Gasolina sobe 63% no ano e força baianos a vender carro e até mudar de emprego

Gasolina sobe 63% no ano e força baianos a vender carro e até mudar de emprego

Abastecer o carro com gasolina tem pesado cada vez mais no bolso dos baianos. Segundo levantamento do Sindicato dos Revendedores de Combustíveis do Estado da Bahia (Sindicombustíveis Bahia), no acumulado de 2021, o produto já subiu 63,29%. Com o 14º reajuste este ano - de 7,19% - anunciado sábado passado pela Petrobras, o litro do produto já chega a R$ 6,69 em postos dos bairros da Pituba e do Itaigara. Resultado: tem consumidor considerando a hipótese de vender o carro e até mesmo mudar de emprego para ficar mais perto de casa e assim gastar menos.

Elder Azevedo, 33, rodou até Lauro de Freitas, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), para achar um posto ainda sem o último aumento. Ali, o produto ainda estava sendo vendido por R$ 5,99. “Botei meio tanque e deu R$ 188. Ano passado, enchia com R$ 200”, conta Azevedo, que é estudante de engenharia civil, funcionário de uma empresa de reformas e motorista por aplicativo nas horas vagas. Em média, ele percorre 20 quilômetros por dia de casa ao trabalho.

Para o eletrotécnico Clayton Araújo, 28, vender o carro já é uma possibilidade. “Passou por minha cabeça largar o carro, mas ainda não tive coragem de abandonar, porque é meu principal meio de transporte e ainda não me sinto seguro de pegar coletivos na pandemia. Mas já estou colocando em meus planos de, muito em breve, abandonar, porque gasolina a R$ 6 é impraticável”, desabafa o eletrotécnico.

Ele lembra que, antes da pandemia, gastava, em média, R$ 300 por mês com combustível. Hoje, desembolsa mais de R$ 500. “É quase um quarto de minha renda. A cada aumento, fica muito difícil”, relata. Nesse período, ele passou a dar preferência para o etanol, mesmo quando não vale tanto a pena.

Para economizar, Clayton Araújo fica ligado no aplicativo do governo estadual, o Preço da Hora, que dá informações atualizadas dos preços no mercado local. Disponível para download nos sistemas iOS e Android para qualquer cidadão, a ferramenta é alimentada com o valor das notas fiscais dos consumidores.

Já Aldecir Filho, 35, de Feira de Santana, pensa em um emprego mais perto de casa. “A gente tenta ao máximo economizar, evita voltar para a casa para almoçar, já levando o almoço pronto ou comprando marmita, fazendo academia perto de casa. Até mudar de trabalho já pensei”, conta o gestor de recursos humanos.

Segundo o Preço da Hora, de outubro de 2020 a outubro de 2021, as altas na gasolina, diesel, etanol e gás de cozinha foram, respectivamente, 40%, 49%, 55% e 43%. Já os últimos dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) registram alta de 48,3% na gasolina, 60,35% no etanol, e 48,2% no diesel, mas não considera o último reajuste da Petrobras.

O gás de cozinha era encontrado por menos de R$ 60 há exatos 12 meses. Já a gasolina, a R$ 3,95. A mais barata, hoje, era R$ 5,87 em um posto de Pituaçu. O diesel, de R$ 3,29 chegou a R$ 4,95, e o etanol variou entre R$ 2,91 e R$ 4,81, no mesmo período.

O gás de cozinha, que está custando até R$ 107 em Salvador, tem sido outra preocupação dos consumidores. “Sempre procuro onde é mais vantajoso e vejo se tem cupons de desconto nas distribuidoras, porque R$ 10, R$ 15 já faz diferença. Compartilho com meus amigos e sempre aviso”, comenta Clayton Araújo.

Alta do dólar explica aumento
De acordo com o secretário executivo do Sindicombustíveis Bahia, Marcelo Travassos, os reajustes da Petrobras estão mais altos e em espaços de tempo mais curtos. “Antes, a gente tinha reajuste de, no máximo, 3%. Agora, temos de 8 ,10%. Foram 14 em menos de dez meses. Nunca houve um acumulado tão alto assim”, avalia. Como o preço dos combustíveis é baseado no barril do petróleo e no dólar, com a desvalorização da moeda brasileira em relação à americana, quem paga é o consumidor.

“O barril está acima de US$ 80 dólares, um preço muito alto. Quem domina o mercado quer que ele esteja alto, porque o preço é especulativo. Então existe também a questão geopolítica por trás. Já o dólar tem subido de forma astronômica, e são esses dois fatores que impulsionam a decisão do valor dos derivados”, esclarece Travassos. Ele ainda diz que, se houver aumento do dólar, é possível que haja novos reajustes ainda neste ano.

