Com a confirmação do primeiro caso de varíola do macaco na Bahia nesta quarta-feira (13), as secretarias de Saúde dos municípios baianos já começaram a pôr em prática orientações para evitar um surto do vírus no estado. Em 1º de julho, o Centro de Informações Estratégicas de Vigilância em Saúde (Cievs) de Salvador recebeu um alerta do hospital São Rafael, responsável pelo atendimento de um caso suspeito. Um homem de 32 anos, residente em Salvador, apresentou febre alta súbita e lesões na pele em 22 de junho, após contato com suspeito de outro estado. A confirmação do diagnóstico veio na noite de terça-feira (12).

Desde o início do mês, o paciente se encontra em isolamento domiciliar e com quadro estável. O São Rafael informou que o homem recebeu todos os cuidados com os protocolos que o caso exige e teve alta médica. O procedimento de notificação faz parte do protocolo da Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) para casos da varíola do macaco.

De modo similar, a instrução da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) é de que o paciente que apresentar sintomas busque uma unidade de emergência que, por sua vez, deve notificar o Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs) nacional e orientar o isolamento do paciente. A pasta estadual informou que emitiu alerta e as unidades estão sensíveis para notificar casos suspeitos.

“É preciso montar estratégia para fazer diagnóstico. Muitos municípios não têm estratégia montada, precisam ter treinamento dos profissionais para que possam fazer diagnóstico, encaminhar ao Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública] e orientar a população ao isolamento durante 21 dias”, recomenda Antônio Carlos Bandeira, médico da vigilância epidemiológica da Sesab.

Segundo Bandeira, as cidades encaminham as informações para o estado, que intermedia o contato com a Fiocruz do Rio de Janeiro, responsável por proceder o exame específico e retornar o resultado à unidade federativa.

A orientação da instituição na capital é de que pessoas com sintomas busquem uma unidade de urgência e emergência e façam isolamento. Assim como é recomendado que o profissional de saúde notifique a ocorrência no site da SMS: www.cievs.saude.salvador.ba.gov.br.

A diretora de Vigilância à Saúde, Andréa Salvador, conta que a investigação do caso começa a partir da notificação da unidade de emergência. Coletas de amostras para confirmação da suspeita e monitoramento de contatos que o paciente teve nos últimos dias fazem parte do procedimento na capital. O uso da máscara e higienização das mãos também são estimulados como forma de prevenção geral, sobretudo, na fase de sintomas da doença.

Outros municípios

Embora o primeiro caso tenha ocorrido na capital, especialistas alertam que cidades do interior também precisam estar atentos à propagação do vírus. As secretarias de Feira de Santana, Vitória da Conquista e Lauro de Freitas disseram não ter recebido alertas da Sesab. No entanto, todas afirmaram que as equipes do setor estão em sobreaviso sobre o caso.

A Secretaria Municipal de Saúde de Vitória da Conquista, terceira cidade mais populosa da Bahia, ainda afirma que a rede municipal de saúde está preparada “para proceder ao isolamento e seguir com as devidas intervenções e providências” para doenças como a varíola do macaco.

Já a Secretaria Municipal de Saúde de Lauro de Freitas (Sesa) diz que está elaborando um plano de enfrentamento à varíola dos macacos. A princípio, orienta para cuidados já conhecidos no combate à covid-19, a exemplo da higienização frequente das mãos, evitar locais aglomerados, uso de álcool em gel e máscara.

A reportagem entrou em contato com outros municípios que registram maior número de habitantes no estado, como Camaçari, Juazeiro e Itabuna, mas não recebeu retorno com orientações.

Vacinas

O Ministério da Saúde avalia comprar vacinas contra a varíola do macaco para evitar um surto no país. A vacinação contra a doença já acontece em outros países, como Estados Unidos, Inglaterra e Canadá para grupos prioritários, ou seja, quem teve contato com pessoas infectadas ou são profissionais da saúde.

A imunização no Brasil, no entanto, ainda não tem data certa para ocorrer. Infectologista na SMS de Salvador, Adielma Nizarala explica que neste momento não há indicação de vacinação em massa, como se faz para a covid-19 por exemplo, tanto pela quantidade de casos, como porque o país não adquiriu ainda a vacina.

Apesar do estoque zerado no Brasil, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, disse que está trabalhando com a Organização Pan-Americana da Saúde para monitorar a situação. Já o Instituto Butantan criou comitê para avaliar a produção de vacina contra a doença.

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Os consumidores brasileiros têm enfrentado dificuldades para sanar suas necessidades de antibióticos e outros medicamentos. Os itens parecem ter “sumido” das prateleiras das farmácias. O apagão tem afetado também itens indispensáveis ao Sistema Único de Saúde (SUS) e listados na Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (Rename) 2022, como o antibiótico amoxicilina, e dipirona, aliada de primeira hora no combate a dores e febre. Tanto o Ministério da Saúde quanto a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já admitem risco de desabastecimento de medicamentos no mercado, segundo o jornal O Globo.

Entre os principais motivos para a escassez, estão: a alta do dólar e do barril de petróleo, cujos derivados são usados para produzir embalagens, e o aumento pela demanda por medicamentos como antibióticos durante o inverno. Além disso, a inflação também eleva o custo da cadeia de transportes.

Uma pesquisa da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), feita com 106 estabelecimentos como hospitais, clínicas especializadas e empresas que fornecem serviço de home care em 13 estados e no Distrito Federal, revela que o problema também atinge unidades de saúde, extrapolando as lojas farmacêuticas.

O levantamento constatou a falta de soro em 87,6% das instituições pesquisadas; dipirona injetável (para dor e febre), em 62,9%; neostigmina (combate doença autoimune que causa fraqueza nos músculos), em 50,5%; atropina (tratamento de arritmias cardíacas e úlcera péptica), em 49,5%; contrastes (usado em exames radiológicos), em 43,8%; metronidazol bolsa (para infecções bacterianas), em 41,9%; aminofilina (contra asma, bronquite e enfisema), em 41%; e amicacina injetável (contra infecções bacterianas graves), em 40%.

