Com o aumento na taxa de ocupação da de UTI pediátrica para covid-19 em todo o estado, a Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab) informou que abrirá 20 novos leitos nos próximos 15 dias.

"Até a quinta-feira (10), abriremos 10 novos leitos de UTI pediátrica para acolher nossa população infantil e, nos próximos 15 dias (abriremos) mais 10 leitos", disse a secretária de Saúde Adélia Pinheiro, em entrevista à TV Bahia.

A decisão ocorre após um questionamento do Ministério Público da Bahia (MP-BA) sobre a previsão de abertura de novos leitos pediátricos para o tratamento da doença. O MP-BA considerou o aumento das taxas de ocupação das UTI para crianças na capital e no interior do estado.

Nesta terça-feira (08), a taxa de ocupação da UTI pediátrica na Bahia é de 84%, com com 37 do total de 44 leitos disponíveis. Em Salvador, 90% dos leitos de UTI's infantis estão ocupados, equivalente a 27 leitos do total de 30.

O secretário municipal da Saúde (SMS), Léo Prates, afirmou, ainda nesta terça, que boa parte dos leitos infantis são ocupados por crianças do interior do estado. "Hoje, temos mais leitos pediátricos na cidade de Salvador do que o governo no estado. Na alta complexidade, dos 16 leitos pediátricos, 10 são de pessoas do interior. Então, o prefeito está fazendo mais do que a sua obrigação", disse.

O prefeito Bruno Reis (DEM) apelou para que o governo do estado disponibilize mais vagas. "Em relação aos leitos, eu peço que o estado possa mobilizar mais leitos. Ontem eu fazia uma análise, com nossa equipe, dos 20 leitos que a prefeitura dispõe, apenas 6 são ocupadas por crianças de Salvador. Nunca fizemos essa distinção, sempre tratamos e sempre trataremos a todos e iremos ofertar leitos aos nossos irmãos do interior da Bahia, de onde eu também sou, mas agora precisamos efetivamente que o governo do estado mobilize mais leitos", disse.

Em nota, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesab) disse que está em contato com o MP.

"A Secretaria da Saúde do Estado da Bahia recebeu o ofício do Ministério Público no final da tarde de ontem (7) e fará os esclarecimentos necessários para o órgão. Cabe ressaltar que, desde o início da pandemia, o Ministério Público é informado regularmente sobre o cenário epidemiológico, as tendências e o planejamento da pasta estadual", diz a pasta.

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O encerramento das unidades de saúde e leitos criados para atender pacientes com covid-19 começará na próxima terça-feira (1°) pelos gripários da ilha de Bom Jesus dos Passos, do Pau Miúdo e Pirajá/Santo Inácio, unidades que compõem a rede de urgência e emergência no atendimento às pessoas com síndromes gripais. Por enquanto, o gripário que fica localizado em anexo à UPA dos Barris permanecerá com a oferta da assistência.

De acordo com o secretário da Saúde, Leo Prates, apesar da atual taxa de transmissão do vírus em Salvador estar em 0.1, fator considerado de controle pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é necessário manter os cuidados e a ampliação da cobertura de vacinados para evitar uma nova onda viral na cidade e a reabertura das unidades assistenciais temporárias.

“É um momento de menor pressão do sistema de saúde, mas não quer dizer que a pandemia passou. É o menor fator de retransmissão já visto na cidade. Além disso, temos visto o reflexo desses números com a diminuição da procura nos gripários e nas baixas taxas de ocupação dos leitos de UTI. Vamos continuar intensificando a vacinação, seguindo com a manutenção dos cuidados, para que em breve possamos anunciar boas notícias”, explicou Prates.

Durante o surto de gripe e de covid, no final do ano passado, a Prefeitura reabriu os gripários do Pau Miúdo, de Pirajá/ Santo Inácio e da ilha de Bom Jesus dos Passos. Além disso, quatro USFs foram transformadas em UPAs, a tenda dos Barris foi reativada e foi ampliado o número de leitos do Hospital Sagrada Família, no Bonfim.

“Não faz sentido estar com 46% de ocupação e estar pagando por leitos [vazios]. A partir de segunda-feira não tem mais recurso federal, vai ser tudo com financiamento próprio da prefeitura, então, o que pudermos fechar será fechado”, disse o prefeito Bruno Reis (DEM) durante a inauguração de uma Unidade de Saúde da Família, no Vale da Muriçoca, na Federação, nesta quinta-feira (24). Ele não descartou mobilizar novamente mais leitos caso seja necessário.