Segundo a Petrobras, em nota oficial divulgada pela imprensa, os ajustes são importantes para garantir que o mercado não tenha desabastecimento. Além disso, segue os parâmetros do mercado global. "Os justes refletem parte da elevação nos patamares internacionais de preços de petróleo, impactados pela oferta limitada frente ao crescimento da demanda mundial, e da taxa de câmbio, dado o fortalecimento do dólar em âmbito global”, explica.

A empresa pontua que o gás de cozinha, conhecido como Gás Liquefeito do Petróleo (GLP), ficou 95 dias com preços estáveis e a gasolina teve um período de estabilidade de 58 dias.

Preço médio dos combustíveis na Bahia (fonte: Preço da Hora)
Outubro 2021
gasolina - 6,14
oleo diesel - 5,15
etanol - 5,0
glp (gás de cozinha) - 81,78

Setembro 2021
gasolina - 6,13
oleo diesel - 4,89
etanol - 5,01
glp (gás de cozinha) - 81,42

Agosto 2021
gasolina - 6,07
oleo diesel - 4,82
etanol - 4,95
glp (gás de cozinha) - 79,05

Julho 2021
gasolina - 5,95
oleo diesel - 4,79
etanol - 4,90
glp (gás de cozinha) - 78,08

Junho 2021
gasolina - 5,86
oleo diesel - 4,68
etanol - 4,84
glp (gás de cozinha) - 74,59

Maio 2021
gasolina - 5,71
oleo diesel - 4,56
etanol - 4,65
glp (gás de cozinha) - 72,79

Abril 2021
gasolina - 5,58
oleo diesel - 4,33
etanol - 4,25
glp (gás de cozinha) - 71,23

Março 2021
gasolina - 5,72
oleo diesel - 4,44
etanol - 4,51
glp (gás de cozinha) - 70,07

Fevereiro 2021
gasolina - 5,11
oleo diesel - 4,16
etanol - 3,94
glp (gás de cozinha) - 67,4

Janeiro 2021
gasolina - 4,75
oleo diesel - 3,97
etanol - 3,63
glp (gás de cozinha) - 63,1

Dezembro 2020
gasolina - 4,61
oleo diesel - 3,82
etanol -
glp (gás de cozinha) - 62,35

Novembro 2020
gasolina - 4,56
oleo diesel - 3,69
etanol - 3,45
glp (gás de cozinha) - 59,36

Outubro 2020
gasolina - 4,42
oleo diesel - 3,58
etanol - 3,23
glp (gás de cozinha) - 57,31

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  • Chuva: 41 municípios em situação de emergência, 380 desabrigados e 2.227 desalojados

    Com base em informações recebidas das prefeituras, a Superintendência de Proteção e Defesa Civil da Bahia (Sudec) atualizou, nesta quarta-feira (28), os números referentes à população atingida pelas enchentes que ocorrem em municípios baianos.

    Até a situação presente, são 380 desabrigados e 2.227 desalojados em decorrência dos efeitos diretos do desastre. Segundo a Sudec, foram contabilizados seis óbitos. Os números correspondem às ocorrências registradas em 76 municípios afetados. É importante destacar que, desse total, 41estão com decreto de Situação de Emergência.

    O Governo do Estado segue mobilizado para atender as demandas de emergência, a fim de socorrer a população atingida pelas fortes chuvas em diversas regiões da Bahia.

  • Empresa brasileira vira concorrente da BYD pela antiga fábrica da Ford em Camaçari

    A BYD ganhou um concorrente pelo complexo da Ford nos minutos finais do prazo para a manifestação de interessados em comprar a antiga fábrica da montadora americana em Camaçari, fechada em janeiro de 2021 e que hoje pertence ao governo da Bahia. O empresário brasileiro Flávio Figueiredo Assis entrou na disputa para erguer ali a fábrica da Lecar e construir o futuro hatch elétrico da marca, que, diz, deve ter preço abaixo de R$ 100 mil.

    Segundo reportagem da Folha de S. Paulo, Assis já tem um projeto de carro elétrico em fase de desenvolvimento, mas ainda procura um local para produzir o veículo. Em visita às antigas instalações da Ford para comprar equipamentos usados, como robôs e esteiras desativadas deixadas ali pela empresa americana, descobriu que o processo que envolve o futuro uso da área ainda estava aberto, já que o chamamento público feito pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia (SDE) só se encerraria nessa quarta (28).

