Mudaram as estações: chegada do outono altera rotina de soteropolitanos
Mudaram as estações e mudaram, também, o tempo e a rotina de muitos soteropolitanos: com a chegada do outono, as chuvas não deixaram dúvidas de que aquele sol de outrora ficou no passado, assim como o verão. A autônoma Marta Nascimento, de 37 anos, se viu obrigada a sair de casa para o trabalho com um guarda-chuva dentro da bolsa — isso quando ele não precisa ser usado a partir do momento em que ela coloca os pés na rua.
Até chegar à loja onde trabalha, no bairro da Ribeira, Marta encontra outros obstáculos, como pontos de alagamento, pelo caminho. “Aqui na frente do shopping alaga, e eu tenho que fazer toda uma volta pra entrar. Quando chego, o sapato molhado acaba sujando a loja”, queixou-se a autônoma.
Ela até deixa outro calçado guardado no estabelecimento, para substituir os que ficam molhados, mas o que não dá pra evitar é o entra e sai de gente com os pés sujos de lama. “Quem entra também suja a loja, além de que, com a chuva, o movimento diminui assustadoramente”, acrescentou.
Nesta quarta-feira (22), como precisava se deslocar a pé, o engenheiro químico Mateus Bastos, 28, levou consigo o guarda-chuva pela primeira vez. “Tá bem instável o tempo: ora, chove; ora, para a chuva”, justificou o jovem, que prefere o calor do verão e sofre com a mudança de tempo. “Fui à praia semana passada. Depois, já tive resfriado, justamente pela questão da mudança de tempo”, contou ele.
Moradora de Itapuã, a recicladora Magnólia dos Santos, 62, saiu de casa com sua sombrinha, porém, há 40 anos, é outro tipo de dor de cabeça que as chuvas lhe causam: “Já tô com medo, porque a rua que eu moro, qualquer chuva, alaga”, desabafou. “Agora mesmo, eu saí e algumas coisas já fui botando no alto, porque, se der ‘toró’ forte e encher, não vou estar dentro de casa”, relatou ela.
Ocorrências
Segundo a Defesa Civil de Salvador (Codesal), até as 13h15 desta quarta, foram registradas 72 solicitações ao órgão — a maior parte delas, ameaças de deslizamento (20) e de desabamento (19), seguidas de avaliações de imóveis alagados (10). Liberdade (16) e Cabula/Tancredo Neves foram os locais mais afetados.
O registro do acumulado de chuvas desde a noite de terça-feira (21) foi pedido à Codesal, que não respondeu à reportagem até esta publicação.
Mudança
Apesar de a passagem do verão para o outono ter sido visivelmente marcada pela presença de chuvas em Salvador, isso não significa que esteja havendo a atuação de um novo fenômeno na capital. Conforme a meteorologista Cláudia Valéria, do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a frequência das precipitações nesse período de mudança pode variar ano a ano.
“Não necessariamente [as chuvas] ocorrem dessa mesma forma todos os anos. Mas, com grande frequência, elas ocorrem na segunda quinzena de março e começam a ter volumes mais elevados entre abril, maio e junho, os meses em média mais chuvosos”, explicou Valéria. "Em abril e maio, normalmente, chove em torno de 300 milímetros, cada", complementou a meteorologista.
De acordo com a Defesa Civil, porém, deve chover acima da média dos 800 milímetros previstos para a estação, principalmente nos meses de março e abril.
Previsão
Para quem sofre com as chuvas, uma má notícia: as precipitações prometem durar até, no mínimo, o fim de semana. Um sistema de baixa pressão (cavado) e a atuação da Alta Subtropical do Atlântico Sul (ASAS) intensificam os ventos úmidos provenientes do oceano Atlântico, provocando chuvas na capital.
Segundo a Codesal, até a sexta-feira (24), a previsão é que haja céu nublado, com chuvas fracas ou moderadas a qualquer hora do dia. Há risco de deslizamentos de terra.
No sábado (25), o céu deve ficar nublado ou parcialmente nublado, com chuvas fracas ou moderadas a qualquer hora. Haverá risco de deslizamentos de terra e, também, de alagamentos.
Finalmente, no domingo (26), a previsão é céu parcialmente nublado, com chuvas fracas, por vezes moderadas, a qualquer momento. As temperaturas podem variar de 24 ºC a 31 ºC.
Chuva alaga diversos pontos de Salvador e moradores ficam ilhados
Salvador amanheceu com diversos pontos de alagamento nesta quarta-feira (27), por conta da chuva. As áreas mais críticas são as localizadas na Cidade Baixa, como ocorre nos bairros da Calçada e Uruguai.
Na Calçada, os alagamentos se formaram principalmente na Rua Nilo Peçanha e no Largo da Calçada, em frente à estação de trem. Os moradores da Nilo Peçanha estão ilhados, sem conseguir sair de casa. Algumas pessoas enfrentam o alagamento e entram na água que alcança os joelhos de quem precisa circular pela rua.
Ainda na Calçada, só que na região da Feira de São Joaquim, as pessoas também encontram dificuldade para transitar, por conta da grande quantidade de água nas ruas.
Um ponto de alagamento também se formou na Rua Osvaldo Gordilho, no bairro do Uruguai. A situação não é tão grave quanto a do bairro da Calçada, mas quem deixa suas residências tem passar por poças de água. Os moradores relataram que o caso se repete sempre que chove no local.
Em outros pontos de Salvador, apesar da chuva forte, ainda não há grandes alagamentos.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o tempo nublado com pancadas de chuva deve predominar nesta quarta-feira em Salvador. A temperatura na capital baiana varia entre 24ºC e 30ºC.
Fonte: G1/Bahia