A pandemia mudou a rotina de muita gente, especialmente na hora de buscar um médico. O atendimento de telemedicina – autorizado em caráter de emergência para atender as pessoas nesse período de distanciamento social – aumentou tanto que começaram a surgir healthtech (startups na área de saúde) especializadas em atendimento remoto.

Uma pesquisa Panorama das Clínicas e Hospitais 2022, realizada pela Doctoralia em parceria com TuoTempo, aponta que da última semana de dezembro/21 à primeira semana de janeiro/22 houve um aumento de 122% nos agendamentos de teleconsultas por meio da plataforma Doctoralia, o que também elevou o número de prescrições médicas digitais - assinada digitalmente pelo médico via o certificado digital. Na Bahia, serviços pré-hospitalares, como a Vitalmed, registraram um aumento de 40% na demanda em 2022 em função do crescimento de sintomas da variante ômicron para covid-19.

Para a gerente de operações médicas da Vitalmed, a médica Diana Serra, os avanços realizados nessa área no Brasil foram grandes nesse período, mas muito ainda precisa ser feito para que se atue com a mesma qualidade verificada em outros países. “A regulamentação da prática de telemedicina, com regras mais claras ainda não ocorreu, mas torço para que, em breve, isso ocorra garantindo assistência numa realidade de país continental como a nossa, com áreas tão mal assistidas”, afirma.

Diana diz que por ser um serviço pré-hospitalar, a pratica de telemedicina não é uma novidade para a Vitalmed e que, desde a implantação do serviço, há 29 anos, atendimentos desse tipo são prestados pelos profissionais que realizam o atendimento. “Antes era só o telefone, hoje, as videochamadas ajudam a realizar um atendimento melhor. Meu sonho é o dia em que os pacientes também contem com equipamentos que auxiliem no nosso trabalho, a exemplo daqueles que fazem aferição de pressão e contagem de batimentos cardíacos”, esclarece.

Contato humano

Com 30 anos de graduada, a médica não acredita que a tecnologia conseguirá superar o atendimento presencial, mas que a telemedicina termina servindo como uma ferramenta auxiliar em situações específicas, como a chegada das equipes naquelas localidades de difícil acesso. “Durante os períodos mais delicados da pandemia, muitos pacientes não queriam equipes de saúde em suas casas, então, essa forma de atender terminava sendo uma possibilidade bastante viável”, afirma.

Apesar de reconhecer os benefícios, o representante do Conselho Federal de Medicina e do Conselho Regional de Medicina Júlio Braga diz que há um grande temor que a prática da telemedicina seja normalizada em todas as áreas da medicina, esquecendo que existe muitas particularidades no exercício profissional. Uma pesquisa divulgada pela Mercer Marsh mostrou que o crescimento da telemedicina ultrapassou os 300% durante esses primeiros dois anos de pandemia, dando visibilidade a novos formatos de consultas médicas.

“Desde 2002, a prática da telemedicina já era contemplada e liberada, no entanto, eram consideradas situações excepcionais, como as vividas em plataformas de petróleo, para o Samu e em áreas como a radiologia, cardiologia e a patologia clínica”, esclarece.

O Conselheiro diz que as vantagens desse tipo de prática caminham com os problemas, especialmente no que diz respeito às consultas, que precisarão ser normatizadas aos poucos. “Compreendemos que em situações de dificuldade de locomoção do paciente e em locais de acesso mais complicado, a teleconsulta é uma ferramenta importante, mas não se pode trocar a presença física de uma assistência médico com uma análise feita de forma remota”, completa o conselheiro, reforçando que em qualquer lugar do mundo, o atendimento presencial é considerado o padrão ouro.

Serviços complementares

Júlio Braga reforça que o próprio código de ética médico recomenda que o atendimento remoto seja complementado depois com a atenção presencial para que não haja problemas para o paciente. “Nosso maior temor é que a administração pública substitua o serviço público presencial por esse formato, feche serviços de assistência à família e comprometam o vínculo do médico e seu paciente”, pondera.

O médico também torce para que a telemedicina seja regulamentada dentro dos padrões éticos do exercício profissional, facilitando a vida dos profissionais e dos pacientes. “A pandemia terminou adiantando procedimentos como a assinatura eletrônica para o receituário e os prontuários, mas essas soluções precisam ser amadurecidas para que não se transforme num problema”, afirma Braga.

Enquanto a discussão e as resoluções não avançam, os pacientes comemoram os benefícios da tecnologia. A aposentada Maria Milza Gomes Carvalho já usou o serviço algumas vezes para ela e para o marido, que tem 69 anos e se encontra acamado. “Fomos muito bem atendidos, as médicas foram carinhosas, criteriosas e muito pacientes com o procedimento e isso nos trouxe segurança e a resolução do problema de modo muito rápido”, conta.

No caso do marido, Maria Milza fez questão de reforçar que além de ouvir as queixas dela em relação ao problema, a médica pediu que ela levasse o telefone até o quarto do marido e fez a avaliação através de uma chamada de vídeo, orientando para onde a tela deveria ser levada e o que ela precisava olhar com mais atenção. “Depois, ela receitou a medicação para ele e, em pouco tempo, recebemos os produtos da farmácia, sem necessidade de deslocamento, com segurança”, comemorou.

A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que, desde 2020, os atendimentos médicos realizados por meio de telemedicina já são de cobertura obrigatória pelos planos de saúde, na forma autorizada pelo Conselho Federal de Medicina (CFM).

Atualmente, a assistência através da telemedicina e da assistência presencial têm os mesmos valores e que os serviços públicos dispensam esse tipo de atendimento para casos específicos, de acordo com a necessidade do paciente. Os serviços de saúde voltados para a população em hospitais e clínicas escolas, a exemplo da Escola Bahiana de Medicina e o Hospital Universitário Edgar Santos (Hospital das Clínicas/UFBA), realizaram o teleatendimento nos momentos mais críticos da pandemia, para evitar a aglomeração.

Outras profissões da área da saúde contam com regulamentações específicas sobre teleconsulta:

Enfermagem – permite a execução de prescrição médica à distância somente em casos de urgência ou emergência (Resolução COFEN Nº 0487/2015);
Fonoaudiologia – permite apoio por avaliação à distância, mas com profissional fonoaudiólogo presente junto ao paciente (Resolução CFFa nº 366/2009);
Psicologia – regulamentou e detalhou várias modalidades de serviços psicológicos à distância, tanto em caráter clínico quanto de pesquisa (Resolução CFP Nº 011/2012).

Como outros países estão utilizando a teleconsulta?

