Salvador tem internet celular ruim e bairros periféricos sofrem mais
Entre as 27 capitais brasileiras, Salvador tem hoje a segunda pior qualidade de internet móvel do país, perdendo apenas para Fortaleza (CE). O ranking, elaborado pela Consultoria Teleco, a pedido do Movimento Antene-se, leva em conta a quantidade de habitantes por antena. A capital baiana tem, uma média, de 2.582 pessoas por estação, número que é três vezes maior que a proporção de países desenvolvidos. Nos Estados Unidos, por exemplo, são 837 por estação. Resultado: pouca antena para muitos usuários significa baixa qualidade, ou até mesmo inexistência de sinal de internet porque é mais gente dividindo o mesmo sinal. Quem está mais distante da antena, fica com uma conexão ainda pior.
Salvador tem média de qualidade de internet pelo celular considerada "ruim" e os bairros periféricos são os que mais sofrem com o serviço. A região da Cidade Baixa está no topo do ranking negativo. Por outro lado, as localidades entre os bairros da Pituba e Barra têm a melhor conexão. Ou seja, segundo o estudo, quanto maior a renda média de um determinado bairro, melhor é a conexão de internet na localidade.
A situação em Salvador pode ser ainda pior, já que o estudo utiliza dados do Censo do IBGE de 2010 para os parâmetros de população e dados de 2020 da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) para os parâmetros de quantidade de infraestruturas de antenas.
O consultor de vendas Ramon Lima, de 31 anos, mora no bairro de Monte Serrat, na Cidade Baixa, região com a pior conexão de internet celular, segundo o estudo. Ele conta que por lá a única operadora que funciona é a Vivo e, ainda assim, em celulares mais novos e com boa tecnologia. O funcionamento das máquinas de cartão também fica comprometido. “Quando eu peço delivery, tenho que levar a maquininha do entregador até o primeiro andar ou então conectar com o wifi da minha casa”, diz.
Em casa, o wifi salva. Mas, e nos estabelecimentos comerciais? O proprietário do Hugos Bar, no Bonfim, Hugo Oliveira, de 36 anos, enfrenta dificuldades para se comunicar com os clientes e já até perdeu pedidos porque as mensagens não chegavam. “Eu dependo de internet para aceitar os pedidos dos clientes e por aqui isso é uma dificuldade. Quando chove, então, é uma verdadeira agonia e desespero. Isso sem contar da conexão da maquininha de cartão para os pagamentos e também para a conexão das câmeras de segurança. Quando eu não estou no bar, eu tento sempre olhar o celular e checar, mas se uso os dados móveis, o aplicativo não abre. Já até chamei um técnico achando que o problema estava no sistema”, conta.
A quantidade recomendável para uma boa conexão é de menos de mil habitantes por antena. Entre mil e 2 mil, a qualidade é considerada limítrofe. De 2 mil a 5 mil, ruim. De 5 mil a 10 mil, crítica. Por fim, para mais de 10 mil, a conexão é residual. Salvador fica na categoria ruim e nenhuma região da cidade (na divisão por prefeituras-bairro) recebe o selo de aceitável. Das 10 localidades consideradas no levantamento, duas estão em situação crítica (Cidade Baixa e Subúrbio/Ilhas); seis estão ruins (Liberdade/São Caetano, Cajazeiras, Pau da Lima, Cabula/Tancredo Neves, Valéria e Itapuã/Ipitanga); e duas estão limítrofes (Centro/Brotas e Barra/Pituba).
A carência de antenas é maior nas regiões que apresentam renda média mais baixa, como Subúrbio/Ilhas (com 19,77% dos domicílios com renda superior a um salário mínimo), que possuem mais pessoas atendidas por uma mesma infraestrutura, menos infraestrutura por km² e menor quantidade de antenas, ocasionado pior qualidade de conexão. Já as áreas com renda domiciliar mais alta, como Barra/Pituba (com 65,30% dos domicílios com renda superior a um salário mínimo) possuem menos pessoas atendidas por uma mesma infraestrutura, mais infraestrutura por km² e maior quantidade de antenas com condição aceitável ou limítrofe.