A ausência de mercadorias causa efeitos colaterais sensíveis: 40% das entidades que participaram do levantamento informaram que adquiriram o soro num preço duas vezes maior do que o praticado no mercado. Com a neostigmina (de combate à doença autoimune que causa fraqueza nos músculos), 53% apontaram que o estoque atual não chega a 25% do necessário.

Cerca de 95% dos insumos para produzir medicamentos , incluindo o Ingrediente Farmacêutico Ativo (IFA), o chamado insumo fundamental, vêm da China e da Índia.

Municípios
Tanto o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) quanto o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems) vêm alertando o Ministério da Saúde sobre o risco de desabastecimento no Brasil.

Noutro levantamento obtido pelo Globo, o Conasems identificou que a dipirona e os antibióticos amoxicilina, clavulanato de potássio e azitromicina são os mais “faltosos” entre as 284 cidades pesquisadas na última sexta-feira.

O ministério confirmou que articula junto à Anvisa medidas para combater o problema. A pasta informou que “trabalha sem medir esforços para manter a rede de saúde abastecida com todos os medicamentos ofertados pelos SUS”.

Uma das ações foi liberar que a CMED, a quem cabe regular o mercado de medicamentos, reajustasse preços de determinados produtos ameaçados de desabastecimento. Outra foi diminuir o imposto de importação de insumos para dipirona, neostigmina e bolsas para soro, por exemplo. A Anvisa também confirma a atuação. Diz que "está monitorando os relatos de desabastecimento de medicamentos de forma a identificar situações que possam estar relacionadas a sua área de atuação".

Outro lado
O Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), contudo, nega o risco de desabastecimento. Segundo a entidade, que reúne empresas com mais de 95% do mercado nacional de remédios, é preciso modernizar a regulação de preços dos medicamentos — definidos pela CMED — para adequar os custos, que foram influenciados pela pandemia. A pandemia intensificou o cenário “quando os preços internacionais de IFAs e logística explodiram, precipitando o problema atual”.

A Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) informou à reportagem que nenhuma rede associada notificou "escassez generalizada de medicamentos". Já a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma) diz que não se pronuncia sobre o assunto.

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Depois de quatro meses sem registrar um óbito por covid-19, a cidade de Paulo Afonso, no Vale do São Francisco, teve uma morte confirmada esta semana. Em Guanambi, no sudoeste baiano, o aumento no número de casos da doença adiou o retorno das aulas em uma semana e uma reunião de avaliação está marcada para sexta-feira (8). Em Barreiras, no Extremo-Oeste, são 644 casos ativos. Nos últimos 26 dias, Bom Jesus da Lapa e Porto Seguro também entraram para a lista das cidades com mais ocorrências.

No dia 22 de junho, às vésperas do São João, entrou em vigor em Paulo Afonso um decreto que determinou o retorno do uso de máscaras em espaços fechados, como unidades de saúde, transporte público, cinemas, escolas e também em algumas áreas abertas. A medida foi uma tentativa de frear o avanço da doença no município. Porém, o boletim desta segunda-feira (4) não trouxe dados positivos. São 732 casos ativos.

Juntas as cinco cidades concentram cerca de 15% do total de casos confirmados na Bahia. Paulo Afonso tem cerca de 120 mil habitantes e 115.625 receberam as duas doses obrigatórias como proteção contra o novo coronavírus. Mesmo assim, o cenário preocupa e o secretário de Saúde, Adonel Júnior, informou que estuda adotar novas medidas.

“Assim como vem acontecendo na Bahia, como no Brasil, os casos estão crescendo, mas graças a vacina, não tivemos agravamento dos quadros. Tivemos um óbito registrado após quatro meses sem morte pela Covid-19, mas seguimos dentro da previsão. Adotamos o uso da máscara em lugares fechados e retornaremos com algumas medidas, como a proibição de acompanhantes nos hospitais”, afirmou.

Ele disse também que alta de casos não foi uma surpresa. “Havia uma previsão dos órgãos de saúde, com a flexibilização das medidas e consequentemente a circulação da população, que essa transmissão em massa iria acontecer, mas como estavam prevendo também, o quadro é positivo perante o que vivenciamos nos últimos dois anos. Vamos acompanhar como se comportam as coisas e, caso haja necessidade, estudaremos outras ações”, contou.

Outra cidade com alta de casos é Guanambi, com 639 paciente. Por lá, a obrigatoriedade do uso de máscaras em ambientes fechados foi derrubada em 5 de junho. Nesta segunda, os estudantes deveriam retornar às escolas, mas a volta às aulas foi adiada por conta do cenário. O Comitê de Enfrentamento a Covid-19 da cidade divulgou um comunicado informando que os dados serão observados de forma diária, e na sexta (8), a equipe irá avaliar a publicação de um novo decreto, com novas determinações.

“O Comitê reafirma a importância do uso de máscaras e demais cuidados nas escolas e faculdades, conforme versa o Protocolo Geral de autorização do retorno às aulas presenciais, publicado em 11/02 deste ano, através do Decreto nº 694, que entre as ações gerais, determina a autonomia das unidades educacionais em suspender as aulas, caso haja surtos de casos positivos entre seus colaboradores, determinação esta que também consta no protocolo estadual e federal”, diz o comunicado.

A Bahia tem cerca de 13 mil casos ativos da doença, 30 mil óbitos e 1,5 milhão de pacientes recuperados. Os municípios afirmam que a vacinação tem ajudado para que a maioria dos casos seja leve. Em Barreira, por exemplo, dos 644 infectados, apenas quatro precisaram ser internados. Já em Bom Jesus da Lapa, no Vale do São Francisco, são 285 casos confirmados de covid e em Porto Seguro, no Sul do estado, mais 262 infectados. O CORREIO não conseguiu contato com essas duas prefeituras.