Os Estados Unidos estão bastante avançados na discussão da teleconsulta e a legislação permite este tipo de atendimento entre médico e paciente, de acordo com o Portal Telemedicina. O programa CCHT (Care Coordination and Home Telehealth), por exemplo, presta atendimento remoto aos veteranos de guerra do país, que já conta hoje com mais de 50 mil pacientes. Pelo CCHT, pacientes e médicos se interconectam através de estações de videoconferência instaladas em vários lugares estratégicos e um estudo mostrou que este atendimento ajudou a reduzir as internações hospitalares e os custos de atendimento, além de gerar elevada satisfação dos pacientes.

Na Europa, a grande maioria dos países possuem legislação sobre teleconsulta. A China, em 2010, iniciou o projeto piloto denominado Ideal Life. Já o Canadá utiliza a teleconsulta por meio de telefonia ou internet para áreas rurais e urbanas; o México permite a teleconsulta para pacientes que vivem em comunidades rurais desde de 2001, e a Austrália (desde 1994) e no Japão (desde 1997) liberaram esta forma de consulta.

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O cartão de vacinação contra a covid-19 passará a ser cobrado de pacientes, pais e acompanhantes de parturientes internadas no Hospital Inácia Pinto dos Santos (Hospital da Mulher). A exigência passa a valer a partir da terça-feira da próxima semana (15). A orientação é do Ministério da Saúde diante do aumento de casos da doença e também da gripe provocada pelo vírus H3N2. A unidade hospitalar passa a ter novas regras na rotina para acompanhantes a fim de reduzir riscos de transmissão.

Uso de máscara, higienização frequente das mãos, distanciamento social durante circulação em corredores bem como uso de toucas, luva descartáveis, roupa hospitalar padronizada e pulseira de identificação fazem parte das novas regras no Hospital da Mulher.

O diretor do Complexo Materno Infantil da Fundação Hospitalar, o médico Francisco Mota, afirma que o cumprimento das regras é fundamental para garantir a saúde de pacientes, bebês e de profissionais da saúde. “Será solicitado de pais e acompanhantes, sem o ciclo vacinal completo, o resultado do exame [RT-PCR] realizado até 48 horas antes do acesso ao hospital”.

A presidente da Fundação Hospitalar, Gilbert Lucas, alerta ainda para “quem não tiver tomado a segunda ou a terceira doses, no prazo, não poderá ter acesso à unidade hospitalar”.

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A prefeitura abriu 30 novos leitos de UTI e clínicos pediátricos no Hospital Martagão Gesteira, na manhã desta sexta-feira (4). As unidades são para atender a demanda do aumento de casos entre as crianças.

A taxa de ocupação dos leitos na capital chegou a 100% no mês passado e ficou acima dos 90% nas últimas semanas.

"Há uma demanda muito grande, seja na rede privada, seja na rede filantrópica, por procura de leitos. Esse é o maior hospital na nossa cidade para as crianças e desde a chegada da ômicron o número de casos ativos nunca esteve tão elevado quanto agora", explicou o prefeito Bruno Reis, durante a entrega dos leitos.

Serão 10 vagas de UTI e 20 vagas de enfermaria pediátrica. "Sempre tivemos uma quantidade de leitos [pediátricos] que nos permitiu passamos bem pela primeira e segunda onda, porque o número de crianças infectadas não era na proporção que está sendo agora. Nos últimos 15 dias, vínhamos trabalhando no limite", analisou o prefeito.

Desde o início do ano a taxa de ocupação dos leitos pediátricos em Salvador tem fica acima de 80%. Nesta sexta-feira, a UTI está com 95% de ocupação e as acomodações clínicas com 90% das vagas ocupadas.

O presidente da Liga Álvaro Bahia Contra a Mortalidade Infantil, entidade mantenedora do hospital, Emanuel Melo, contou que a unidade vinha acompanhando o aumento no número de casos de crianças internadas com covid e já estava com equipe e maquinário preparados caso houvesse necessidade de ampliar o atendimento no hospital.

“O Martagão é uma instituição filantrópica e de interesse público. Então, entendemos que é responsabilidade do hospital responder em momentos de crise, como esse de pandemia, e de dificuldade na atenção à saúde de qualquer criança. Quando a prefeitura nos procurou já estávamos preparados, porque temos o termômetro de como estava a situação”, disse.

O município autorizou recurso para o hospital que foi usado no enfretamento ao vírus. “A prefeitura liberou R$ 1 milhão do recurso covid para o Martagão Gesteira que estava provisionado na Secretaria de Saúde. É um recurso não para essa UTI, mas para atender a essa emergência toda que aconteceu no hospital. Foi assim que conseguimos contratar gente nova para repor [os profissionais que estão afastados], por exemplo”, contou.

Atualmente, a unidade está com 14% dos funcionários afastados por conta da gripe e da covid.

Nos últimos 45 dias, o Município reabriu quatro gripários, com 53 novos leitos; quatro unidades de saúde foram transformadas em mini UPAs, com dez leitos de observação e dois de estabilização cada; além de 28 leitos no Santa Izabel e ampliação do Hospital de Campanha Sagrada Família, com 61 leitos. Neste sábado (5), serão abertos 10 leitos semi-intensivos em uma tenda na UPA dos Barris.

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Apesar de considerada menos letal, a variante Ômicron do coronavírus fez a média móvel de mortes pela doença aumentar 566% no último mês, saltando de 98 para 653 óbitos diários nesta quarta-feira, 2. Mesmo com mais de 70% da população brasileira já imunizada com duas doses ou a vacina de aplicação única, a alta transmissibilidade da cepa tem aumentado as internações em leitos de enfermaria e UTI, enquanto gestores de saúde apontam que a maioria dos quadros graves está concentrada em idosos, pessoas com comorbidades e não vacinados.

"A subida foi bem lenta na primeira (onda), rápida na segunda e meteórica com a Ômicron", explica Luiz Carlos Zamarco, secretário adjunto de Saúde de São Paulo. "A partir daí, a curva de internações e infecções se estabilizou, com casos de menor complexidade, o que facilitou o giro de leitos", diz. "Hoje temos de maneira clara que podemos estar muito próximos do chamado platô, para que entre 15 e 20 de fevereiro haja estabilidade", explica o secretário municipal de Saúde, Edson Aparecido.

Segundo ele, um terço dos óbitos pelo coronavírus é de pessoas que não completaram o esquema vacinal. O restante ele atribui a pacientes com alguma comorbidade grave, cujo quadro é agravado pela covid.

Esse é o mesmo perfil dos óbitos que têm impulsionado a média móvel da Bahia. Nesta quarta, o Estado registrou 45 mortes por covid, o maior total diário desde 7 de agosto - e a média móvel de casos ativos e novas notificações gira em torno dos 30 mil, o maior patamar de toda a pandemia. "Temos mais casos, porém um quarto dos óbitos de março do ano passado", observa Izabel Marcílio, coordenadora de Operações de Emergência.