A chefe de cozinha Angeluci Figueiredo, de 48 anos, é uma das moradoras da Ilha dos Frades a enfrentar problemas com a internet pelo celular. Ela é dona da Pretoca Pousada e do Restaurante Preta e diz que precisa ter um funcionário em Salvador para lidar com o WhatsApp dos empreendimentos e atender as reservas dos clientes. “As pessoas me mandam mensagem e eu não recebo. Às vezes chega o áudio e eu não consigo baixar para escutar. Aí as pessoas pensam que eu não quis ouvir ou que eu não quis responder. Quando eu chego em Salvador, o celular enche de mensagem de uma vez porque recebo tudo que estava acumulado”, conta ela.
Angeluci diz que o que mais incomoda é a conexão das maquininhas de cartão, o que compromete o pagamento das contas do restaurante e da pousada. “A gente tem que sair andando em busca de um sinal bom”, diz ela. E o problema também acontece com a internet wifi. “Eu não consigo assistir um filme ou pagar um boleto. Eu já tentei diversas operadoras e o problema continua”.
De acordo com Luciano Stutz, presidente da Associação Brasileira de Infraestrutura para Telecomunicações (Abrintel), a pandemia aguçou para todos a dependência em relação à conectividade, mas foram as áreas periféricas que sofreram mais limitações. “São as pessoas que moram nessas localidades que estão sendo privadas de fazer aula à distância ou um home office, por exemplo. Isso sem falar nos empreendedores das comunidades”, afirma Stutz.
O esquema de distribuição de sinal funciona da seguinte maneira: as antenas de uma infraestrutura cobrem uma área denominada célula e cada antena divide a sua capacidade de dados com os usuários a quem atende. Quanto mais usuários atendidos por uma antena, menor a velocidade de conexão de cada um. A partir de uma certa quantidade de usuários, a célula passa a diminuir, deixando os usuários mais distantes sem sinal.
Em São Caetano, região que ocupa a terceira posição no ranking negativo de qualidade de internet, a turismóloga Andrea Neves, de 37 anos, diz que, após o aumento das construções ao redor da sua casa, a conexão vem piorando. “Aqui em frente era uma metalúrgica e, depois, construíram um condomínio enorme. Aí agora a TIM não pega aqui em casa, só na rua. A Claro, a Oi e a Vivo são mais ou menos, basta chover que a conexão fica fraca”.
Também em São Caetano, o proprietário da loja Point Jet Informática, Rafael Chagas, de 30 anos, teve que instalar wifi no estabelecimento para driblar os problemas que tinha com a internet do celular. “Já tentei várias operadoras, mas não deu certo. Os clientes não conseguiam entrar em contato, a gente saía com prejuízo. Os fornecedores também não conseguiam se comunicar com a gente, ficamos com várias reclamações. Aí a solução foi o wifi”, explica.
Por que Salvador tem poucas infraestruturas para antenas?
O presidente da Abrintel defende que não é por falta de interesse das operadoras de telefonia. “Onde tem gente, tem interesse econômico. O impedimento vem do licenciamento urbanístico para a instalação da infraestrutura, que depende da lei municipal que, no caso de Salvador, é de 2006. Ou seja, é uma lei que foi feita na época do 3G e já estamos aí beirando o 5G”, afirma.
Stutz diz que a legislação só considera a instalação em torres muito altas e impõe diversas restrições, necessitando atualizações, já que “hoje, é possível colocar uma antena em cima de uma banca de revista porque ela é quase do mesmo tamanho de uma caixa de sapato”. Ele também explica por que há desigualdade entre as regiões de Salvador.
“É preciso que o terreno onde vai ser instalada essa antena tenha regularização da prefeitura, ou seja, aquele registro de imóvel. Onde nas periferias você encontra um terreno registrado na prefeitura? É muito difícil. Outro requisito é o recuo muito grande, que demanda um terreno grande, o que também foge da realidade dos imóveis periféricos. Então os pedidos são feitos, mas ficam inviáveis”, acrescenta o presidente. Segundo a Abrintel, até o final de 2020, 43 protocolos para instalação de novas infraestruturas ou regularização de antigas estavam retidos na prefeitura.
