Hemoba tem estoques de sangue em estado crítico
A situação do estoque de sangue no Hemoba ( Fundação de Hematologia e Hemoterapia da Bahia) não é boa. O órgão já chegou a ter um déficit de 40% das bolsas de sangue durante a pandemia. A última atualização indicava queda de 17% a menos de bolsas e 15% a menos de candidatos a doação de sangue quando comparado com o mesmo período do ano passado. Virou caso de polícia, mas não no sentido ruim: é que sabendo da situação complicada enfrentada pelo Hemoba a Polícia Militar convidou o seus integrantes para aderirem à campanha “Doe uma gota de carinho”.
O objetivo é sensibilizar e mobilizar tanto a tropa como a sociedade baiana a realizarem a doação de sangue para os bancos da Hemoba que se encontram em situação crítica na capital e interior da Bahia. O exemplo partiu de cima e nesta terça-feira (8/9) o comandante-geral da PM, Anselmo Brandão, fez sua parte e foi o primeiro a doar.
O ato simbólico aconteceu na manhã da terça, na Vila Militar do Centro Administrativo da Bahia (Cab). O Hemoba deixou disponível uma unidade móvel que ficará na Vila Militar até a quarta (9). De acordo com a fundação, além de mobilizar tropas da capital, a Polícia Militar também enviou ofícios para unidades do interior do Estado.
Coordenadora do departamento de Direitos Humanos da PM, a capitã Janaína aponta que o comando da instituição ficou muito sensibilizado ao tomar conhecimento da situação difícil enfrentada pelo Hemoba e entende que é parte do trabalho da corporação mobilizar a tropa em prol de uma causa justa.
“Nos organizamos para mobilizar a sociedade e a tropa e, dessa forma, ajudar a restabelecer a capacidade mínima de bolsas de sangue”, disse a capitã.
São 24 postos de coletas disponíveis além da capital, em cidades como Feira de Santana, Camaçari, Eunápolis, Barreiras, municípios do Recôncavo, Alagoinhas e Vitória da Conquista.
Com a Polícia Militar, a mobilização acontece entre os dias 8 e 11 de setembro. Em Salvador, os postos de coleta ficarão instalados na Vila Policial Militar do CAB nos dias 8 e 9 e na Vila Policial Militar do Bonfim nos dias 10 e 11, das 08h às 17h. As Vilas estarão abertas a quem quiser doar sangue - não apenas militares -, com espaço para triagem e coleta nos Hemóveis.
Parceria
O médico hematologista e diretor da Hemoba Fernando Araújo explica que, dado o cenário de pandemia e isolamento social, os números assustam especialmente pelo aumento das demandas de transfusão com os agravamentos pela covid-19.
“Essa parceria com a Polícia Militar ressalta o compromisso da corporação com a vida do cidadão baiano. A ação é salvar vidas e faz com que honremos cada gesto solidário nesse momento”, diz o médico.
Quatro dos oito tipos sanguíneos disponíveis encontram-se em situação crítica no estoque. São os sangues do tipo A+, A-, O+ e O-. Além disso, as bolsas do tipo B+ estão em estado de alerta.
“O sangue de tipo O+ é o que tem mais saída, é o tipo que tem mais demanda aqui na população baiana. Além disso, o O-, que é o doador universal, também se encontra em estado crítico”, disse o Hemoba em nota.
Ainda segundo a Fundação Hemoba, qualquer pessoa saudável acima dos 18 anos pode doar. O indicado é que pessoas até 59 anos façam essa doação porque o órgão não quer expor pessoas do grupo de risco a sair de casa durante a pandemia. É necessário que o doador tenha o peso acima de 50kg. Menores de idade também podem doar, desde que acompanhados por um responsável legal.
Os doadores precisam apresentar documento original com foto que seja válido em todo o território nacional. Carteira de identidade e de habilitação, por exemplo. Homens podem doar até 4 vezes a cada 12 meses, com intervalo mínimo de 60 dias entre as doações e mulheres podem doar até 3 vezes a cada 12 meses, com intervalo mínimo de 90 dias entre as doações.
É recomendado que o doador ou doadora esteja descansado, alimentado, não tenha ingerido bebida alcoólica nas últimas 12 horas e não fume por pelo menos 2 horas antes da triagem.
Atenção: há algumas restrições que são temporárias: pessoas gripadas, resfriadas ou com febre precisam aguardar 15 dias após o desaparecimento dos sintomas para ter a doação liberada. Grávidas também são impedidas de doar, sendo liberadas para fazer o procedimento após 90 dias do parto normal ou 180 da cesárea. Ademais, mulheres nos primeiros 12 meses de amamentação não podem doar. Veja abaixo a lista completa de impedimentos.
Impedimentos temporários
• Ter gripe, resfriado ou febre: espere 15 dias após o desaparecimento dos sintomas;
• Estar grávida;
• Período pós-gravidez (90 dias para parto normal e 180 dias para parto cesariano);
• Período de amamentação (durante os primeiros 12 meses);
• Tatuagem e/ou piercing nos últimos 12 meses (piercing em cavidade oral ou região genital impede a doação);
• Ter feito exames/procedimentos endoscópicos nos últimos 6 meses;
• Situações nas quais há maior risco de adquirir doenças sexualmente transmissíveis; aguardar 12 meses.
Impedimentos definitivos
• Quem teve diagnóstico de hepatite após os 11 anos de idade;
• Evidência clínica ou laboratorial das seguintes doenças transmissíveis pelo sangue: hepatite B e C, AIDS (vírus HIV), doenças associadas aos vírus HTLV I e II e Doença de Chagas;
• Uso de drogas ilícitas injetáveis.