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Os leitos de UTI pediátricos em Salvador chegaram a 95% de ocupação - dos 20 disponíveis, 19 estão ocupados. Nesta quinta-feira (30), o prefeito Bruno Reis disse que vai ampliar a oferta de leitos e lembrou da importância da vacinação contra gripe para as crianças.

"A gente tem uma limitação de leitos pediátricos, sempre foi um problema. Até já anunciei que amanhã vamos restabelecer mais leitos. Não justifica você ter leitos abertos, como passamos um bom período, sem pessoas para serem atendidas. Efetivamente, vamos precisar avaliar necessidade de adotar medidas para ampliação dos leitos pediátricos", disse ele, explicando a oferta atual de leitos.

Segundo Bruno, a cidade vive um momento de "confusão" entre o surto de gripe e os casos de covid, o que exige atenção. "Está tendo agravamento por conta da gripe. Aí acaba tendo uma confusão entre gripe e covid. A gente espera que esse surto passe, que as mães levem as crianças para se vacinar. Para que a gente não tenha que ampliar ainda mais do que estamos a quantidade de leitos", acrescentou.

Bruno falou durante um evento no Palácio Thomé de Souza, para fazer um balanço do ano de 2021. Nos quase dois anos de pandemia, a prefeitura gastou R$1,345 bilhão com medidas e ações de apoio à população, sobretudo na saúde, área que recebeu a maior parte do montante investido (39,8 %), seguido pelas áreas da mobilidade (23,6%), educação (14,4%) e assistência social (11%).

"O dinheiro é um só, e se usamos para determinada área, estamos retirando de outras. Na área de saúde, saímos de 499 para 615 leitos hospitalares, investimos em gripários e tendas para ampliar a capacidade das tendas. Por conta da gripe, já reabrimos três gripários e outro será reaberto em breve. Devido à demanda reprimida estamos reabrindo ainda 15 novos leitos para gripe e 30 para covid", disse.

O balanço da vacinação mostra que Salvador já tem mais de 80% da população vacinada - foram 4,548 milhões de dose aplicadas, sendo 2,159 milhões de primeira dose, 1,938 milhões de segunda dose ou dose única e 450,7 mil com a dose de reforço. Foram disponibilizados 14 drive-thrus, 32 pontos fixos e 153 salas de vacinação para a estratégia, além da oferta do Vacina Express, com equipes volantes.

 

Com o avanço da vacinação, a pandemia apresenta sinais de trégua no Brasil. Um dos dados que comprovam isso é de que, segundo a Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz), nenhum estado registra ocupação de leitos de UTI acima de 80%. Esse é o melhor índice desde julho de 2020.

De acordo com o dado, divulgado pela colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, no pior momento da epidemia, em março deste anp, 21 estados tinham ocupação acima de 80%. Destes, 15 passavam de 90%.

Além da ausência de unidades da federação na "crítica", apenas cinco estados se encontram hoje na zona intermediária, com ocupação entre 60% e 79%. Todos os outros estão abaixo desta marca. Na semana passada, um estado estava ainda na zona crítica, e sete na zona intermediária.

Dentre os intermediários, há um detalhe: o percentual de ocupação de leitos se mantém alto em alguns deles, como Roraima e Rondônia, porque estão fechando leitos para covid-19, e não porque estão recebendo mais pacientes. Roraima diminuiu o número de leitos de 74 para 50 em uma semana. Rondônia, de 230 para 166.

Já Mato Grosso e Goiás permanecem com taxas de ocupação de 79% e 78%, respectivamente.

Atenção
Apesar dos números animadores, vem do Rio de Janeiro o sinal de alerta. Com o avanço da variante Delta, o estado vem registrando um aumento na quantidade de UTIs ocupadas.

Há seis semanas, a ocupação de leitos de UTIs para covid-19 era de 59% no estado do Rio. Subiu para 61% na semana passada, e para 67% nesta semana.

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A pandemia de covid-19 ainda não acabou, mas nos últimos tempos tem dado uma trégua em Salvador. Pelo segundo dia neste mês de julho (a primeira vez foi no dia 16), as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) da capital baiana amanheceram sem fila de espera na segunda-feira (19), segundo a Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS). Somente 18 pessoas precisaram de regulação. O atendimento nos gripários também caiu: 77,5% a menos em relação ao pico da segunda onda, em março. Com isso, 80 leitos de UTI já foram desativados.

