia fonética consegue confirmar a autoria de determinado áudio ligando-o ao suspeito. "O laudo emitido pelo DPT é uma prova objetiva. Com ele, a Polícia Civil pode responsabilizar o criminoso pelo conteúdo difundido", frisou o delegado, observando que o documento pode ser utilizado em juízo.
Fonte: Ascom