Os números de casos ativos fornecidos pelos municípios para essa reportagem são maiores que os apresentados no boletim epidemiológico da Secretaria Estadual de Saúde (Sesab). Segundo as prefeituras, existe um atraso na atualização dos dados. Já a Sesab frisou que as informações que constam nos boletins são de casos notificados pelos municípios nos sistemas do Ministério da Saúde e em paralelo em sistemas do estado.

Na capital, são 1.185 infectados. Segundo o prefeito Bruno Reis, diferente de outras ondas, dessa vez, o aumento progressivo nos casos de covid-19 não representa um risco para o sistema de saúde. “Os números estão aumentando, os casos ativos também. Mas efetivamente o aumento que teve foi algo que não causa nenhum tipo de risco de ter colapso do sistema de saúde. Os leitos estão atendendo a demanda”, afirmou.

Leitos
Apesar da vacinação ter avançado, a taxa de ocupação das enfermarias alcançou 100% no Oeste baiano, e as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) estão 60% ocupadas. Os dados são do boletim epidemiológico da Secretaria Estadual da Saúde (Sesab), divulgado nesta segunda-feira (4). A região Leste aparece em seguida com ocupação de 52% para UTI e 46% da leitos clínicos.

Questionada se pretende adotar ações específicas para essa região do estado, a Sesab informou, em nota, que os municípios têm autonomia para definir medidas mais restritivas em seu território e que incentiva a ampliação da vacinação e a buscar pelos baianos que estão com a doses atrasadas.

“A Secretaria da Saúde do Estado monitora diversos indicadores em relação à Covid-19. Entre os indicadores estão número de novos casos, total de casos ativos e taxa de ocupação. Até este momento não há indicação de abertura de novos nos leitos. Caso haja mudança no cenário, a Sesab pode disponibilizar mais leitos específicos para o tratamento de pacientes com Covid-19”, diz a nota.

Para a promotora de vendas Gabriela Conceição, 35 anos, que já teve covid duas vezes, todo cuidado é pouco. “Mesmo vacinados a gente não deve esquecer que essa doença mata. A vacina nos protege e é super importante, mas temos que fazer a nossa parte. A segunda vez que tive covid os sintomas foram bem mais leves, eu já estava vacinada, mas o psicológico fica abalado do mesmo jeito ao saber que estamos com uma doença que pode nos matar. Vamos usar máscara e evitar aglomeração”, aconselhou.

Em Salvador, as UTIs adulto e pediátrica estão com 60% e 40% de ocupação, respectivamente. Já os leitos clínicos estão sendo menos demandados pelas crianças, apenas uma das 20 acomodações está ocupada, o que representa 5% da capacidade. A situação é diferente para os adultos, onde 50 dos 80 leitos têm pacientes (63%).

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O número de casos da covid-19 voltou a crescer e a estimativa de especialistas é que o São João colabore para um novo surto da doença. Segundo as informações do mais recente boletim epidemiológico da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), divulgado nesta segunda-feira (13), houve um aumento de 198% no número de contaminações em território baiano na primeira quinzena de junho. Barreiras, Itabuna e Lauro de Freitas são os municípios do interior com o maior número de casos ativos. O quadro acontece dias antes do início das festas juninas, que têm potencial para aglomerar milhares de pessoas nas cidades com tradição na festa.

Frederico Pasche, doutor em Saúde Coletiva, alerta que a aglomeração e contato entre indivíduos de regiões diferentes devem resultar em um surto ainda maior de 21 a 28 dias após as festas juninas. Além da contaminação, a previsão é o pressionamento do sistema de saúde.

Essa é a maior preocupação do representante comercial Nivaldo Machado, morador de Barreiras. Ele afirma que ainda não é o momento ideal para a montagem de megaestruturas do São João promovido pela cidade.

“Quando tem aglomeração, corre o risco de voltar o aumento de casos e superlotar as vagas nos hospitais. Prefiro ir para a roça e ficar só com a minha família do que fazer aglomeração. Muita gente ainda não está vacinada”, diz preocupado com a possibilidade de seus filhos precisarem de algum atendimento e o sistema de saúde estar sobrecarregado.

A infectologista e consultora da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), Raquel Stucchi classifica o cenário como “preocupante” devido às duas novas subvariantes da cepa ômicron do coronavírus - a BA.4 e BA.5 -, cuja “transmissão é 50% maior que a ômicron inicial”. Ela também cita a baixa procura pelas doses de reforço como indicativo de um novo surto.

“Podemos considerar uma quarta onda. Não deve ter impacto tão grande quanto tivemos nas outras ondas em relação à hospitalização e mortalidade. Todos os eventos que levam à aglomeração em ambientes fechados, com muitas pessoas sem máscara e sem vacinação em dia levam ao aumento do risco de adoecimento”, alerta.

Para o governador Rui Costa (PT), as festas não correm risco de cancelamento (leia ao lado), apesar do aumento dos casos neste mês. Em coletiva, ontem, o gestor afirmou que o governo tem monitorado o panorama de alta, no entanto, mais três critérios são considerados: número de internamentos, vagas nas UTIs e mortes.

Frederico Pasche discorda, pois as consequências da covid-19 a longo prazo ainda são desconhecidas mesmo para quem desenvolveu sintomas leves ou foi assintomático. “Estamos numa quarta onda [...] o vírus vai procurar corpos suscetíveis; crianças não vacinadas, jovens sem ciclo vacinal completo, idosos sem quarta dose. O vírus vai encontrar corpos para se instalar. Estamos colocando essas pessoas em risco”, alerta.

Sabendo da potência junina no estado, especialistas orientam os governos que tenham responsabilidade sanitária e que lembrem a população sobre a possibilidade de contrair o vírus em aglomerações, orientando o uso de máscaras em espaços abertos e aglomerados. Outra recomendação é realizar a testagem durante o evento.

