Associação de Hotéis estima pico de 100% de ocupação durante o Carnaval
A retomada do Carnaval de Salvador, após dois anos de suspensão em função da pandemia da covid-19, deverá garantir à capital baiana 100% de ocupação hoteleira no período da folia de momo. A projeção é da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Regional Bahia (ABIH-BA). Segundo a entidade, a procura por acomodação na capital encontra-se bastante aquecida, com taxas de ocupação semelhantes às observadas no verão de 2019. O número de passageiros também vem crescendo substancialmente no aeroporto de Salvador.
“Para o Carnaval, as expectativas são boas. A gente espera uma média de ocupação em torno de 95%, chegando a pico de 100% na média de ocupação em alguns dias da festa, sobretudo nos principais hotéis da cidade, então temos essa estimativa de que a cidade esteja completamente cheia no período”, afirma Luciano Lopes, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis, Regional Bahia (ABIH-BA).
O aquecimento do setor também foi observado no feriado do Ano Novo, com crescimento da busca por hospedagem em hotéis próximos a Arena Daniela Mercury, na Boca do Rio, local onde acontece o Festival Virada Salvador.
Lopes destaca que a busca por hospedagem no verão tem se intensificado. “Esperamos ter, na alta estação, período que vai de dezembro a fevereiro, pelo menos, a mesma taxa de ocupação do período pré-pandemia, com uma média em torno de 70%”, diz.
A estimativa da Secretaria de Cultura e Turismo (Secult) é que a receita turística gire em torno de R$5 bilhões. Além disso, a expectativa do órgão é de que a cidade receba aproximadamente 3 milhões de turistas no período.
Reaquecimento – Para o ano de 2023, o setor hoteleiro espera um desempenho igual ou superior aos obtidos antes da pandemia, potencializado pelo turismo de negócios com a confirmação de inúmeros eventos na cidade. “Já tivemos muitos eventos no novo Centro de Convenções em 2022 e para esse ano de 2023 há mais de 60 eventos confirmados na cidade. Então a expectativa é muito boa, porque a gente volta a ter um turismo de negócios muito aquecido, que, juntamente com o turismo de lazer, esperamos que proporcione esse bom desempenho”, completa Lopes.
Segundo ele, um dos fatores que podem contribuir com a melhora dos índices de ocupação na cidade é a redução do preço das passagens aéreas, que atualmente está bastante elevado, além da retomada dos voos nacionais e principalmente internacionais vindos dos principais polos emissores, como Portugal, Espanha, Argentina e Uruguai.
Hotéis de Salvador registram queda de ocupação em fevereiro
Mesmo sabendo do cancelamento do Carnaval com certa antecedência, o setor turístico teve uma surpresa negativa com o desempenho dos hotéis da capital no mês de fevereiro. A taxa de ocupação ficou em 53,8%, o que representa uma queda de 15,5 pontos percentuais em comparação com janeiro, quando a rede hoteleira chegou a 69,3% de ocupação. O preço da diária média também apresentou redução de R$22, chegando a R$468 no mês passado. Os dados foram divulgados pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis da Bahia (ABIH-BA).
Para o presidente da associação, Luciano Lopes, além do cancelamento da maior festa de rua do mundo, o final das férias escolares e cancelamentos de voos por conta da variante Ômicron foram os principais fatores responsáveis pelo desempenho. “Antes do Carnaval a expectativa de ocupação em Salvador era de 70% a 80%, entretanto esses dados não foram alcançados em função do cancelamento da festa oficial, restrições de eventos e a covid-19", afirma.
A redução entre os dois primeiros meses do ano não é novidade, como explica o presidente do Conselho Baiano de Turismo, Roberto Duran. Em todos os anos da última década, essa diminuição se deu na capital baiana, o que acontece, segundo Roberto, é que neste ano a taxa do primeiro mês também não foi muito boa para a cidade e, consequentemente, nem a do seguinte. Para se ter como comparação, em 2020, a taxa foi de 73% em janeiro e 70% em fevereiro, segundo a ABIH.
Para o presidente da seccional baiana da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav-BA), Jean Paul Alfred, é difícil para um estabelecimento conseguir se manter com um percentual de ocupação menor do que 50%. Apesar disso, a taxa foi maior do que a registrada em fevereiro do ano passado, quando apenas 42,5% das hospedagens ficaram ocupadas e o cenário da pandemia estava mais agravado.
