Depois de dois anos com o feriado da Páscoa marcado por restrições sanitárias, finalmente os baianos poderão reunir a família com a pandemia mais controlada. O problema agora está sendo outro: o chocolate está até 13,28% mais caro do que ano passado, segundo projeções da Federação do Comércio do estado da Bahia (Fecomércio-BA). Uma pesquisa realizada pelo CORREIO na quarta-feira (23), aponta que os valores dos ovos de chocolate podem variar de R$8 até R$499 reais em Salvador.

A alta no valor do chocolate que chega aos dois dígitos, é 2,74 pontos percentuais superior a inflação do país, medida através do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Pelo cálculo, a inflação acumulada nos últimos 12 meses, até fevereiro, é de 10,54%. O economista Edísio Freitas explica que o aumento de preços dos alimentos tem dificultado a situação econômica, o que pode prejudicar as compras de Páscoa.

Enquanto isso, a variação do IPCA prevista para o Brasil neste ano é de 6,5%, quase metade do aumento de preços do chocolate na Páscoa, segundo o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A meta do Banco Central era que a variação fosse de 3,5% em 2022. Para o economista, entretanto, o país deve fechar o ano com uma inflação ainda maior do que a projetada: “Existem fatores que provavelmente vão aumentar a inflação e são reflexos da guerra da Rússia, como a alta de commodities”.

Quem não pode desembolsar muito dinheiro no feriado, mas não quer deixar a data passar em branco, pode optar por presentear os entes queridos com produtos mais em conta. A pesquisa realizada pelo CORREIO encontrou, no Atacadão localizado na Av. Mário Leal Ferreira, ovos de Páscoa menores e chocolates que podem substituir os presentes habituais.

Doces que podem substituir os ovos de Páscoa convencionais

Delatte Chocotudo (80g): R$8,29

Caixa de chocolate Lacta (250g): R$8,99

Caixa Bis "Para toda a galera" (378g): R$13,64

Delatte Top Premium (150g): R$17,90

Saco de Bombom Amor Carioca (900g): R$24,90

Onde encontrar: Atacadão


Enquanto a reportagem realizava o levantamento de produtos mais acessíveis para o feriado, a promotora de supermercados Avana Rosa, 37, contou que deve fugir dos presentes dos coelhinhos neste ano. Ela notou aumento nos preços dos ovos de chocolate e afirma que não está nos planos da família investir no produto agora.

Avana também comenta que cada vez está mais custoso ir às compras: “A situação está difícil. Para quem gosta de produtos de marca, por exemplo, tem que estar indo para as mais medianas”. Para os adultos que não abrem mão de presentear os mais novos com um mimo na Páscoa, existem opções mais baratas que botem fazer a alegria dos pequenos.

A dona de casa Karina Freitas, 34, também sentiu no bolso o aumento da conta do supermercado no início do mês. Para ela, a saída vai ser comprar barras e caixas de chocolate para os dois filhos e deixar os ovos para, quem sabe, o próximo ano. “Por enquanto está fora de o orçamento comprar ovo de Páscoa, os preços subiram muito, assim como os de quase tudo”, afirma.


Confira diferentes preços de ovos de Páscoa

Delatte Chocotudo (80g): R$8,29

Onde econtrar: Atacadão

Ovinho Melt (75g): R$28,65

Onde encontrar: Kopenhagen

Lacta Leite (170g): R$32,99

Onde encontrar: Big Bompreço

Ovo Clássico ao Leite (300g): R$49,90

Onde encontrar: Chocolates Brasil Cacau

Lacta Barbie ou Batman (166g): R$55,90

Onde encontrar: Atacadão

Ovo Páscoa Ferrero Rocher (225g): R$81,90

Onde encontrar: GBarbosa

Gold Bunny ao Leite (1kg): R$499,99

Onde encontrar: Lindt

Comércio deve faturar R$2,1 bi com o feriado

Mesmo com a Páscoa mais salgada por causa da elevação dos custos de produção, as vendas devem ser de R$2,16 bilhões neste ano, de acordo com projeções da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC). Se a estimativa se concretizar, o desempenho será 1,9% superior ao de 2020. Diante do cenário de retomada para o setor, as empresas estão confiantes com as vendas do feriado.

Iza Barreto é franqueada da Chocolates Brasil Cacau há cinco anos e está à frente das lojas localizadas nos shoppings Bela Vista e Paralela. Segundo ela, mesmo com o aumento dos produtos neste ano, o custo-benefício da loja vale a pena.

Um dos produtos da marca, o Ovo Recheado Dinda (300g), teve um reajuste de R$10 em apenas um ano, saltando de R$59,90 no ano passado, para R$69,90. Iza ainda conta que o movimento de pessoas comprando ovos de Páscoa costuma ser maior três dias antes da data comemorativa.

“O pessoal só compra na semana de Páscoa. Eu até indico para os clientes comprarem 15 dias antes porque de última hora as lojas ficam mais cheias e os produtos vão esgotando”, diz a franqueada. Depois de dois feriados com as unidades fechadas por conta dos lockdowns da pandemia, Iza aposta que neste ano mais famílias vão se reunir e presentear. “Faz três anos que nossos clientes não entram nas nossas lojas para escolher com calma e comprar os ovos”, diz.

A Kopenhagen é outra marca de chocolates que também está confiante com as vendas neste ano. A empresa aumentou em 20% a contratação de funcionários para trabalharem no feriado e espera ainda aumento de 30% nas vendas em comparação com o ano anterior. A Páscoa é a segunda maior data do varejo para a marca, ficando atrás apenas do Natal.