“A gente tem tido uma gestão, do ponto de vista das autoridades sanitárias, muito irresponsável. Não é à toa que o Brasil é um dos grandes responsáveis pelo grande número de óbitos. Os gestores não quiseram compreender efetivamente [a covid]”, aponta Pasche.

Em Salvador, o prefeito Bruno Reis afirma que o aumento de casos não está impactando o sistema de saúde e recomenda para quem vai festejar o São João no interior: "Tomem a vacina. Ampliamos a oferta e pedimos que todos que puderem se vacinar, principalmente, aquelas pessoas que vão para o interior, que vá com o ciclo vacinal completo", afirma.

No interior

Segundo a prefeitura de Barreiras, ontem ocorreu reunião do Comitê de Operações de Emergência em Saúde Pública (COE) para avaliar a necessidade de medidas preventivas. As providências, no entanto, ainda não foram divulgadas. Por enquanto, a atividade é a monitoração do quadro epidemiológico. "Na última semana tivemos 56 casos de covid e seguimos com 47 pessoas em isolamento. Até então, continuamos sem pacientes internados no município”, pontua o secretário de saúde Melchisedec Neves.

“Deveria pedir passaporte da vacinação para quem está vacinado entrar, assim como pode ter medição da temperatura”, sugere o morador Nivaldo Machado.
A prefeitura de Itabuna tem seguido a mesma linha de monitorar os casos graves. De acordo com a administração do município, não há internamento por covid-19 na cidade e, apesar dos números de pacientes ativos, as infecções estão brandas. No período junino, é tradição em Itabuna a festa de São Pedro, que ocorre de 30 de junho a 3 de julho. Algumas das atrações confirmadas são João Gomes, Tarcísio do Acordeon e Bel Marques. A prefeitura, porém, não respondeu quais medidas pretende tomar contra a disseminação da covid no evento.

Já a prefeitura de Lauro de Freitas, cidade que tem 95 casos, afirmou que a população deve apresentar certificado de vacinação no ‘Arraiá de Ipitanga’, mesmo com o esquema vacinal completo. A medida tem concordância com as sugestões de moradores do município, a exemplo de Carolina Lima, 19 anos, estagiária de docência.

“Me preocupo mais com meu desempenho no trabalho, atuo com crianças que têm a imunidade baixa normalmente e trazem esses vírus. Com isso, já fiquei doente mais de 3 vezes, com amigdalite, e precisei interromper as aulas. Além do risco de contaminar minha família, já que moro com meus pais e irmãos”, conta ela, que sugere à prefeitura que cobre a terceira dose como obrigatória para entrada nos eventos. “Não acho que se o uso da máscara for obrigatório haverá fiscalização. Então, pelo menos a terceira dose obrigatória. Além de ter pontos de álcool em gel”, diz.

Morador de Vitória da Conquista, quarta cidade do interior com mais casos ativos, o controller de 42 anos Fábio de Jesus acredita que a festa deveria ser adiada até haver controle da proliferação. “Baseado nessa questão do aumento de [cerca de] 200%, [a prefeitura] deveria rever a comemoração. Talvez diminuir a quantidade de gente em certos locais, manter uma festa com todos os cuidados possíveis. Acho muito perigosa aglomeração nesse momento. Pior que não vai ser só aqui, também vai ser em outros lugares”, lamenta.

A prefeitura de Vitória da Conquista não retornou o contato da reportagem para responder sobre as medidas de proteção no ‘Arraiá da Conquista’.
Na linha contrária dos moradores, a costureira Maria da Silva, 65, vai viajar para comemorar o São João em Senhor do Bonfim. Embora a cidade não apareça na lista de 10 municípios com mais casos ativos, é esperado grande fluxo por ter uma das principais festas juninas da Bahia. “Sempre frequento o forró do jegue, tradição na cidade. No entanto, é em um clube com ambiente fechado. Esse ano não vou participar. Devo ficar na varanda da casa em que vou ficar, ela fica de frente para uma praça que sempre têm atrações”

Vacinação

Um total de 3,6 milhões de baianos estão com a dose de reforço anticovid em atraso, informa a Sesab. No estado, apenas 48% da população já tomou a terceira injeção, seja em dia ou com algum atraso. Enquanto isso, 2,4 milhões ainda não foram tomar a segunda dose de reforço, a quarta dose, oferecida para pessoas a partir de 50 anos, profissionais de saúde, idosos e imunossuprimidos.

A infectologista Raquel Stucchi explica que as modificações comuns e frequentes [mutações] que acontecem com os vírus podem causar sintomas dos mais leves aos mais graves ou, ainda, tentar escapar da defesa das vacinas. “É preciso, portanto, manter uma quantidade maior de anticorpos para impedir que o vírus cause a forma mais grave da doença. Essa função é exercida pelas doses de reforço”.

A orientação do epidemiologista Paulo Petry é completar o ciclo vacinal e manter o uso de máscaras com maior poder de filtração como a cirúrgica e PFF2. "Se as pessoas estiverem aglomeradas, ainda em locais abertos nessas festas, a transmissibilidade do vírus vai ser alta. Essas novas variantes e subvariantes da ômicron são altamente transmissíveis”, ressalta.

Já Stucchi dá instruções para quem estiver com sintomas. “As pessoas que tiverem qualquer sintoma como dor de garganta e nariz escorrendo devem fazer o teste. Se for positivo, fique em casa, se negativo e os sintomas persistirem, devem repetir o teste em 48h. Neste período [é preciso] ficar em casa ou usar máscara N95 se tiver de sair”.

Quem seguiu o exemplo foi o estudante de comunicação, Pedro Beno, de 22 anos. O jovem testou positivo na semana passada e cancelou os planos de viajar a Lençóis, na Chapada Diamantina, para curtir o São João. “Eu estava na dúvida de viajaria para lençóis com meu pai ou ficaria em casa com minha mãe, parece que agora só vou ter uma opção”, brinca. Vacinado, o jovem desenvolveu sintomas leves, como dor de cabeça, coriza e enxaqueca.