O cenário se repete no Distrito Federal, onde a letalidade é menor, mas a alta nas transmissões tem pressionado as unidades de atendimento primário e desfalcado equipes médicas. "Essa característica avassaladora de transmissibilidade é sem precedentes", diz Fernando Erick Damasceno, secretário adjunto de Saúde. Dos 40 óbitos por covid deste ano, Damasceno afirma que 34 foram em pessoas que não completaram o esquema vacinal.

No Mato Grosso do Sul, a onda de transmissão tem forçado o Estado a abrir novos leitos para dar conta da demanda. Cerca de 30% dos profissionais da saúde se infectaram com a nova variante "Para um Estado pequeno como o nosso, isso é muito", diz Geraldo Resende, secretário estadual de Saúde.

Incerteza
Em todos os Estados, a expectativa é de que esse aumento em óbitos, internações e novos casos permaneça pelas próximas duas semanas, até atingir um platô. Mas isso não significaria o fim da pandemia. "Estaríamos mais uma vez vencendo uma etapa, fazendo com que todas as pessoas sejam atendidas e medicadas", frisa Aparecido.

A incerteza se explica pela ausência de parâmetros como a taxa de positividade, explica Isaac Schrarstzhaupt, analista de dados e coordenador na Rede Análise Covid-19, formada por pesquisadores voluntários. Essa taxa é obtida quando se divide o número de testes positivos pelo número de testes realizados. "Isso permite prever a tendência do comportamento da doença. Se tivéssemos, poderíamos apostar no pico ou no platô", diz. No País, porém, a testagem é baixa

Para a epidemiologista e professora da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) Ethel Maciel, a desigualdade nos índices de vacinação entre os Estados é outro fator a dificultar predição. "Acredito que em alguns Estados como o Rio já passamos pelo pico, mas há uma diferença de desenvolvimento da Ômicron e da vacinação pelo País de pelo menos de duas a três semanas", afirma. "Acabamos olhando para dados de outros países em que essa variante levou de 25 dias a 45 dias para atingir o pico."

A falta de investimentos federais em campanhas de divulgação da necessidade de reforço na vacinação também não contribui, diz a epidemiologista . "A gente já sabia que seria preciso a dose de reforço para essa variante e ainda estamos muito atrás, com porcentual muito baixo quando comparado com outros países como o Reino Unido e a Dinamarca, que começam a retirar as restrições", afirma.

SRAG
O diagnóstico do Infogripe, da Fiocruz, divulgado ontem, também não é animador. Os casos de síndrome respiratória aguda grave (SRAG) têm sinal forte de crescimento nas tendências de longo prazo (seis semanas) e de curto prazo (três semanas). Essa tendência deve se manter em 23 Estados brasileiros. Do total, quase 80% dos casos neste ano são decorrentes da covid-19.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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O Boletim do Observatório Covid-19 Fiocruz divulgou, nesta quarta-feira (26), uma lista com os estados que estão com nível de alerta intermediário na ocupação dos leitos de UTI e a Bahia ocupa a sétima posição, com 67% dos leitos ocupados.

A Secretaria de Saúde do Estado (Sesab) informou que a elevação da taxa de ocupação de leitos se deu por conta do aumento do número de casos. “Ainda há uma parcela da população que não está com a imunização completa ou sequer tomou a primeira dose, o que representa um maior risco de desenvolver quadros graves da doença”, ressaltou a pasta.

Nesta quarta, a Bahia possui 23.985 casos ativos da covid-19 e um total de 27.837 óbitos. Com 1.375 leitos ativos para tratamento dos casos mais graves da doença, 888 desse número está ocupado por pacientes. A Sesab destaca, no entanto, que um levantamento da Diretoria de Vigilância Epidemiológica do Estado mostra que, com o avanço da vacinação na Bahia, a mortalidade teve uma queda acentuada.

Em março de 2021, essa taxa era de 23,40 por 100 mil habitantes, enquanto que em dezembro caiu para 1,44 por 100 mil habitantes. “Outro dado que aponta a eficiência da vacinação é o número total de internados por conta da doença. Em março de 2021, 7960 pessoas precisaram ser hospitalizadas em razão da Covid-19. Em dezembro foram 557, uma queda de 93%”, pontua.

De acordo com dados da Fiocruz, das 27 Unidades Federativas, seis estados e o Distrito Federal estão na zona de alerta crítico, 12 estados estão na zona de alerta intermediário e 8 estão fora da zona de alerta. Os pesquisadores do Observatório afirmam que a situação está nitidamente piorando, embora o avanço da vacinação ajude a desenhar um quadro diferente do de outros momentos mais críticos da pandemia. Com a grande transmissibilidade atual, com a variante Ômicron, mesmo um número inferior de casos que necessitam de internação em UTI gera números expressivos que pressionam o sistema de saúde.

Além da Bahia, estão na zona de alerta intermediário de ocupação dos leitos de UTI os seguintes estados: Amazonas (75%), Roraima (70%), Pará (76%), Tocantins (77%), Ceará (75%), Rondônia (65%), Amapá (69%), Rio de Janeiro (62%), São Paulo (66%) e Paraná (61%) e Mato Grosso (78%). Já na zona de alerta crítico estão os estados de Pernambuco (81%), Espírito Santo (80%), Goiás (82%), Piauí (82%), Rio Grande do Norte (83%), Mato Grosso do Sul (80%) e Distrito Federal (98%).

Leitos pediátricos

O Ministério Público estadual recomendou ao Estado da Bahia e ao Município de Salvador que realizem o planejamento para a oferta de leitos Covid-19 pediátricos, considerando o agravamento dos indicadores epidemiológicos. Segundo dados disponíveis na Central Integrada de Comando e Controle da Saúde da Covid-19, atualizados nesta quarta, estão ativos 60 leitos covid de enfermaria pediátrica e 29 leitos covid de UTI pediátrica, com taxa de ocupação de 78% e 93%, respectivamente. Destes, estão localizados em Salvador 30 leitos de enfermaria e 20 leitos de UTI, que registram uma taxa de 90% e 95% de ocupação, respectivamente.

No documento, o MP solicitou que o Estado e Município se manifestem sobre a recomendação no prazo de cinco dias úteis, bem como enviem informações acerca das providências adotadas para o seu cumprimento. O CORREIO tentou contato com a Secretaria Municipal e Estadual de Saúde, mas não obteve respostas até o fechamento desta reportagem.

 

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Ilhéus registrou aumento significativo de novos casos da Covid-19 nos últimos 15 dias, de acordo com informações da Secretaria de Saúde (Sesau). Os dados repassados pelo Departamento de Vigilância Epidemiológica mostram que o quantitativo de munícipes infectados saltou de 67 para 412, entre os dias 8 e 23 de janeiro do ano em curso, o que representa crescimento de 515%.

