As aulas na rede municipal de Salvador foram retomadas no dia 7 de fevereiro, mas metade das vagas do Ensino de Jovens e Adultos (EJA) ainda não foram preenchidas. São quase 20 mil vagas e apenas 10 mil alunos.

O secretário municipal de Educação, Marcelo Oliveira, comentou sobre o assunto durante a entrega de uma escola no bairro de Valéria, nesta terça-feira (22). Ele disse que o número de matrículas nessa modalidade está em queda há três anos.

“Em 2019, nós tínhamos 20 mil anos. Baixou para 19 mil, em 2020. Depois, para 15 mil, em 2021, e agora, só temos 10 mil matriculados. As vagas estão abertas, temos professores e estamos aguardando que os alunos se apresentem”, disse.

Ele também comentou sobre as críticas que a pasta vem sofrendo pelo fechamento de turmas do EJA. O gestor disse que o Município de Salvador tinha 122 escolas oferecendo o Ensino de Jovens e Adultos e que 98 delas tinham menos de 100 estudantes.

“Não tem cabimento manter o funcionamento de uma escola com diretor, coordenador pedagógico, merendeira, porteiro, limpeza e vigilância para atender apenas 100 alunos. Então, analisamos essas 98 escolas e observados que 44 delas poderiam ser nucleadas, o que significa oferecer a esse aluno uma vaga em uma escola próxima da que ele estava matriculado”, afirmou.

Atualmente, cerca de 70% dos estudantes matriculados na rede municipal retornaram para a sala de aula de forma presencial. O EJA é uma modalidade de ensino criada pelo Governo Federal para atender jovens, adultos e idosos que não conseguiram cursar a escola na idade apropriada. As aulas são oferecidas no turno noturno e o processo de formação é mais rápido que o ensino convencional.

O secretário disse ainda que o critério usado para encerrar o EJA nas 44 escolas foi a proximidade com outras unidades de ensino.

“Temos um caso, por exemplo, de três escolas oferecendo EJA no mesmo bairro e com distância de 300 metros. Uma delas tinha 36 alunos, a outra 50 e a terceira com 60 estudantes. Não tem cabimento. Fechamos duas e transferimos os alunos para a terceira. E mesmo com a redução dessas escolas temos 19.400 vagas e 10.200 matriculados, são 9.200 vagas disponíveis e ainda não ocupadas”, disse.

A operadora de caixa Ana Rosa Silva, 52 anos, foi estudante do EJA. Ela contou que gostava das aulas, dos professores e dos colegas porque se sentia acolhida, e que precisou abandonar os estudos aos 14 anos para trabalhar como empregada doméstica. A patroa não permitia que ela estudasse.

“Comecei a trabalhar desde menina. Depois, tive filho e fui empurrando com a barriga. Já mulher feita resolvi voltar a estudar, mas teria desistido se tivesse que estudar junto com as crianças. No EJA eu vi que tinha muita gente igual a mim, que não pode estudar antes por algum motivo. Sem falar que me permitiu pegar o diploma do ensino médio, que foi uma exigência para consegui o emprego que estou hoje. Sou muito grata”, contou.