Tudo o que se sabe até agora sobre o atentado que deixou três mortos em Jaguaribe
Um crime bárbaro ocorrido na tarde desta terça-feira (5), na praia de Jaguaribe, chocou a população baiana. Três pessoas foram assassinadas, incluindo dois estudantes que não tinham nenhuma relação com atividades criminosas, e outras três foram baleadas.
Contexto
Segundo informações preliminares da investigação, reveladas pelo diretor do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), Lucas Bezerra, durante entrevista à TV Bahia nesta quarta-feira (6), dois homens em uma moto chegaram à praia por volta das 15h desta terça.
Eles localizaram Lucas Santos da Cruz, 27, sentado numa barraca ao lado de amigos e abriram fogo. Lucas, segundo a Polícia Civil, tinha envolvimento com o tráfico de drogas e era o alvo da ação criminosa.
Neste primeiro momento Lucas e dois amigos dele foram atingidos pelos disparos, que segundo as investigações foram efetuados por apenas um criminoso enquanto o outro ficava na retaguarda.
Como todos começaram a correr após os primeiros tiros, na perseguição o criminoso descarregou a arma na tentativa de executar Lucas. As balas perdidas atingiram três pessoas que estavam na areia: Igor Oliveira Lima Filho, de 16 anos, Juliana Celina da Santana da Silva Alcântara, de 20, e Elenilce Alcântara, mãe de Juliana. Os dois primeiros não resistiram.
A ação, ao todo, durou cerca de 60 segundos, e os suspeitos fugiram em uma moto.
Vítimas
Lucas e Milena morreram na hora, enquanto Igor chegou a ser atendido, mas não resistiu. Uma quarta vítima fatal identificada como Andre Luiz Cunha dos Santos, de 24 anos, chegou a ser apontada inicialmente, mas a Secretaria de Segurança Pública (SSP) corrigiu a informação às 22h30 da noite dizendo que ele tinha sobrevivido.
Milena tinha 20 anos e estudava Biomedicina na Faculdade Bahiana de Medicina de Saúde Pública. Ela, que morava no Imbuí, estava na praia ao lado de familiares e foi atingida quando estava sentada em uma cadeira de praia. O corpo dela foi coberto com uma canga por familiares.
A mãe, Elenilce Alcântara, que estava ao lado da filha foi atingida de raspão e encaminhada para a UPA de Itapuã. Ela foi liberada na mesma tarde.
Outra vítima foi Igor Oliveira Lima Filho, de 16 anos. O adolescente tinha o costume de jogar futevôlei nas areias de Jaguaribe. A paixão pelo futebol era tanta que bola estava logo na descrição de uma das suas contas nas redes sociais.
Um amigo de Igor contou ao CORREIO que ele era o mais velho de três irmãos e morava no condomínio Le Parc, na Avenida Paralela. "Até por isso o gosto por Jaguaribe, rapidinho chegava lá", disse a fonte antes de classificá-lo como estudioso, boleiro e de família.
O principal alvo da ação era Lucas. Segundo Lucas Bezerra, diretor do DHPP, ele tinha envolvimento com o tráfico de drogas e fora preso em duas oportunidades. Em 2015 ao ser flagrado com uma moto roubada e uma arma de fogo, e em 2018 por associação ao tráfico.
Ele deixou a prisão em maio de 2019 e voltou a exercer a atividade criminosa na região do Cajueiro, na Boca do Rio. "Por isso acreditamos que integrantes de uma facção rival o localizou na praia e tentou executá-lo", disse Lucas em entrevista ao Jornal da Manhã, da TV Bahia.
André Luiz Cunha dos Santos também foi atingido pelos disparos e foi socorrido para a Unidade de Pronto-Atendimento de Itapuã. Inicialmente a unidade e a Secretaria de Segurança Pública (SSP-BA) informaram que ele havia morrido no atentado, porém a informação foi corrigida às 22h30. André passou por uma cirurgia e se recupera. Em uma rede social, um amigo informou que 'ele está vivo e lúcido'.
Outro sobrevivente é um homem que foi socorrido pelo Samu para o Hospital Geral do Estado (HGE) em estado grave, com perfuração no tórax e coxa esquerda, de acordo com informações da Secretaria Municipal de Saúde (SMS).
Todos os três sobreviventes do atentado não correm risco de vida.
Investigações
As primeiras equipes da Polícia Militar (PM) chegaram ao local poucos minutos após o ataque e realizaram buscas na região para tentar localizar os criminosos, que conseguiram escapar.
Agora o caso está nas mãos do DHPP, que já ouviu testemunhas e está investigando câmeras de segurança da região para entender como ocorreu o crime e qual foi a rota de fuga adotada pelos atiradores.
Durante toda essa quarta-feira (6) buscas devem ser feitas para tentar localizar os bandidos.
"A expectativa é de realizarmos as prisões ainda hoje, nas próximas horas. Estamos com equipes nas ruas e contamos com todo o aparato tanto da Polícia Civil quanto das outras forças de segurança do estado. Foi um crime bárbaro e precisamos dar essa resposta à sociedade", afirma o diretor do DHPP.