Além disso, o número de óbitos também aumentou, com notificação de 11 mortes em decorrência da doença do início do mês até o momento, superando dezembro do ano passado, quando foram registrados quatro óbitos. A ocupação dos leitos de UTI por moradores de Ilhéus, contudo, permaneceu com média de internação diária de três pacientes. Para controlar o cenário e manter a estabilidade de casos no município, a Prefeitura ampliou a assistência e o serviço de vacinação contra a Covid-19.

"Neste momento precisamos da compreensão e do entendimento de cada cidadão. Estamos avançando com a vacinação, mas é fundamental manter todos os cuidados para evitar a contaminação, com uso de máscara de proteção, higienização das mãos e distanciamento social", ressaltou o prefeito Mário Alexandre.

Conforme André Cezário, titular da Sesau, a estratégia adotada pela gestão municipal consiste na contratação de médicos para o PA da Zona Sul e a UPA, que passará a funcionar como gripário destinado ao atendimento de sintomas leves, oferta da vacinação noturna em três unidades básicas de saúde, imunização infantil e aumento da testagem rápida para detecção da doença.

O boletim divulgado na segunda-feira (24) contabiliza 20.514 pessoas curadas e 386 infectadas pela Covid-19. Dos atuais 30 leitos de UTI habilitados, 17 abrigam pacientes oriundos de outras cidades baianas e 2 estão ocupados com pacientes de Ilhéus, com registro de 597 óbitos desde o início da pandemia.

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Após a publicação da nota técnica nº2/2022, da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério da Saúde, a comunidade científica da Bahia e do Brasil repudiou veementemente o documento divulgado nesta sexta-feira (21). A nota da pasta indica “efetividade” e “segurança” para o uso da hidroxicloroquina no tratamento da covid-19, e, ao mesmo tempo, nega os benefícios das vacinas. Especialistas baianos avaliam a declaração como um “desserviço”, “inadmissível”, “imprecisa” e contrária às evidências da ciência.

A nota foi assinada apenas pelo secretário de Ciência, Tecnologia, Inovação e Insumos Estratégicos em Saúde do Ministério, Hélio Angotti Neto. Ela cita 13 estudos “controlados e randomizados” favoráveis à hidroxicloroquina, “com efeito médio de redução de risco relativo de 26% nas hospitalizações". Já para a falta de eficácia das vacinas, o embasamento se deu com 18 ensaios não finalizados, dos quais, oito ainda estão em fase de recrutamento, nove ainda estão sem concluir a fase de seguimento e um está finalizado, mas em fase de dados insuficientes para a avaliação de segurança.

Nota técnica diz que vacinas não são eficazes, enquanto hidroxicloroquina sim (Foto: Reprodução/Ministério da Saúde)
Para a infectologista Ceuci Nunes, diretora do Instituto Couto Maia, hospital referência no tratamento de doenças infec-contagiosas na América Latina, a nota é “tão absurda” que chega a ser “estarrecedor” comentá-la. “Ela é tudo de ruim, porque, primeiro, desacredita em um órgão importantíssimo, que é o Conitec do SUS. Um ideológico, sem rigor científico nenhum, compara vacina com cloroquina, o que é um absurdo. É um desserviço o que o Ministério tem prestado ao Brasil nesta pandemia”, opina Ceuci.

Segundo a especialista, somente o Ministério da Saúde ainda defende a cloroquina. “A cloroquina já ficou desmoralizada. A literatura já está farta de evidências de que ela não serve para tratamento de covid. A vacina que tem salvado milhões de pessoas e conseguido modificar a cena da pandemia no Brasil. Ela que diminuiu os casos graves e as hospitalizações”, explica Ceuci Nunes.

Ao avaliar o cenário epidemiológico da Bahia, é possível observar a diminuição dos casos do vírus e número de mortes desde o avanço da vacinação no estado. No primeiro semestre de 2021, apenas 8,7 milhões de vacinas tinham sido aplicadas. Em junho, o número diário de casos confirmados era entre 4 e 6 mil. Em julho, isso começou a diminuir e, em agosto, reduziu para pouco mais de 1 mil casos diários. De setembro a novembro de 2021, após o início da vacinação, ficou em torno de 500 casos.

Já o número de mortes, em junho de 2021, era mais de 100, diariamente. Em julho, esses óbitos reduziram para 43; em agosto, 30; em setembro, 17; e em outubro e novembro, variou de 5 a 10. Ou seja, a quantidade de baianos que morre por covid-19 reduziu mais de seis vezes nos últimos seis meses. O número de casos teve queda de 92,57%.

Enquanto isso, o número de vacinas aplicadas triplicou, no mesmo período: agora, são mais de 27 milhões. Do total de habitantes na Bahia, 73,7% estão com a primeira dose e 62,1% com a segunda. Em dezembro e janeiro, o número de caso voltou ao patamar de 4 a 6 mil por dia por conta do avanço da variante ômicron. O número de mortes diárias está entre 15 e 20. Além disso, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) já informou que, em janeiro, 80% dos internamentos nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são de pessoas que não tomaram o imunizante.

O imunologista Celso Sant’Ana, professor da UniFTC, esclarece que as vacinas têm o papel de reduzir o contágio da doença e faz com que as pessoas tenham sintomas mais leves caso sejam infectadas. “Não se deveria ter dúvida em relação à vacina de qualquer tipo. Elas são eficazes há anos e já salvaram muitas vidas. Se não fossem elas, não teríamos erradicado a poliomielite e o sarampo no Brasil”, argumenta.

Sant’Ana é completamente contra o conteúdo da nota técnica. “As vacinas reforçam a imunidade da pessoa contra o vírus, enquanto as drogas como cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina trabalham no sentido de impedir a multiplicação do vírus. Porém, não existe, até hoje, medicamentos que os matem. E não tem como comparar a eficiência de uma vacina com qualquer outra droga”, adiciona. Ele ainda cita efeitos colaterais das drogas em pacientes hepáticos e cardíacos.

Celso diz que cada parágrafo das 45 páginas da nota técnica pode ser refutado. “Ela se baseia em premissas altamente inconsistentes, com erro de metodologia de análise. Eles foram muito rigorosos para analisar trabalhos contra a vacina e muito generosos para analisar trabalhos a favor da cloroquina. A nota não gera consequências legais e não tem caráter obrigatório, porém gera um impacto negativo desnecessário”, analisa.