“Um fator bem limitante para as viagens em fevereiro foi o valor das passagens aéreas, que estão caríssimas. Fui ver o valor que está custado daqui para Vitória da Conquista e levei um susto, porque estava R$ 1.800,00”, diz. Em média, o trajeto costuma valer R$400. O presidente da Abav-BA afirma que a volta às aulas das crianças também foi responsável pela diminuição: “Viagens em família estão sendo um nicho bem importante”.
O aumento do valor das passagens de avião foi um fator que, acrescido das incertezas da pandemia, impediu Larissa Montenegro de visitar a capital em janeiro deste ano. A jovem de 18 anos morou em Salvador em 2013 e pretendia vir de Florianópolis, onde vive atualmente, visitar os amigos baianos. A ida e volta que costumam custar em média R$900 chegaram a dobrar de valor, segundo a estudante.
“Tentei viajar no começo do ano, mas houve um aumento dos casos de covid-19 onde eu moro depois das comemorações de fim de ano e os preços das passagens estavam impossíveis. Sempre monitoro os gráficos de aumento das passagens pelo Google Flight e teve uma explosão de preços”, conta. A plataforma do Google ranqueia as passagens mais baratas oferecidas pelas companhias aéreas.
Expectativa frustrada
A taxa de ocupação do Quality Hotel e Suítes São Salvador costuma bater 80% em fevereiro, graças ao Carnaval. No entanto, neste ano, o percentual ficou em 61%, valor superior à média divulgada pela Abih-BA. “Fevereiro sempre é um mês forte para qualquer hotel em Salvador, mas por causa dos cancelamentos das festas e restrição de capacidade de público para eventos, ficou bem abaixo do que esperávamos”, conta Danilo Castro, gerente operacional.
No Gran Hotel Stella Maris, o cenário é parecido. Apesar de não divulgar os números exatos, a gerente de vendas e marketing, Viviane Pessoa, diz que a ocupação no hotel foi cerca de 15% menor do que o esperado no mês. A expectativa agora é que o segundo semestre do ano tenha números melhores, em especial no período junino. “Nós temos uma festa de São João tradicional para os hóspedes, que está há dois anos parada. Sempre tivemos o hotel cheio nesse período e nesse ano vamos retomar a programação, por isso a expectativa é de hotel cheio”, explica.
O diretor de turismo da Prefeitura de Salvador, Antônio Barreto Júnior, acredita que a os números representam uma retomada do setor turístico, que foi muito prejudicado por conta das restrições impostas pela pandemia. “Toda a tendência do verão na Bahia foi de recuperação. Por exemplo, uma pesquisa parcial até o dia 20 de março mostra que estamos batendo quase 57% de taxa de ocupação neste mês”, diz.
Segundo o diretor, ao comparar o primeiro trimestre de 2022 com o do ano passado, houve um aumento de 81% na taxa de ocupação dos hotéis. Já quando a comparação é feita com o período antes da pandemia, em 2019, o percentual deste caiu 15%. O secretário de Turismo do estado, Maurício Bacellar, também acredita que o cenário é de retomada gradual: “Antes da pandemia nós estávamos em uma crescente na atividade turística da Bahia”. Uma pesquisa realizada pela pasta aponta uma taxa de ocupação ainda maior para fevereiro, chegando a 58,5%.
A advogada e moradora de Recife, Rhayluce Pereira, 27, é uma das turistas que planeja viajar para a capital baiana nos próximos meses. Será a primeira vez dela na cidade a motivação principal é visitar uma amiga que veio morar em Salvador. “Estou planejando a visita e procurando hospedagens que sejam mais centrais, porque uma viagem legal é aquela que eu possa fazer tudo andando e conhecendo a cidade”, diz. Ela conta que uma dica apara os viajantes é sempre pedir sugestão aos moradores e garçons de lugares para conhecer.
Golpe: bandidos vendem falsas promoções de hospedagem em hotéis e pousadas da Bahia
Um final de semana incrível à beira da praia por um preço imperdível. Se você tem costume de pesquisar preços de hotéis e pousadas através das redes sociais, tome cuidado. Ao menos 25 estabelecimentos de hospedagem da Bahia tornaram-se alvos de golpes virtuais de bandidos, que andam criando contas falsas dessas hospedarias, copiando conteúdos como nome de perfil, fotos e legendas.