Municípios com mais casos ativos na Bahia (13/06):

Salvador - 956 casos
Barreiras - 168 casos
Itabuna - 132 casos
Lauro de Freitas - 95
Vitória da Conquista - 91
Santo Antônio de Jesus -74
Feira de Santana - 73
Porto Seguro - 53
Brumado - 51
Canápolis - 47

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O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu nesta quarta-feira (8) que as operadoras de plano de saúde não são obrigadas a custear procedimentos que não estão na lista de cobertura feita pela Agência Nacional de Saúde (ANS). A decisão permite possibilidade de exceções.

Para o tribunal, os planos não são obrigados a pagar por um procedimento se há opção simular no rol. Se não houver um substituto terapêutico similar, a cobertura pode acontecer em caráter excepcional, seguindo indicação do profissional de saúde.

A decisão é favorável às empresas do setor, mudando um entedimento do Judiciário que costumava atender demandas individuais diante da negativa de cobertura por parte dos planos.

Foram seis votos a três a favor da não cobertura fora da lista, como fedendiam os planos.

O caso também deve chegar ao Supremo Tribunal Federal (STF), onde uma ação da Associação Brasileira de Proteção aos Consumidores de Planos e Sistema de Saúde defende o rol exemplificativo.

A lista da ANS inclui a cobertura que deve ser oferecida pelos planos privados. Ela é chamada de Rol de Procedimentos e Eventos de Saúde. A decisão era se essa lista deve ser exemplificativa ou taxativa.

No caso do taxativo, o entendimento é que se trata de uma lista restrita, sem espaço para interpretação, e que os planos só deveriam ofertar cobertura para o que está lá. No caso de ser considerada exemplificativa, é entendido que a lista é uma referência básica, mas outras coberturas e tratamentos podem ser incluídas.

A FenaSaúde, que reúne grupos empresariais de planos de saúde, argumentou no processo que a modalidade taxativa garante equilíbrio ao setor, que seria inviabilizado no caso de entendimento diferente. "Se nem o Estado, a quem a Constituição Federal atribuiu o dever de cuidar da saúde de todos, está obrigado a fornecer indiscriminadamente medicamentos", argumentam os planos.

O ministro Luís Felipe Salomão, relator do caso, citou países que usam rol taxativo, como EUA, Inglaterra e Japão, afirmando que o modelo protege os beneficiários. Ele disse que em casos excepcionais, seria possível que a operadora tivesse que cobrir uma cobertura não prevista.

Entre as possibilidades, estariam terapias que têm recomendação expressa do Conselho Federal de Medicina (CFM). Os ministros Vilas Bôas Cueva, Raul Araújo, Isabel Gallotti, Marco Buzzi e Marco Aurélio Bellizze seguiram o voto de Salomão.

O voto divergente foi da ministra Nancy Andrighi, acompanhada dos colegas Paulo de Tarso Sanseverino e Moura Ribeiro. Ela afirmou que o rol tem caráter exemplificativo, por esse ser o único mode de concretizar a política de saúde que prevê a Constituição.

A ministra disse ainda que a visão de que ter uma lista mínima fixada para o atendimento vá tornar os planos mais acessíveis é "utópica". Para ela, o rol exemplificativo protege os pacientes do que chamou de "exploração predatória".

“Seja sob prisma do Código de Defesa do Consumidor ou prisma do Código Civil, o rol exemplificativo protege o consumidor aderente da exploração econômica predatória do serviço manifestada pela negativa de cobertura sem respaldo da lei visando satisfazer o intuito lucrativo das operadoras”.

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As filas para vacinação contra a covid-19 em postos como o Ramiro de Azevedo, em Nazaré, e unidades de saúde de Pernambués e Sete de Abril, voltaram a ter grande movimento na segunda-feira (6). É que, além da primeira dose para os atrasados e a quarta para os idosos, começou a aplicação da terceira dose da vacina para adolescentes com idade entre 12 e 17 anos. A disponibilização da dose de reforço para esse público pela prefeitura começa em um momento de alta de casos nas escolas. Colégios, professores e sindicatos, por exemplo, sugeriram a volta do uso de máscara em ambiente escolar.

De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), em Salvador, 98.979 pessoas desse público estão habilitadas para a dose de reforço. Até o fim da tarde de ontem, mais de 2,2 mil soteropolitanos nessa faixa etária tinham recebido a terceira dose do imunizante. Um deles era o estudante Gabriel Alcântara, 15 anos, que chegou por volta das 9h no Ramiro de Azevedo na companhia da avó. Na pressa para ficar logo protegido, ele faltou aula para encarar a fila.

“Cheguei aqui às 10h, já estava me planejando para tomar a vacina no primeiro dia que pudesse. A fila estava bem cheia e tô aqui há duas horas esperando, pois o sistema do posto caiu. Porém, vale a pena ficar com a vacinação completa. Até faltei aula para isso, porque sei que é bem importante para minha saúde”, explicou.

De primeira

Não faltou adolescente ‘apressado’ como Gabriel nas filas espalhadas pelos postos da cidade. Na Unidade de Saúde da Família (USF) de San Martin, Kailane Souza, 16, também não quis deixar para depois. “A vacina é importante e é um alerta que devemos passar para todos os adolescentes. Em tempo de pandemia, tem que se cuidar e preservar quem a gente ama. Quando soube que tinha a terceira disponível, quis chegar logo aqui para tomar. Vou chegar na escola falando pra todo mundo vir. Medo de agulha a gente até tem, mas supera”.