O tema se torna ainda mais urgente devido à proximidade da implementação do 5G, prevista para 2022, pois a tecnologia de 5ª geração demanda cinco vezes mais antenas do que o número necessário para os padrões atuais de conectividade e prevê a instalação em locais mais acessíveis, sem demandar uma infraestrutura tão complexa.
A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) recebeu na última quarta-feira (27) as propostas das empresas interessadas em participar do leilão do 5G. As propostas serão abertas no dia 4 de novembro. O 5G vem para melhorar o que já existe: o 4G. Mais objetos poderão estar conectados e responder de maneira instantânea ao que é pedido por comandos de voz ou poucos toques no telefone, mas esses benefícios dependem das infraestruturas de antenas.
“A legislação de Salvador não trata dessas antenas de pequeno porte. Ou seja, é urgente que se atualize isso não só em Salvador mas em outras cidades brasileiras, para permitir a chegada do 5G. Se isso não for feito, a população pode sofrer com um 5G ruim, um Fusca ao invés de uma Ferrari”, finaliza Stutz.
A Secretaria Municipal de Desenvolvimento Urbano (Sedur), responsável por emitir a Licença para Instalação de Infraestrutura de Suporte para Telecomunicações, foi procurada. Em nota, respondeu que a quantidade de protocolos em andamento informada pela Abrintel não procede. “No momento, só há cinco processos de pedidos de licenciamento ERBS [Estação Rádio Base] em análise técnica na secretaria”.
A nota ainda informa que, no município de Salvador, sobre o tema, existem as seguintes leis/decretos: Lei nº 6976/2006, que dispõe sobre o Licenciamento para Construção de Estação Rádio Base (ERB) e Estação de Telefonia sem Fio (ETSF); Decreto nº 18147/2008, que regulamenta dispositivos da lei nº 6.976/2006; Lei 9.148/2016, que dispõe sobre o Ordenamento do Uso e da Ocupação do Solo do Município de Salvador; e Lei Nº 9.069/2016 de 30/06/2016, que dispõe sobre o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano do Município de Salvador (PDDU 2016).
As operadoras TIM, Oi, Vivo e Claro, que oferecem serviço de internet celular em Salvador, informaram que se manifestariam através da Conexis Brasil, entidade que reúne as empresas de telecomunicações e de conectividade. Em nota, a Conexis disse que, além da alta demanda em localidades específicas, “na cidade de Salvador, as empresas também enfrentam o desafio de uma legislação de antenas desatualizada. A cidade ocupa a 10ª posição entre as capitais e a 33º entre as 100 cidades avaliadas no ranking Cidades Amigas da Internet. O ranking, divulgado pela Conexis, avalia a legislação para a instalação de antenas e outras infraestruturas necessárias à prestação do serviço de telecomunicações”.
Procurada, a Anatel disse que “Prefeituras e Câmaras Municipais podem reduzir barreiras à conectividade das cidades brasileiras por meio da atualização da legislação local que afeta a infraestrutura de telecomunicações. Esse foi o chamado da Anatel na Carta Aberta às Autoridades Municipais Brasileiras a todas as cidades do Brasil”, diz o comunicado.
“A adoção da tecnologia 5G dependerá da implantação de uma maior quantidade de antenas para possibilitar a cobertura e taxas de transmissão esperadas no uso da tecnologia. Dessa forma, a redução dos custos e a simplificação dos procedimentos administrativos, em linha com as premissas da Lei nº 13.116/2015 e do Decreto 10.480/2020, mostra-se medida relevante para favorecer a disponibilização deste serviço à população. Diante dessa perspectiva, é primordial que os municípios brasileiros estejam com suas legislações atualizadas e harmonizadas à legislação federal sobre o assunto”, completa a nota.
A Secretaria Municipal de Inovação e Tecnologia (Semit), também foi procurada mas não respondeu até o fechamento da reportagem.