Além da fila zerada, as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) não tiveram grande movimento: a taxa de ocupação estava em 49% no início da noite de segunda. Esse índice não era atingido desde o dia 26 de outubro do ano passado, quando a taxa estava em 36%. No entanto, na época, eram apenas 397 leitos disponíveis para internamento, enquanto hoje são 709. Dos 80 leitos de UTI desmobilizados na cidade, 10 foram em junho e 70 desde o início de julho.

Já o Governo do Estado não desativou estruturas assistenciais, tendo migrado 10 leitos de UTI do Instituto Couto Maia para atender outras patologias infectocontagiosas e 10 leitos de UTI do Hospital Geral Ernesto Simões para o atendimento a outras especialidades.

Pela baixa demanda, dois gripários foram desativados, em São Cristóvão e Pirajá. Ambos tinham 10 leitos de enfermaria e dois leitos de sala vermelha para atender qualquer pessoa com sintomas gripais, não só de covid-19. Outros quatro, por sua vez, permanecem ativos – o de Paripe, Pau Miúdo, Barris e o da ilha de Bom Jesus.

"No auge da segunda onda, a gente chegava a atender 800 pacientes por dia nas nossas unidades. E tinha unidades como o gripário dos Barris que chegava a atender 300 pacientes por dia. Segunda-feira, a gente fechou o dia com 181 atendimentos. Tem variado nessa média, de 180 e 200 pacientes, então foi uma decisão certa [desmobilizar]”, revela o coordenador do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) de Salvador, Ivan Paiva.

Ele faz a ressalva que as estruturas não foram desmontadas, mas as equipes precisaram ser dispensadas, ao menos por enquanto. “Os gripários permanecem montados, estruturalmente mantidos. A gente está vendo a nova cepa delta já circulando pelo país e, se houver necessidade, a gestão faz a reativação. Mas não há sentido manter estruturas com um gasto público, com médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e toda a parte de insumos, sem ter um volume de atendimento que justifique”, explica.

A grande demanda das pessoas que iam aos gripários, de acordo com Paiva, era para fazer testes para a detecção do novo coronavírus. “Terminou virando quase um posto de testagem. A gente chegou a passar pelo absurdo de que algumas empresas, quando alguém positivava, obrigava todos os outros funcionários, mesmo sem sintomas, a ir testar, o que é uma utilização indevida do serviço público”, critica o coordenador. O protocolo para a realização dos testes é o indivíduo ter, a partir de três dias, sintomas da covid.

O motivo para a desmobilização dessas estruturas para a doença, além da melhora dos índices epidemiológicos, é a falta de financiamento do governo federal. “Ano passado, o governo federal nos ajudou imensamente nas estruturas. Porém, esse ano, há uma ausência de financiamento, que tem prejudicado muitos municípios. Ano passado foram mais de R$ 300 milhões e, esse ano, a gente só recebeu R$ 38 milhões”, afirma o secretário municipal da Saúde, Leo Prates.

Segundo ele, esse é o principal motivo de desmobilização, sob a determinação do prefeito Bruno Reis (DEM). Caso seja necessário, haverá reativação. "É importante a gente ter os leitos, mas também nós não podemos desperdiçar dinheiro público e um hospital desse mobilizado parado custa dinheiro”, pontua Prates. Cada leito de UTI custa, por dia, R$ 2 mil aos cofres públicos. Para manter os 709, é necessário R$ 1,4 milhão. No fim do mês, a conta chega em R$ 42,5 milhões.

Cobrança
Leo Prates, por sinal, aproveitou a oportunidade e cobrou publicamente ao Ministério da Saúde (MS) a compensação das doses de imunizante contra para acelerar a vacinação em Salvador. Por conta de erros nos critérios de distribuição do MS, a cidade recebeu 200 mil doses a menos em relação as demais capitais.

Na última semana, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconheceu a desigualdade na distribuição das vacinas entre os estados, em uma audiência pública realizada na Câmara dos Deputados. Segundo ele, estados como Rondônia e Tocantins receberam lotes que correspondem a 101% das respectivas populações, enquanto a Bahia teve disponíveis doses capazes de imunizar apenas 62%.

Para o secretário municipal da Saúde, é preciso que o Ministério vá além do reconhecimento público em relação ao problema, e apresente um plano que corrija a disparidade da imunização.

“Temos falado há muito tempo que o critério adotado pelo Ministério está prejudicando nossa capital, assim como a todo o estado. A pergunta que fica é quando serão repostas as doses das cidades que foram prejudicadas com o recebimento de doses a menos, como o caso do nosso estado?”, questiona.