Abaixo assinado
Um abaixo assinado foi criado, neste sábado (22), por docentes, profissionais de saúde e pesquisadores do Brasil emitindo posição contrária à nota que favorce a cloroquina. O texto pede providências ao Supremo Tribunal Federal (STF), Ministério Público (MP), Senado e ao Ministério da Saúde. Em menos de 24 horas após sua criação, o documento já tem mais de 40 mil assinaturas. Os autores da carta se dizem "perplexos” pela nota rejeitar formas de tratamento recomendadas por médicos com experiência no tema, em favor de métodos não validados. “Em nosso entender, é um exemplo primoroso de desinformação em saúde”, criticam os cientistas.

A nota ainda recusa propostas elaboradas por um grupo de pesquisadores convocados pelo próprio Ministério da Saúde, que fazem parte da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), entidade que emite recomendações no tratamento de doenças. Para os pesquisadores, foi criada uma situação sem precedentes no país.

“Causa enorme preocupação o fato de que as rédeas do Ministério estejam sob a posse da ideologia, da desinformação e, principalmente, da ignorância. O comportamento do Ministério da Saúde transgride não somente os princípios da boa Ciência, mas avança a passos largos para consolidar a prática sistemática de destruição de todo um sistema de saúde”, acrescenta o abaixo-assinado.

O que diz a OMS
A Organização Mundial da Saúde (OMS) também já se posicionou sobre a ineficácia da cloroquina para tratar o novo coronavírus logo no início da pandemia. Em um documento publicado em maio de 2020, a OMS disse que “os atuais indícios científicos não são conclusivos quanto à utilidade e aos efeitos secundários da hidroxicloroquina nas doses recomendadas para gestão da covid-19".

Ao mesmo tempo, a organização defende a vacinação para o controle da doença: “As vacinas mostraram um alto nível de eficácia em todas as populações e têm sido consideradas seguras e eficazes em pessoas com várias condições médicas subjacentes”, como grávidas, pessoas com diabetes, hipertensão, idosos, crianças e outros grupos “de risco”.

Órgãos oficiais
Até a noite deste domingo (23), a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) não quis se posicionar sobre o tema, só disse que é “lamentável, nos dias atuais, esse posicionamento do Ministério da Saúde”. A Sesab pediu que a reportagem do CORREIO procurasse o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), que não respondeu até a mesta data.

Nas redes sociais, o líder da oposição no Senado, Randolfe Rodrigues (Rede-AP), anunciou que vai acionar o Supremo Tribunal Federal (STF) para barrar o incentivo ao medicamento. Diversas outras entidades repudiariam a nota técnica, como a Frente pela Vida, organização formada por profissionais da Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), Médicos pela Democracia, e a Sociedade Brasileira de Virologia.

Secretário municipal da saúde de Salvador, Leo Prates cumpre agenda no interior e informou que não conseguiria avaliar a nota técnica do Ministério da Saúde até a noite deste domingo (23). O Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (COSEMS), a Associação Bahiana de Medicina (ABM), o Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) e o Ministério da Saúde foram procurados, mas não enviaram resposta.

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A junção da gripe mais covid fez o número de atendimentos nos gripários de Salvador disparar. No começo do ano, a unidade do Pau Miúdo atendia 46 pacientes por dia. Agora, são 379 casos diários, um aumento de 724% em 20 dias. Nos Barris, o número saltou de 99/dia para 253/dia. Nesta sexta-feira (21), o gripário de Pirajá/ Santo Inácio será reaberto para tentar ajudar a desafogar o sistema. Nessa quinta-feira (20), quatro unidades básicas foram transformadas em pronto atendimento.

É tanta gente buscando ajuda que a espera tem durado horas na porta das unidades. Do lado de dentro, pacientes estão recebendo atendimento em macas nos corredores ou até mesmo em colchões no chão. Além disso, 2,2 mil servidores municiais estão afastados, por diversas doenças, e muitos deles são profissionais de saúde. O coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Ivan Paiva, contou que o sistema está com 42 trabalhadores a menos, porque estão infectados com covid.

“São médicos, enfermeiros, técnicos e condutores socorristas infectados. Estamos ampliando hora extra, permitindo trabalho remoto, nas situações em que isso é possível, e fazendo ajustes nas escalas para conseguir manter as 62 ambulâncias em funcionamento. O cenário é crítico, e está assim também na rede privada”, disse.

O coordenador contou que pacientes que têm plano de saúde também estão com dificuldade para conseguir atendimento e que, em alguns casos, a espera dentro da ambulância pode durar algumas horas. “O paciente está bem, porque está acompanhado de profissionais e equipamentos, mas isso impossibilita que o veículo possa ser usado para atender outras ocorrências”, contou.

A estudante Renata Nascimento, 21 anos, sentiu na pele a febre por atendimento. Ela contou que chegou no gripário dos Barris, às 6h, mas só conseguiu ser atendida às 13h.

“Quando cheguei na fila já tinham 12 pessoas e quando o posto abriu, já eram mais de 60 aguardando pelo teste. Eu tive contato com uma pessoa que estava infectada, estava apresentando uma inflamação insistente na garganta e tive febre por um dia inteiro. Estou extremamente preocupada, muita gente contraindo o vírus, principalmente pessoas que moram comigo”, contou.

Unidades
Para tentar aliviar a pressão a prefeitura voltou a adotar medidas do início da pandemia. A primeira delas foi a reabertura dos gripários, unidades criadas na gestão ACM Neto para atender exclusivamente pacientes com síndromes gripais. A estrutura de Pirajá/ Santo Inácio será reaberta nesta sexta-feira (21). Quando foi inaugurada, em junho de 2020, ela tinha dez leitos de enfermaria e duas salas vermelhas – similar a uma UTI.

Além disso, nesta quinta-feira (20), quatro Unidades de Saúde da Família foram transformadas em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs). Na prática, significa que elas vão atender casos específicos de síndromes gripais, de baixa e média complexidade, e vão ampliar o funcionamento de cinco para sete dias na semana, e atuar durante 24h. A capacidade é para 250 atendimentos diários, cada.

Foram adaptadas as USF de Pirajá, IAPI, Itapuã e Imbuí. O prefeito Bruno Reis (DEM) esteve na unidade do Imbuí e pediu para que a população redobre as medidas de proteção contra o coronavírus. Ele disse que o crescimento na demanda dos gripários não está causando sobrecarga dos leitos de UTI e lembrou que isso se deve a vacina.

“Há uma grande pressão sobre o sistema de saúde de urgência e emergência. Graças a Deus, a vacina está cumprindo o seu papel, então, a demanda por leitos de UTI não está na mesma proporção. Temos em funcionamento dez UPAs, cinco PA (Pronto Atendimentos) e três gripários. São 18 estruturas somente da prefeitura. Existem mais três do estado e estamos inaugurando mais quatro agora, ou seja, são 25 unidades, 15 a mais que em condições normais”, disse.