Ranking de habitantes por infraestrutura: (por prefeituras-bairro)
Cidade Baixa - 5.264 (crítico)
Subúrbio/Ilhas - 5.075 (crítico)
Liberdade/São Caetano - 4.616 (ruim)
Cajazeiras - 4.208 (ruim)
Pau da Lima - 3.780 (ruim)
Cabula/Tancredo Neves - 3.536 (ruim)
Valéria - 3.344 (ruim)
Itapuã/Ipitanga - 2.016 (ruim)
Centro/Brotas - 1.576 (limítrofe)
Barra/Pituba - 1.272 (limítrofe)
Ranking de domicílios com renda acima de um salário mínimo:
Barra/Pituba - 65,30%
Centro/Brotas - 55,73%
Itapuã/Ipitanga - 44,33%
Pau da Lima - 36,06%
Cabula/Tancredo Neves - 33,66%
Cidade Baixa - 32,49%
Liberdade/São Caetano - 28,95%
Cajazeiras - 28,17%
Valéria - 19,80%
Subúrbio/Ilhas - 19,77%
Ranking de pior qualidade de internet entre capitais brasileiras:
Fortaleza - 2.628 (ruim)
Salvador - 2.582 (ruim)
Rio Branco: 2.508 (ruim)
Macapá - 2.428 (ruim)
São Luís - 2.405 (ruim)
Belém - 2.338 (ruim)
Manaus - 2.285 (ruim)
Boa Vista - 2.256 (ruim)
Teresina - 2.237 (ruim)
São Paulo - 2.187 (ruim)
Porto Velho - 2.132 (ruim)
Aracaju - 2.123 (ruim)
Maceió - 2.073 (ruim)
Recife - 2.048 (ruim)
Belo Horizonte - 1.955 (limítrofe)
Natal - 1.950 (limítrofe)
João Pessoa - 1.855 (limítrofe)
Goiânia - 1.814 (limítrofe)
Palmas - 1.704 (limítrofe)
Campo Grande - 1.688 (limítrofe)
Porto Alegre - 1.648 (limítrofe)
Cuiabá - 1.584 (limítrofe)
Curitiba - 1.535 (limítrofe)
Rio de Janeiro - 1.489 (limítrofe)
Brasília - 1.429 (limítrofe)
Vitória - 1.372 (limítrofe)
Florianópolis - 1.039 (limítrofe)
Cresce em 73% infrações por uso de celular nas rodovias federais que cortam a Bahia
Usar o celular e dirigir é infração gravíssima pelo Código de Trânsito Brasileiro (CTB). Mas, nas rodovias federais que cortam a Bahia, os motoristas ignoram a legislação. Somente em 2021, cresceu em 73% o número de multas emitidas pela Polícia Rodoviária Federal (PRF) por causa do uso indevido do aparelho nas estradas. Enquanto de janeiro a setembro de 2020 foram registradas 649 ocorrências do tipo, no mesmo período deste ano, foram 1.124 multas.
Mexer no smartphone dentro do carro só é permitido quando o veículo está parado no estacionamento. Nem mesmo quando se trata de GPS a situação é aliviada. “Se o celular está fixo no painel do carro, ou seja, se o celular está parado, não há manuseio, não há infração. O problema é o motorista alterar o trajeto enquanto dirige, por exemplo. Isso é infração gravíssima”, explica o chefe de operações da PRF na Bahia, Jeferson Almeida.
Segundo o CTB, a violação gera uma multa de R$ 293,47 e sete pontos anotados na Carteira Nacional de Habilitação (CNH). “Até quando o carro está parado no sinal, por exemplo, o motorista não pode usar o celular”, acrescenta Jeferson Almeida, que trabalha na PRF há 27 anos e acredita que o aumento desse tipo de infração se dá por dois fatores: a popularização dos smartphones e a maior vigilância dos agentes.