Leo Prates também fez um comparativo com a cidade de Vitória, capital do estado do Espírito Santo, que está com uma situação mais avançada que Salvador. “Hoje, Vitória é a cidade que mais vacinou, com 88% dos seus cidadãos vacinados até o momento, enquanto Salvador tem cerca de 56% da sua população vacinada”, explica.
“Proporcionalmente, Salvador teria deixado de receber até 634 mil doses se comparado a Vitória. Na média entre as 27 capitais do país, o contingente vacinado corresponde a 67%, para Salvador alcançar essa média, teríamos que receber no mínimo 200 mil doses”, finaliza.

Mutirão vacinou 23 mil pessoas na capital

A fim de zerar os estoques da vacina contra a covid-19, a prefeitura de Salvador realizou na segunda-feira (19) um mutirão para completar o esquema vacinal dos soteropolitanos. A operação tinha como alvo principal quem teve a segunda dose da Oxford/AstraZeneca marcada até o dia 26 de julho. A expectativa era adiantar a imunização de mais de 41 mil pessoas. Segundo o balanço do vacinômetro da Secretaria Municipal da Saúde (SMS), porém, 23.090 mil pessoas foram imunizadas com a segunda dose, entre Oxford e CoronaVac.

Para o secretário municipal da Saúde de Salvador, Leo Prates, se há vacinas em estoque, elas devem ser aplicadas o quanto antes, para que mais pessoas sejam imunizadas. “Já foi confirmado, no Rio de Janeiro, o 23º caso da variante delta, e ela quebra a maioria da eficácia das vacinas com uma dose, por isso a importância das duas doses, como confirmam as pesquisas”, explica.

Tanto o Ministério da Saúde (MS), como a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab) são a favor da manutenção do prazo de aplicação de 12 semanas entre a primeira e segunda doses. Já a SMS quer que o prazo possa ser de, no mínimo, nove semanas.

"Nossa defesa é que o Ministério possa separar o prazo de distribuição do prazo de aplicação. Em distribuição, seja mantido o aprazamento de 12 semanas, mas que as vacinas possam ser aplicadas com intervalo mínimo de nove semanas, porque a gente recebe as doses e elas ficam paradas de 15 a 20 dias”, diz Prates.

Cinco meses depois do começo da vacinação contra a covid-19, a Bahia registrou uma queda de até 77% nas internações de pessoas acima de 60 anos, comparando os meses de março e junho desse ano, diz a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab). Mais de 4,8 milhões de baiano já tomaram a primeira dose ou foram imunizados com dose única.

"Os dados comprovam a eficácia da vacinação", considera o secretário da Saúde, Fábio Vilas-Boas. Ele destaca a importância do trabalho do governo estadual na compra de insumo, aplicação de vacinas e distribuição de doses para todos os municípios baianos. "Os gestores municipais também estão de parabéns ao criarem estratégias para vacinar rapidamente”, acrescenta.

Os dados do SivepGripe, do Ministério da Saúde, mostram uma queda de internação em todas as faixas etárias analisadas. Apesar disso, a Diretoria da Vigilância Epidemiológica da Bahia (Divep) destaca que há um grupo que tem representado a maior parte das internações nesse momento.

“A faixa etária de 30 a 49 anos atualmente representa mais de 40% das internações, que são os públicos não imunizados ou que iniciaram recentemente", diz a diretora da Divep, Márcia São Pedro. Ela lembra que é importante manter o distanciamento social, uso de máscara e a higiene para evitar infecções.

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A alta no número de casos de coronavírus em Salvador já começa a refletir na taxa de ocupação de leitos. Pelo menos quatro unidades da capital baiana, entre leitos clínicos e de UTI, já não possuem mais vagas.

Na tarde desta quinta-feira (29), segundo os dados da Secretaria de Saúde da Bahia, o Hospital Eládio Lasserre, no bairro de Águas Claras, já registrava 100% ocupação dos 10 leitos clínicos e os 10 de UTI para pacientes com covid-19. Do total de pacientes internados com maior gravidade, oito fazem uso de ventilação mecânica.

Há também registro de lotação máxima nos leitos clínicos do Hospital de Campanha do Itaigara; na UTI da Maternidade Professor José Maria de Magalhães; e nos leitos pediátricos do Hospital Municipal de Salvador.

O cientista de dados Isaac Schrarstzhaupt, coordenador na Rede Análise Covid-19, já havia alertado para a possibilidade da terceira onda de covid-19 no país, principalmente com a aproximação do inverno.