Através destas páginas, eles oferecem irresistíveis pacotes promocionais e aproveitam para solicitar dados pessoais para um suposto cadastro que dá acesso ao benefício. Quando conseguem o número WhatsApp, clonam e passam a pedir dinheiro para as pessoas da lista telefônica.
Delegada titular da Delegacia de Proteção ao Turista (Deltur), Marita Souza investiga o caso e explica que as páginas clonadas são mesmo muito similares às originais, com simples alterações nos caracteres, como pontos (.), underline (_) ou alguma letra repetida do nome de usuário da empresa real.
O Instagram tem sido a rede preferencial da aplicação do golpe e, para quem não tem tanta habilidade com a internet, a delegada alerta que as pessoas devem prestar atenção nestes detalhes para identificar contas duplas do mesmo estabelecimento.
“Os criminosos colocam alguns tipos de vantagens, sorteios, promoções como ‘tantos dias no hotel por tanto, um final de semana por X reais’. Isso chama a atenção das pessoas, elas entram em contato e fazem cadastro para participar”, exemplifica. Até o momento, em Salvador nenhum cliente prestou queixa na Deltur por ter sido vítima deste crime, mas estabelecimentos já registraram boletim de ocorrência por contas falsas.
Hotéis e pousadas de quase todas as regiões turísticas da Bahia foram alvos: capital, Litoral Norte (Praia do Forte), Costa do Cacau (Ilhéus e Itacaré), Costa do Dendê (Valença, Maraú e Morro de São Paulo). Mais de 25 hospedagens já registraram queixas policiais e outros registros policiais estão em andamento. A situação está sendo monitorada pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-BA).
Chefe de gabinete da Secretaria de Turismo da Bahia (Setur), Benedito Braga montou um grupo de trabalho formado pela delegada titular da Deltur, o delegado do Grupo Especial de Repressão aos crimes Cibernéticos (GME), João Roberto Cavadas, investigadores e trade hoteleiro, para discutir estratégias de combate ao crime.
Os policiais farão uma capacitação para ensinar dicas de segurança digital para os responsáveis pelas empresas para que eles possam reconhecer e denunciar as páginas falsas, coibindo novos golpes. “Quem trabalha com crime virtual costuma ser inteligente nesse meio. Nós precisamos de um trabalho de prevenção. Se as pessoas aprenderem a se proteger, vamos reduzir isso”, comenta a delegada Marita Souza.
À Setur, os executivos dos hotéis disseram que, neste momento de retorno às atividades, depois de mais de seis meses parados por conta da covid 19, as redes sociais se tornaram ferramentas imprescindíveis para captar clientes e muitos empresários, inclusive, fizeram investimentos durante este período para continuarem mantendo contato com a clientela já existente.
Presidente da ABIH-BA, Luciano Lopes disse: "Esta situação não pode prejudicar os hotéis da Bahia. O número de casos é pequeno e restrito aos perfis do Instagram".
No mês passado, o CORREIO noticiou outro crime similar contra restaurantes, que também tiveram contas clonadas e ofertas de descontos, vouchers, com o mesmo objetivo de roubar dados pessoais e usá-los para aplicar outros golpes. De posse do número WhatsApp do cliente, os criminosos pedem dinheiro a pessoas da lista telefônica.
COMO DENUNCIAR?
Especialista em Direito Digital, a advogada Ana Paula de Moraes reforça que é preciso o máximo de cuidado antes de oferecer os seus dados pessoais por redes sociais. Seja num pedido de orçamento ou numa transação financeira, confira bem se as informações da empresa coincidem em todas as plataformas em que ela está presente: como Facebook, Instagram, site, cartão de apresentação do Google, etc.
Se você se deu conta de que acabou caindo num golpe, a advogada indica que o primeiro passo é tirar print da tela da conversa com o criminoso. As imagens servirão de prova material do crime, mas para ter validade judicial é importante fazer ata notarial em cartório.
Além disso, busque o botão da rede social em que é possível denunciar que aquele perfil está fingindo ser uma empresa. Assim, a plataforma, seja o Facebook ou Instagram, vai analisar a conta suspeita. Com o máximo de provas em mãos, procure uma delegacia e registre um boletim de ocorrência do fato.