João* ainda não foi multado, mas acredita que será por causa do GPS. Ele mora no centro da cidade e, em setembro, teve que ir para a casa da tia que fica em Cajazeiras. No caminho, ele tinha de enfrentar um trecho urbano da BR-324. “Como eu não sabia chegar, tinha que futucar o celular pra olhar o mapa. Eu demorei uns dois a três dias para decorar o trajeto. É bem capaz de aparecer alguma multa dessas para mim”, relata.
Segundo o chefe de operações da PRF, casos com essas características relatadas pelo rapaz são comuns. “O uso indevido do celular é mais frequente em centros urbanos ou rodovias que têm influência de áreas urbanas. Muitos alegam o uso do GPS para justificar”, aponta Almeida. O engenheiro civil Rafael Ribeiro, 27 anos, foi pego manuseando o celular num desses centros urbanos de Salvador, enquanto o carro estava parado.
“Eu não estava no estacionamento, mas sim num local onde era permitido parar. Peguei o telefone para saber onde meus amigos estavam exatamente e ver onde deveria estacionar. Eu vi o pessoal da fiscalização, mas achei que eles estavam de olho em quem estava estacionado irregularmente. Eles nem chegaram a conversar comigo ou fazer uma notificação. Só depois que a multa chegou em casa e não recorri, pois acho que seria só mais dor de cabeça”, lembra.
PRF promete aumentar fiscalização
Segundo Jeferson Almeida, a PRF vive um momento de intensificar a fiscalização desse tipo de infração de trânsito devido ao crescimento de acidentes ocasionados pelo uso do celular. “Nós estamos mais focados nisso. Em todas as operações, tem momentos que fazemos essa fiscalização específica. Estamos agora na Operação Nossa Senhora Aparecida, por exemplo, e há comandos específicos voltados para essa infração”, conta.
Com esse aumento da fiscalização e a popularização cada vez maior do uso do celular, Almeida acredita que os números de multas podem aumentar nos próximos anos. “A gente quer é que o comportamento do condutor mude, mas, com certeza, a fiscalização vai ser intensificada, pois ela também é um instrumento de educação no trânsito”, argumenta.
Nilton Júnior, 48, trabalha na construção civil e tirou sua carteira de motorista há cerca de 25 anos. O rapaz conta que muitas vezes foi necessário utilizar o celular no carro para fins laborais.
“Infelizmente, recebo muitas ligações urgentes enquanto estou me deslocando de uma obra para outra e já acabei sendo pego pelo radar fotográfico em uma delas”, lembra.
Apesar de ter cometido o erro, Nilton diz que hoje já tenta utilizar de outros meios para realizar suas tarefas. “Tento resolver enquanto estou no escritório. Nas ligações mais urgentes, uso o bluetooth do carro e não preciso pegar no aparelho”, diz. Mesmo não estando tipificada no CTB como violação, essa estratégia ainda divide opiniões sobre sua validade.
O agente de fiscalização de transportes e educador de trânsito, Germano Lago, 56, vê nessa prática uma saída duvidosa. “É melhor do que manusear o celular, mas ainda é muito perigoso. Você pode receber uma ligação que vai mexer psicologicamente com você, por exemplo, e acabar tirando sua atenção do trânsito”, explica. Para os profissionais, se quer evitar problemas, o ideal é não utilizar o aparelho sob quaisquer circunstâncias.
Infração por falta do cinto aumenta na BR-324
As multas por não uso do cinto de segurança cresceram 69% no acumulado de setembro de 2021, comparado a 2020, além de ocupar o terceiro lugar do ranking das infrações mais comuns na BR-324. Enquanto de janeiro a setembro do ano passado foram registradas 1.376 infrações desse tipo, esse ano, no mesmo período, já são 2.323 multas.
De acordo com Jeferson Almeida, diferente do caso do celular, no qual só o motorista é proibido de manusear o aparelho, a obrigação do uso do cinto de segurança é válida para todos os passageiros dentro do veículo.
“É difícil pegar o motorista e o passageiro do banco da frente sem cinto. O problema é quem vai no banco de trás. Essa é outra infração que fiscalizamos muito, pois as pessoas sem cinto, envolvidas num acidente ou até mesmo numa freada mais brusca, tem mais chance de ter o quadro de saúde agravado”, explica.