Apesar do avanço na vacinação, algumas cidades da Bahia enfrentam o pior momento da pandemia. Nessa segunda-feira (17), hospitais de 16 municípios do interior estavam com 100% de ocupação nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), de acordo com os dados da Secretaria da Saúde do Estado da Bahia (Sesab). Essa realidade está acompanhada por um momento de explosão de novos casos e também falta de medicamentos para o tratamento da covid.

Essa é a situação de Paulo Afonso, por exemplo, cidade localizada a quase 500 quilômetros de distância de Salvador. O município de 120 mil habitantes já é o quinto na Bahia com mais casos ativos de covid-19: 379, segundo os dados da Sesab, mas 455, segundo o último boletim epidemiológico do município. Por lá, o Hospital Municipal Aroldo Ferreira está com os 10 leitos de UTI ocupados e há falta de medicamentos.

“No momento, estamos passando por um caos em Paulo Afonso. Não tenho como colocar mais pacientes, estou correndo para abrir leitos e preciso do apoio de todo mundo. Quem tiver insumos, medicações que possam nos ajudar, vejam, nos ajudem, enviem. Estou com meus processos em andamentos, com meus fornecedores para entregar. Tenho fornecedores que dizem que os fabricantes não têm matéria prima para entregar o que a gente comprou. Então, para dar suporte a todos vocês, preciso que vocês me ajudem”, disse o secretário interino de Saúde de Paulo Afonso, Adonel Júnior.

Essa declaração foi dada em um áudio vazado dirigido para os colegas das cidades vizinhas. A veracidade da gravação foi confirmada pela prefeitura e pelo próprio secretário.

“Estamos vivenciando um verdadeiro caos, porque diariamente recebemos centenas de pessoas de toda uma região e, por mais que tenhamos insumos e profissionais, tem um momento que os medicamentos não atendem a alta demanda”, disse.

Mas não é só a região Norte da Bahia, onde Paulo Afonso está localizada, que sofre com a ocupação das UTIs. As 16 cidades com hospitais lotados estão espalhadas em oito das nove macrorregiões. Confira a lista completa das unidades de saúde ocupadas e seus respectivos municípios no final do texto.

Barreiras está no pior momento da pandemia
No Oeste do estado, a cidade-polo de Barreiras também enfrenta o pior momento da pandemia. Segundo os dados da Sesab, são 441 casos ativos, mas o boletim epidemiológico municipal revela muito mais: 1.162 pessoas estão com a covid-19 atualmente, o que a coloca no segundo lugar da lista de cidades com mais casos ativos da Bahia. Lá tem 50 leitos de UTIs divididos em dois hospitais (Central e do Oeste). 49 estão ocupados – apenas o Hospital do Oeste tinha um leito vago na tarde dessa segunda-feira.

Por causa desse cenário, na última sexta-feira (14), a prefeitura determinou o fechamento do comércio não essencial por 10 dias. Um dia depois, o governo do estado determinou que toda a região Oeste entrasse em lockdown parcial até 25 de maio. Por ser a maior cidade da região, os hospitais de Barreiras recebem pacientes das cidades vizinhas. O secretário de Saúde, Melchisedec Neves, aprovou a decisão.

“O atual momento da pandemia no nosso município nos levou a tomar medidas urgentes que visam o enfrentamento do quadro mais grave já deparado por nós desde março do ano passado. (..) Os números são alarmantes e não encontramos mais médicos para contratar. Os que estão atuando, já estão exaustos devido à sobrecarga dos trabalhos intensos. Por isso, precisamos da colaboração de todos”, disse.

No total, são 36 cidades do Oeste, incluindo Barreiras, que estão com lockdown parcial: Angical, Baianópolis, Barra, Barreiras, Bom Jesus da Lapa, Brejolândia, Brotas de Macaúbas, Buritirama, Canápolis, Catolândia, Cocos, Coribe, Correntina, Cotegipe, Cristópolis, Formosa do Rio Preto, Ibotirama, Ipupiara, Jaborandi, Luís Eduardo Magalhães, Mansidão, Morpará, Muquém do São Francisco, Oliveira dos Brejinhos, Paratinga, Riachão das Neves, Santa Maria da Vitória, Santa Rita de Cássia, Santana, São Desidério, São Félix do Coribe, Serra do Ramalho, Serra Dourada, Sítio do Mato, Tabocas do Brejo Velho e Wanderley.

No Nordeste da Bahia, municípios declaram “lockdown” por conta própria
Se as grandes cidades não têm vagas nos leitos de UTis, as pequenas, que não têm essa infraestrutura hospitalar mais complexa, ficam reféns da fila da regulação. Esse é o caso de Monte Santo e Ribeira do Pombal, municípios localizados no Nordeste da Bahia, que entraram em lockdown para frear a contaminação e evitar o aumento de casos e mortes na cidade.

