Segundo dia de Enem tem movimento tranquilo e medo da prova de matemática
Assim como no primeiro dia de prova, é tranquilo o movimento em algumas das principais escolas de Salvador que recebem o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). No Campus Salvador do Instituto Federal da Bahia (Ifba), no Barbalho, alguns alunos aguardavam na entrada do colégio o horário de fechamento dos portões para não entrar tão cedo em sala de aula.
"Eu prefiro ficar aqui fora, pois tomo um ar, respiro um pouco e evito o nervosismo", disse a estudante Stefanie Lobosco, 18 anos. Ela queria que a prova tivesse sido adiada. "Não houve segurança. Em minha sala, não teve distanciamento, era um bem atrás do outro. Ninguém conferiu a minha temperatura também", reclamou.
O estudante Emerson Barreto, 19 anos, também lamentou a realização do exame por aqueles que tiveram que escolher não fazer a prova, por segurança. "Eu mesmo tenho uma amiga que a mãe é do grupo de risco e por isso ela não quis fazer o Enem esse ano", relata o rapaz. "Ano passado o Inep fez a votação para que escolhessemos a melhor data de realização da prova e a maioria das pessoas decidiu por maio. Mesmo assim eles deixaram em janeiro, o que foi muito prejudicial para muita gente", diz Emerson, que estava acompanhado dos amigos João Victor Bonfim e Welington Gomes. "Nós ficamos em casa nesse período, mas como moramos perto e estamos na mesma escola, viemos juntos enfrentar essa prova", explica.
No geral, o clima entre os estudantes era mais tenso por causa dos temas desse segundo dia: matemática e ciências da natureza. Os números assustavam alguns. "Semana passada eu estava bem mais tranquila, mas agora são temas que eu tenho mais dificuldade", confessou Jéssica Souza dos Reis, 18 anos, que fez o seu primeiro Enem no tradicional Colégio Central. Por lá o movimento era mais tranquilo, assim como foi no primeiro dia do exame.
"Eu estou com medo por causa da pandemia, mas tranquila com os protocolos de segurança. Teve muita gente que faltou na minha sala e muitas cadeiras ficaram vazias", contou Jéssica. No Central não teve correria no horário de fechamento do portão. Assim como no primeiro dia de prova, nenhum aluno chegou atrasado.
Economia
Se o movimento foi tranquilo, o mercado informal também foi prejudicado. Apenas dois ambulantes estavam na porta do IFBA vendendo água, suco e canetas. Um deles é João Santos, 53 anos, que em todo Enem vai para a porta do Ifba. "Já é tradição. Escolho esse local por ser mais perto da minha casa e por causa do movimento que é sempre bom. Mas esse ano está deixando a desejar", diz o rapaz, que projeta uma queda de 50% no seu ganho em comparação com a última edição do Enem. "Todo o mercado informal está sendo muito impactado com a pandemia", lamenta.
Já Caroline Oliveira, que fazia panfletagem na frente do Ifba, confessou que na semana passada estava no Colégio Central, mas decidiu mudar de unidade por causa do baixo movimento. "Eu estou achando aqui no Ifba melhor, pois pelo menos tem essa concentração de estudantes. No Central estava bem parado mesmo. Mas se formos pensar num Enem tradicional, sem pandemia, a diferença é enorme. Não tem nem comparação", aponta.
No Central, o gestor do polo ACM da faculdade particular Unopar, Jefter Fernandes, coordenava a equipe que fazia o cadastro de possíveis alunos para sua faculdade. Ele comentou que teve mais sucesso nesse domingo do que no passado.
"A gente conseguiu fazer mais cadastros, acredito que na semana passada as pessoas estavam mais nervosas e preocupadas com o protocolo. Agora, até mesmo com a chegada da vacina, dá uma sensação de esperança para projetarmos o nosso futuro", diz.
Nesse domingo, os portões dos colégios abriram 15 minutos mais cedo do que na semana passada e 45 minutos mais cedo do que é normalmente, às 11h15. Os estudantes tiveram, por tanto, 1h45 para entrarem no colégio. Os portões só fecharam às 13h e a aplicação das provas começa pontualmente às 13h30.