Mãe de Kailane, a operadora de caixa Joisse Souza, 40, acompanhou a filha como todos os responsáveis de adolescentes precisam fazer para autorizar a vacinação. Na casa dela, não tem ninguém sem vacina no braço. “Eu apoio tudo que ela disse. Por isso, viemos logo reforçar a proteção. Se ela se cuidar e tomar vacina, está cuidando também de mim, do pai, dos avós e de todos. E lá todo mundo está imunizado, devidamente vacinado e sem atrasos”, contou Joisse.

Ana Paula Lacerda, 46, também não perdeu tempo e levou logo seu filho Davi Ryan Silva, 13, para a sala de vacinação. “Quem ama, cuida! Se precisar tomar mais de três, ele vem também. A vacina traz benefícios porque as festas estão aí e a covid-19 não acabou. Então, é importante ter ele vacinado, protegido”, falou ela. Mesmo tímido, Davi concordou. “É a melhor maneira de me proteger e também todo mundo que está ao meu redor”.

De acordo com a médica infectologista Clarissa Cerqueira, os adolescentes precisam completar o esquema de vacinação. “A gente está em momento de alta e conseguimos ver que os casos subiram, mas a gravidade da doença não acompanhou essa elevação. Isso tudo por conta da vacina. Temos provas científicas e práticas da eficiência da vacina. Então, é fundamental que o esquema vacinal seja completo”, explicou Clarissa.

Também infectologista, Matheus Todt corrobora com a fala da colega. O médico ressalta ainda que o reforço é importante por conta da redução natural dos anticorpos da covid-19 no organismo com o passar do tempo “A dose de reforço é fundamental para a manutenção da proteção imunológica. Hoje, sabemos que a proteção contra o vírus cai significativamente com o tempo, mais especificamente após 6 meses. [...] O reforço vacinal mantém o sistema imune mais preparado, o que reduz a possibilidade de infecção e, principalmente, o desenvolvimento de formas graves ou mesmo fatais da covid-19”.

 

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A covid-19 voltou a ter o sinal de alerta ligado na Bahia. Em apenas uma semana, o estado registrou um aumento de 86% no número de casos ativos da doença. Na quinta-feira (2), a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) informou que 953 pessoas estão contaminadas, enquanto na quinta passada (26) eram 512. A flexibilização do uso de máscaras e a diminuição do ritmo de vacinação são fatores que explicam o crescimento, de acordo com especialistas.

Dados da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma) apontam um crescimento no número de testes positivos realizados em maio em farmácias da Bahia. Enquanto em março a taxa de positividade dos testes rápidos era de 5,2%, no mês passado o número dobrou para 10,3%.

No Laboratório Central do Estado (Lacen-BA), a taxa de positividade está em 4,68%, de acordo com o boletim da Sesab de quinta-feira (2). O Lacen-BA, no entanto, não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre número de testes feitos e a variante mais encontrada.

O aumento no número de casos no estado não é isolado e nem uma novidade para quem acompanha diariamente os números da pandemia no Brasil, como explica o coordenador do portal Geocovid, Washington Franca-Rocha.

“A estatística é proporcional ao que ocorre no país. Desde meados de maio a tendência de queda no número de casos foi revertida para leve crescimento. Isso já era esperado, tendo em vista o que aconteceu em outros países e já passou o momento de ser dado o alerta”, afirma.

No estado de São Paulo, por exemplo, entre os dias 6 e 27 de maio, foram registrados mais de 75 mil novos casos de covid-19, um aumento superior ao da Bahia. Na semana em que houve aumento de mais de 80% nos casos por aqui, 20 pessoas morreram por causa da doença. Para o especialista, o crescimento de registros está ligado à dispensa da obrigatoriedade do uso de máscaras.

“Na situação de baixa carga viral circulante que prevalecia no país o uso de máscaras em ambientes fechados era a única segurança que havia para conter a transmissão. Assim, a flexibilização geral do uso de máscaras nesses ambientes veio contribuir para a reversão desse quadro, mas também a não adoção de outras medidas de controle, inclusive redução no ritmo de vacinação”, explica Washington Franca-Rocha.

É sabido que a vacinação não impede que a população se contamine com o coronavírus, mas ela é importante para que os infectados não tenham casos mais graves da doença. Além disso, com o passar do tempo após a imunização, os anticorpos começam a diminuir no organismo, tornando necessárias as doses de reforço. No estado, cerca de 6,5 milhões de baianos não estão vacinados ou estão com o esquema vacinal incompleto.

“A flexibilização das máscaras não é um fator isolado, a simples passagem do tempo contribui para o aumento de casos. Após um período de tempo desde a vacinação, a tendência é que o sistema imunológico tenha um queda na quantidade de anticorpos”, explica Angelo Loula, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) e cientista de dados do portal Geocovid.

Na Bahia, 52% das pessoas voltaram aos postos de saúde para tomar a terceira dose da vacina contra a covid-19. Enquanto isso, mais de 3,5 milhões de baianos poderiam ter tomado a dose de reforço e não o fizeram ainda. Para especialistas, a sensação de que a pandemia havia acabado contribuiu para que as pessoas relaxassem na vacinação.

Salvador
O secretário de Saúde de Salvador, Décio Martins, afirmou que está atento a essa alta de casos ativos de covid-19, em entrevista ao BNews nesta quinta-feira (2). “Estamos acompanhando a evolução de casos aqui em Salvador. Em média, a gente registra dois casos por dia, ao analisar os últimos 15 dias. Na Bahia, os casos dobraram, passando de 300 para 600 casos registrados. Isso liga o sinal amarelo. A prefeitura tem um plano para enfrentamento caso ocorra a alta de casos”.

A Secretaria Municipal de Saúde de Salvador (SMS) e o secretário foram procurados para obter mais informações sobre o número de casos ativos na capital e os detalhes do plano, mas não houve retorno até a publicação desta reportagem. De acordo com o BNews, no plano descrito por Décio Martins estaria prevista a ampliação das unidades de saúde e a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras.