A taxa de ocupação de leitos de UTI em Salvador está em 78% e a de leitos clínicos em 89%. A UTI pediátrica melhorou. Depois de alcançar 95%, no início do mês, caiu para 60% e a clínica está em 83%. Em toda a Bahia, a ocupação da UTI e da enfermaria adulta está em 68% e 55%, respectivamente. E a UTI e enfermaria pediátrica em 66% e 70%.

Mais leitos
A sobrecarga no sistema de saúde levou o governo do estado a reabrir leitos no Hospital Espanhol, na Barra. Desde 2020, a unidade está sendo usada exclusivamente para o atendimento de pacientes infectados com covid-19. O governador Rui Costa (PT) informou que as novas vagas estarão disponíveis a partir de domingo (23).

"Serão 30 leitos clínicos para tentar desafogar as UPAs, vamos estar retirando parte dos pacientes e levando para o Hospital Espanhol. Isso busca dar uma ajuda às redes municipais e reduzir a pressão nas UPAs e emergências", afirmou.

O governador disse que a situação pode se agravar devido à facilidade de transmissão da Ômicron e que está monitorando a situação para abrir novos leitos, caso seja necessário. “Ontem nós ultrapassamos 100% do número de internados do início do mês de dezembro. Chamo a atenção ao fato de que essa nova variante mata. Ela interna muito menos do que a outra, mata menos do que a outra, mas mata”, afirmou.

A prefeitura também não descarta ter que abrir novas unidades para conseguir atender o aumento na demanda. Foram citadas como possibilidade a reativação dos leitos do Hospital Salvador, na Federação, e dos gripários de Paripe e Valéria. O secretário municipal de Saúde, Léo Prates, cobrou mais comprometimento da população e do governo na luta contra o vírus.

“Apesar da taxa de letalidade ser menor, a alta contaminação pode levar a um número bruto de mortes muito maior. Além disso, estamos ao mesmo tempo enfrentando outras doenças”, afirmou. Ele também se queixou da redução do financiamento de leitos pelo governo federal, que passou de R$ 1,6 mil para R$ 600.

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Quem abriu o Google nessa terça-feira (18) se deparou com o recado: “Vacine-se. Use máscara. Salve vidas”. A configuração apareceu no mesmo dia em que a Bahia ultrapassou o número de 10 mil casos ativos de covid-19. São exatos 10.980 infectados, uma marca que não era obtida desde 13 de julho de 2021, quando foram 11.055 registros. No boletim do dia anterior (17), eram 10.054 casos. O ano virou, mas, ao contrário do que parecia, a pandemia continua em pauta e, inclusive, trazendo números cada vez mais alarmantes. Mas, afinal, o que esses números dizem e em que fase está a pandemia?

De acordo com dados da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), a curva de casos ativos estava em estabilidade desde o mês de agosto e voltou a subir desde os últimos dias de dezembro do ano passado. De lá para cá, a escalada foi acelerada. No dia 27 de dezembro, eram 1.675 ativos. No dia 1º de janeiro, 1.830 (aumento de 9,2%). Já no dia 6, eram 2.756 (aumento de 50,6%). No dia 11, o salto foi ainda maior: 5.493 (aumento de 99,3%).

A bacharel em Direito Maria Beatriz Felloni, 24 anos, entrou para a estatística. Ela não conseguiu escapar dessa nova onda de contaminação. Os sintomas começaram no dia 14 de janeiro, com cansaço, dores no corpo e dor de garganta. “Eu sempre tive todo o cuidado, só estava indo para o trabalho, então acho que peguei lá”, diz.

Maria Beatriz fez o teste na última segunda (17), mas, por conta da alta procura, não foi tão fácil realizar o exame. “Passei por umas três farmácias até conseguir. E ainda entrei como atendimento extra. A fila estava enorme”, conta.

O publicitário e diretor de conteúdo do site Alô Alô Bahia, Rafael Freitas, 34 anos, conta que só teve inflamação na garganta e que, se não tivesse feito o teste no dia 6 de janeiro, ficaria em dúvida. Ele foi infectado agora pela segunda vez; a primeira foi em setembro de 2020. “Estava seguindo o isolamento e todos os protocolos, mas, após a vacinação, voltei a sair e rever familiares e amigos”.

Para o virologista Gúbio Soares, que é pesquisador e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), os números da covid podem estar sofrendo uma subnotificação. “Os números podem ser ainda maiores. Tem muita gente que não está procurando atendimento médico, principalmente porque a maioria está com sintomas leves”.

O virologista Gúbio Soares diz que o alto número de casos ativos se explica pela combinação de uma alta taxa de transmissão e a ausência de isolamento.

“Estamos com uma onda de aglomerações desde o final do ano por conta das festas. As pessoas estão saindo, os barzinhos estão lotados. Isso é um prato cheio para a Ômicron, que tem maior poder de transmissão. Essa variante se espalha mais rapidamente de uma pessoa para outra. Aí quem pega vai trabalhar, seja sem sintomas ou com sintomas leves achando que não é covid, e passa para as outras pessoas”.

Por conta do aumento do número de casos, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) está adotando a estratégia de aumento das testagens. Na última sexta (14), 340 mil testes rápidos chegaram ao estado com o objetivo de monitorar a situação epidemiológica e auxiliar os gestores na tomada de decisão sobre o avanço da pandemia.

“Já estávamos recomendando a testagem massiva durante toda a pandemia, com esse aumento no número de casos ativos, o cuidado precisa ser redobrado. Agora, o rastreamento será ainda maior. A população precisa continuar colaborando para que a gente possa vencer essa batalha. Os números deixam claro que a pandemia ainda não acabou”, destacou a secretária da Saúde da Bahia, Tereza Paim.

A boa notícia é que, de acordo com a Sesab, devido ao avanço da vacinação, os números de internação e mortalidade não estão acompanhando o número de casos ativos. A taxa de mortalidade era de 23,40 em março de 2021, por cada 100.000 habitantes. Atualmente, a mesma taxa está em 0,64. A taxa de internação também em março de 2021 chegou a 7.960 e agora está em 325. “Estamos diante de um cenário de maior espalhamento do vírus, sim. Porém, com indicadores mais favoráveis”, diz a pasta.

Qual é o nível de alerta?

Em 11 de janeiro, a Agência Europeia de Medicamentos (EMA) afirmou que, embora a doença ainda esteja em fase de pandemia, a disseminação da variante Ômicron transformará a Covid-19 em uma doença endêmica com a qual a humanidade pode aprender a lidar. Mas esse não é um posicionamento unânime.

Especialistas alertam que, por enquanto, não é possível flexibilizar os cuidados, ou seja, ainda é preciso evitar aglomerações, usar máscaras e higienizar as mãos. Nesta terça (18), o diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), Tedros Adhan Ghebreyesus, declarou em entrevista coletiva que a pandemia “está longe de acabar”.