A punição por não usar o cinto de segurança é a mesma para qualquer pessoa dentro do veículo, condutor ou passageiro. Caso o agente identifique algum ocupante desrespeitando essa regra, a infração é considerada grave, com valor de R$195,23 e cinco pontos na CNH.
A professora Adriana Souza, 45, conta que, em um passeio de família, foi parada pela polícia e seu marido foi multado por esse motivo. É que uma criança e um adolescente, ambos no banco de trás, estavam sem o cinto de segurança. "Apesar de sempre orientar meus filhos sobre a importância desse instrumento, não nos atentamos naquele momento", lembra.
Conheça as 10 infrações mais recorrentes na BR-324:
1 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em até 20% - 96.259 multas
2 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 20% até 50% - 11.419 multas
3 - Deixar o condutor de usar o cinto de segurança - 2.323 multas
4 - Em movimento de dia, deixar de manter acesa luz baixa nas rodovias - 1.355 multas
5 - Conduzir o veículo registrado que não esteja devidamente licenciado - 1.107 multas
6 - Transitar em velocidade superior à máxima permitida em mais de 50% - 1.070 multas
7 - Conduzir o veículo em mal estado de conservação, comprometendo a segurança - 1.011 multas
8 - Ultrapassar pela contramão linha de divisão de fluxos opostos, contínua amarela - 978 multas
9 - Dirigir o veículo usando calçado que não se firme nos pés ou compromete a utilização dos pedais - 940 multas
10 - Deixar o passageiro de usar o cinto de segurança - 873 multas
*Nome alterado a pedido do entrevistado
Celular é a principal ferramenta de estudo e trabalho na pandemia
O celular é o principal dispositivo usado tanto por estudantes, para acompanhar aulas remotas, quanto por trabalhadores que tiveram que migrar as atividades para a internet por causa da pandemia. Os dados são da 3ª edição do Painel TIC covid-19 do Comitê Gestor da Internet no Brasil (CGI.br). A ênfase desta edição foi ensino remoto e teletrabalho.
A pesquisa, divulgada nesta quinta-feira (5), foi feita com base em entrevistas com 2.728 usuário de internet de 16 anos ou mais, entre 10 de setembro e 1º de outubro deste ano, pela web e por telefone.
Entre os estudantes, 37%, o maior percentual, usam o celular para realizar atividades e acompanhar aulas, 29% usam notebooks e 11%, computadores de mesa. Entre os trabalhadores, 41% usam o celular, 40% notebook e 19%, computadores de mesa.
Embora ajude a ampliar o acesso à internet, o celular tem uma série de limitações, de acordo com a analista de informação no Centro de Estudos para o Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br), vinculado ao CGI.br, Daniela Costa: “Aqueles que contam com computador em casa, que contam com tablet e uma diversidade maior de dispositivos têm melhores oportunidades de realização desse trabalho ou desse ensino remoto”.
Há diferenças entre as classes sociais. O celular é mais usado como ferramenta de estudos e trabalho pelas classes D e E do que pelas classes A e B. Entre os estudantes, 54% das classes D e E usam celulares e apenas 10%, notebooks. Nas classes A e B, o percentual dos que usam notebooks aumenta, passando para 45%, enquanto aqueles que usam celulares cai para 22%.
Entre os trabalhadores, nas classes D e E, 84% usam celulares, enquanto nas classes A e B, esse percentual é 22%. O computador, seja notebook ou de mesa, é usado por 77% dos trabalhadores usuários de internet das classes A e B.
“Algumas pessoas utilizam planos de dados limitados, que não permitem que acessem a internet de forma completa. Acessam, na verdade, determinados aplicativos. Se precisam fazer pesquisas escolares, não conseguem acessar sites de maneira ilimitada, acessam aplicativos, às vezes de mensagem instantânea ou redes sociais”, diz Daniela.
Estudantes
O levantamento mostra que 82% dos estudantes usuários de internet passaram a acompanhar as aulas da escola ou da universidade de forma remota. A maioria, 71%, diz que as aulas são dadas por meio de sites, redes sociais ou plataformas de videoconferência.