Os indicadores da SMS apontam que a capital está com a taxa de ocupação dos leitos de Unidade de Terapia Intensiva destinados a tratar covid-19 em pacientes pediátricos em 90%; e com 20% de ocupação nos leitos de UTI para adultos.

Contaminação
O estudante de Engenharia Mecânica Thiago Barbosa, 21, custou a acreditar que estivesse contaminado com a covid-19 no mês passado. Com um quadro similar ao de rinite, realizou o teste após ter febre. O resultado positivo veio no dia 12 de maio. “Eu não esperava porque sigo os protocolos e evito lugares de aglomeração, mas não chegou a ser uma surpresa porque eu tenho acompanhado e vejo que a pandemia não acabou apesar das flexibilizações”, diz.

Quem está contaminado agora com a doença são o pai e o irmão de Thiago. Ambos apresentam sintomas leves. Os três haviam tomado as doses da vacina anticovid. “A vacina de alguma forma tranquiliza. Acredito que nossas respostas imunológicas não teriam sido tão rápidas sem ela”, afirma o estudante.

Na quinta-feira (2), o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, anunciou que a pasta vai autorizar a aplicação da 4º dose da vacina para pessoas acima de 50 anos. Até então, só as pessoas com 60 anos ou mais e imunossuprimidos estavam autorizados.

Número de casos ativos se aproxima de 1 mil
No início de abril, o governador Rui Costa afirmou que o uso de máscaras seria flexibilizado em ambientes fechados quando os casos ativos estivessem abaixo de 1 mil no estado. Agora, a tendência de alta aponta que nos próximos dias essa marca de mil infectados voltará a ser atingida. O estado não registrava mais de 850 casos ativos desde 11 de abril, quando 883 pessoas estavam com a doença.

Questionada sobre uma possível volta da obrigatoriedade do acessório, a Sesab informou que o aumento de casos ainda não preocupa por conta do número de vacinados no estado. A secretaria disse ainda que o cenário está sendo monitorado e que a maior parte dos casos ativos é de visitantes de fora e não de moradores da Bahia.

A Sesab foi novamente questionada se o fato dos visitantes estarem em contato com moradores do estado não era preocupante e disse que o aumento de casos não é uma variante importante por si só neste momento e que há um percentual considerável da população vacinada com duas doses.

“O governador usou esse número máximo no início de abril para que as máscaras fossem liberadas. Se continuarmos nessa tendência, é provável que sexta-feira cheguemos a mil casos ativos”, diz Angelo Loula.

Enquanto isso, as Unidades de Terapia Intensiva (UTI) adultas estão com 14% de ocupação na Bahia e as pediátricas com 78%.

Realização de grandes festas de São João preocupa especialistas
A proximidade das comemorações juninas preocupa especialistas em meio ao cenário de alta de casos no estado. As grandes festas que já foram confirmadas em diversos municípios representam risco especialmente para os que não completaram o esquema vacinal.

“O tipo de festa de São João com muita aglomeração preocupa mais. Se for uma festa com número de pessoas mais reduzido e ao ar livre pode ter um impacto diferente. Além disso, se as pessoas estiverem com as doses de reforço em dia, podem ir para o São João um pouco mais tranquilas”, diz o professor da UEFS Angelo Loula.

Já o especialista Washington Franca-Rocha é mais cauteloso com a questão dos festejos deste mês. “Passou a ser preocupante, como qualquer festa ou evento de massa, por se tratar de ambientes profícuos para a transmissão acelerada da covid. Vários municípios já firmaram contratos relacionados às festas juninas e considerando a demanda reprimida, é pouco provável que este ciclo de eventos seja suspenso de forma voluntária”, acrescenta.

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O Ministério da Saúde registrou, nesta quarta-feira (1º), o primeiro caso provável de hepatite fulminante no Brasil. A doença, de origem ainda desconhecida, estaria em um paciente em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul.

O caso foi identificado por sintomas como febre, mal-estar, náuseas e itcterícia, que é a pele amarelada.

Segundo a pasta, o ministério apura se seis mortes foram causadas pela doença. O País investiga 72 casos da hepatite aguda e tem 21 registros descartados.

Para confirmar a doença, são necessários três estágios de classificação. O primeiro é o caso suspeito. Em seguida, o provável, com indicação de que o quadro da paciente é compatível com a doença. A confirmação só vem após os exames laboratoriais indicando o resultado positivo.

O número de casos suspeitos de hepatite aguda misteriosas em crianças no mundo subiu para 650 em todo o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Outros 72 casos adicionais estão em observação por autoridades para a classificação.

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A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) está pedindo reforço de medidas não farmacológicas, como distanciamento, uso de máscara e higienização frequente de mãos, em aeroportos e aeronaves, para retardar a entrada do vírus da varíola dos macacos no Brasil. Desde o início do mês, ao menos 120 ocorrências da doença foram confirmadas em 15 países. O Ministério da Saúde instituiu ontem uma sala de situação para monitorar o cenário da monkeypox no Brasil.

A rara doença pode chegar nos próximos dias, segundo especialistas ouvidos pelo Estadão. No domingo foram registrados casos suspeitos na vizinha Argentina. A varíola dos macacos é, na verdade, doença original de roedores silvestres, mas isolada inicialmente em macacos. É frequente na África, mas de ocorrência muito rara em outros continentes.

Cientistas acreditam que o desequilíbrio ambiental esteja por trás do atual surto, mas não veem razão para pânico. "Acho muito difícil que (a doença) não chegue aqui", afirmou o presidente da Sociedade de Infectologia do Distrito Federal, José David Urbaez "Mas se trata de uma doença considerada benigna." Além disso, existem tratamento e vacinas.

Mas é necessário alerta, segundo a Chefe da Divisão de Moléstias Infecciosas e Parasitárias do Hospital das Clínicas da USP, Anna Sara Levin. "Essa transmissão pessoal é um pouco preocupante, temos de entender se houve uma adaptação do vírus ou contato muito intenso entre as pessoas."