O diretor descartou categoricamente a ideia de a variante Ômicron, que se espalha rapidamente pelo mundo, seja benigna e signifique o fim da pandemia. “Não se enganem, a Ômicron causa hospitalizações e mortes”, disse Tedros Adhan Ghebreyesus, que ainda alertou para a possibilidade de surgimento de novas variantes.

O professor e pesquisador Gúbio Soares concorda. “Não podemos dizer que é o fim da pandemia; isso pode muito bem ser o começo de uma nova pandemia, com o aparecimento de uma nova mutação gerada pela Ômicron. Quanto mais o vírus se multiplica no ser humano, maior a chance do surgimento de uma nova variante. Mas pode haver ainda o estabelecimento de uma cepa que vai permanecer por muitos anos entre a gente, como o vírus da influenza, por exemplo. Nesse caso, vamos ter que ter uma vacinação uma vez ao ano para evitar surtos constantes de covid”.

O coordenador do portal Geocovid, Washington Franca-Rocha, ainda cita a dificuldade que pesquisadores estão enfrentando em realizar projeções devido ao apagão de dados do Ministério da Saúde após o ataque hacker. "Desde dezembro, com o apagão de dados, a ferramenta de projeção de dados do Geocovid deixou de ser processada. Faltaram dados dos municípios e os que estão retornando informam dados represados, que não servem para modelar. Estamos estudando alternativas".

A Ômicron está entre nós

Na última quinta (13), o Lacen Bahia divulgou que, dos 3 mil exames analisados entre 1º e 12 de janeiro, foi registrado um aumento de 234% na positividade dos testes para covid. A última vez que o estado atingiu essa marca foi em outubro de 2021. “A gente vê hoje que o percentual tem se elevado diariamente e isso atribuímos a essa nova variante Ômicron, o que é muito preocupante. Tínhamos índices baixos de positividade, mas agora já estamos vendo um reflexo de um novo cenário epidemiológico no estado”, alerta a coordenadora Técnica dos Laboratórios de Vigilância Epidemiológica, Felicidade Pereira.

O virologista Gúbio Soares destaca que é a Ômicron que explica o alto número de casos ativos, justamente pela sua facilidade de contaminar as pessoas.

“A Ômicron sofreu mutações na proteína Spike; foram 32 novas mutações. Isso deu a ela essa característica de transmissibilidade mais rápida em relação às outras variantes, como a Gama e a Delta”, afirma Soares.

A estudante Janaína Veiga, 23 anos, está vivendo de perto as consequências dessa alta transmissão. “Estive com uma amiga no dia 11 que testou positivo. No dia 13, eu e meu irmão já estávamos com sintomas, como tosse e coriza”. A família fez o teste na segunda (17) e todos tiveram resultado positivo: Janaína, o irmão, o pai e a mãe.

Gúbio Soares ainda reforça que a variante já é dominante em Salvador e na Bahia em relação às demais variantes. Um estudo feito com amostras de 11 de janeiro para cá indicou que 97% delas eram da nova cepa. A pesquisa foi conduzida junto à professora da Ufba, Silvia Sardi, e a a profª Marta Giovanetti, pesquisadora visitante da Fiocruz, no laboratório de Virologia ICS/UFBA.

Gúbio explica que foram selecionadas aleatoriamente 35 amostras entre 180 colhidas por ele, de pessoas contaminadas de diferentes bairros e classes sociais. No total, foram utilizadas 32, e entre elas 31 foram identificadas como da nova cepa. A outra era da variante Delta.

O boletim epidemiológico desta terça (18) divulgado pela Sesab apontou que do dia 17 para o dia 18 foram computados 3.918 casos de Covid-19 (taxa de crescimento de +0,30%), 2.394 recuperados (+0,19%) e 23 óbitos. Dos 1.294.269 casos confirmados desde o início da pandemia, 1.255.594 já são considerados recuperados e 27.695 tiveram óbito confirmado. A taxa de ocupação geral de leitos covid na Bahia está em 59%. Em Salvador, o número está em 72%.

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Dos 29 leitos de UTI pediátricos disponíveis na Bahia, 27 estão ocupados, um percentual de 93% dos leitos do estado, segundo dados da Secretaria de Saúde (Sesab). O Boletim Epidemiológico do último domingo (16), confirmou o total de 103 crianças entre 0 e 11 anos contaminadas com covid-19, das quais 46 são do sexo feminino e 57 são do sexo masculino. O levantamento da Sesab também indica que a letalidade da covid-19 é maior nas crianças mais novas. Enquanto a taxa é de 0.08% em crianças entre 5 e 9 anos que foram infectadas, o número chega a 0,13% na faixa etária de 1 a 4 anos. Para os bebês que ainda não completaram 1 ano de vida, a taxa de letalidade sobe para 0,46%.

A Bahia é o segundo estado do Brasil com mais mortes de crianças entre 5 e 11 anos por covid-19 desde o início da pandemia, só perdendo para São Paulo, que registrou 22,8% dos 324 óbitos já ocorridos no país nessa faixa etária por conta do coronavírus. Aqui, foram 30 mortes registradas (9,8%), segundo dados da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen). As pessoas dessa faixa etária, que até então estavam sem a proteção da vacina, começaram a receber o imunizante no último sábado (15), em Salvador. Por enquanto, apenas as crianças de 11 anos sem comorbidade estão sendo imunizadas, mas a Secretária Municipal de Saúde (SMS) pretende atingir a idade de até 5 anos.

A reportagem entrou em contato com a Sesab para saber se há previsão de abertura de novos leitos de UTI pediátricos, mas até o momento não foi respondida pela secretaria.

Já a enfermaria pediátrica registrou 72% de ocupação, com 43 das 60 vagas oferecidas estando preenchidas até o último domingo (16), de acordo com os números apresentados pela Sesab, como é o caso de Artur Santos Conceição, de 13 anos, que se infectou com covid-19 no começo do ano passado, quando ainda tinha 12 anos e a vacinação de crianças ainda não havia atingido essa faixa etária. Sua mãe, Adailza Santos, de 44 anos, conta que Artur contraiu o vírus dela, que trabalha na área da saúde e testou positivo antes dele. Assim que descobriu sua infecção, Adailza levou Artur para realizar um teste, mas como a criança não estava apresentando sintomas, não pôde ser testada. Mas três dias após o fim do seu isolamento, seu filho começou a apresentar sintomas de febre, cansaço, perda de olfato e dores no corpo e ela o levou novamente para a emergência.