“Tivemos duas Páscoas com as lojas fechadas por causa do lockdown nos dois anos da pandemia, agora estamos com uma expectativa grande porque as pessoas vão se encontrar, presentear e compartilhar os ovos de chocolate”, afirma Letícia Galvão, assessora de comercial e marketing da Kopenhagen.

A loja lançou, especialmente para este feriado, 19 produtos novos e conta com catálogo com preços que variam de R$64,90 até R$458,90. Sendo este último um dos mais caros encontrados na capital, o Deluxe Língua de Gato Vivara (810g).

Ovos caseiros ganham espaço no mercado

Ovos de chocolates artesanais vendidos através das redes sociais são uma boa opção para quem quer fugir do comum e economizar. Há pelo menos duas Páscoas, Avana Rosa compra para seus dois filhos ovos caseiros feitos por pessoas conhecidas. Segundo ela, essa é uma boa maneira de incentivar o comércio local e não gastar tanto. “Eu prefiro dar essa oportunidade para as pessoas, tanto por causa do preço, como para ajudar também. Já tenho conhecidos que fazem”, diz.

De olho neste mercado crescente, a jornalista Yasmin Barreto e a esposa, Priscilla Nobre, resolveram inaugurar uma confeitaria no período da Páscoa. Para dar início ao negócio e alavancar o comércio de primeira, as mãos e mentes por trás da Bunitas Choco&Cia (@bunitaschocoecia), se planejaram três meses antes, comprando ingredientes e materiais de produção.

“Como estamos começando neste meio agora e as pessoas ainda não nos conhecem, resolvemos fazer uma super promoção e colocar preços bem acessíveis em comparação com o mercado. Essa é a nossa estratégia para os produtos saírem, depois vamos precisar virar esse preço, mas ele ainda não vai ficar equiparado com o do mercado”, explica.

Os produtos vendidos, ovos de colher e cones trufados, são feitos com todo carinho na cozinha de casa, no bairro do Imbuí, e podem ser retirados pelos clientes ou entregue pelo delivery. Dois tamanhos de ovos de chocolate são vendidos, de 250g ou 350g, e custam entre R$25 e R$40. “Minha esposa acabou me inspirando e tem sido muito prazeroso estar fazendo algo que tem a nossa cara. Estamos construindo aos poucos e projetando algo maior lá na frente”, conta Yasmin.

Há mais tempo no mercado, Carol Coutinho criou a confeitaria Brigadeirisou no final de 2019, depois que pessoas próximas passaram a elogiar os doces que ela produzia para festas de aniversários da família. Mas só com o trabalho em marketing em esquema home office durante a pandemia, ela pôde investir de fato no negócio. “Eu tenho mais tempo livre, no horário de almoço estou em casa, também não perco tempo no deslocamento”, diz.

Só para este feriado, ela já recebeu a encomenda de 50 ovos de chocolate. Todos são feitos dentro da sua casa no bairro de Brotas e podem ser retirados no local ou entregues por delivery. Carol conta que também aproveitou a pandemia para realizar cursos online e se profissionalizar na confeitaria. As encomendas podem ser feitas até o dia 10 de abril, através do Instagram (@brigadeirisou). Os preços dos produtos variam entre R$23 e R$52.

“No ano passado foi a minha primeira Páscoa e foi bem pequena, amigos mais próximos compraram e aí muitas pessoas passaram a conhecer. São produtos artesanais e eu não quero, pelo menos por enquanto, ter algo muito grandioso, porque quero continuar entregando o carinho e o amor que começou tudo”, afirma.

Publicado em Bahia

A Páscoa acontece no domingo (4) e a orientação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) é para que a população fique em casa, passando a data apenas com as pessoas com as quais já estão convivendo no dia a dia. A fundação divulgou uma cartilha com orientações, mas lembrou que não há medida totalmente capaz de impedir a transmissão da covid-19.

Para quem pensa em fazer encontros no período, a Fiocruz atualizou a cartilha, que foi inicialmente criada para falar das celebrações do fim de ano. Clique aqui para baixar: https://agencia.fiocruz.br/sites/agencia.fiocruz.br/files/u34/_cartilha_cuidados-covid_pascoa_2.pdf

Segundo o serviço de monitoramento da Fiocruz, o Brasil passa pelo "maior colapso sanitário e hospitalar da história". O país teve em março o pior mês desde que a pandemia começou, com 66 mil mortes registradas.

Dicas da cartilha

As orientações foram feitas para quem vai celebrar a Páscoa em casa ou em outro local, se expnodo a diferentes níveis de contágios.  

As indicações são para usar máscara sempre que não estiver comendo ou bebendo, ter uma máscara reserva pronta, caso a primeira fique suja e seja necessário trocar; evitar aglomerações, mantendo pelo menos 2m de distância das pessoas; dar preferência a locais abertos ou bem ventilados, evitando uso do ar-condicionado; lavar a mão frequentemente e não compartilhar os objetos e talheres da refeição. 

A Fiocruz recomenda que evitem ir a encontros pessoas que estejamcom sintomas de covid ou tenham sido diagnosticadas com a doença; que ainda está no período de 14 dias desde que teve os primeiros sintomas, mesmo sem ter feito teste; aguarda resultado de um teste para saber se tem covid; teve contato com alguém com a doença nas últimas duas semanas.

Também foi orientado que não vão aos encontros quem faz parte dos grupos de risco para casos graves da doença - portadores de doenças crônicas, como diabetes e hipertensão, asma, doença pulmonar obstrutiva crônica, doença renal crônica em estágio avançado, imunodepressão provocada pelo tratamento de doenças autoimunes, como lúpus ou câncer; pessoas acima de 60 anos de idade, fumantes, gestantes, mulheres em resguardo e crianças menores de 5 anos.

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