Em Monte Santo, a decisão veio depois que, em menos de uma semana, dois óbitos por covid-19 foram confirmados na cidade. Atualmente, o município de 50 mil habitantes tem 150 casos ativos e outros 51 suspeitos. No total, são 33 mortes desde o início da pandemia. Lá, o lockdown já começa nessa terça-feira, 18 de maio, e vai até o próximo domingo (23).

“Diante de um cenário onde do dia 1º de maio até hoje tivemos confirmados vários casos, acendeu o sinal vermelho. Eu convidei os vereadores e representantes da sociedade civil de Monte Santo. Ficou decidido pela maioria a necessidade de fazermos um lockdown. Serão seis dias em que eu peço para os cidadãos refletirem e fazerem sua parte, para assim vencermos a pandemia”, disse a prefeita da cidade, Silvania Matos.

Já Ribeira do Pombal, com seus pouco mais de 50 mil habitantes, encontra-se com quase o dobro de casos ativos do que Monte Santo. São 290, no total, o que coloca a cidade na oitava colocação da lista dos que mais tem casos ativos na Bahia, segundo a Sesab. O lockdown por lá começou na sexta-feira (14) e vai até às 5h dessa quinta-feira (20).

“Eu peço a cada um de vocês que nos ajude. [Essa] é a única forma de conter o crescimento do vírus na cidade”, disse o prefeito Eriksson Silva, em vídeo gravado para a população da cidade. No total, Ribeira do Pombal tem 46 mortes por covid-19. Em toda região Nordeste, onde as duas cidades estão localizadas, há apenas um hospital com leitos de UTI. É o Regional Dantas Bião, em Alagoinhas, que também está com 100% de ocupação.

Governador disse acompanhar a situação
Em uma rede social, o governador Rui Costa classificou a realidade do oeste do estado como “crítica” e a de Paulo Afonso como “preocupante”. Ele disse que o governo do estado está acompanhando e tomando medidas.

“A situação do Oeste da Bahia é muito crítica. A região de Paulo Afonso também nos preocupa, então, o Governo do Estado, juntamente com as prefeituras, já está tomando medidas para frear a transmissão do coronavírus nessas localidades”, disse.

A Sesab disse que também acompanha a situação. “A Sesab segue monitorando as cidades e, caso seja necessário, transferindo pacientes para outras unidades”, afirmaram, em nota. Também nessa segunda-feira, Rui criticou as festas com aglomerações, o que para ele tem sido um grande centro de reprodução da covid-19. Por isso, a governadoria já antecipou que vai suspender o transporte intermunicipal no período das festas juninas.

“Não permitiremos a realização de festas de São João em nenhuma cidade, nenhuma região da Bahia. Temos que ter responsabilidade neste momento. Fazer festa agora é desrespeitar a vida humana”, escreveu.

"Se não frear a contaminação, a tendência é piorar”, alerta cientista.
Coordenador do portal Geocovid, que analisa os dados da pandemia no Brasil, o professor Washington Franca-Rocha alerta da necessidade de se fazer medidas de isolamento que possam diminuir os números preocupantes. “Se não frear a contaminação, a tendência é piorar. A projeção dos dados é que esses locais continuem numa situação ruim nos próximos dias. É preciso medidas mais duras de isolamento”, diz. Na avaliação do professor, três regiões da Bahia encontram-se com a situação mais preocupante: Oeste, Norte e Sudeste.

“Quando a gente olha os números de mortes, tem municípios como Correntina, Baianópolis, Santa Maria da Vitória, Carinhanha, Xique-Xique, Sobradinho, Campo Formoso, Uauá e Jeremoabo com números assustadores. Em casos, a gente vê uma situação mais grave nos municípios próximos à fronteira de Minas Gerais”, alerta.

Outro fator de destaque para que haja redução nos números da pandemia é o aumento da vacinação. “Nas faixas etárias mais novas, o percentual de vacinados é baixíssimo. O problema é que as variantes que estão circulando são mais agressivas e atingem pessoas mais jovens. A vacinação precisa avançar também nos mais jovens para que a situação melhore”, defende.