    O documento da SDE, ainda segundo a Folha, diz que a BYD havia apontado interesse no complexo industrial de Camaçari, mas outros interessados também poderiam "manifestar interesse em relação ao imóvel indicado e/ou apresentar impedimentos legais à sua disponibilização, no prazo de 30 (trinta) dias, contado a partir desta publicação".

    A montadora chinesa anunciou em julho passado, em cerimônia com o governador Jerônimo Rodrigues no Farol da Barra, um investimento de R$ 3 bilhões para construir no antigo complexo da Ford três plantas com capacidade de produção de até 300 mil carros por ano.

    A reportagem da Folha afirma que a BYD já está ciente da proposta e prepara uma resposta oficial a Lecar. E que pessoas ligadas à montadora chinesa acreditam que nada irá mudar nas negociações com o governo baiano porque Assis estaria atrás apenas de uma jogada de marketing. O empresário, por sua vez, disse ver uma oportunidade de bom negócio, pois os valores envolvidos são atraentes.

    Procurada pelo CORREIO, a BYD afirmou que não vai se pronunciar sobre o assunto, e que o cronograma anunciado está mantido.

    Em nota, a SDE apenas confirmou que a Lecar encaminhou e-mail ontem afirmando ter interesse na área da antiga Ford. A secretaria, diz a nota, orientou a empresa sobre como proceder, de acordo com as regras do processo legal de concorrência pública em curso.

    Entre as perguntas não respondidas pela pasta na nota estão o prazo para a conclusão da definição sobre a área e o impacto que a concorrência entre BYD e Lecar traz para a implantação de uma nova fábrica de veículos no estado.

  • Bahia adere ao Dia D de mobilização nacional contra a Dengue

    Em um esforço para combater a crescente ameaça da Dengue, o estado da Bahia se junta ao Dia D de mobilização nacional, marcado para o próximo sábado (2). A informação é da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, que está em Brasília nesta quarta-feira (28) para uma reunião do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass). Esta iniciativa sublinha a necessidade de uma ação coletiva diária e destaca o papel vital que cada indivíduo desempenha na prevenção da doença. Com o apoio do Conselho Estadual dos Secretários Municipais de Saúde da Bahia (Cosems-BA), da União dos Municípios da Bahia (UPB) e do Conselho Estadual de Saúde (CES), os municípios farão mutirões de limpeza, visitas aos imóveis nas áreas de maior incidência e distribuição de materiais informativos.

    A Bahia registra um aumento significativo de casos de Dengue, com 16.771 casos prováveis até 24 de fevereiro de 2024, quase o dobro em comparação ao mesmo período do ano anterior. Atualmente, 64 cidades estão em estado de epidemia, com a região Sudoeste sendo a mais afetada. Além disso, foram confirmados cinco óbitos decorrentes da doença nas localidades de Ibiassucê, Jacaraci, Piripá e Irecê.

    De acordo com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, o cenário nacional é particularmente desafiador devido ao impacto das condições climáticas adversas e ao aumento exponencial dos casos de Dengue, incluindo a circulação de novos sorotipos (2 e 3), que exigem uma atenção mais integrada.

    Na avaliação da secretária da Saúde do Estado, Roberta Santana, o momento é de unir esforços para conter o aumento do número de casos e evitar mortes. "O Governo do Estado está aberto ao diálogo e pronto para apoiar todos os municípios, contudo, cada ente tem que fazer a sua parte. As prefeituras precisam intensificar as ações de atenção primária e limpeza urbana, a fim de eliminar os criadouros, e fortalecer a mobilização da sociedade, antes de recorrer ao fumacê. A dependência excessiva do fumacê, como último recurso, pode revelar uma gestão reativa em vez de proativa no combate à doença", afirma a secretária.

    A titular da pasta estadual da Saúde pontua ainda que o Governo do Estado fez a aquisição de novos veículos de fumacê e distribuirá 12 mil kits para os agentes de combate às endemias, além de apoiar os mutirões de limpeza urbana com o auxílio das forças de segurança e emergência. "Além disso, o Governo do Estado compartilhou com os municípios a possibilidade de adquirir bombas costais, medicamentos e insumos por meio de atas de registro de preço", ressalta Roberta Santana.

    Drones

    O combate à Dengue na Bahia ganhou mais uma aliada: a tecnologia. O Governo do Estado deu início ao uso de drones como nova estratégia para identificar em áreas de difícil acesso focos do mosquito Aedes aegypti, vetor de transmissão de Dengue, Zika e Chikungunya. As imagens capturadas pelos equipamentos são analisadas pelos agentes de endemias, que conseguem identificar locais com acúmulo de água parada e possíveis criadouros do mosquito, facilitando a ação das equipes e tornando o combate mais eficaz.

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