"É mais um problema que vem se somar ao nosso quadro atual", disse Urbaez. "O ponto positivo é que a nossa vigilância está muito sensível, conseguindo detectar os problemas em tempo real "

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Entre janeiro e março deste ano, casos de pacientes infectados por bactérias super-resistentes foram registrados em três hospitais de Salvador. Em abril, a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab), emitiu nota técnica com o alerta para o risco de disseminação do microrganismo enterococcus), que é resistente ao antibiótico vancomicina, em unidades hospitalares. A secretaria não informa quantas pessoas foram infectadas no total e nem quais foram os hospitais. Também não há informações sobre pacientes infectados com enterococcus resistente fora da capital.

O conhecido alerta feito por médicos frequentemente para que as pessoas evitem tomar antibióticos sem necessidade porque isso pode ajudar no desenvolvimento de super bactérias é justamente o que explica a cepa de enterococcus resistente à vancomicina. As bactérias são capazes de burlar a eficácia do antibiótico, o que implica na diminuição de opções de medicamentos para tratar infecções graves.

Em 2019, quatro unidades hospitalares também registraram infecções deste tipo em Salvador. A Sesab, no entanto, não informa quantos pacientes foram atingidos na época e nem quais foram as unidades de saúde. Infecções desse tipo não costumam acometer pessoas saudáveis e sim as que já estão internadas, de acordo com o infectologista Fábio Amorim.

Este tipo de bactéria tem grande potencial de disseminação em unidades de saúde porque apresenta resistência a remédios que tratam doenças causadas por micróbios em geral, como explica o infectologista Antônio Bandeira. “Essa resistência ao antibiótico aponta que a bactéria é frequentemente resistente a muitos antibióticos e esse [vancomicina] é um dos principais usados no tratamento. Além disso, o gene pode ser rapidamente transmitido para outras bactérias, o que pode gerar um surto em unidades hospitalares”, diz o médico.

Intubação
O risco é maior para pacientes internados e com acessos [como cateteres para colocação de soro ou medicamento intravenoso] ou intubados. “Todo paciente dentro do hospital já está enfraquecido. Se essa bactéria ainda causar infecção hospitalar, como frequentemente causa, vai debilitar ainda mais quem já está fragilizado”, destaca Antônio Bandeira.

A enterococcus pode ser responsável por infecções em diversas partes do corpo, tais como endocardite (que acomete as válvulas do coração), trato urinário e abdômen. Por isso, são consideradas bactérias ‘oportunistas’. “Muitas vezes, a infecção se associa à colonização dos cateteres por bactérias, então pode haver uma infecção pela corrente sanguínea ou elas podem colonizar o cateter urinário e a pessoa ter uma infecção urinária grave", diz Bandeira.

Caso a infecção ocorra através do sangue, o quadro pode se agravar para sepse. Isso significa que a bactéria invade diversas partes do corpo, transportada pela corrente sanguínea. O infectologista Fábio Amorim ressalta que como o microorganismo é resistente ao seu principal tipo de tratamento, o antibiótico vancomicina, as opções ficam reduzidas.

“O risco é pelo fato do paciente estar infectado com um agente patogênico que pode levar a infecção nos mais diversos sítios, como pele, pulmão, coração, rins e ossos e ainda ter restrição nas opções terapêuticas”, explica o médico.

Outras opções de antibiótico que podem ser utilizados em caso de resistência à vancomicina são a daptomicina e a linezolida. Sendo que uma caixa do último, com 28 comprimidos, pode chegar a custar R$ 6.700, de acordo com a plataforma Farmaindex. O site realiza pesquisas e compara diversos tipos de medicações e foi criado em março de 2020.

Cuidados

Os micro-organismos multirresistentes do tipo enterococcus foram considerados como alta prioridade para vigilância pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2017. Por isso, o alerta de infecções deste tipo é importante para que hospitais e unidades de saúde tomem medidas para evitar surtos.

Entre as medidas indicadas pela Sesab estão: o isolamento do paciente infectado em quarto privativo, implementação de procedimentos padronizados de limpeza e desinfecção, manter equipamentos de uso exclusivo para pessoas infectadas e a realização de cultura de vigilância ativa para investigar possíveis surtos. A desinfecção de superfícies é importante porque os enterococcus podem sobreviver nesses locais por longos períodos.

Para pessoas saudáveis visitem internados, o infectologista Antônio Bandeira afirma que não existem critérios de proteção definidos. “Para as pessoas em nível individual, não há muita recomendação. Na verdade, é algo mais referente à gestão hospitalar”, afirma.

Apesar disso, a Sesab recomenda a lavagem correta das mãos sempre que possível.

Pandemia pode ter contribuído para cepas mais resistentes

Longas internações causadas pela covid-19 durante a pandemia podem ter favorecido o desenvolvimento de resistência das bactérias aos antibióticos, explica uma nota técnica da Sesab. Muitos pacientes que tiveram a infecção do novo coronavírus precisaram ser internados em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI) e utilizaram dispositivos invasivos como intubação, ventilação mecânica e cateteres.

“Todos esses procedimentos propiciaram infecções bacterianas e o uso intensivo de antibióticos, o que pode ter favorecido a emergência desse tipo de cepa”, explica o médico Antônio Bandeira. Além disso, a Sesab pontua que as “dificuldades para a implementação de medidas de prevenção e controle de infecções" nas unidades de saúde do estado podem ter contribuído para a aparição dos casos.

“A pandemia criou condições que favorecem a disseminação de microrganismos resistentes aos antimicrobianos nos serviços de saúde: aumento no número e no tempo de hospitalização dos pacientes com covid-19; pacientes graves com uso prolongado de dispositivos invasivos e assistência intensiva; redução do número de profissionais de saúde e aumento da carga de trabalho”, enumera a nota técnica.

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