Lista dos hospitais com 100% de ocupação da UTI na Bahia:

Na região Centro-leste:
Hospital De Feira De Santana
Hospital Da Chapada, em Itaberaba
Hospital Regional Da Chapada, em Seabra

Na região Extremo-sul:
Hospital De Tratamento Covid19, em Eunápolis

Na região Leste:
Hospital Santa Helena, em Camaçari
Hospital Regional de Santo Antônio de Jesus

Na região Nordeste:
Hospital Regional Dantas Bião, em Alagoinhas

Na região Norte:
Hospital Municipal Aroldo Ferreira, em Paulo Afonso
Hospital Regional de Juazeiro

Na região Oeste:
Hospital Central de Barreiras

Na região Sudoeste:
Hospital Municipal de Caetité
Hospital Regional de Guanambi
Hospital São Vicente de Paulo, em Vitória da Conquista

Na região Sul:
Hospital Vida Memorial, em Ilhéus
Hospital Calixto Midlej Filho, em Itabuna
Hospital São Vicente em Jequié

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Portaria do Ministério da Saúde, que autoriza leitos de UTIs para atendimento exclusivo de pacientes vítimas da covid-19 é publicada no Diário Oficial da União desta terça-feira (30).

O documento estabelece recurso financeiro do Bloco de Manutenção das Ações e Serviços Públicos de Saúde - Grupo Coronavírus (covid-19), a ser disponibilizado aos estados e municípios, em parcelas mensais, no valor total de mais de R$ 44 milhões.

Nessa segunda-feira (29), o ministério já havia autorizado a implantação de mais 2.431 mil leitos para atendimento a pacientes com covid-19 em UTIs. As estruturas serão instaladas em 23 estados e no Distrito Federal.

Também foram autorizados mais 50 leitos pediátricos. A autorização consiste na participação do governo com recursos no custeio dessas estruturas. O ministério repassa mensalmente as verbas, em caráter temporário.

De acordo com a pasta, para estes 2.431 leitos serão encaminhados aos estados R$ 113,6 milhões por mês.

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Em seu perfil numa rede social, Jean Franco Silva, 45 anos, ostenta fotos com uma equipe médica e participando de procedimentos na UTI (Unidade de Terapia Instensiva). Até esta terça (23), todos acreditavam que ele era o anjo de muitos pacientes que foram atendidos no Hospital Cristo Redentor, na cidade de Itapetinga, na região do Centro-sul Baiano. No entanto, o que ninguém imaginava é que o jaleco impecável encobria um falsário que agia há um ano na unidade. Após denúncias, ele foi autuado pela Polícia Civil por exercer ilegalmente a profissão de médico e sua conduta pode estar relacionada com dezenas de mortes no hospital.

A polícia descobriu a farsa através de várias denúncias, que foram posteriormente comprovadas quando os agentes chegaram no Hospital Cristo Redentor. Em seu depoimento, Jean disse que é estudante do curso de Medicina no Paraguai e que no hospital trabalhava na função administrativa. Ele foi ouvido e responde pelo crime em liberdade.

“Não encontramos nenhum documento que comprove que ele cursa Medicina. Porém, recebemos mais de 10 denúncias de parentes de pessoas que morreram na UTI sob suspeita de imperícia dele. Se for comprovado apenas um óbito devido à conduta, ele vai responder por homicídio culposo. Mas, se for comprovado mais um caso, será homicídio doloso, porque entendo que ele tinha o conhecimento do risco (morte) e pedirei a prisão dele”, declarou o delegado Roberto Júnior, coordenador da 21º Coordenadoria do Interior (Coorpin/Itapetinga).

A direção do Hospital Cristo Redentor ainda não foi ouvida pela polícia. “Precisamos ter acesso aos prontuários médicos e as escalas de plantões para cruzar informações dos pacientes das denúncias que foram a óbito. Já solicitamos tudo e amanhã toda essa documentação será apresentada no depoimento”, disse o delegado. A unidade médica é gerida pela Fundação José Silveira, que por sua vez, segundo a polícia, informou que uma empresa foi contratava para gerir a UTI da unidade. “Vamos intimar também o proprietário”, pontuou o delegado.  

O Conselho Regional de Medicina do Estado da Bahia (Cremeb) tomou conhecimento do fato e instaurou uma sindicância para apurar se há algum tipo de acumpliciamento por parte da direção da instituição. Toda a investigação na instituição é em segredo de justiça. 