“Logo de cara o médico não quis realizar os exames e me indicou voltar pra casa e só retornar se os sintomas do meu filho piorassem. Foi exatamente o que aconteceu. Apesar de ser criança, ele teve os sintomas bem mais fortes que os meus. Quando fui de novo ao médico, se sentindo pior, precisou fazer um raio x, quando o resultado saiu, ele já estava com 25% do pulmão comprometido, mas graças a Deus não precisou internar, ele ficou apenas em observação por algumas horas e o médico receitou um antibiótico por 5 dias para reduzir a inflamação. Foi daí que ele começou a melhorar”, lembra Adailza.

Apesar da recuperação, Artur ficou com sequelas da covid, até hoje ele não tem 100% do olfato e ainda não havia sido vacinado contra o vírus. “Quando ele se infectou, nós ainda não sabíamos como lidar. Eu achei até que por ele ser criança não pegaria ou teria sintomas bem leves, até porque era o que se especulava na época. Não fiquei tão preocupada no começo da infecção, mas mesmo assim eu tomei o cuidado de ficar de máscara em casa, passei 18 dias isolada dele no quarto, mas infelizmente não adiantou, meu filho se infectou do mesmo jeito e ficou bem mal. Foi uma tristeza para mim saber que eu o infectei”, completa Adailza.
Para ela, a possibilidade de vacinar seu filho foi motivo de alegria, assim que a idade dele passou a ser atendida, ela o levou a um ponto de vacinação. Já vacinado, Artur conta que não gosta de agulhas, mas foi tomar a vacina e ficou feliz de não ter sentido nada. “Eu senti muita dor de cabeça, nas minhas pernas, perdi o meu cheiro e até hoje ele não está tão bom. Na hora de tomar a vacina eu fiquei com medo, mas minha mãe disse que não precisava e eu fui, tomei e fiquei feliz porque não doeu e eu não vou mais ficar doente”, conta Artur, sobre a experiência de ter recebido a vacina da Pfizer.

Vacinar as crianças se tornou uma prioridade

Até por volta do fim do ano passado, a preocupação em relação a infecção das crianças era menor, acreditava-se que a infecção dificilmente causaria mais que sintomas leves e agora isso está mudando, o número de crianças infectadas pela covid-19 têm chamado atenção para a importância da vacinação infantil.

A infectologista Clarissa Cerqueira, explica que o aumento do número de crianças infectadas com o vírus da Sars-cov-2 acontece, porque a vacinação começou em ordem decrescente de idade, primeiro foram os idosos e as crianças ficaram por último, por isso, agora se observa uma maior prevalência da positividade infantil em relação ao início da imunização no país.

“Os idosos e os adultos estão vacinados, mas as crianças não. Apesar de serem menos suscetíveis ao agravamento de sintomas, elas podem se infectar e são possíveis transmissores. Elas estão se contaminando mais porque o número de pessoas não vacinadas está mais restrito, dessa forma o vírus tende a circular entre os grupos que ainda não estão vacinadas, que infelizmente são elas agora”, explica a infectologista.

Laisa Pita, de 8 anos, foi outra criança que testou positivo para a Covid-19 no ano passado e apresentou sintomas como febre, dor de cabeça e cansaço. Sua mãe, Laís Pita, de 35 anos, percebeu que a filha poderia estar com a doença depois que ela começou a ter febre alta, logo após o pai da criança também ter sido infectado. “O pai dela pegou, depois ela pegou e por último eu. Ficamos todos preocupados com a saúde dela. Uma criança com sintomas não era pra ser comum”, destaca Laís. Laisa ainda não pôde ser vacinada por causa da sua idade. Entretanto, o lote de vacinas destinadas à imunização de crianças entre 5 e 11 anos chegou a Salvador na última sexta-feira (14) e foi dado início a vacinação do público infantil de 11 anos no último sábado (15). Segundo a Secretária Municipal de Saúde (SMS) a campanha de imunização será decrescente.

Não vacinar as crianças pode significar a perpetuação da circulação do vírus por mais tempo, assim como as chances de elas serem acometidas com doenças graves. Para Clarissa, a Síndrome Inflamatória Multissistêmica é a principal forma grave de doença que pode atingir as crianças infectadas pela Covid-19. Essa é uma doença inflamatória rara, com amplo espectro de sinais e sintomas, que afeta os vasos sanguíneos (veias e artérias) de crianças e adolescentes. Segundo o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças) dos Estados Unidos, a doença se manifesta entre 0 e 19 anos e está associada à infecção aguda pelo vírus. “São casos raros, mas que podem acontecer com as crianças e a melhor forma de evitar é a não infecção”, diz Clarissa.

Mas o que fazer para manter as crianças seguras em um cenário como esse durante a volta às aulas? A infectologista esclarece que é possível haver uma volta segura à sala de aula desde que as crianças sejam bem orientadas pelos pais e que o ambiente escolar esteja adaptadas às medidas de higienização e distanciamento na maior extensão possível de tempo de permanência das crianças no local, e mais importante do que tudo isso é garantir que elas estejam vacinadas.

Onde vacinar as crianças

Salvador começou a imunizar crianças de 11 anos no último sábado (15), e cerca de 2 mil delas foram vacinadas no primeiro dia de campanha. Segundo o secretário de saúde do município, Leo Prates, 12 mil doses foram distribuídas nos pontos de vacinação da cidade. “Esperávamos uma maior procura. Isso, claro, não anula a grande felicidade pela conquista das famílias em conseguirem proteger suas crianças e, a partir de agora, poderão retomar gradualmente suas atividades rotineiras e convívio social de forma mais segura. Além disso, possibilita também avançarmos na cobertura vacinal como um todo”, apontou Prates.

No domingo (16), a vacinação contra a covid-19 foi suspensa para todos os públicos e retorna nesta segunda-feira (17), com a aplicação da primeira dose para a idade de 12 anos com e sem comorbidade. Confira os locais de vacinação abaixo:

Drive-thrus: Shopping Bela Vista (9h às 16h), Vila Militar (Dendezeiros), Atakadão Atakarejo (Fazenda Coutos) e Unijorge (Paralela).

Pontos fixos: Estação da Lapa, Estação Mussurunga, USF Resgate, USF Antônio Ribeiro Neiva (Arraial do Retiro), USF Eduardo Mamede (Mussurunga), USF Jardim das Margaridas, UBS São Cristóvão, USF Cajazeiras X, USF Joanes Leste, USF Tubarão, USF Alto de Coutos II, USF Vista Alegre, USF Plataforma, USF Teotônio Vilela II, USF Menino Joel (Nordeste de Amaralina), USF Santa Luzia (Engenho Velho de Brotas), USF João Roma Filho (Jardim Nova Esperança), UBS Ramiro de Azevedo (Campo da Pólvora), USF San Martin I, USF San Martin III, USF Parque de Pituaçu e USF Boa Vista de São Caetano.

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