Elza Soares foi festejada em teatro, cinema e livro
Elza Soares tem sido homenageada nos últimos anos em musicais, biografias e até documentários. A vida e a obra da cantora, que é considerada uma lenda da música popular brasileira, ganhou os palcos em 2018 no musical Elza, vencedor do Prêmio Shell. Estrelado pela baiana Larissa Luz, o espetáculo visto por mais de 65 mil pessoas apresentava as múltiplas facetas de uma majestosa carreira.
Ao lado de Larissa, outras seis atrizes selecionadas numa bateria de testes (Janamô, Júlia Tizumba, Késia Estácio, Khrystal, Laís Lacorte e Verônica Bonfim) se dividiam ao viver Elza Soares em suas mais diversas fases e interpretaram outros personagens, como os familiares e amigos da cantora, além de personalidades marcantes, como Ary Barroso (1903-1964), apresentador do programa onde Elza cantou pela primeira vez, e Garrincha (1933-1983), que protagonizou com ela um relacionamento de 17 anos.
Com texto inédito de Vinícius Calderoni e direção de Duda Maia, o espetáculo contou com direção musical de Pedro Luís, Larissa Luz e Antônia Adnet. Além disso, o maestro Letieres Leite, da Orquestra Rumpilezz, foi o responsável pelos novos arranjos para clássicos do repertório da cantora, tais como Lama, O Meu Guri, A Carne e Se Acaso Você Chegasse. O projeto foi idealizado a partir de um convite da própria Elza e de seus produtores Juliano Almeida e Pedro Loureiro.
Biografia escrita por Zeca Camargo
"Não tenho idade, eu tenho tempo”. A afirmação não poderia ser mais certeira vinda da cantora Elza Soares, dita quando contava 88 anos. A frase é uma das que estão biografia Elza, escrita pelo jornalista Zeca Camargo, que passeia pelas memórias da artista. A ideia inicial era fazer uma única entrevista para a obra.
"Mas, foram mais de 42 horas de conversas ao longo de dois anos. É uma história extraordinária de uma mulher que já teve tudo, já perdeu tudo, deu a volta por cima", disse Zeca ao jornal Extra na época do lançamento, em 2018. "Busquei ir além do que já sabíamos, mostrar outros ângulos dos fatos mais conhecidos de sua vida, como o início da carreira, sua história com Mané Garrincha, a perda do filho deles (1986)", completou.
A Zeca Elza pediu para não ser descrita como santa. “Como gosto dos meus pecados, da minha vida livre, desse mundo sem proibições, eu gosto é de viver. E como santa eu vou ter que usar véu, não é isso que eu quero. Sou um ser normal, fazendo tudo o que um ser humano precisa fazer. É assim que eu vivo”, garantiu a diva ao CORREIO, minutos antes de começar a autografar os livros, de um jeito bem particular: enquanto Zeca assinava com a caneta, ela marcava cada uma das biografias com o batom do seu beijo.
Nesta quinta (20), depois de saber da morte de Elza Soares, Zeca Camargo gravou um vídeo em que fala, visivelmente emocionado, sobre a importância da artista para a cultura brasileira. "Vou aqui cuidar da minha alma, que certamente e felizmente e com muita honra está conectada a alma dela. Está difícil encontrar as palavras aqui. Só [quero] dividir a importância dessa mulher em minha vida. Vai fazer falta. Tem gerações que se espelharam nessa mulher", lamentou.
Ginga na telona
Elza Soares também foi homenageada no cinema - mais de uma vez. Uma das principais obras sobre a cantora, porém, é o documentário My Name is Now, Elza Soares, de Elizabete Martins Campos, que fez um belo mergulho de anos na história da cantora. O filme conquistou prestígio fora do Brasil e foi selecionado para Festival Internacional de Cine Guadalajara, um dos maiores eventos da América Latina. Nele, a diretora destricha não só a carreira da artista, mas também sua vida, abordando passagens importantes que tornaram a cantora e compositora uma figura querida e de referência ao longo dos anos.
Veja o trailer de My Name is Now, Elza Soares:
Elza também é o centro de O Gingado da Nêga, documentário em que ela conta sua história de vida e conta com a participação de amigos e conhecidos famosos, como Jorge Aragão, Lobão, Negra Li e Pedro Bial. Como grande representante da música brasileira, Elza também aparece em outras produções sobre o assunto, como os documentários O Samba é Meu Dom e Do Jazz ao Samba.
A artista também foi uma das convidadas para o documentário Garrincha do Timão, que conta a história de Mané Garrincha, considerado um dos maiores jogadores de futebol de todos os tempos. Elza Soares e Garrincha foram casados entre 1966 e 1982 e tiveram um filho, Manoel Francisco dos Santos Júnior, o Garrinchinha, que morreu em acidente de carro.
Além destas produções, a cantora também já esteve em obras de ficção, representando ela mesma ou personagens. Seu primeiro filme foi o clássico O Vendedor de Linguiça, estrelado por Mazzaropi, em que aparece cantando o samba Não Ponha a Mão.