No mês passado, o CORREIO trouxe à tona outro caso de exercício ilegal da função de médico. Na cidade de Conceição de Feira, Arley Diego Carneiro de Lima, 29, atuava de forma irregular como plantonista no hospital da cidade. Formado em Medicina na Bolívia, ele não havia feito o Exame Nacional de Revalidação de Diplomas Médicos (Revalida), realizado anualmente para validar diplomas médicos expedidos por universidades de fora do Brasil 

Flagrante

Na manhã desta terça, policiais civis foram até o Hospital Cristo Redentor em Itapetinga apurar as inúmeras denúncias.  Os agentes foram até a UTI e constataram que Jean de fato estava no interior do setor restrito aos profissionais da saúde, trajando um jaleco branco, comumente utilizado por médicos, com a inscrição “Medicina”. Na hora, Jean negou ser médico, afirmando ser estudante de medicina no Paraguai e que ali se encontrava exercendo uma função administrativa, passando o dia todo lidando com planilhas e cuidado da escala da equipe médica. 

Ainda no local, os demais profissionais de saúde da UTI foram intimados para prestarem depoimento. Ao serem questionados sobre a função de Jean, entraram em contradição, ora afirmando ser da função administrativa ora como estagiário de medicina, mas que todos se referiam a ele como “doutor”. 

Fotos

Logo após Jean ter sido ouvido pela Polícia Civil, fotos do perfil dele do Instagram começaram a circular em grupos do aplicativo de WhatsApp. Apesar de negar que exercita a função de médico, as imagens que ele mesmo postou indicam o contrário. 

Em uma delas, Jean aparece na UTI, usando trajes apropriados e manuseando um instrumento cirúrgico. Em outra, ele aparece ao lado de um médico durante um outro procedimento. Numa terceira imagem, ele está com a equipe médica na campanha “Nós estamos aqui por vocês. Fiquem em casa por nós”, para conscientizar a população a entrar em quarentena voluntária para evitar a propagação do coronavírus. Ele segura a inscrição “ESTAMOS”. 

“Ao que tudo inda, na foto ele aparece reunido com um grupo de profissionais de saúde, visivelmente paramentado como tal. Se aproximar a foto em que ele aparece fazendo um procedimento, vai ver que na roupa tem o logotipo da Fundação (José Silveira). Já na terceira imagem, é ele está num centro cirúrgico com um médico, mas não posso afirmar que é no hospital (Cristo Redentor). De fato, é que todas essas imagens serão incluídas no inquérito”, declarou o delego. 

Prefeitura 

Diante da situação, o CORREIO procurou o prefeito de Itapetinga, Rodrigo Hagge (PMDM), que disse que prefeitura não tem nenhum tipo de gerência sobre o hospital. “ A prefeitura apenas está contratando o serviço do hospital. Lá é uma Santa Casa e é gerida pela Fundação José Silveira. O município é apenas o contratante. Vamos aguardar a conclusão das investigações da Polícia Civil para, então, adotar as medidas com a fundação”, declarou. 

Ele comentou sobre a possibilidade de os óbitos estarem relacionados à conduta do falso médico. “É um absurdo, mas todas as denúncias têm que ser investigadas pela polícia para que possamos emitir uma opinião mais aprofundada. Uma coisa é certa: não é permitida a entrada de uma pessoa numa UTI que não saiba atuar”, disse.   

Hagge disse que a prefeitura não contrata leitos de UTI, onde o acusado atuava. Os leitos de UTI são de responsabilidade do Governo do Estado. “A UTI atende todo o estado. Todos os pacientes são submetidos a central de regulação de leitos do estado. Ou seja, não necessariamente os leitos são ocupados por pacientes da cidade”, finalizou.  

Procurada, a Fundação José Silveira afirmou que Jean Franco Silva nunca fez parte do quadro de profissionais contratados pelo Hospital Cristo Redentor e que não tem conhecimento de nenhuma pessoa sem diploma de medicina atuando como médico nas dependências da UTI da unidade. Em nota, a Fundação disse que todos os seus profissionais são devidamente habilitados e que todos os seus médicos contratados são inscritos no Conselho Regional de Medicina.

"A escala médica da UTI é integralmente composta por profissionais médicos devidamente habilitados e o referido senhor nunca compôs tal escala. Não temos nenhum registro de atuação do referido senhor", disse a Fundação José Silveira.

De acordo com a Fundação, Jean Franco Silva é funcionário do setor administrativo, contratado por uma outra empresa, que presta serviços médicos à UTI no Hospital. A instituição afirmou que, para a prestação de serviços na unidade, "são contratados apenas profissionais ou empresas médicas formalmente aptos para o desempenho das atividades". 

Por fim, a Fundação José Silveira alega que não tem conhecimento sobre o conteúdo do inquérito e está à disposição para prestar qualquer informação.

 

Publicado em Bahia
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