Mais de um terço dos estudantes, no entanto, relatam problemas, seja dificuldade para tirar dúvidas com os professores (38%), seja falta de estímulo para estudar (33%) ou ainda a falta ou baixa qualidade da conexão à internet (36%). Ao todo, 16% dizem não ter equipamentos para assistir às aulas.
Alguns acabaram abandonando as aulas. O principal motivo apontado por aqueles que não acompanharam as aulas ou não as acessam há mais de 30 dias é a busca por emprego, justificativa apresentada por 56% dos entrevistados. Em seguida, está a necessidade de cuidar da casa, dos irmãos, filhos ou de outros parentes, relatada por 48%.
Aproximadamente um, a cada três estudantes que deixou de assistir às aulas, diz que não conseguiu ou não gosta de estudar a distância (37%); que não têm acesso à internet ou ela é de baixa qualidade (34%); e que faltam equipamentos para acessar as aulas (32%).
Trabalhadores
O estudo mostrou que 38% dos usuários de internet que estão trabalhando durante a pandemia realizam trabalho remoto e, entre eles, 82% o fazem por causa da pandemia.
O levantamento mostra que apenas 35% receberam suporte técnico para hardware ou software da empresa em que trabalham. Também 35% dizem que receberam equipamentos como notebooks ou celulares para trabalhar. Somente 16% dizem ter recebido apoio financeiro para custeio da conexão à internet.
Os aplicativos de mensagens e as redes sociais foram as ferramentas mais usadas no trabalho, respectivamente por 86% e 63% dos entrevistados. Essas ferramentas foram usadas principalmente para vendas.
“O teletrabalho, assim como o ensino remoto, não era uma prática muito disseminada entre as empresas e essa questão de ofertas para o funcionário de uma condição de desenvolvimento das atividades profissionais não fazia parte das preocupações das empresas”, diz Daniela. “Mas, a partir desse momento, nas políticas todas, a gente passa a ter uma ênfase no usuário, não só na instituição. Agora vamos ter que ter políticas públicas que foquem no usuário, seja estudante ou funcionário, e no domicílio, porque grande parte das atividades acontece no domicílio”, acrescenta.
A 1ª edição do Painel TIC covid-19 trouxe dados relacionados às atividades culturais e ao comércio eletrônico durante a pandemia. A segunda edição focou em serviços públicos online, telessaúde e nos desafios à privacidade. Os estudos, disponíveis na internet, são feitos pelo Cetic.br, departamento do Núcleo de Informação e Coordenação do Ponto BR, ligado ao CGI.br.
'Pendrive de iPhone' aumenta espaço de armazenamento em até 64 GB na CES
Aumentar o espaço de armazenamento do iPhone é impossível via cartão microSD, mas existem soluções de armazenamento externo que podem te ajudar a resolver o problema. O pendrive iBridge, da Leef, é uma ótima opção, uma vez que estende a capacidade dos dispositivos Apple da forma mais discreta possível. O dispositivo estava CES 2015, em Las Vegas, e fomos conferir a novidade.
O modelo mais barato é o de 16 GB, que custa US$ 59,99. O de 32 GB sai a US$ 79,99, enquanto o de 64 GB tem preço de US$ 119,99. Nos Estados Unidos, a versão de 16 GB do iPhone 6 custa US$ 649 e a de 64 GB, US$ 749.
Comparando os valores, percebe-se que o pendrive não é uma opção exatamente econômica. Na verdade, ele é mais uma solução para quem já comprou o gadget da Apple e percebeu que a memória foi insuficiente em algum momento, seja para guardar músicas, imagens ou outros arquivos.
Apesar disso, ele apresenta algumas vantagens: ele conta com versões de até 256 GB (US$ 399,99), o que não é oferecido originalmente pela maçã. Além disso, seu aplicativo é capaz de suportar mais formatos de conteúdo multimídia do que o iOS faz de forma nativa. O gadget ainda está em pré-venda.